Tomara que haja uma ilha
Enviado pelo autor, Americana-SP

Se você pára de ter pessoas pobres, pára de ter queimadas na floresta tropical, erosão do solo, uso de combustíveis poluentes. Se as pessoas enriquecem, elas mudam de conduta

 
Por Juliano Schiavo Sussi, 17 anos,
estudante de jornalismo
E-mail: jssjuliano@yahoo.com.br
 

4 junho, 2005

Já estou cansado de ler a respeito de meio ambiente. Cansei-me de ver dia-a-dia dados alarmantes sobre a destruição da Mata Atlântica, Amazônia, poluição dos rios, lagos, mares, ar, terra, enfim, isso já encheu o saco.

É muito difícil encontrar quem já não saiba desses problemas que assolam a humanidade, mas o que adianta saber disso tudo se os braços não se unem e pegam no fio da meada? É um retrocesso. Vê-se estampado nos jornais e revistas matérias alusivas a degradação do meio ambiente, mas elas de nada adiantam. Deveria se proibir matérias desse tipo, pois qual é a função da informação se ela não é levada a sério? E, além disso, muitas árvores são cortadas para se fabricar o papel que é utilizado para expor dados ambientais. Não seria uma ofensa a mãe natureza querer salvá-la cortando-se árvores? Árvores são seres vivos.

Bjorn Lomborg, um estatístico dinamarquês antiambientalista, afirma que os problemas de meio ambiente decorrem da pobreza. De acordo com ele, “no mundo em desenvolvimento, o meio ambiente não é a questão mais séria. Importa mais diminuir o número de pessoas que passam fome, melhorar a infra-estrutura e reduzir a pobreza. Se você pára de ter pessoas pobres, pára de ter queimadas na floresta tropical, erosão do solo, uso de combustíveis poluentes. Se as pessoas enriquecem, elas mudam de conduta”. Pergunto a ele... Os Estados Unidos são um dos países mais ricos, então porque eles não aderiram ao protocolo de Kioto? Porque eles não se preocupam com o meio ambiente? Ah, deixa pra lá... Saber a resposta não vai melhorar nem piorar o meio ambiente.

Há horas que, ouvir repetidamente uma coisa, torra a paciência. Artigos, matérias, editoriais, enfim, qualquer coisa que repita muito um mesmo assunto é chato, maçante e, muitas vezes inútil, quando não se consegue melhorar o mundo. Falar de meio ambiente é isso. Aprende-se desde a pré-escola que o meio ambiente deve ser protegido. E daí? Isso, muitas vezes, só fica na teoria. A prática cansa.

Ricos e pobres estão no mesmo barco. O barco no mesmo rio. O rio no mesmo fim. E ainda há discussões sobre de quem é a culpa em relação a degradação ambiental.

Grupos de ecologistas que alertam sobre os problemas ambientais só inflam debates chatos e que, de certo modo, nem resolvem os verdadeiros problemas. Fala-se muito, age-se pouco.

Portanto, eu acabei de fazer isso... Falei o tempo todo e não agi. Ah, paciência... Estamos todos no mesmo barco! Se ele afundar, eu sei nadar – só espero que haja uma ilha por perto.


Paquetá sem charrete
Enviado por Sandra Meneghetti Sader, Porto Alegre-RS

Secretário Victor Fasano quer acabar com cavalos
na ilha, mas antes vai promover plebiscito no local

Por Michel Alecrim

Fonte: O Dia
19 maio, 2005

O secretário especial de Defesa dos Animais, Victor Fasano, quer acabar com as charretes de Paquetá. Segundo ele, os cavalos estão "passando penúria", sofrendo com fome e doenças. Mas, por causa da importância cultural e histórica do transporte, será feita consulta popular para decidir o assunto. A proposta já causa polêmica entre empresários do turismo do lugar.

A secretaria baixou ontem portaria criando grupo de trabalho para avaliar a situação dos animais. As condições de saúde e nutrição serão expostas aos moradores da ilha. Plebiscito, sem data marcada, será convocado para que moradores decidam.

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Desde 1883, Paquetá faz parte da capital do Rio de Janeiro. Das ruas de saibro pode-se observar vários estilos arquitetônicos, inclusive o Solar que hospedou D. João VI e a casa que foi propriedade de José Bonifácio de Andrada e Silva, o patriarca da independência

"As pessoas ainda guardam no imaginário cenas do romance 'A Moreninha', mas os tempos atuais não são os mesmos", diz o secretário e ator, em referência ao livro de Joaquim Manoel de Macedo, de 1844, que se passa na Ilha de Paquetá.

Solução seria usar carrinhos não motorizados

Caso a população decida pela retirada, novos veículos não motorizados teriam de ser introduzidos. A proposta deve dividir Paquetá. O gerente do Hotel Fragata, Carlos Alberto Silva, reconhece que os cavalos estão magros e que o serviço é desorganizado. Para ele, os charreteiros não têm condições de alimentá-los adequadamente, já que não há pasto na ilha.

Já a proprietária do Hotel Campestre, Marluce Medeiros, diz que a retirada das charretes nunca vai acontecer. Segundo ela, os animais são bem-tratados e não circulam pela ilha depois das 18h. "Não existe Paquetá sem charrete", defende.

Dois veterinários da prefeitura vão avaliar o local onde os animais ficam, fazer avaliação física deles e dos riscos que eles e a população podem correr. Além das doenças, terão que indicar se há possibilidade de transmissão para as pessoas. Eles terão que fazer relatório detalhado para a secretaria.

"Cercadinho" para gatos nas praças

Outra proposta do secretário de Defesa dos Animais, Victor Fasano, é criar "cercadinhos" em praças e parques onde haja colônias de gatos. A idéia já foi implantada há dois meses no Hipódromo da Gávea, num espaço de 1.200 metros quadrados. Em vez de ficarem soltos, os felinos seriam presos numa área cercada por alambrado e receberiam cuidados especiais.
"No Jockey, os gatos estão agora sem doenças e bem-nutridos. Sem controle, eles não podem receber medicamento com regularidade", argumenta Victor Fasano.

Segundo o secretário, os animais soltos estão mais sujeitos a doenças e acidentes. Em alguns lugares, eles estariam sofrendo maus-tratos. Fasano também baixou portaria criando grupo de trabalho para avaliar as condições dos felinos que estão nas áreas públicas. O secretário diz que são raras as doenças que podem ser transmitidas para humanos, mas um gato doente acaba contaminando os outros.

 

Nota do editor

Foi um erro histórico a introdução de eqüinos na ilha. O ambiente é inadequado para esse tipo de animal. Além disso, também não combina com o bioma local. O ideal mesmo são veículos não motorizados. Na pior das hipóteses, bondinhos elétricos abertos para pequenos percursos, que podem ser tão românticos quanto as charretes.

 

Aquífero Guarani em perigo
Enviado por Isnar Rodrigues de Sousa, Juiz de Fora-MG

A boa notícia da existência do Aqüífero Guarani, principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e um dos maiores sistemas aqüíferos do mundo, está agora ofuscada por uma nova –e triste– descoberta: o perigo iminente de contaminação

Por Cláudio Oliveira
ICQ 225621280
Email: cjo.cjo@ig.com.br

24 abril, 2004

O Aqüífero Guarani é uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e de lazer. A maior reserva estratégica de água doce da América Latina e um dos maiores sistemas aqüíferos do mundo tem sob ela diferentes sistemas de produção agrícola (arroz irrigado, cana-de-açúcar, milho, soja, entre outros). Sua recarga natural anual (principalmente pelas chuvas) é de 160 km³/ano, sendo que, dessa, 40 km³/ano constituem um potencial explorável sem riscos para o sistema aqüífero. As águas em geral são de boa qualidade para o abastecimento público e outros usos, sendo que, em sua porção confinada, os poços têm cerca de 1.500 m de profundidade e podem produzir vazões superiores a 700 m³/h.

O aqüífero ocupa uma área total de 1,2 milhão de km² na Bacia do Paraná e parte da Bacia do Chaco-Paraná. Estende-se pelo Brasil (840.000 km²), Paraguai (58.500 km²), Uruguai (58.500 km²) e Argentina, (255.000 km²), área equivalente aos territórios de Inglaterra, França e Espanha juntas. A maior parte (2/3) está no território brasileiro e abrange os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O primeiro estudo sobre uma possível contaminação do sistema foi feito pela Embrapa Meio Ambiente, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e foi coordenado pelo geólogo Marco Antônio F. Gomes. O estudo desenvolvido ao longo de quatro anos (1995-1998), com o título “Uso agrícola das áreas de afloramento do Aqüífero Guarani e implicações na qualidade da água subterrânea”, em área de afloramento do Aqüífero Guarani, revelou a presença de agrotóxicos como tebuthiuron, hexazinone e ametrina em níveis crescentes, de um ano para o outro, na água subterrânea. Considerando-se como ponto de amostragem um poço semi-artesiano localizado dentro da área de estudo. O coordenador do estudo afirma que os níveis encontrados estão ainda abaixo daqueles considerados críticos pela Organização Mundial de Saúde para os padrões de potabilidade. E foi verificada também uma tendência ao aumento dos teores de nitrato na água subterrânea no mesmo período de quatro anos. “O trabalho mostrou que existe um risco de contaminação da água subterrânea por agrotóxicos. Mas isto não significa contaminação, só ocorre quando for atingido um certo nível ou concentração de determinado produto tóxico”, relata o coordenador.

Com esse cenário de risco de contaminação, o trabalho foi direcionado para a proposição de práticas agrícolas mais sustentáveis para as áreas de recarga do Aqüífero Guarani, com o objetivo de diminuir os riscos. “Essas práticas têm recebido a denominação de Boas Práticas Agrícolas e vamos agora propor que sejam adotadas para todas as áreas de recarga em território brasileiro, com cerca de 100.000 km²”, acrescenta o geólogo.

Como os solos das áreas cultivadas normalmente possuem alta permeabilidade, a aplicação anual e cumulativa de produtos, sejam pesticidas, sejam fertilizantes, aumenta sensivelmente o risco de contaminação do Aqüífero Guarani. Nas áreas de recarga do Aqüífero Guarani localizadas no Mato Grosso do Sul, principalmente na porção que abrange as nascentes dos rios Taquari e Coxim, há predomínio de pastagens com uma situação de risco, relativamente baixa, para a água subterrânea. O problema maior nessas áreas tem sido o assoreamento dos cursos d’água em decorrência do manejo inadequado das pastagens, favorecido pelo intenso processo erosivo. Levantamentos mais específicos mostraram que, em determinados lugares, a exemplo do Estado de Goiás, os riscos de contaminação da água subterrânea têm aumentado, principalmente em função da substituição da pastagem por cultura anual que exige maior quantidade de insumos, entre eles os pesticidas.

Um novo estudo está sendo feito ainda pela Embrapa Meio Ambiente, dessa vez sobre a coordenação da pesquisadora Emília Hamada. “Iniciamos uma pesquisa sobre o emprego das técnicas de geoprocessamento e de sensoriamento remoto, visando a estudar a ocupação intensiva da agricultura em área potencialmente frágil sob o aspecto ambiental, como são as áreas de recarga do Aqüífero Guarani”, explica Emília. Utilizando essas técnicas e alimentando o banco de dados de informações distribuídas espacialmente sobre o meio físico (solo, clima, relevo, etc.), o estudo possibilitará a análise de forma integrada do desenvolvimento e gerenciamento dos recursos naturais, subsidiando a tomada de decisão com suporte técnico e científico, de forma a reduzir os conflitos ao mínimo e contribuindo assim para atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável nessas áreas de recarga.

Alimentando o Sistema de Informação Geográfica (SIG) com informações sobre as áreas de recarga, vai ser possível diagnosticar e propor um planejamento. “Através do cruzamento das informações, poderemos ter o diagnóstico dessas áreas, fazer um estudo de planejamento adequado a cada cultura e também simular situações com outras culturas e uso de agrotóxicos adequados ao que o solo suporta, sem causar contaminação ao Aqüífero”, completa a pesquisadora.

Para que estes indícios não se transformem num grande problema é que existe a Coordenadoria Nacional de Câmaras Especializadas de Geologia e Minas (CCEGM) do Confea. Com a fiscalização eficiente dos profissionais nos setores minerais, é possível preservar o meio ambiente. Um exemplo é a simples perfuração de um poço para a captação de água. Sem a orientação de um profissional da área, pode acarretar a contaminação desse aquífero, gerando não só um problema ambiental, como de saúde pública, já que a água a ser consumida terá sua qualidade comprometida.


Música de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Allegro", de Mozar
Nota para a seqüência MIDI: *****

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Belo Horizonte, 5 junho, 2005

Artigo Verde