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Enviado pelo autor, Coronel Fabriciano-MG
21 fevereiro, 2012

Professoras

Por Benedito Franco

O primeiro habitante de Coronel Fabriciano foi Francisco Rodrigues Franco – chegou em 1800. João Teixeira Benevides deu o nome de Calado ao lugar; em 1919 trouxe de Ferros a Professora Maria de Lourdes de Jesus para Santo Antonio do Gambá, e deu terrenos para uma escola, a igreja e o cemitério – hoje o Distrito de Melo Vianna.

Quando se fundou a escola no Calado, hoje Coronel Fabriciano, nomeou-se a professora. formada, Dona Mariana, mas estava ela nos últimos dias da gravidez de um de seus filhos. Durante algum tempo mamãe substituiu a Dona Mariana, sendo assim a primeira professora a dar aulas no Calado.

Quando eu cursava o segundo ano no grupo escolar de Fabriciano, minha professora era exatamente a Dona Maria de Lourdes de Jesus, uma fera magricela e velha, mas de eficiência e dedicação extremas. Morava no Melo Vianna, uns três quilômetros de estrada lamacenta o ano inteiro – numa baixada de charco, hoje uma bela avenida e praticamente o melhor comércio de Fabriciano: Avenida Magalhães Pinto.

Paralelamente à estrada, cercas de arame farpado. Em cima de uma delas, passavam os fios elétricos vindos da usina da Belgo Mineira, instalada pouco acima de Melo Vianna, no Caladão. Devido às ventanias, de quando em vez os fios arrebentavam e caíam sobre a cerca. Desviando-se das poças d’água e lama, e encostando-se na cerca, tomava-se um tremendo choque, e, muitíssimas vezes morreram pessoas nesse lugar. O ribeirão que servia a usina e passava na região era limpíssimo, e por isso havia inúmeras lavadeiras no Melo Vianna e arredores – ainda me lembro que três delas faleceram ao tomarem choque. Interessante que não se tomavam providências para sanar essa catástrofe. Quem reclamaria da Belgo Mineira?... Belgo, a imperatriz da região!

Apesar do lugarejo, Calado, com ruas sem calçamento e cobertas de terra, lama e capim ou mato, Dona Maria de Lourdes recomendava aos alunos pedir a seus pais para limpar as frentes de suas casas. De quando em vez, tirava os alunos da sala e visitávamos algumas casas – as sujas, seus donos se envergonhavam perante os alunos. Hoje, as professoras seriam processadas – e os alunos ficam com essa educação que a gente tanto lamenta, além de não receberem limites dos pais... E muito menos das professoras!... coitadas, nada podem fazer...

Para manter limpas as paredes e muros da escola e da cidade, a professora citava em francês: “Mur papier de la canaille!” – “O muro é o papel dos moleques!!!”, traduzia ela. E vejam que ainda nem se pensavam nos pichadores dos tempos de agora!

Admiro-a até hoje!

Dona Maria é filha de Tio Vital e Tia Bita e, quando moça, morou em nossa casa, e na ocasião conheceu, namorou e se casou com o Narciso Torres da Casa Guerra.

A escola de Fabriciano -ou Calado– além de precária e as turmas juntas, às vezes faltava professora. Quando entrei para o Grupo, uma sala e uma professora para o primeiro, segundo e terceiro anos.

Dona Maria, numa sala da casa de Tia Etelvina, começou a dar aula particular para uma turma. Os filhos do Doutor Rubens e Dona Nilza: Yole, o Waltinho, o Rubinho e a Ana Lúcia e mais o Guido e a Maria Inês do Sô Luis Magalhães, os colegas que me recordo, estudávamos com ela.

Inúmeros fins de semana ia eu, de charrete, para a fazenda do Doutor Rubens, pois fiz uma grande amizade com o Waltinho e a Yole – os irmãos eram menores e entravam pouco em nossas brincadeiras.

Outro grande amigo foi o Guido Magalhães; juntos ajudávamos as missas – coroinhas. Depois da missa íamos para sua casa tomar café, junto com a Maria Inês, e eu era muito bem tratado por Dona Odília, sua mãe – que família educada! Deus gosta de gente boa! Levou o Guido ainda rapazinho.

Era eu um bom fila café, ou um bom amigo, pois andei sendo convidado para tomar café, sempre depois das missas, também com o Chico do Coronel César ou com o Malton, na casa da Dona Sayde Albeny. Não me esqueço que, quando ajudava missa na igrejinha de Nossa Senhora Auxiliadora, do Hospital Siderúrgica, filava o café, trazido pelas irmãs, para a Casa Paroquial. E quando a missa era de Dom Helvécio, tomava café na casa do Doutor Joaquim, Superintendente da Belgo Mineira na região.

Outra professora que marcou bem foi a Dona Nair e sua irmã Jacy, assim como a Diretora Dona Dorvalina.

Dona Mariana e Dona Chiquinha, embora não tenham sido minhas mestras, me são caras.

As professoras eram as segundas mães - louvadas, cantadas e decantadas pelos alunos, pais e toda a sociedade. Hoje, as mães são inimigas das professoras, pois colocam freios nos meninos, o que as mães detestam; ganham mal, inimigas dos governos – ou os governos inimigos delas? Afinal...governar burros é fácil: é só colocar o cabresto. Governar gente instruída...

***

...voz de sabedoria e serenidade ecoou na Europa tumultuada e perplexa... Surgiu então o grande líder socialista Mário Soares, com o denso juízo formado pela sua acuidade e sua sensibilidade, e mais sua vivência e sua respeitabilidade. Sua palavra chegou na hora certa e iluminou a obscuridade: “É absurdo que sejam os mercados a mandar e os Estados só obedecer; é preciso uma mudança de paradigma, uma ruptura”.

Gente, hoje a Grécia é uma das grandes vítimas do mercado mundial; não recebeu ajuda nenhuma dos banqueiros: apenas aumentou sua dívida (ela existe?), aprovada por seu representante, o Primeiro Ministro Lucas Demetrios Papademos, um antigo presidente do Banco Central Europeu, (BCE), um lobo tomando conta de ovelhas, que humilha e sacrifica mais e mais o seu povo.

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Vivecos, panelas e canecas, de Beto Guedes
Nota para a seqüência MIDI: ****

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Belo Horizonte, 21 fevereiro, 2012