Vícios
de linguagem
Enviado por Joni
Lopes, Rio de Janeiro-Capital
Texto inicial do
Jornal dos Amigos
5 janeiro, 2006
Vício de
linguagem é o uso lingüístico que foge à
norma gramatical, como é o caso dos barbarismos. E barbarismo
configura-se como erro de pronúncia, grafia, forma gramatical
ou significado: pégada, em vez de pegada; expontâneo,
em vez de espontâneo; a telefonema, em vez de o
telefonema; lutulento, na acepção de fúnebre,
lutuoso, em vez de lodoso. Mas
pode ser também o que às vezes costumamos ouvir
no dia-a-dia. É a chamada tautologia, que consiste em
dizer, por diversas formas, sempre a mesma coisa. Veja abaixo
alguns casos.
- Planos ou projetos para o
futuro.
- Você conhece alguém que faz planos ou projetos
para o passado?
Só se for o Michael Fox no filme "De volta para
o Futuro".
- Criar novos empregos.
- Ora, essa, alguém consegue criar emprego velho?
- Habitat natural.
- Todo habitat é natural; consulte um dicionário.
- Prefeitura Municipal.
- No Brasil só existem prefeituras nos municípios.
Aliás, ainda bem!
- Conviver junto.
- É possível conviver separadamente? Taí,
não tinha pensado nisso. Vou falar para minha mulher
morar em outra casa e então vamos conviver separadamente...
- Sua autobiografia.
- Se é autobiografia, já é sua.
- Goteira no teto.
- No chão não é possível!
- Estrelas do céu.
- Só se paramos para contemplar o lindo brilho das
estrelas do mar...
- General do Exército,
brigadeiro da Aeronáutica, almirante da Marinha.
- Só existem generais no Exército, brigadeiros
na Aeronáutica e almirantes na Marinha!
- Manter o mesmo time.
- Pode-se manter outro time? Nem o Felipão consegue!
- Labaredas de fogo.
- De que mais as labaredas poderiam ser? De água?
- Pequenos detalhes.
- Se é detalhe, então já é pequeno.
Existem grandes detalhes? Nem pequeno grande detalhe!!!
- Erário público.
- O dicionário ensina que erário é o
tesouro público, por isso, erário só
basta!
- Despesas com gastos.
- Despesas e gastos são a mesma coisa. São sinônimos!
- Encarar de frente.
- Você conhece alguém que encara de costas ou
de lado?
- Monopólio exclusivo.
- Ora, bolas, se é monopólio, já é
total ou exclusivo...
- Sorriso nos lábios.
- Já viu sorriso no umbigo? E o que é pior:
na bunda...
- Ganhar grátis.
- Alguém ganha pagando? Mas já tem empresa de
telefonia celular conseguindo realizar esse milagre!!!
- Países do mundo.
- E de onde mais podem ser os países? Do mundo da Lua...
- Viúva do falecido.
- Até prova em contrário, não pode haver
viúva se não houver um falecido.
Portanto, dependendo das pessoas
com quem você lida, pense bem antes o que você vai
dizer.
A formação do
Estado moderno
Envido pelo autor, Curitiba-PR
Na
economia, a moeda má expulsa a boa.
Na política, a estupidez expulsa a razão
Ricardo Bergamini
Por Ricardo
Bergamini, economista e professor
17 abril, 2005
Acontecimentos relevantes que
assinalam o advento da Idade Moderna:
- O Humanismo e o Renascimento;
- os grandes descobrimentos
e a expansão geográfica;
- a formação do
Estado nacional;
- o Absolutismo;
- a Reforma e a Contra-Reforma.
Todos eles se relacionam, direta
ou indiretamente, com dois relevantes acontecimentos da história:
- o fim da Guerra dos Cem Anos
- e a tomada de Constantinopla.
Ambos ocorridos em 1453. Por
isso, muitos historiadores preferem esta data 1453
para assinalar o fim da Idade Média e o começo
da Idade Moderna.
Assim, pois, nos séculos
14 e 15, o Estado feudal, fraco e descentralizado, vai sendo
substituído pelo Estado nacional, centralizado e forte.
A burguesia (aristocracia comercial) em defesa dos seus próprios
interesses apoiou a realeza contra os senhores feudais.
O mais antigo direito romano foi renovado: as interpretações
dos legistas tendiam para o absolutismo monárquico. Eis
as principais características do Estado moderno:
- Impostos reais, para atender
às despesas da nova organização social;
- exército nacional (independente
dos feudos);
- justiça real (prevalecendo
sobre a dos senhores feudais);
- moeda real (a substituir as
diferentes moedas dos feudos).
O Estabelecimento do Estado nacional
acha-se ligado, sempre, as guerras que abalaram a estrutura
do feudalismo:
Na França
Após a Guerra dos Cem
Anos (13371453) contra os ingleses, onde se destaca a
heróica figura de Joana DArc, que surge em auxílio
do rei francês Carlos VII. O filho deste, Luís
XI (1461- 1483), consegue eliminar o último senhor feudal,
Carlos o Temerário, duque de Borgonha e torna-se
um dos fundadores da unidade francesa.
Na Inglaterra
A Guerra das Duas Rosas (1455-1485)
entre as casas de York e de Lancaster enfraquece
a nobreza feudal e prepara o caminho para o poder absoluto da
monarquia e, portanto, da criação de um Estado
nacional.
Na Espanha
O Estado nacional vai surgindo
da longa luta da Reconquista e consagra-se, finalmente, na união
dos reinos de Aragão e Castela (reis Católicos:
Fernando e Isabel). A nobreza foi submetida com crudelíssima
energia. Os reis empregaram, sobretudo, a temível, poderosa
e lúgubre célebre Inquisição, que
sob o pretexto da religião, foi um instrumento político
e o meio mais odioso de governo.
Em Portugal
O Estado nacional também
se acha ligado à Reconquista (Henrique de Borgonha e
Afonso Henriques). Outro fator: as guerras contra os castelhanos,
que criam uma tradição de lealdade e nacionalismo
entre os portugueses.
Técnicas
de construção de textos
Enviada pela autora,
Santos-SP
Por
Sonia Regina Rocha Rodrigues, médica do trabalho e escritora
22 janeiro,
2005
Há quem diga que, nesta
vida, nada se cria, tudo se copia. Já dizia Foucault
que um texto literário sempre nos remete a outro texto.
Um professor meu aconselhava: quando você vir algo que
dá certo, copie. Copie des-ca-ra-da-men-te. Não
há problema nenhum ao copiar, desde que se dê o
crédito: "minhas influências literárias
são..." Fica até elegante, não? Acrescente
um toque pessoal e você fará sucesso! Mas, atenção:
o toque pessoal deve ser criativo, ou seu texto não vai
chamar a atenção de nenhum leitor.
O que desejo comentar hoje são
duas técnicas utilizadas para "copiar" um texto.
São a paródia e a paráfrase.
Geralmente se entende paródia
no sentido de burla ou zombaria. Tomamos paródia no seu
sentido etimológico de "canto paralelo". A
paródia, neste sentido, é um texto-segundo, que
se constrói sobre um texto-primeiro, que lhe serve de
suporte. Existe, portanto, a paródia séria, sobre
um texto, que o artista admira e respeita e com o qual dialoga,
uma espécie de intertexto. Teçamos algumas considerações
apoiadas nas observações de Affonso Romano de
Sant'Anna: "A paródia é modernidade. Embora
não seja recente, intensificou-se o seu uso. A paródia
se define como um jogo de textos e este aspecto é que
nos interessa, no momento. Um jogo de textos em que os dois
planos aparecem deslocados. Emprega-se a fala de um outro, mas
se dá a ele um diferente significado".
A paráfrase, por outro
lado, não acentua esse aspecto de deslocamento. Ela traduz.
Colhendo um conhecido exemplo literário:
Texto original de Gonçalves
Dias
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá
Paródia de Oswald de
Andrade - "Canto de regresso à Pátria"
Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
E como Palmares nos remete ao
quilombo, a poesia ganha um forte e novo significado.
Paráfrase de Carlos
Drummond de Andrade - "Europa, França e Bahia"
Meus olhos brasileiros se fecham
saudosos
Minha boca procura a "Canção do Exílio"
Como era mesmo a "Canção do Exílio?"
Eu tão esquecido da minha terra...
Ai terra que tem palmeiras onde canta o sabiá!
Na paráfrase de Drummond,
o deslocamento é mínimo e ele usa uma técnica
de citação ou transcrição. No texto
de Oswald, o distanciamento é grande e ocorre um processo
de inversão de sentido.
A paródia está
do lado do novo, do diferente; a paráfrase, do lado do
idêntico, do semelhante. A paródia contesta. A
paráfrase é conservadora.
Na paráfrase alguém
está abrindo mão de sua voz para deixar falar
a voz do outro. Na paródia, busca-se a fala recalcada
do outro.
A paráfrase é
um discurso sem voz, pois está falando o que o outro
já disse. Não há a tensão entre
os dois jogadores. A paródia é uma disputa aberta
de sentido, um choque de interpretação.
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Livros publicados pela
autora
- Dias de Verão - Ed.
Legnar. - contos e crônicas - 1998
- O que você diz a seu
filho? - programação neurolinguística
- ESPA Editora 1999
- A fantastica estória
de Carolina Helena - romance fantástico - 2004
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mais Cultura
Música
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"A canoa virou"
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Nota para a seqüência Midi: *****
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