Curiosidades
da língua portuguesa
Enviada
por Mag Guimarães, Roterdã-Holanda
Autoria
desconhecida
11 janeiro, 2006
A repetição
oral através dos tempos pode alterar ou eliminar o sentido
das expressões, que aparentemente tiveram o sentido original
modificado. Veja só:
Dito corrente: Batatinha
quando nasce, esparrama pelo chão...
Dito original: Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão...
Dito corrente: Cor
de burro quando foge.
Dito original: Corro de burro quando foge!
Dito corrente: Quem
tem boca vai a Roma.
Dito original: Quem tem boca vaia Roma (isso mesmo, do verbo
vaiar).
Dito corrente: É
a cara do pai escarrado e cuspido (quando o bebê ou menino
é parecido com o pai).
Dito original: É a cara do pai em carrara esculpido (carrara
é um tipo de mármore, extraído da cidade
de Carrara, Itália).
Dito corrente: Quem
não tem cão, caça com gato.
Dito original: Quem não tem cão, caça como
gato (ou seja, sozinho!!!).
Dito corrente: Esse
menino não pára quieto, parece que tem bicho carpinteiro.
Dito original: Esse menino não pára quieto, parece
que tem bicho no corpo inteiro.
Frases que o
povo diz
Fazendo
nas coxas
As primeiras telhas
das casas no Brasil eram feitas de argila, moldadas nas coxas
dos escravos vindos da África. Como os escravos variavam
de tamanho e porte físico,
as telhas ficavam todas desiguais devido os diferentes tipos
de coxas. Daí a expressão "fazendo nas coxas",
ou seja, de qualquer jeito.
Voto
de minerva
Orestes, filho de
Clitemnestra, foi acusado pelo assassinato da mãe. No
julgamento, houve empate entre os acusados. Coube à deusa
Minerva o voto decisivo, que foi em favor do réu. O "voto
de minerva" é, portanto, o voto decisivo.
Casa
da mãe Joana
Na época
do Brasil império, mais especificamente durante a menoridade
do Dom Pedro II, os homens que mandavam no país costumavam
se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária
se chamava Joana. Como esses homens mandavam e desmandavam no
país, menos no local, a expressão "casa da
mãe Joana" ficou conhecida como sinônimo de
lugar que ninguém manda.
Conto
do vigário
Duas igrejas de Ouro Preto receberam uma imagem de santa como
presente. Para decidir qual das duas ficaria com a escultura,
os vigários decidiram contar com a ajuda de Deus, ou
melhor dizendo, de um burro. O negócio foi o seguinte:
colocaram o burro entre as duas paróquias e o animal
teria que caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede
ficaria com a santa. E foi isso que aconteceu, só que,
mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado
o burro para chegar com facilidade a sua paróquia. Dessa
forma, a expressão "conto do vigário"
passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.
Ficar
a ver navios
Dom Sebastião,
rei de Portugal, havia morrido na batalha de Alcácer-Quibir,
mas seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo
português se recusava a acreditar na morte do monarca.
Era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em
Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltou, o
povo ficava "a ver navios", isto é, contar
com algo que não iria acontecer.
Não
entendo patavinas
Os portugueses encontravam
uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos
patavinos, originários de Pádua, ou Padova. Sendo
assim, não "entender patavina" significa não
entender nada.
Dourar
a pílula
Antigamente as farmácias
embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar
o aspecto do remedinho amargo. A expressão "dourar
a pílula" significa melhorar a aparência de
algo.
Sem
eira nem beira
Os telhados antigos
possuíam eira e beira, detalhes que conferiam estatus
ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de
riqueza e cultura. "Sem eira nem beira" significa
que a pessoa é pobre, sem dinheiro, muitas vezes sem
ter onde morar.
Canto
do cisne
Conta-se que o cisne
emite um belíssimo canto pouco antes de morrer. Com o
passar do tempo passou a significar obra notável produzida
pelo fim da vida de alguém. A expressão "canto
do cisne" representa, portanto, as últimas realizações
de um autor.
Canto
da sereia
Palavras ou atos
de atrativo com que alguém procura conquistar amizade,
confiança, favores, de outrem. O
receptor entende como algo bom, que venha lhe trazer algum benefício,
mas na verdade entendeu de forma equivocada e vai ter prejuízo.
A língua de Portugal
Enviado por Marcelo Alvim,
Belo Horizonte-MG
As
expressões listadas no texto abaixo correm solto
na linguagem televisiva e na Imprensa de Portugal
Autoria desconhecida
15 julho, 2005
Ainda no aeroporto, pediram uma
água fresca lisa (gelada e sem gás), pois tinham
comido no avião uma punheta (bacalhau cru desfiado, servido
como tira-gosto). Após a água, nosso amigo tomou
uma bica (cafezinho). Foi ao salva-vidas (sanitário)
e disse-nos que o autoclismo (descarga) funcionou com dificuldade.
Na rua, viu os almeidas (garis) recolhendo monstros (entulhos).
Perguntou-nos como estava nosso puto (adolescente) e se as canalhas
(várias crianças) de meus irmãos estavam
bem. Se a SIDA (AIDS) estava sendo contida nas campanhas com
o uso do durex (camisinha, pois a fita durex lá se chama
fita-cola). Desejou passar num armarinho e ao chegar queria
comprar alfinetes e pregadeiras (broxes em Portugal significa
sexo oral realizado pela mulher no homem).
Na farmácia compraram também um penso (curativo)
porque algo sentia no pé. E porque a mulher estava com
história (menstruada), queriam também um penso
higiênico (absorvente íntimo), pois já estava
sujando a cueca (calcinha de mulher). Aproveitou e adquiriu
um adesivo (esparadrapo) para proteger o pé do sapato
que estava apertando. No bar perguntou se havia no recinto muito
paneleiro (bicha) que não honrava a pila (pinto) e fufa
(sapatão) com cara de gajo (rapaz). Tomou
algumas cervejas de pressão (chopinhos) e pagou a conta
ao empregado de mesa (garçom).
Pela manhã, na praia,
admirou-se com a pronta ação do banheiro (salva-vida)
ao retirar do mar uma rapariga (moça) que se afogava.
Ficou impressionado com passageiros que viajavam dependurados
no autocarro (ônibus). Achou um giro (legal) a Praia de
Porto de Galinhas. A todo o momento passava a mão no
saco (bolsa a tiracolo de homem e de mulher) preocupado com
pivetes. Achou uma ponta (excitação sexual) os
biquínis sumários existentes.
Comprou carne de borrego (carneiro novo) no talho (açougue)
e levou para guardar no nosso frigorífico (geladeira
é um termo completamente desconhecido em Portugal).
Gostou do nosso andar (apartamento) por ser muito ventilado
no sexto piso (andar).
Estranhou o ardina (jornaleiro) vendendo na véspera o
jornal do dia seguinte (convenhamos que essa mania brasileira
é, realmente, muito estranha!).
Se a Caixa Econômica Federal fosse em Portugal seria "Boceta
Econômica Federal". É como a palavra "caixa"
corre solta em Portugal. O dicionário Aurélio
explica: "Caixinha redonda, oval ou oblonga". E dá
exemplo: "Bocetas atochadas de pastilhas e docinhos, do
livro de Fialho d'Almeida, Lisboa Galante, página 85".
Logo, o comercial nas rádios e TVs seria assim: "Vem
pra Boceta (Caixa) você também. Vem!". Essa
palavra se usa com freqüência nos meios de comunicação
e o palavrão correspondente é crica ou cona.
Na farmácia, é comum se perguntar se vais "tomar
a pica no cu," pois isso significa aplicar uma "injeção
na nádega". Só configura palavrão
se disser "o olho do ..."
Na padaria eu disse não
gostar de "entrar no rabo da bicha para pegar o cacete"
(entrar no fim da fila para pegar o pãozinho).
Ajustar o breque é o mesmo que soltar um pum. Breque
-freio para os paulistas- em Portugal é travão.
Falamos de tudo, desde a atuação
dos estomatologistas (dentistas) brasileiros residentes em Portugal,
até sobre as propinas (taxas legais e honestas) que os
estudantes pagam nas universidades.
A língua em Portugal é
mesmo diferente...
Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Meu mundo"
de Guilherme Arantes
Nota para a seqüência Midi: *****
Participe
do Jornal
dos Amigos, cada
vez mais um jornal cidadão
O
Jornal dos Amigos agradece seus colaboradores e incentiva os
leitores a enviarem textos, fotos ou ilustrações
com sugestões
de idéias, artigos, poesias, crônicas, amenidades,
anedotas, receitas culinárias, casos interessantes, qualquer
coisa que possa interessar seus amigos. Escreva para o e-mail:
Se
o conteúdo estiver de acordo com a linha editorial do
jornal, será publicado.
Não esqueça de citar seu nome, a cidade de origem
e a fonte da informação.
Solicitamos
a nossos colaboradores que, ao enviarem seus textos, retirem
as "flechas", isto é, limpem os textos daquelas
"sujeiras" de reenvio do e-mail. Isso facilita bastante
para nós na edição.
Início
da página
www.jornaldosamigos.com.br