A importância
de uma boa comunicação
Por
Roberto Bendia, editor do Jornal dos Amigos
- Papai, o que é um monólogo?
- Ora, meu filho, é um diálogo entre marido e
mulher.
- Mas papai, o meu professor explicou que isso é um diálogo!
- É porque com certeza o seu professor não é
casado - encerrou o pai a conversa.
Tanto em família quanto
nos negócios, não dar importância a comunicação
significa perda de oportunidades de bom relacionamento. Em se
tratando de clientes é pior, porque perde-se dinheiro.
Quantas vezes uma empresa deixou de captar ou manter clientes
por causa da falta da manutenção constante de
uma comunicação dirigida por intermédio
de algum veículo?
Da mesma forma os amigos. Quem
não se comunica fica de fora da roda. Se você comparece
a uma reunião, é bem-vindo. Se não comparece,
ninguém corre atrás. Já no casamento a
falta de comunicação adequada traz frustração,
medo, infelicidade, ressentimento, rebelião, podendo
chegar ao divórcio.
A nossa percepção
do mundo externo nem sempre se coaduna com a nossa percepção
interior. E nessa ocasião em que a comunicação
fica truncada: a incapacidade de perceber o outro, com todos
os seus defeitos e suas virtudes. No rompimento familiar tudo
começou quando houve um ruído na comunicação
e esta falhou. Não há comunicação
quando os interesses dos interlocutores não satisfazem
as necessidades recíprocas.
O caminho para uma boa comunicação
é nós tentarmos ao máximo sermos nós
mesmos, sem ficar atrás de um biombo, isto é,
quando não partilhamos os nossos sentimentos, pensamentos,
desejos e tudo o que é importante para nós. Quando
isso é partilhado, já é meio caminho para
a outra parte se interessar por você. Mas cuidado com
quem você partilha: a sua intimidade pode ser usada contra
você!
A maior parte de nossa comunicação,
segundo um especialista, é não verbal. Veja só:
- 7% comunicação
por palavras
- 38% por gestos ou expressões
faciais e corporal
- 55% pelo tom de voz.
A comunicação não
se dá apenas pelo que falamos. Nos comunicamos pelas
atitudes e o silêncio. O nosso corpo fala por intermédio
dos gestos. Nos comunicamos também por aquilo que não
dizemos em alguma palavra oculta. Veja este diálogo:
- Não consigo manter uma conversa com o meu marido.
- Por que?
- Ele fica o tempo todo em silêncio. Eu falo, falo, falo
e ele não dá um "ái".
- Mas você já analisou porque o seu marido guarda
silêncio? Será que você não está
usando o que ele diz contra ele?
Agora o diálogo do marido
silencioso com um amigo:
- Quando ela começa falar fica histórica.
- Histérica, você quer dizer.
- Não, histórica mesmo. Ela traz à tona
tudo o que jamais disse ou fiz.
A criança compreende (o
cachorro também) muito melhor pelo tom de voz do que
pelas palavras. A percepção é pela maneira
e não pelo que está sendo dito. Com certeza a
maioria dos conflitos de relação, seja de amizade,
negócios ou no lar, é devido ao tom de voz. Por
exemplo, no caso de uma relação conjugal, a comunicação
não-verbal positiva pode ser sentida por uma carícia,
um afago, um toque terno, um abraço, um olhar amoroso,
um presentinho bem escolhido fora de hora, que podem ser substituídos
pela espressão verbal "Eu te amo", na maioria
das vezes omitidas pelos homens -o que é natural- mas
a mulher sempre gosta de ouvir. Um amigo torna-se chegado quando
procura e é procurado. E um cliente é mantido
quando é lembrado de alguma forma.
Comunicação não
é apenas saber falar, mas saber ouvir. Se ouvimos mal,
a resposta não deverá ser adequada. Haverá
ruído na comunicação. Saber ouvir é
uma das virtudes importantes de quem deseja sucesso em todos
os setores. É saber traduzir através das palavras
bem ditas, mal ditas ou aquelas que não foram ditas.
Veja esse diálogo entre a esposa e o marido:
- Hoje o meu dia foi extremamente cansativo, com muitos aborrecimentos.
Mas o que você vai querer para o jantar?
- Que tal jantarmos no Albano's?
Percebeu? O marido traduziu a
mensagem oculta. Ela, cansada, não estava a fim de ir
para cozinha ou até mesmo comandar um jantar, seja fazendo
um pedido fora, seja por intermédio da empregada e muito
menos ela mesmo preparando. Ela queria mesmo era sair, ver gente,
conversar com o marido fora do ambiente familiar.
E para terminar, uma dica: a
percepção do outro é uma arte apreendida
diariamente com as nossas próprias necessidades.
Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Este seu olhar ", de Tom
Jobim
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