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A origem de alguma expressões
Enviado por Marcel Souza, Belo Horizonte-MG

Autoria desconhecida

Casa de mãe Joana

Significado: Onde vale tudo, todo mundo pode entrar, mandar etc.

Histórico: Esta vem da Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos: "Que tenha uma porta por onde todos entrarão". O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao vir para o Brasil a expressão virou "Casa da Mãe Joana". A outra expressão envolvendo Mãe Joana, um tanto chula, tem a mesma origem, naturalmente.

Estar de paquete

Significado: Situação das mulheres quando estão menstruadas.

Histórico: Paquete, já nos ensina o Aurélio, é uma das denominações de navio. A partir de 1810, chegava um paquete mensalmente, no mesmo dia, no Rio de Janeiro. E a bandeira vermelha da Inglaterra tremulava. Daí logo se vulgarizou a expressão sobre o ciclo menstrual das mulheres. Foi até escrita uma "Convenção Sobre o Estabelecimento dos Paquetes", referindo-se, é claro, aos navios mensais.

Nhenhenhém

Significado: Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga.

Histórico: Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen".

O pior cego é o que não quer ver

Significado: Diz-se da pessoa que não quer ver o que está bem na sua frente. Nega-se a ver a verdade.

Histórico: Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D'Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no
tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história
como o cego que não quis ver.

Andar à toa

Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.

Histórico: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Uma mulher à toa, por exemplo, é aquela que é comandada pelos outros. Jorge Ferreira de Vasconcelos já escrevia, em 1619: Cuidou de levar à toa sua dama.

Onde judas perdeu as botas

Significado: Lugar longe, distante, inacessível.

Histórico: Como todos sabem, depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão e culpa, vindo a se suicidar enforcando-se numa árvore. Acontece que ele se matou sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados partiram em busca das botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro. A história é omissa daí pra frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão atravessou vinte séculos.

Quem não tem cão caça com gato

Significado: Ou seja, se você não pode fazer algo de uma maneira, se vira e faz de outra.

Histórico: Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia "quem não tem cão caça como gato", ou seja, se esgueirando, astutamente,
traiçoeiramente, como fazem os gatos.

Da pá virada

Significado: Um sujeito da pá virada pode tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio.

Histórico: Mas a origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está virada para baixo, voltada para o solo, está inútil, abandonada pelo homem vagabundo, irresponsável, parasita. Hoje em dia, o sujeito da "pá virada", parece-me, tem outro sentido. Ele é o "bom".

O significado das expressões mudam muito no Brasil com o passar do tempo.

Pensando na morte da bezerra

Significado: Estar distante, pensativo, alheio a tudo.

Histórico: Esta é bíblica. Como vocês sabem, o bezerro era adorado pelos hebreus e sacrificados para Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra foi oferecida aos céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar "pensando na morte da bezerra". Consta que meses depois veio a falecer.

Não entender patavina

Significado: Não saber nada sobre determinado assunto. Nada mesmo.

Histórico: Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um latim horroroso, originário de sua região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.


A origem do 7 cortado
Enviado por Alfredo Valadão, Justinópolis-MG

O sete deve ser traçado com ou sem corte horizontal?

O hábito de cortar a haste do algarismo sete vem da tradição dos manuscritos medievais, para impedir que se confunda "7" com um "1". Uma outra explicação pode estar contida na Bíblia. Quando Deus escreveu os Dez Mandamentos, ordenou a Moisés que os divulgasse para o maior número de pessoas. Com a tábua em mãos, o profeta, num centro de convenções lotado em sua maioria por homens, começou a ler um a um os mandamentos. No sétimo, NÃO DESEJAR A MULHER DO PRÓXIMO, houve uma grita geral na platéia, que implorava: "Corta o sete! Corta o sete!". O pedido de exclusão do mandamento foi entendido por Moisés de outra forma, razão pela qual cortamos o sete até hoje...


A origem da palavra cecê
Enviado por Alfredo Valadão, Justinópolis-MG

Segundo relato do professor Moreno, da Terra, a origem está no famoso sabonete Lifebuoy, que entrou no Brasil após o fim da 2ª Guerra. Foi, por uma década, o campeão de vendas nos EUA, apoiado por uma agressiva campanha publicitária que exaltava sua capacidade insuperável de combater o grande inimigo do sucesso pessoal: o mau cheiro do corpo.

A propaganda nas revistas era sempre em forma de uma pequena história contada em quadros: aparecia, por exemplo, uma moça solitária, cercada por pares que dançavam elegantemente, e um balão reproduzia o seu pensamento: "Por que será que eu sou a única garota que não tiram para dançar?". Nos quadros seguintes, uma amiga se apiedava dela e tinha uma conversa "de mulher para mulher": o seu problema era o cheiro desagradável do seu corpo. "Mas eu tomo um banho diário", respondia a pobre mocinha, chocada com o rumo da conversa. "Sim, mas com um sabonete comum. Só Lifebuoy garante eliminar completamente o B.O. (sigla para body odor, cheiro do corpo) , sua tolinha!". No quadro final, é claro, a mocinha sorria, confiante, enquanto contava à amiga, por telefone, o sucesso que tinha feito entre os rapazes, depois que trocara para Lifebuoy...

O produto foi lançado no Brasil com a mesma estratégia publicitária; os tradutores, então, passaram B.O. para C.C. (com o mesmo sentido de "cheiro do corpo"). A sigla se popularizou de tal maneira que, nos anos 80 (segundo a datação de Houaiss), transformou-se no vocábulo cecê, exatamente pelo mesmo processo de lexicalização que transformou LP em elepê.


Complicabilizando
Enviado por Lúcia Helena Assis, Belo Horizonte-MG

Por Ricardo Freire
15 setembro, 2003

Não, por favor, nem tente me disponibilizar alguma coisa que eu não quero. Não aceito nada que pessoas, empresas ou organizações me disponibilizem. É uma questão de princípios. Se você me oferecer, me der, me vender, me emprestar, talvez eu venha a topar. Até mesmo se você tornar disponível, quem sabe, eu aceite. Mas, se você insistir em disponibilizar, nada feito.

Caso você esteja contando comigo para operacionalizar algo, vou dizendo desde já: pode tirar seu cavalinho da chuva. Eu não operacionalizo nada para ninguém. Tampouco compactuo com quem operacionalize. Se você quiser, eu monto, eu realizo, eu aplico, eu ponho em operação. Se você pedir com jeitinho, eu até implemento. Mas, operacionalizar, jamais.

O quê? Você quer que eu agilize isso para você? Lamento, mas eu não sei agilizar nada. Nunca agilizei. Está lá no meu currículo: faço tudo, menos agilizar. Precisando, eu apresso, eu priorizo, eu ponho na frente, eu dou um gás. Mas agilizar - desculpe, não posso, acho que matei essa aula.

Outro dia mesmo queriam reinicializar meu computador. Só por cima do meu cadáver virtual! Prefiro comprar um computador novo a reinicializar o antigo. Até porque eu desconfio que o problema não seja assim tão grave. Em vez de reinicializar, talvez seja o caso de simplesmente reiniciar, e pronto.

Por falar nisso, é bom que você saiba que eu parei de utilizar. Assim, sem mais nem menos. Eu sei, é uma atitude um tanto quanto radical da minha parte, mas eu não utilizo mais nada. Tenho consciência de que a cada dia que passa mais e mais pessoas estão utilizando, mas eu parei. Não utilizo mais. Agora eu só uso. E recomendo. Se você soubesse como é muito mais elegante, também deixaria de utilizar e passaria a usar.

Sim, estou me associando à campanha nacional contra os verbos que acabam em
"ilizar". Se nada for feito, daqui a pouco eles serão mais numerosos do que os terminados simplesmente em "ar". Todos os dias os maus tradutores de livros de marketing e administração disponibilizam mais e mais termos infelizes, que imediatamente são operacionalizados pela mídia, reinicializando palavras que já existiam e eram perfeitamente claras e eufônicas. A doença está tão disseminada que muitos verbos honestos, com currículo de ótimos serviços prestados, estão a ponto de cair em desgraça entre pessoas de ouvidos sensíveis.

Depois que você fica alérgico a disponibilizar, como você vai admitir, digamos, "viabilizar"? É triste demorar tanto tempo para a gente se dar conta de que "desincompatibilizar" sempre foi um palavrão. Precisamos reparabilizar nessas palavras que o pessoal inventabiliza só para complicabilizar. Caso contrário, daqui a pouco nossos filhos vão pensabilizar que o certo é ficar se expressabilizando dessa maneira. Já posso até ouvir as reclamações: "Você não vai me impedibilizar de falabilizar do jeito que eu bem quilibiliser". Problema seu. Me inclua fora dessa.

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Música de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Coisa feita", de
João Bosco
Seqüência Midi: Ricardo Peculis
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 30 janeiro, 2005