Aquecimento
faz área tropical se expandir
Fonte: Folha de S.Paulo
26 maio, 2006
Pesquisadores da Universidade de
Washington (EUA) afirmam que o planeta está ficando mais
quente na zona subtropical que em qualquer outro lugar. Segundo
a pesquisa, publicada pela revista "Science", os responsáveis
pelo aquecimento são as correntes de jato, ventos oeste-leste
que ajudam a regular o clima nos dois hemisférios: elas
se deslocaram cerca de 113 km em direção a seus
respectivos pólos.
"Essas correntes marcam os
limites ao norte e ao sul das zonas climáticas tropicais,
a "zona quente" que cerca o Equador", explica John
Wallace, co-autor do estudo. "Se o deslocamento continuar
nesse ritmo durante o próximo século, as regiões
subtropicais secas, que contêm os maiores desertos do mundo,
podem invadir as regiões temperadas". Ou seja, áreas
populosas como o Mediterrâneo, sul da Europa e norte do
Oriente Médio, assim como o sul da Austrália e da
África do Sul, terão estações mais
secas e desertos cada vez maiores. Os pesquisadores suspeitam
que o responsável pelo deslocamento seja o efeito estufa,
a destruição da camada de ozônio, ou uma variação
natural.
Aquecimento global
é alto e preocupa
Por
causa de do aquecimento em algumas regiões da Europa,
borboletas estão procurando lugares mais frios
Fonte: Ambiente
Brasil
24 maio, 2006
As temperaturas globais devem aumentar
mais no futuro do que mostravam estudos anteriores, segundo uma
nova pesquisa de cientistas europeus e americanos, a ser publicada
pela revista especializada Geophysical Research Letters.
Tanto os europeus como os americanos
concluíram que as estimativas atuais do aquecimento no
futuro podem ser até 75% mais baixas do que a realidade.
Os cientistas dizem que as estimativas
correntes não levam em conta o aumento da emissão
de gases causadores do efeito estufa em determinados ecossistemas,
por causa do aumento de temperaturas.
O estudo contesta o consenso adotado
pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC na sigla em inglês), o órgão global
que coleta e analisa a ciência do clima.
Sensibilidade climática
O IPCC prevê que a temperatura
média global deve aumentar entre 1,5 ºC e 4,5 ºC,
se as atividades humanas duplicarem as emissões de dióxido
de carbono na atmosfera.
Esta previsão, conhecida
como da sensibilidade climática, é resultado de
uma combinação de dois fatores: o impacto direto
do aumento das emissões de CO2 no efeito estufa, e vários
mecanismos de retroalimentação que aumentam o ritmo
do aquecimento, como a parcela da luz do Sol que incide na a Terra
e é refletida de volta ao espaço. Esse índice
é afetado pelo derretimento de geleiras, por exemplo.
Essa nova pesquisa acrescenta um
terceiro componente, calculando a provável contribuição
do dióxido de carbono liberado de ecossistemas naturais,
como o solo, com o aumento das temperaturas.
Somada ao CO2 produzido pelas atividades
humanas, esta liberação aumentaria ainda mais a
temperatura. Para calcular este "aquecimento extra",
os dois grupos de cientistas analisaram dados históricos
do clima da Terra.
Regularmente, períodos de
temperaturas relativamente altas produziram aumento de concentração
de CO2 na atmosfera, que caiu depois, com a diminuição
das temperaturas.
A teoria é que, com esses
momentos de aquecimento, ecossistemas como o solo, as florestas
e os oceanos retenham menos CO2.
Como a superfície da Terra
está se aquecendo de novo, o processo pode se repetir,
com temperaturas mais altas voltando a causar uma emissão
maior de dióxido de carbono na atmosfera pelos ecossistemas,
que se somaria ao gás produzido por atividades humanas,
nas casas, fábricas e veículos.
História
Para calcular a relação entre o aumento da temperatura
e a emissão dos gases, os cientistas americanos examinaram
um período de 400 mil anos, analisando dados da geleira
de Vostok, na Antártida.
Os europeus, por sua vez, analisaram
um período bem menor, a "Curta Era do Gelo",
em meados do milênio passado, quando o hemisfério
norte passou por temperaturas relativamente baixas.
"Um grupo analisou períodos
longos, com períodos glaciais e interglaciais, para entender
esta relação entre o clima e o carbono", explicou
John Harte, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
"Os europeus analisaram um período muito mais moderno,
e também usaram métodos de análise diferentes",
disse ele.
O grupo europeu calcula que o aumento
das temperaturas no futuro foram subestimadas e elas podem chegar
a ser entre 15% e 78% mais altas. A equipe americana apresentou
o resultado de modo diferente, fornecendo uma sensibilidade climática
entre 1,6 ºC e 6,0 ºC.
"Nós não encontramos
respostas muito diferentes", disse o professor Harte. "E
o estudo de períodos diferentes ajuda bastante, porque
agora sabemos que os resultados são mais confiáveis".
Questões futuras
As duas equipes de cientistas, no entanto, admitem que o trabalho
não é tão preciso quanto eles gostariam e
que ainda há incertezas.
Uma questão em particular
é se o passado reflete o futuro de modo preciso. Será
que, por exemplo, as florestas e o solo se comportam hoje, em
uma era de vasto desflorestamento e amplo uso de fertilizantes,
do mesmo modo que se comportavam há 100 mil anos, ou mesmo
há mil anos?
Isso ainda não foi provado;
e céticos em relação a mudanças climáticas
vão, sem dúvida, usar isso como evidência
de que a nova pesquisa contém falhas, mas eles deverão
admitir que ela é baseada em dados reais, e não
nos modelos de computador, normalmente criticados.
Os pesquisadores contra-argumentam
que ainda não encontraram razões para acreditar
que o processo de retroalimentação dos ecossistemas
seja diferente no futuro. E mesmo que haja diferenças,
dizem eles, a retroalimentação pode tanto ser mais
fraca quanto mais intensa.
"Na verdade, fomos conservadores
em vários pontos", disse Marten Scheffer, da Universidade
de Wageningen, da Holanda, o líder dos pesquisadores europeus.
"Por exemplo, não levamos
em consideração a influência do metano no
efeito estufa, que também aumenta em períodos mais
quentes."
Atualmente, o IPCC está
revendo seu último grande estudo, o Quarto Relatório
de Avaliação, que será liberado em 2007.
O primeiro rascunho, ao qual a BBC teve acesso, sugere que as
projeções de aumento de temperaturas em até
5,8ºC não mudaram muito desde o último relatório,
em 2001.
Pólo Norte
tinha mar tropical
55 milhões de anos atrás
Por Ricardo
Bonalume Neto
Fonte: Folha de S. Paulo
2 junho, 2006
Já foi mais fácil
nadar no pólo Norte do que em uma piscina em São
Paulo hoje. Um paulistano tem de enfrentar uma água em
torno de 20C. No pólo Norte, há 55 milhões
de anos, a água era um pouco mais quentinha -até
23C.
E este não é o único
resultado surpreendente de um esforço de pesquisa cada
vez mais raro - uma grande exploração polar. Três
navios quebra-gelo, um deles equipado com equipamento de perfuração,
trabalharam em condições extremamente hostis para
obter os "primeiros dados geológicos completos do
oceano Ártico", segundo Kathryn Moran, da Universidade
de Rhode Island (EUA), uma das líderes da expedição.
Equipes internacionais de pesquisa,
dos EUA, Europa e Japão, publicaram três artigos
científicos na edição de hoje da revista
"Nature" com informações preciosas sobre
o clima passado do Ártico.
Outra descoberta surpreendente
foi notar que em um intervalo de tempo de 800 mil anos, começado
há 49 milhões de anos, o oceano Ártico, ao
menos no verão, estava completamente verde e sem sal -por
conta de algas de água doce que o cobriam.
Os navios de pesquisa batalharam
para conseguir amostras de sedimentos de até 430 metros
abaixo do fundo do mar, em uma região onde o oceano tinha
1 km de profundidade. A coluna de sedimentos conta a história
climática da região de 55 milhões de anos
atrás até hoje.
Foi um trabalho notável
não só de pesquisa, mas de habilidade marinheira.
A princípio se achava que o quebra-gelo com o equipamento
de perfuração, o sueco Vidar Viking, conseguiria
ficar estacionário no local por apenas dois dias. Na verdade,
a pesquisa durou nove.
"Havia momentos em que o local
da perfuração estava coberto por gelo com dois a
três metros de espessura", diz Jan Blackman, da Universidade
de Estocolmo.
Assim como foi uma surpresa descobrir
o grau de aquecimento que havia então, também foi
novidade perceber que há 45 milhões de anos o gelo
já se formava na região, bem antes do que se imaginava
-mas que corresponde com dados semelhantes sobre o Pólo
Sul.
Pesquisa mostra crescimento
da
consciência ambiental no Brasil
Fonte: Daniela Mendes/MMA
23 maio, 2006
A conscientização
do brasileiro em relação ao Meio Ambiente aumentou
30% nos últimos 15 anos. É o que revela pesquisa
divulgada, ontem (22), pelo Ministério do Meio Ambiente
(MMA) em parceria com o Instituto de Estudos da Religião
(Iser). Essa expansão ocorreu de modo pouco diferenciado
em todas as regiões e se distribuiu, homogeneamente, em
todos os grupos populacionais.
A pesquisa foi realizada, em março,
pelo Instituto Vox Populi, para ouvir a opinião da população
sobre várias questões relativas à biodiversidade.
Ela faz parte da série histórica (1992, 1997, 2001)
que o Ministério do Meio Ambiente e o Iser, organização
não-governamental sediada no Rio de Janeiro, realizam com
o objetivo de monitorar o crescimento da consciência ambiental
no país, e de acompanhar as oscilações de
opinião sobre temas chave da agenda ambiental.
Houve um crescimento no número
de pessoas que hoje são capazes de identificar problemas
ambientais no país. Além disso, esse crescimento
se deu em todas as regiões, em todos os grupos de populações,
o que é considerado uma vitória do ambientalismo
brasileiro e das instituições que tem se dedicado
ao tratamento desse tema.
Para a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, esse tipo de pesquisa, com uma série histórica,
serve como ferramenta importante para que se possa ter uma orientação
balizadora das políticas públicas. "É
um dado muito positivo o fato de ter aumentado significativamente
a conscientização dos brasileiros em relação
ao Meio Ambiente e sua proteção, e isso faz a diferença,
até porque, esse crescimento é muito significativo
de 2002 para cá", destaca Marina.
O estudo mostra que também
cresceu o número de brasileiros que não consideram
exagerada a preocupação com o meio ambiente (42%
em 97; 46% em 2001 e 49% em 2006). O que é visto pela coordenadora
da pesquisa Samyra Crespo, diretora executiva do Iser, como um
outro ponto importante do trabalho.
O estudo também mostrou
o domínio, por parte da população, de conceitos
relativamente complexos como efeito estufa e biodiversidade -e
sua crescente preocupação com a ameaça aos
principais biomas brasileiros. Os brasileiros elegeram como principais
problemas ecológicos do país o desmatamento e a
poluição de rios, lagos e lagoas (65%), mostrando
um crescimento nessa preocupação em relação
aos estudos anteriores onde a média era de 48%. Outro ponto
de destaque é que as questões relativas à
biodiversidade são entendidas pelos brasileiros como questões
da agenda verde, sinônimo de proteção de fauna
e flora.
No entanto, de acordo com a pesquisa,
o aumento da consciência ainda não é acompanhado
de um aumento considerável nas atitudes e comportamentos
pró-meio ambiente, sendo que o perfil do cidadão
mais preocupado com o meio ambiente é ainda o de alta escolaridade,
de alta renda e morador de centros urbanos.
Embora a pesquisa de 2006 tenha
como foco as questões relacionadas à Biodiversidade,
ela traz um extenso painel sobre a opinião, conhecimento
e atitude dos brasileiros perante um amplo leque de temas como
o nível de informação sobre meio ambiente,
eleição de problemas prioritários, avaliação
das organizações que têm por missão
proteger o meio ambiente, conhecimento sobre biodiversidade e
hábitos de consumo sustentáveis ou ecologicamente
responsáveis.
Além do painel com a população
maior de 16 anos, abrangendo as cinco regiões, foi realizada
pelo Iser uma pesquisa qualitativa, sobre os mesmos temas, com
130 lideranças, em seis setores: cientistas, empresários,
ambientalistas, movimentos sociais, gestores e técnicos
de agências de meio ambiente e parlamentares.
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