Exaltação
do amor
Por
J. G. de Araujo Jorge, do livro Bazar de Ritmos - 1935
Sofro, bem sei...Mas
se preciso for
sofrer mais, mal maior, extraordinário,
sofrerei tudo o quanto necessário
para a estrela alcançar...colher a flor...
Que seja imenso o sofrimento,
e vário!
Que eu tenha que lutar com força e ardor!
Como um louco talvez, ou um visionário
hei de alcançar o amor...com o meu Amor!
Nada me impedirá
que seja meu
se é fogo que em meu peito se acendeu
e lavra, e cresce, e me consome o Ser...
Deus o pôs...Ninguém
mais há de dispor!
Se êsse amor
não puder ser meu viver
há de ser meu para eu morrer de Amor!
Biografia
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José
Guilherme de Araújo Jorge nasceu em 20
de maio de 1914, na Vila de Tarauacá, Estado
do Acre. Filho de Salvador Augusto de Araújo
Jorge e Zilda Tinoco de Araujo Jorge.
Descendente, pelo lado paterno, de tradicional
família alagoana: os Araujo Jorge. Sobrinho
do embaixador Artur Guimarães de Araujo
Jorge (autor de inúmeras obras sobre Filosofia,
História e Diplomacia), sobrinho neto de
Adriano de Araujo Jorge, médico, escritor,
grande orador, foi presidente perpétuo
da Academia Amazonense de Letras, e do professor
Afrânio de Araujo Jorge, fundador do Ginásio
Alagoano, de Maceió. Pelo lado materno,
dos Tinocos, dos Caldas e dos Gonçalves,
de Campos, Macaé, e São Fidélis,
Estado do Rio.
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Passou
sua infância no Acre, em Rio Branco, onde fez
o curso primário no Grupo Escolar 7 de Setembro.
No Rio de Janeiro-Capital, realizou curso secundário
nos colégios Anglo-Americano e Pedro II. Colaborou
desde menino na imprensa estudantil. Foi fundador e
presidente da Academia de Letras do Internato Pedro
II, no velho casarão de São Cristovão,
consumido pelas chamas muitos anos depois. Data dessa
época, ainda ginasiano, sua primeira colaboração
na imprensa adulta: em 1931, viu publicado seu poema
"Ri Palhaço, Ri" no "Correio da
Manhã", depois transcrito no "Almanaque
Bertand" de 1932. Entretanto, esse como outros
trabalhos desse tempo, não foram incluídos
em seus livros. Colaborou também no jornal "A
Nação"; nas revistas "Carioca",
"Vamos Ler" etc. Formou-se pela Faculdade
Nacional de Direito da Universidade do Brasil.
Em 1932,
no Externato Colégio Pedro II, em memorável
certame, foi escolhido o "Príncipe dos Poetas",
sendo saudado na festa por Coelho Neto, "príncipe
dos prosadores brasileiros" recebendo das mãos
da poetisa Ana Amélia, presidente da Casa do
Estudante, como prêmio e homenagem, um livro ofertado
por Adalberto Oliveira, então "Príncipe
da Poesia Brasileira".
Na Faculdade
de Direito foi o fundador e o 1º Presidente da
Academia de Letras, que teve como patrono Afrânio
Peixoto, então professor de Medicina Legal. Foi
locutor e redator de programas radiofônicos, atuando
nas Rádios Nacional, Cruzeiro do Sul, Tupi e
Eldorado. Em 1965, era professor de História
e Literatura, do Colégio Pedro II.
Orador
oficial de entidades universitárias, (do CACO,
da União Democrática Estudantil, precursora
da UNE, da Associação Universitária
etc). Ainda estudante, venceu concursos de oratória.
Em Coimbra recebeu no título de "estudante
honorário" e fez Curso de Extensão
Cultural na Universidade de Berlim.
Com
irrefreável vocação política,
foi candidato a vários cargos públicos.
Elegeu-se Deputado Federal em 1970 pelo antigo Estado
da Guanabara, reelegendo-se já para o seu terceiro
mandato em 1978. Ocupou a vice-liderança do MDB
e a presidência da Comissão de Comunicação
na Câmara dos Deputados.
Politicamente
participou sempre das lutas anti-fascistas, como democrata
e socialista. Lutou, ainda estudante, contra o "Estado
Novo". Foi preso e perseguido várias vezes
durante esse período. Deixou de ser orador de
sua turma por estar detido na Vila Militar, sob as ordens
do general Newton Cavalcanti, durante todo "estado
de guerra" de 1937.
Foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela
sua mensagem social e política e por sua obra
lírica, impregnada de romantismo moderno, mas
às vezes, dramático. Foi um dos poetas
mais lidos, e talvez por isso mesmo, o mais combatido
do Brasil.
Faleceu em 27 de janeiro de 1987, no Rio de Janeiro,
Capital.