Articulação do Jornal dos Amigos
O que é spread bancário?
Por Victor José
Hohl, economista do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF)
Fonte: Correio Brasiliense
Spread é um termo em inglês que em sentido amplo significa: extensão, amplitude, envergadura, vão de ponte etc. Em finanças, o termo spread bancário é a diferença entre a taxa de captação e de aplicação, que fica em poder das instituições financeiras. Quanto maior o spread, maior o lucro dos bancos.
No Brasil, o spread é elevadíssimo. Atualmente, os bancos de primeira linha conseguem captar dinheiro com taxas de aproximadamente 19,50% ao ano e emprestam a clientes de primeira linha a 61,20% anuais, com spread de 41,70% ao ano. No cheque especial, as taxas médias alcançam 160% ao ano; no crédito pessoal, 84,70%; para compra de veículos, 42%.
O principal motivo é que as instituições financeiras não estão realmente interessadas em emprestar para tomadores finais pessoas físicas ou jurídicas. O governo toma recursos no mercado a taxas em torno de 19% ao ano, sem risco algum para as instituições. Dificilmente empresas e muito menos pessoas físicas conseguem retornos superiores a 19% ao ano em seus negócios. Quem toma recursos nessas condições corre sério risco de quebrar; e realmente quebra, elevando a inadimplência.
Os bancos, para compensar essas perdas, cobram taxas de spread elevadas, tornando o crédito no Brasil proibitivo. Enquanto na Alemanha se destinam recursos da ordem de 123% do PIB (Produto Interno Bruto) para o crédito, no Brasil são destinados apenas 26,8% do PIB. A média mundial é de 80% do PIB. Nos países desenvolvidos, os tomadores finais conseguem crédito com taxas de juros anuais que variam de 2% a 8%.
A política monetária praticada pelo Banco Central do Brasil é extremamente, apertada. Os bancos são obrigados a recolher 45% dos depósitos a vista dos clientes ao Banco Central. O governo quer que a oferta de dinheiro seja limitada, pois teme que muitos reais circulando na economia gerem inflação.
Enviado autor, Curitiba-PR
Spread Bancário Zero
Por Ricardo Bergamini, economista e professor
O spread bancário é composto das seguintes despesas: administrativa, inadimplência, custo com depósito compulsório sem remuneração, tributos, impostos, taxas e lucro. O percentual varia em função de cada tipo de operação, bem como de banco para banco, o que fez com que o juro de mercado tenha variado, no ano de 2008, da média de 68% ao ano até 174% ao ano para cheque especial.
Nota: Quaisquer alterações nos tributos, impostos e taxas dependem, única e exclusivamente, do governo federal.
Se o spread bancário no Brasil fosse de ZERO, o juro mínimo de mercado seria de 45,40% ao ano.
Premissas básicas com base na média do ano de 2008:
Para obter o mesmo ganho que teria na aplicação de títulos públicos de 13,56 dinheiros no ano, o banco teria que empresta os 29,87 dinheiros restantes a uma taxa correspondente a 3,3478 (1 : 0,2987) vezes maior do que a taxa de aplicação nos títulos públicos de 13,56% ao ano, nesse caso seria a uma taxa de 45,40% ao ano.
Exemplo hipotético
I - Aplicação em títulos federais - 100 dinheiros a 13,56% ao ano daria um rendimento de 13,56 dinheiros em um ano.
II - Aplicação de 29,87 dinheiros a uma taxa de 45,40% ao ano daria um rendimento de 13,56 dinheiros em um ano.
Em vista do acima demonstrado, se o Spread bancário no Brasil, hipoteticamente, fosse de zero o custo financeiro de mercado na média de 2008 teria sido de 45,40% ao ano.
Como acima comprovado podemos afirmar que 80% das variáveis que compõem a taxa de juro de mercado absurda, dependem, única e exclusivamente, do governo federal. E não será com discursos demagógicos que o assunto será resolvido.
Para comprovar não ser demagógico o emprenho pessoal do Presidente da República em sua cruzada para reduzir o spread bancário, a sociedade brasileira aguarda as seguintes medidas governamentais:
1 Redução imediata dos impostos diretos e indiretos incidentes sobre as operações financeiras, conforme abaixo:
1.1 - Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) = 1,88%.
1.2 Contribuição Para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) = 3% (s/total da receita captação).
1.3 Programa de Integração Social (PIS) = 0,65% (s/total da receita captação).
1.4 Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL) = subiu de 9% para 15% em 2008.
1.5 Imposto de Renda (IR) = 25%.
2 - Redução imediata do maior percentual de depósito compulsório sem remuneração do planeta, conforme abaixo:
Ilustração: Febraban
Música
de fundo em arquivo MID (experimental):
"Sangrando", de Gonzaguinha
Nota para a seqüência Midi: ****
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