Produto Interno Bruto dos Municípios
Enviado pelo autor, Curitiba-PR

Por Ricardo Bergamini, economista e professor
Contato: (48) 4009-2091, ricoberga@terra.com.br ou rbfln@terra.com.br
Página: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini

Fonte IBGE
Base: Ano de 2004
29 dezembro, 2006

Macaé (RJ) entra e Porto Alegre (RS) sai
do ranking dos 10 maiores PIB do país


O PIB dos Municípios mostra que, em 2004, foi mantida a concentração em relação à produção de riquezas no país: em 1999, sete municípios somavam 25% do PIB nacional; cinco anos depois, a mesma fatia era dividida por dez municípios.

Da mesma forma, continua o processo de perda de peso das capitais na produção de riquezas, em detrimento dos demais municípios das suas regiões metropolitanas e daqueles fora dos grandes centros urbanos.

De 2003 para 2004, Manaus teve o maior ganho de participação no PIB brasileiro, enquanto São Paulo (SP) teve a maior perda, embora continue ocupando a liderança do ranking. Em relação ao PIB per capita, entre as regiões metropolitanas, pela primeira vez a de São Paulo perdeu a primeira posição para o da Grande Porto Alegre. Na análise por setor produtivo, em 2004, Sorriso (MT) passou a ter a maior participação no valor adicionado da agropecuária; o Rio de Janeiro perdeu posições no ranking da indústria para Campos dos Goytacazes (RJ) e Manaus (AM); Brasília (DF), Osasco (SP) e Fortaleza (CE) foram os que mais ganharam participação nos serviços; e a atividade da administração pública representava mais de 70% do PIB em 39 municípios.

Em 2004, como em 2003, apenas 10 dos 5.560 municípios brasileiros (onde estavam 15,1% da população do país) concentravam 25% do PIB, e com 68 municípios chegava-se à metade de todas as riquezas produzidas em território nacional. Por outro lado, 1.295 municípios (3,7% da população) respondiam por 1% do PIB. Essa distribuição, quando comparada à de 1999, mostra uma leve desconcentração. Naquele ano, sete municípios já agregavam 25% do PIB, e 61 eram responsáveis por metade da renda.

Os dez municípios que representavam 25% do PIB em 2004 eram, por ordem decrescente, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Manaus (AM), Belo Horizonte (MG), Campos dos Goytacazes (RJ), Curitiba (PR), Macaé (RJ), Guarulhos (SP) e Duque de Caxias (RJ). Em relação a 2002, as seis primeiras posições permaneceram inalteradas, ocorrendo ganho de posição de Curitiba e Macaé.

A capital paranaense passou de uma participação de 1,00% em 2003 para 1,08% em 2004, o que a levou do oitavo para o sétimo lugar. Macaé também subiu no ranking, com um aumento da participação relativa de 0,91% para 1,04%, de 2003 para 2004. O município fluminense, que não figurava entre os dez principais PIBs municipais, entrou no ranking na oitava posição, impulsionado pela indústria extrativa, especificamente do petróleo. Em 2004, houve alta do preço do barril de petróleo, em Reais, de cerca de 25% em relação ao ano anterior. Também ocorreu incremento na atividade industrial no setor de equipamentos petrolíferos.

Apesar do ganho de participação relativa, de 0,99% para 1,02%, de 2003 para 2004, Duque de Caxias, principal pólo de produção de derivados do petróleo no Estado do Rio de Janeiro, perdeu uma posição no ranking – da nona para a décima. Guarulhos, mesmo tendo permanecido com a mesma participação relativa (1,03%), passou do sétimo para o nono lugar.

Porto Alegre (RS), por sua vez, não só perdeu posição no ranking do PIB municipal como deixou de figurar entre os dez maiores: caiu da 10ª para a 13ª colocação, e sua participação passou de 0,94% para 0,90%. Os setores mais importantes nesse município, industrial e de serviços, cresceram abaixo da média do estado.

Os cinco municípios de menor PIB, em 2004, foram São Félix do Tocantins (TO), Santo Antônio dos Milagres (PI), São Miguel da Baixa Grande (PI), Ipueiras (TO) e Oliveira de Fátima (TO). A agregação do PIB deles representava aproximadamente 0,001% do total.

Os 10% dos municípios com maior PIB, em 2004, geraram 20,4 vezes mais riqueza que os 50% dos municípios com menor PIB. O Sudeste, onde essa diferença é maior (32,1 em 2004), apresentou estabilidade no indicador ao longo da série. No outro extremo, a região Sul apresentou o menor coeficiente de dispersão (8,8).

Entre 2003 e 2004, Manaus tem maior ganho de
participação no PIB nacional, e São Paulo, a maior perda


A análise dos ganhos e perdas na participação percentual do PIB de 2004, em relação a 1999, foi realizada considerando os municípios com pelo menos 0,5% do Produto Interno Bruto, ou seja, 25 municípios, que agregavam 35,5% das riquezas produzidas no país.

Os que tiveram maior ganho percentual foram Campos dos Goytacazes (0,8%), Macaé (0,8%), Manaus (0,4%), Camaçari (BA) (0,3%), Paulínia (SP) (0,2%), Duque de Caxias (0,2%), Brasília (0,2%), São Francisco do Conde (BA) (0,1%) e Betim (MG) (0,1%). O aumento da participação se deu em razão do crescimento do setor industrial, principalmente da extração e refino de petróleo, exceto para Brasília, onde o ganho foi devido aos serviços. Por outro lado, os municípios que mais perderam participação foram São Paulo (-2,5%), Rio de Janeiro (-1,4%), Porto Alegre (-0,2%), Curitiba (-0,2%) e Salvador (BA) (-0,2%).

Analisando a participação percentual no biênio 2003-2004, 17 municípios tiveram ganhos. Os maiores foram Manaus (0,2%), Macaé (0,1%), Campos dos Goytacazes (0,1%), Camaçari (0,1%) e São José dos Campos (0,1%). As maiores perdas foram em São Paulo (-0,4%) e Rio de Janeiro (-0,2%).

No ranking das capitais, entre 2003 e 2004, as sete primeiras posições foram mantidas. Nesse biênio, Fortaleza (CE) aumentou sua participação no PIB nacional de 0,81% para 0,89%. Na capital cearense, em 2004, todas as atividades de serviços mostraram crescimento, especialmente o setor imobiliário e a administração pública. Os desempenhos dos setores de transporte, comércio e alojamento e alimentação estavam ligados às atividades turísticas, que mostraram grande peso no Ceará e especificamente em Fortaleza.

Já Florianópolis (SC), apesar de manter sua participação no PIB do país (0,24%), ganhou duas posições no ranking, devido a uma pequena perda de participação das capitais de Sergipe e da Paraíba.

No conjunto das capitais, vem ocorrendo perda de participação percentual no período de 1999 a 2004, em detrimento dos municípios fora dos grandes centros urbanos1.

Em 1999, as capitais detinham 31,9% do PIB nacional e depois de cinco anos a participação caiu para 27,9%. Os demais municípios dentro das regiões metropolitanas das capitais tiveram um crescimento moderado de participação: de 22,1% em 1999 para 22,7% em 2004. Já aqueles que não estão nas regiões metropolitanas das capitais ganharam participação, passando de 46,0% em 1999 para 49,4% em 2004. Para esse grupo, houve, porém, uma pequena queda em relação a 2003 (49,7%).

No mesmo período, Manaus apresentou o maior ganho na participação percentual entre as capitais (0,4%), enquanto São Paulo, apesar de ter o maior PIB desse grupo, teve a maior perda (-2,5%). Enquanto as capitais das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste (exceto Brasília) perderam participação, as da região Norte, com exceção de Belém (PA), ganharam. No Nordeste, só Natal (RN), João Pessoa (PB), Maceió (AL) e Aracaju (SE) tiveram aumentos de participação.

Em Rondônia, Tocantins e Paraíba, as capitais aumentaram sua participação relativa no PIB estadual, em detrimento dos demais municípios. No outro extremo, no Pará, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Santa Catarina, os municípios fora dos grandes centros urbanos ganharam mais espaço.

No Pará, os maiores ganhos ocorreram em Barcarena (3,5%), Tucuruí (2,5%) e Marabá (1,4%), com destaque para as indústrias metalúrgica e química em Barcarena; a produção de energia elétrica em Tucuruí; e a siderurgia, produção de ferro-gusa, indústria alimentar e de bebidas em Marabá. No Rio Grande do Norte, os maiores ganhos ocorreram nos municípios de Macau (1,4%) e Guamaré (1,2%), importantes na produção de petróleo e sal marinho. Já no Rio de Janeiro, os maiores ganhos se deveram à exploração de petróleo e gás natural, nos municípios de Macaé (5,9%), Campos dos Goytacazes (5,8%) e Rio das Ostras (2,4%). Em Santa Catarina, o destaque ficou por conta de Jaraguá do Sul (1,3%), que forma com Joinville o pólo metal-mecânico do estado.

No caso do estado de São Paulo, a desconcentração da atividade econômica foi verificada pela expansão dos municípios da região metropolitana da capital. Os mais significativos ganhos ocorreram em Guarulhos (0,2%) e São Bernardo do Campo (0,02%), em ambos os casos por conta do desempenho da indústria.

Onde a economia tem força
fora dos centros urbanos


Em 2004, 49,4% do PIB do país estava fora do entorno dos grandes centros urbanos. No período de 1999 a 2004, essa participação cresceu 3,4%.

Sudeste – Petróleo e indústria
impulsionam economia municipal


Os cinco maiores PIB da região foram Campos dos Goytacazes (RJ), Macaé (RJ), São José dos Campos (SP), Sorocaba (SP) e Uberlândia (MG).

Tendo a indústria extrativa de petróleo como principal atividade produtiva, os dois primeiros participavam, juntos, com 2,25% do PIB nacional. São José dos Campos (1,0% do PIB brasileiro) tem atividade industrial concentrada em setores de alta intensidade tecnológica, como aeronáutica, indústria automobilística, química e de vidros de alta qualidade. Também tem uma refinaria que, em 2004, ampliou a utilização da sua capacidade instalada de 78% para 94%. Sorocaba, com 0,48% do PIB nacional, tem uma indústria forte e diversificada, além de uma rede de serviços desenvolvida.

Uberlândia, no Triângulo Mineiro (0,45% do PIB nacional), tem entre as atividades importantes o comércio atacadista e varejista de álcool e demais combustíveis e atacado de mercadorias em geral. Tem centros universitários; está numa posição geográfica estratégica; e dispõe de um sistema de transporte que interliga o município com os demais de Minas, Goiás e São Paulo. Possui ainda uma atividade industrial diversificada (agroindústria, indústrias na área alimentar e de cigarros) e destaques na agropecuária (avicultura e os rebanhos bovino e suíno, soja, laranja e milho).

Sul – Paranaguá (PR) e Blumenau (SC)
ganham destaque em 2004


Os destaques da região foram Caxias do Sul (RS), Joinville (SC), Paranaguá (PR), Londrina (PR) e Blumenau (SC). Paranaguá e Blumenau entram nessa lista em 2004 devido à saída de Foz do Iguaçu (PR), em virtude da queda na produção da hidrelétrica ali instalada, e de Rio Grande (RS), onde, em 2004, houve fraco desempenho do refino de petróleo.

Caxias do Sul (0,46% do PIB nacional) é um pólo metal-mecânico, destacando-se na produção de tratores, ônibus, caminhões, carrocerias e partes. Joinville (0,41% do PIB do país) tem como principal atividade econômica a indústria. Paranaguá, onde o setor de serviços se destaca, participava com 0,24% do PIB nacional. Lá está o principal porto paranaense, e a indústria também é importante. Em 2004 passou a ser o quarto maior município industrial do Paraná, devido ao significativo aumento na produção de fertilizantes. Londrina (0,24% do PIB do país) tem como principal atividade os serviços, mais especificamente o comércio de mercadorias e atividades imobiliárias, além de ter destaque na construção civil.

Blumenau, no Vale do Itajaí, tem suas atividades econômicas voltadas para o setor industrial, principalmente na fabricação de produtos têxteis, e participava com 0,23% do PIB brasileiro.

Nordeste – Principais atividades estão
nos setores de serviços e agropecuária


Os cinco maiores municípios em relação ao PIB em 2004 foram Feira de Santana (BA), Campina Grande (PB), Ilhéus (BA), Canindé de São Francisco (SE) e Petrolina (PE).

Feira de Santana, integrante do "polígono das secas", se localiza em um dos maiores entroncamentos rodoviários do interior do país, situação que se reflete na economia, tornando o setor de comércio o de maior importância econômica. Possui também um parque industrial de peso nos ramos da química, material elétrico e de transportes, alimentos, eletrodomésticos, calçados, vestuários e metalurgia. Detinha 0,15% do PIB do país.

Campina Grande (0,12% do PIB nacional) tornou-se importante centro de comércio e de serviços da Paraíba. Em 2004, o setor industrial apresentou um bom desempenho, principalmente em vestuário e calçados. O município é grande produtor de software para exportação e contava também com duas universidades.

Ilhéus, no litoral sul da Bahia, contribuiu com 0,10% do PIB brasileiro. Possui significativo valor adicionado industrial, destacando-se o pólo de informática, com linha de montagem de microcomputadores, e um pólo de confecções. Tem também comércio e serviços de grande relevância, pois possui o terceiro maior porto da Bahia. Por fim, é um grande pólo turístico da região.

Canindé de São Francisco se destaca por uma usina hidrelétrica com 15,7 milhões de megawatts gerados anualmente e distribuídos para os estados do Nordeste. Participava com 0,10% do PIB do país. Petrolina tem sua economia concentrada na agricultura e participava com 0,09% do PIB do brasileiro em 2004. O setor de destaque era a fruticultura irrigada, sendo uva, manga, goiaba, banana e coco-da-baía os principais produtos. É um dos municípios que apresentaram os maiores incrementos na economia regional de Pernambuco, resultando na modernização de seu aeroporto, que passou à condição de internacional.

continua


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Musica renascentista"
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 29 dezembro, 2006