Produto Interno Bruto dos Municípios
Enviado pelo autor, Curitiba-PR
Por Ricardo Bergamini, economista e
professor
Contato: (48) 4009-2091, ricoberga@terra.com.br
ou rbfln@terra.com.br
Página: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini
Fonte IBGE
Base: Ano de 2004
29 dezembro, 2006
continuação
Norte Municípios paraenses
sobressaem-se
com força da indústria mineral
Os destaques da região foram Barcarena (PA), Coari (AM), Tucuruí
(PA), Marabá (PA) e Parauapebas (PA), que juntos representavam
0,55% do PIB do país.
Em Barcarena, destacaram-se as atividades de metalurgia e química,
com mais de 40% do pessoal ocupado assalariado da região no setor
de metalurgia básica e a presença de grandes plantas industriais
produtoras de alumina e de derivados de alumínio. Coari era, em
2004, o principal município petrolífero do Amazonas, com
produção de petróleo e gás de cozinha.
Tucuruí, Parauapebas e Marabá têm grandes indústrias
minerais. Em Tucuruí, encontrava-se a segunda maior hidrelétrica
do Brasil. Marabá é um centro comercial, com rede de distribuição
para o sudeste paraense, onde está um grande número de indústrias
minero-metalúrgicas, sendo o ferro-gusa o principal produto do
município. Parauapebas possui uma grande empresa produtora de hematita
(ferro).
Centro-Oeste Agroindústria é um dos destaques
da região
Anápolis (GO), Rio Verde (GO), Catalão (GO), Dourados (MS)
e Rondonópolis (MT) destacaram-se e participavam, juntos, com 0,51%
do PIB nacional.
Anápolis, com localização estratégica em Goiás,
concentrava grandes centros de distribuição comercial e
indústrias farmacêuticas, com destaque para a produção
de medicamentos genéricos. O município conta, ainda, com
um pólo educacional de nível superior e técnico,
que garante a capacitação da mão-de-obra local.
Em Rio Verde, no sudoeste do estado, localiza-se um dos maiores complexos
agroindustriais do Brasil, com empresas do ramo alimentício e de
papel e embalagens. O município foi, em 2004, o segundo na produção
de soja e o terceiro na produção de milho em Goiás.
Lá os três setores da atividade econômica (agropecuária,
indústria e serviços) tiveram participações
relevantes.
Em Catalão, destacaram-se os pólos minero-químico
e metal-mecânico. Lá encontravam-se sedes de empresas do
ramo de mineração e de fertilizantes, além de máquinas
agrícolas e montadora de carros. Dourados despontou como pólo
agroindustrial e agropecuário, com destaque para a indústria
de alimentos - que veio expandindo o setor frigorífico de suinocultura
e avicultura - e a produção de grãos, com aumento
em 2004 principalmente de soja e milho. Já Rondonópolis
tinha como principais atividades o comércio e a indústria
de transformação, especificamente a de alimentos.
Municípios novos têm aumento de
participação no PIB do país
Os 53 municípios brasileiros criados depois de 2001 foram responsáveis
por 0,17% do PIB nacional naquele ano e por 0,22% em 2004. Mais uma vez,
destacou-se nesse grupo Luís Eduardo Magalhães (BA), que,
em 2004, participava com 0,06% do PIB do país e 1,27% do PIB baiano.
O município, grande produtor de soja e com um diversificado parque
industrial de alimentos, obteve, no grupo dos fundados após 2001,
a maior participação no país, a maior participação
relativa no estado e o maior ganho em participação relativa
na série.
Araporã (MG) passa a figurar entre os dez maiores PIB per capita
municipais
Em 2004, os dez maiores PIB per capita municipais foram os de São
Francisco do Conde (BA), Triunfo (RS), Quissamã (RJ), Porto Real
(RJ), Paulínia (SP), Carapebus (RJ), Rio das Ostras (RJ), Cascalho
Rico (MG), Araporã (MG) e Macaé (RJ).
São Francisco do Conde abriga a segunda maior refinaria em capacidade
instalada de produção de barris no país. Triunfo,
sede de um pólo petroquímico importante na região
metropolitana de Porto Alegre, tem baixa densidade populacional. Quissamã,
Carapebus, Rio das Ostras e Macaé são beneficiados pela
exploração de petróleo e gás natural, sendo
considerados Zona de Produção Principal de Petróleo.
Quase todos (exceto Macaé) também têm baixa concentração
populacional.
Em Porto Real, também de pequeno porte populacional, houve crescimento
da indústria automobilística a partir de 2001. De 2003 para
2004, o município passou da sétima para a quarta colocação
no ranking dos dez maiores PIB per capita do país Em Paulínia,
está a refinaria com a maior capacidade instalada de produção
de barris no país (360 mil barris/dia).
Araporã, município de baixa densidade demográfica,
possui a maior hidrelétrica de Minas Gerais e, em relação
a 2003, teve aumento na geração de energia, por isso ele
entrou em 2004 pela primeira vez no ranking. Em Cascalho Rico, encontrava-se
a terceira maior hidrelétrica mineira e uma baixa concentração
populacional. Além da usina, o município possuía
uma unidade industrial que atuava no setor de resfriamento, preparação
e fabricação de produtos derivados do leite.
O município de Apicum-Açu (MA) foi o menor PIB per capita
do país, R$ 763,36. Dos municípios com os 100 menores PIB
per capita, 57 estavam no Maranhão; 1, no Piauí; 25, no
Ceará; 2, na Bahia; 10, em Alagoas; 4, no Pará; e 1, no
Tocantins.
Com relação às capitais, destacaram-se Vitória,
com o maior PIB per capita, seguida de Brasília, Manaus, São
Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Florianópolis. Não
há alteração nessas posições desde
2002.
Todas as capitais das regiões Sudeste e Sul tiveram PIB per capita
superior ao brasileiro2, enquanto que, no Nordeste, nenhuma capital apresentou
PIB per capita acima do nacional. Nas regiões Norte e Centro-Oeste,
as únicas capitais que tiveram PIB per capita superior ao brasileiro
foram Manaus, Brasília e Cuiabá.
RJ e SE têm maior concentração
do PIB per capita municipal
O PIB per capita dos 10% dos municípios com os maiores PIB per
capita foi 8,9 vezes maior do que os 50% dos municípios com os
menores PIB per capita. Na região Sudeste, o indicador em 2004
era 7,2. A partir de 2002, ocorreu uma mudança de patamar: nos
anos anteriores, essa relação situava-se em torno de 4,5.
A região Sul vinha apresentando os menores indicadores, mas em
2004 o indicador relativo à Centro-Oeste (3,7) tornou-se, pela
primeira vez, mais baixo.
O cálculo desse indicador por unidade da federação
mostra que os estados do Rio de Janeiro, Sergipe e Mato Grosso do Sul
apresentaram comportamentos dissonantes com as regiões a que pertencem.
No caso do Rio de Janeiro, o indicador em 2004 era de 22,7, enquanto que
nos demais estados do Sudeste ficava em torno de 5,5. Esse fato mostra
a grande concentração de renda per capita no Rio de Janeiro.
Algo parecido ocorreu em Sergipe, com indicador de 14,5, enquanto na região
Nordeste, todos os demais estados ficaram abaixo de 6,5. Já com
Mato Grosso do Sul ocorreu um movimento contrário: enquanto o indicador
do estado era de 2,9 (um dos menores do país), o do Centro-Oeste
era de 3,7, e os dos demais estados da região ficaram no patamar
de 5,6. Esse fato mostra que Mato Grosso do Sul apresentou menor concentração.
Em 2004, a região metropolitana de Porto Alegre, pela primeira
vez na série, teve o maior PIB per capita entre as regiões
metropolitanas, e a de São Paulo passou a ocupar o segundo lugar.
Em valores, as duas regiões tiveram PIB per capita em torno de
R$ 14.400. Já a região metropolitana de Salvador (R$ 14.037)
foi a única do Nordeste que apresentou PIB per capita superior
ao nacional.
Em 2004, Sorriso (MT) passou a liderar
na participação no valor da agropecuária
A agropecuária é a atividade econômica de menor concentração
no país, com índice de Gini3, em 2004, de 0,62. O mais alto
valor do índice de Gini foi observado no Rio Grande do Norte (0,75),
por conta do desenvolvimento da fruticultura irrigada. Os estados de São
Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso concentravam os municípios
com os maiores valores adicionados da agropecuária. Por outro lado,
as áreas com menor valor adicionado da agropecuária estavam
no Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba.
Em 2003, 164 municípios agregavam 25% do valor adicionado da agropecuária
do Brasil; já em 2004, eram 176 municípios. Em contrapartida,
906 municípios agregavam só 1% do valor adicionado da agropecuária.
A seguir estão os 16 municípios com os maiores valores adicionados
da agropecuária, que, juntos, representavam aproximadamente 5%
do total, em 2004 (eram 17 municípios em 2003).
Sorriso assumiu o topo do ranking, depois de ter ficado com a quinta posição
em 2003. A estrutura produtiva do município baseava-se na agricultura
de grãos, sendo soja, arroz, milho e algodão as principais
culturas. Em Itápolis, o produto de maior relevância era
a laranja, seguida da cana-de-açúcar. Petrolina era o maior
produtor de manga e goiaba do país, segundo de uva e terceiro de
coco-da-baía. Mogi Guaçu, Itapetininga, Aguaí e Casa
Branca eram grandes produtores de laranja. Em Bastos, o destaque era a
produção de galinhas e ovos.
Toledo, que caiu da terceira para a oitava posição no ranking
da agropecuária, de 2003 para 2004, tinha a economia baseada na
agroindústria, principalmente no abate de aves e suínos
e na produção de soja. O município teve seu desempenho
prejudicado pelo embargo imposto às carnes brasileiras, fazendo
com que o volume exportado caísse entre 2003 e 2004. Além
disso, o período de forte estiagem (de janeiro a março)
fez com que ocorresse quebra de safra na produção de soja.
Considerando os municípios que representavam no mínimo 0,1%
do valor da agropecuária, os que apresentaram os maiores ganhos
de participação percentual na série 1999-2004 foram
Sorriso (0,28%), Aguaí (0,21%), Sapezal (0,17%) Tapurah (MT) (0,17%)
e Nova Mutum (0,17%). Os ganhos foram obtidos, de maneira geral, por causa
da soja e da laranja. Para o mesmo corte e considerando a participação
relativa no biênio 2003-2004, os maiores destaques foram Aguaí
(0,12%), Sorriso (0,11%), Bastos (0,07%), Nova Mutum (0,07%) e Sapezal
(0,07%).
Rio de Janeiro perde posições no ranking
da indústria para Campos e Manaus
A indústria mantém-se como a atividade econômica mais
concentrada do país, com índice de Gini de 0,92. O maior
índice de Gini (0,97) ficou no Amazonas, e o menor (0,79), com
Rondônia e Mato Grosso do Sul. Os estados do Rio de Janeiro e São
Paulo possuíam alto valor adicionado industrial, enquanto as áreas
com menor valor adicionado da indústria estavam no Piauí,
Tocantins e Roraima.
Em 2004, como em 2003, apenas nove municípios concentravam 1/4
do valor adicionado da indústria. Com 50 municípios, chegava-se
à metade das riquezas geradas por esse setor. Um total de 3.059
municípios responderam, em 2004, por 1% do valor da indústria.
Os números reforçam a concentração do setor.
O município de São Paulo se manteve como o principal pólo
industrial do país, com participação relativa de
8,25%, apesar de vir perdendo participação desde 2000, quando
respondia por 11,20% do valor da indústria brasileira. Em seguida
estavam Manaus (2,82%) e Campos dos Goytacazes (2,66%), que, em 2004,
superaram o município do Rio de Janeiro (2,62%).
Num corte nos municípios que detinham ao menos 0,5% do valor da
indústria em 2004, quase todos os que mais ganharam participação
relativa na série tinham o petróleo com peso relevante,
exceto Manaus.
Considerando o biênio 2003-2004, os municípios que mais ganharam
participação foram Manaus (0,4%), Macaé (0,3%), Campos
dos Goytacazes (0,2%), Camaçari (0,2%) e São José
dos Campos (0,2%). Os municípios que mais perderam participação
na série foram São Paulo (-2,3%) e Rio de Janeiro (-1,8%).
Brasília, Osasco (SP) e Fortaleza foram os
que mais ganharam participação nos serviços
Em termos de concentração, o valor adicionado dos serviços
se comporta mais ou menos como o PIB. O índice de Gini, no Brasil,
em 2004, foi 0,85. O maior e o menor índice por unidade da federação
pertenceram aos estados de São Paulo (0,87) e Rondônia (0,65)
respectivamente.
Em 2004, com 47 municípios, chegava-se à metade do valor
dos serviços; enquanto 1.159 municípios responderam por
1% das riquezas geradas pelo setor. A concentração dos serviços
nas capitais continuava alta (37,7% em 2004). Dos 47 municípios
que agregavam 50% do valor adicionado dos serviços, 20 eram capitais.
Entretanto, elas perderam participação nessa distribuição.
Os municípios que mais ganharam participação relativa
na série foram Brasília (0,4%), Osasco (0,3%) e Fortaleza
(0,2%); os que mais perderam, São Paulo (-2,0%) e Rio de Janeiro
(-0,7%).
Administração pública representa mais
de 70% do PIB em 39 municípios
O valor adicionado da atividade administração pública
(que integra o setor de serviços) era mais concentrado que o da
agropecuária, mas menos concentrado que os da indústria
e dos serviços (total). O índice de Gini para a administração
pública, em 2004, foi de 0,77. O maior índice (0,80) ficou
com o estado de São Paulo; e o menor (0,56), com Rondônia
e Bahia. A atividade tem especial importância nas regiões
Norte e Nordeste bem como no norte de Minas Gerais.
Dos 5.560 municípios brasileiros, 1.969 (35,4%) tinham mais do
que 1/3 da sua economia dependente da administração pública
em 2004. O peso da administração pública no valor
adicionado do Brasil, em 2004, foi de 14,1%. A administração
pública teve peso superior a 50% em todos os municípios
de Roraima. Em Uiramutã (RR) e Santa Rosa do Purus (AC), esse peso
foi superior a 80% em toda a série. Fica evidente também
a importância da administração pública no Amapá,
cujo peso, em 2004, foi superior a 30% em todos os municípios do
estado.
O peso da administração pública foi inferior à
média nacional em dez capitais: Vitória (5,6%), Manaus (5,9%),
São Paulo (8,9%), Curitiba (9,3%), Florianópolis (11,3%),
São Luís (12,1%), Belo Horizonte (12,3%), Cuiabá
(12,4%), Maceió (13,1%) e Recife (13,9%). Em contrapartida, a atividade
representou 57,2% da economia de Brasília.
Os estados em que os municípios tiveram dependência menor
do governo foram São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde
o peso da administração pública em 60% dos municípios
foi inferior a 15%.
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Notas
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
Música
de fundo em arquivo MID (experimental):
"O trenzinho do caipira", de
Heitor Vila-Lobos
Nota para a seqüência Midi: *****
Vila-Lobos,
compositor e maestro brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 1887 e faleceu
no mesmo Estado em 1959. Foi ele quem iniciou o modernismo musical brasileiro,
redescobriu o folclore nacional, descrevendo-o em suas obras. Foi amigo
de Stravinsky, Varèse e Prokofieff. Suas obras mais expressivas
são: "As bachianas brasieliras" (nove suites musicais,
de 1930 a 1945); Bailados: "Uirapuru", de 1917 e "Papagaio
moleque", de 1932; Música para coral e sinfônica: "Descobrimento
do Brasil", de 1937; Música concertante: "Fantasia de
movimentos mistos", de 1922, composição para violino
e orquestra; Música para piano: "Brinquedo de roda" e
"Lenda do caboclo", ambas de 1922.
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