Vontade do cidadão
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São Paulo-Capital

   

O que a Imprensa está dizendo

Os principais jornais argentinos destacaram nessa sexta-feira (26), as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não renunciará nem se suicidará por causa da atual crise política no país. O correspondente em São Paulo do diário "La Nación", Luis Esnal, compara as afirmações de Lula na quinta-feira, durante um encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, às palavras do ex-presidente argentino Arturo Frondizi em março de 1962, poucos dias antes de ser derrubado por um golpe militar. Ver mais na BBC Brasil


Nova Constituinte?

Por Raquel Faria, jornalista

Fonte: jornal O Tempo
27 agosto, 2005


Um movimento já se insinua nos bastidores empresariais em defesa da convocação de uma assembléia constituinte para dar uma nova Constituição ao país. A idéia ainda é incipiente. E pode ser considerada prematura, no atual momento político. Mas tem tudo para avançar nos meses vindouros. O empresariado sempre teve reservas à carta constitucional de 1988, que inviabilizou o setor público com uma teia insustentável de concessões e privilégios. E cresce a percepção de que não bastará punir alguns corruptos e remendar algumas leis: as próprias instituições brasileiras precisam ser passadas a limpo.


O grande espetáculo da farsa

Por Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga e articulista
E-mail: mlucia@sercomtel.com.br

Fonte: www.diegocasagrande.com.br
3 agosto, 2005

Não há dúvida de que o PT surpreendeu enormemente, sobretudo, em dois aspectos. O primeiro refere-se á diferença entre o discurso e a prática no que tange a macroeconomia. Depois de décadas de oposição ferrenha ao que era considerado como forma monstruosa do capitalismo como o FMI, a Alca, o neoliberalismo, a globalização, além do ódio aos Estados Unidos, ao alcançar a presidência da República o PT se converteu à economia de mercado de forma ortodoxa.

Tal comportamento de antigos adeptos do socialismo trouxe a banqueiros, empresários e investidores um grande alívio, mas desconfianças capitalistas ainda repercutiram em 2003, ano cujo crescimento foi zero. Era a herança maldita do próprio PT.

Em compensação, naquele ano o governo do PT dominou o Congresso que se limitava a votar medidas provisórias enviadas pelo Executivo. Algo semelhante ao procedimento de Hugo Chávez, grande amigo do presidente Luiz Inácio que sempre lhe deu o maior apoio.

Em 2004 o governo petista já havia conquistado a confiança dos mercados para horror de parte dos militantes e parlamentares. A expulsão de dissidentes, arquitetada em moldes stalinistas pelo então todo-poderoso “primeiro-ministro” José Dirceu deu início ao processo de desintegração da sigla, e o nascente PSOL da senadora Heloísa Helena começou a atrair petistas insatisfeitos e desiludidos com o que entediam como farsa.

Quanto à implementação de projetos sociais, o governo do PT foi um zero à esquerda, limitando-se à farsa da propaganda que exaltava programas de cunho assistencialistas, os quais não chegaram a funcionar exceto o que agora é chamado jocosamente de mensalinho. Serve para manter os pobres sempre pobres, acomodados que ficam no paternalismo e no populismo das caridades oficiais.

Em 2004, dizia-se que o PT viera para ficar, que seria imbatível nas eleições municipais. Era a sigla mais rica de todas, a mais poderosa por deter a máquina estatal, a mais organizada com formidável rede de computadores que daria qualquer informação aos candidatos espalhados por todo território nacional. Do alto de seu poder o então também influente presidente da sigla, José Genoino, ordenou que fossem conquistadas 800 prefeituras. O resultado foi pífio: 400 e poucas prefeituras e perda de cidades importantes como as de São Paulo e Porto Alegre.

Havia também abundantes escândalos iniciados com Waldomiro Diniz. Foram todos abafados, como foi silenciado o assassinato de Celso Daniel. Pairando atrás do prefeito petista a sombra de uma máfia enquistada na prefeitura, que achacava empresários do transporte coletivo. Ao se queixar do pagamento de R$ 40.000.00 mensais aos cofres municipais de Santo André, uma empresária deve ter lido nos jornais o comentário do presidente Luiz Inácio: “quarenta mil é troco”. Estranha afirmação do mais importante integrante do partido da ética.

Com a mudança da presidência do STF e a nomeação de novos juizes, o governo ser fortaleceu através do Judiciário. Outro traço chavista. Entretanto, a vitória de Severino Cavalcante para a presidência da Câmara abalou o domínio do Executivo sobre Congresso e esfacelou a base aliada.

Mais terrível, porém, foram as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) com relação ao mensalão e outras maracutaias. Ministros e dirigentes do PT foram atingidos. Caiu primeiro José Dirceu, enquanto Gushiken foi escondido debaixo do tapete. Caiu Genoino por causa de uma cueca cheira de dólares. Caíram outros importantes dirigentes do PT.

No momento a CPI vira suas baterias contra Marcos Valério, instrumento do mensalão. É pedida sua prisão preventiva e o bloqueio de seus bens. Os mandantes de Marcos Valério continuam tão livres, leves e soltos quanto Waldomiro Diniz, quantos os assassinos de Celso Daniel.

De repente, descobre-se um tucano e um membro do PFL supostamente envolvidos em caixa 2, aliás, justificada pelo presidente da República em entrevista concedida em Paris. Alegria no Palácio da Alvorada: vamos investigá-los e fazer com que se esqueça do que nós fizemos.

Na continuidade da farsa, o presidente da República parece ter descido de uma nave espacial. Nada sabe, nada viu, nada ouviu. Ele continua a fazer o que gosta, além de viajar: discursos, agora em tom ainda mais populista. Qual novo Hugo Chávez, Luiz Inácio se volta para as massas proletárias e clama contra as elites que ajudaram a elegê-lo e que o sustentam no poder. Seria esse o comportamento de um empresário responsável ao saber que funcionários de sua empresa estão roubando seus clientes? Sairia esse empresário na rua ou aceitaria participar de encontros sociais?

Justiça, porém, seja feita. O PT como oposição foi fantástico. Como governo é o maior espetáculo da farsa já havido em nossa história, pois tendo gerado o governo mais corrupto de todos os tempos se apresenta como inocente. Muita gente acredita.


Reflexão

A natureza humana
Enviado por João Luiz Marinho, Brasília-DF

Do anarquista russo do século 19, Mikhail Bakunin (1814-1876):

"Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana."

Como vai o companheiro Genuíno?
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São Paulo-Capital

Fonte:Editor de Videversus

Ninguém mais pergunta como vai o companheiro José Genoíno, o que ele está fazendo, se tem ou não tem culpa no gigantesco sistema de corrupção montado pelo PT, se vai depor ou não vai depor etc... Mas, o companheiro José Genoíno não está desamparado, não. Rapidinho, depois que perdeu a boquinha bem remunerada de presidente do PT, ele tratou de obter uma boa sinecura. Os brasileiros pobres não conseguem a aposentadoria (porque o INSS está mais uma vez em greve), mas o companheirinho José Genoíno, de 59 anos, conseguiu voando o benefício da aposentadoria parlamentar, publicada no dia 5 de agosto no Diário Oficial da União. Genoino receberá um salário de R$8.148,00 a partir de 2 de agosto, correspondente a 52% dos vencimentos de um deputado (R$ 12.847,00), acrescidos de 4/35 do salário. Genoino apresentou o pedido no dia 2 de agosto e três dias depois o presidente da Câmara assinou o ato concedendo o benefício. Ah, se os trabalhadores brasileiros também conseguissem isso...

Semelhança
Enviado por Elizabete Bernardo, São Paulo-Capital

Adivinhe quem é?

  • Teve pouco rendimento na escola, considerado medíocre;
  • Fazia trabalho manuais;
  • Viveu ocioso por 2 anos;
  • Foi declarado inapto para o seu ofício;
  • Não tinha inclinação para o trabalho regular;
  • Aderiu ao partido operário e foi fundador de um partido dos trabalhadores;
  • Foi preso por agitação e conspiração contra governo;
  • Ficou preso por pouco tempo;
  • Depois de tentativas fracassada de chegar ao poder, decidiu que o movimento precisava chegar ao poder por meios legais;
  • Passou a receber doações de campanha de empresários (industriais), que
    colocaram o partido em base financeira sólida;
  • Utilizou-se de demagogia, fazendo um apelo emocional para a classe média e
    os desempregados, baseado na sua fé de que seu país acordaria de seus
    sofrimentos e assumiria a sua grandeza;
  • Orador competente, usou fartamente do artifício da sedução em massa, com a
    habilidade de um ator, recebendo grande apoio popular;
  • Nestas condições, ele e o partido chegaram ao poder com uma votação expressiva, e, a partir daí, só fez ...

Não, não foi Lula. Foi Adolf Hitler!!!

Porque COLLOR foi melhor que LULA
Enviado por Eduardo Scarpelli, Belo Horizonte-MG

  • Para começar, tinha 10 dedos nas mãos
  • Não era petista
  • Sabia assinar o nome
  • Falava português correto e ainda inglês, francês, espanhol.
  • O PC era pelo menos simpático
  • Bebia Scotch, e não 51
  • Nem sabia onde ficava Garanhuns
  • Mantinha pobre à distância e, principalmente...
  • Não era corinthiano...

Profecia de Delfim Netto
Enviado por Eduardo Scarpelli, Belo Horizonte-MG

Tem sido lembrada, em Brasília, a profecia do ex-ministro Delfim Netto a cada candidatura de Lula a presidente:

"É melhor entregar logo o governo ao PT. Perderemos quatro anos, mas, ficaremos vinte sem ele".


Especial

O desabafo de Boris Casoy
Enviado por Mag Guimarães, Roterdam-Holanda

"O PT pressionou a direção para me tirar da Record"

Por Pedro Venceslau
E-mail: edrovenceslau@portalimprensa.com.br

Fonte: Portal Imprensa
7 de julho, 2005

Boris Casoy, no comando do Jornal da Record, tem feito a cobertura mais incisiva da escândalo do "mensalão". Seus comentários ácidos, porém, já custaram caro para a emissora. Nesta entrevista para Portal IMPRENSA, Casoy revela que o PT pressionou violentamente a direção da Record para que ele fosse demitido, chegando até a ameaçar cortar verba publicitária do canal.

IMPRENSA
Você sofreu muita pressão do governo e do PT?

Boris
Muita... Mas, muita mesmo... No começo da administração do PT, pressionaram a direção violentamente para me tirar da Record. Ameaçaram cortar a publicidade. A diretoria me deixou a par o tempo todo

IMPRENSA
E isso acabou?

Boris
Acabou no dia 13 de fevereiro, quando aconteceu o caso Waldomiro.

IMPRENSA
Por que?

Boris
As razões da pressão eram as mais estúpidas possíveis. Eles me atacaram muito no caso do BANESTADO. E agora eu entendo porque... Pelo menos eu suponho. Fizeram um grande pressão...Não sei se a diretoria vai gostar... Queriam que eu não cobrisse mais o caso Celso Daniel. E olha que eu cobria de maneira absolutamente neutra.
Eu não podia ligar o Roberto Teixeira ao Lula. Nem dizer que era amigo do Lula.

IMPRENSA
Eles chegaram a te processar?

Boris
Não, porque não fiz acusação nenhuma. Eles, no começo do governo, não suportavam, por exemplo, que nós pusemos um debate do Congresso no ar, onde, ao invés de terminar com o PT, a discussão terminava com a oposição, com o Virgílio. Foram reclamações diárias. Diziam que eu era tucano.

IMPRENSA
Em termos de verba publicitária, houve cortes? As fontes em Brasília secaram?

Boris
Houve ameaças. Em termos de fonte, tive que me virar, mas acho que todo mundo teve que se virar. Menos a Globo que teve todas as fontes. O presidente, na noite em que ele ganhou, disse: "Bom, eu preciso sair porque estão me esperando num outro compromisso", e ele saiu pra dar entrevista na Globo, sentou na mesa do "Jornal Nacional". Isso é um problema dele, virtude da Globo e incompetência nossa.

IMPRENSA
Sua relação com o governo melhorou?

Boris
Melhorou. Eu converso sempre com o Gushiken. Ele não é acessível, foi ele que me procurou. É uma pessoa de quem eu gosto.

IMPRENSA
Existem muitas coincidências entre o escândalo de 1992, que culminou no impeachment do Collor, e o escândalo do mensalão. Você acredita que essas denúncias podem derrubar o presidente Lula?

Boris
Existe uma diferença extremamente forte entre os dois processos. O Collor, em 1992, tinha rompido com praticamente com toda a elite brasileira. Já o Lula tem o apoio decidido das elites. Os interesses dos grupos que permeavam os dois processos políticos, eram opostos. O Collor havia desafiado os bancos, a FIESP, a indústria automobilística... Ele tinha contra si a elite brasileira. Aí apareceu o Pedro Collor, o motorista, e as coisas desandaram. Hoje, não há interesse da elite brasileira em prejudicar a administração do Lula.

IMPRENSA
Quando você fala em elites, você inclui os donos dos grandes meios de comunicação?

Boris
Não, eu estou falando na elite em geral. Os donos dos meios de comunicação na maioria são neutros.

IMPRENSA
Em 1997, FHC passou batido pela crise e se reelegeu. Aquela crise foi tão grave ou maior do que esta agora?

Boris
O Fernando Henrique estava muito bem blindado diante daquela crise. As figuras que estavam no front da crise eram menores. A habilidade dos "operadores do Fernando Henrique" também era maior do que a habilidade dos operadores do Lula.

IMPRENSA
Um argumento que tenho escutado de muitos petistas é que, se existe "mensalão" para comprar deputados, isso aconteceria em nome de um projeto político.

Boris
Eu vou avançar... Eu fui surpreendido, nos meus últimos 40 anos de jornalismo, por pessoas nas quais eu acreditava e, repentinamente, foram cercadas por um mar de corrupção. Como eu tinha conversas francas com essas pessoas, me sentia a vontade em questiona-las. E cheguei a seguinte conclusão: existe um mecanismo de auto-defesa, um sistema imunológico que supostamente protege o caráter de quem está fazendo isso. Todos eles, sem exceção, estavam usando essas armas da corrupção dizendo que não era para eles. De início, o dinheiro não é mesmo para uso pessoal, é para a campanha. Mas se o cara tem milhões de dólares no exterior e vê que o filho está estudando em grupo escolar de quinta categoria da periferia de São Paulo, ele vai quer melhorar de escola. Se ele mora numa casa muito ruim, ele acaba achando que uma casa melhor vai melhorar a eficiência dele para poder trabalhar pelo bem. A partir disso, a consciência fica limpa. O Jânio de Freitas disse outro dia que existe um projeto socialista por trás disso... Eu não acho nada disso. Eu vivo dizendo: "todos os partidos são iguais", inclusive o PT. Tudo começa com a campanha eleitoral.

IMPRENSA
Você acredita ideologicamente no PT?

Boris
Não. A máquina está lá, de boca aberta. É aquilo mesmo que o Jefferson disse, sobre a "síndrome da abstinência": ‘Os pásssaros de biquinho aberto esperando a comida".

IMPRENSA
Será que só é possível construir uma maioria sólida no parlamento usando esse tipo de esquema?

Boris
O país precisa de uma reforma política. Não agora, porque seria apenas um socorro. É preciso que a reforma política não seja fatiada, mas sofisticada. O que não pode acontecer é o Brasil ter um presidente da república refém.

IMPRENSA
Você acredita que existem indícios para que seja levantada a bandeira do "Fora Lula"?

Boris
Eu não vou falar em um "Fora Lula!", não defendo isso. Deve haver um processo em que as pessoas se convençam de que isso é verdade. Quando você fala em prova testemunhal, você fala em prova com valor jurídico. Então eu volto ao Collor, que foi absolvido em todos os processos segundo a decisão da justiça, o Collor pode voltar moralmente para o Palácio do Planalto. O processo de impeachment é político. Tem nuances jurídicas, mas é político. Quer dizer: basta a maioria da CPI do Plenário estar convicta. Isso que aconteceu no tempo do Collor. Mas não tinha nenhuma firula jurídica, tipo perda de prazo. Nenhum cara esqueceu de por uma vírgula, não houve nenhuma prescrição. O processo é político e se dá dentro do parlamento.

IMPRENSA
Você acha que o Lula conseguiu se descolar da crise?

Boris
Ele é o presidente da República. Tem um passado correto, honesto. Não quero incriminá-lo. Mas existem algumas perguntas não respondidas. Se é verdade que o Roberto Jefferson falou alguma coisa sobre isso, por que o Lula não tomou nenhuma providência? Se ele tomou algumas providências legais, porque elas não apareceram até agora? Ele se omitiu? Ele não sabe o que se passa sob o nariz dele?

IMPRENSA
Prevaricação?

Boris
Não, se ele não sabe o que se passa, ele é um incompetente.

IMPRENSA
Ou ele prevaricou ou ele é um incompetente?

Boris
Eu não vejo outra saída. Seria menos pior ser só incompetente. Eu acho que o governo está em pane. Você vê o que aconteceu... O Roberto Jefferson fez aquela ameaça e 48 horas depois o José Dirceu sai, sem que esteja escolhido seu sucessor. Eu não sei o que os olhos do Roberto Jefferson disseram naquela advertência. Não sei como o planalto recebeu. Eu sei que funcionou. Do jeito que foi feito, corroborou mais ainda: "Ué, porque que saiu?" Essa história de que o José Dirceu saiu para poder se defender... Não existe melhor lugar para se defender do que na altura do poder.
Vai se defender no congresso? Vai sair fazendo uma cruzada? Isso não tem um menor sentido. Ele saiu porque precisava sair. Eles estão blindando o Lula.

IMPRENSA
Ele (José Dirceu) foi irresponsável em 1997, ao pedir o "Fora FHC!"?

Boris
Claro que foi. E ele reconhece que foi. Como eles dizem: "quem está oposição faz bravatas".

IMPRENSA
Nesse caso, o PSDB está sendo mais responsável ou é tudo uma estratégia?

Boris
Eu não sei. Até esse instante, está sendo mais sério do que foi o PT. Não interessa paro PSDB, nesse instante, colocar em risco a democracia brasileira. Aliás, não interessa pra ninguém! Também o PSDB tem que olhar o entorno e ele é favorável ao governo Lula. Os números da economia são bons. A economia é a mesma que o PSDB fez. Os bancos estão com o Lula. Não estou dizendo isso de uma forma pejorativa, mas existem vários apoios que o Collor não tinha. O PSDB não pode também romper com todo mundo.

IMPRENSA
Chegaram a vir com aquela história de que você era do CCC?

Boris
Nunca fizeram ataque pessoal. Até porque muita gente que estava lá, sabe que era mentira.

IMPRENSA
Você acha que o poder pode mudar o caráter das pessoas? O Zé Dirceu de hoje não parece o mesmo de antes?

Boris
Eu sempre tive uma relação respeitosa, boa com ele, apertei ele também, acho ele muito inteligente. Eu não sei se aconteceu. Mas o comportamento não é o mesmo.
Houve gente que me disse: "Olha, vai ser um governo mais autoritário", gente ligado ao PT, gente que disse "você não sabe o que vai acontecer" e aconteceu, e eu não acreditava. Eu achei que iria ter uma certa camaradagem. Uma outra pessoa que não rompeu foi o Genoino.

IMPRENSA
Com o Fernando Henrique era mais tranqüilo?

Boris
O Fernando Henrique tem uma visão diferente da imprensa. Tanto que nunca processou ninguém. Não reclamava, não pedia a cabeça. Nem o Collor, nem o Sarney, nem o Tancredo.O Tancredo me telefonava no jornal chorando pitangas, mas é normal. Diziam, "olha que manchete e tal".

IMPRENSA
Isso foi dito naquele filme "Entreatos", tem uma cena em que o José Dirceu diz: "Tire esse cara daqui!", que era o cineasta, "não dá para confiar em ninguém".

Boris
Eu soube disso, mas eu perdi esse filme. Agora, eu no começo pensei que essa era uma blindagem natural de quem ia ser presidente da República, mas o Fernando Henrique não era assim. Quando eu falo isso vão dizer que eu sou tucano.

IMPRENSA
Porque você acredita que o PSDB e o PT uma vez no poder preferem fazer acordo com a direita?

Boris
Do jeito que está, eles precisam fazer acordo com quem tem voto. Não tem outro jeito. Quando se fala na questão da maioria, eu sempre procuro me colocar na posição do cara. Porque sempre se diz "sai pra rua batendo, vai na praça e denuncia", e é função nossa falar isso. Agora o cara senta naquela cadeira, ele quer fazer alguma coisa. Eu acho que o Fernando Henrique, o Sarney, o Lula, eles possuem boa intenção.
Ninguém está lá dizendo, "bom, quem é que eu vou estrepar hoje?", não existe isso.
O cara quer marcar o nome dele na história. O Lula possui uma história muito bonita e tudo, ele quer coroar. Agora ele chega lá e vê aquele plano que ele mesmo classificou de 300 picaretas, porque ele conhece aquele lá, não são todos, tem uma minoria lá, nomes que se destacam e como é que o cara vai fazer? Ele fez aliança com quem ele pode. E eu não vejo mal nenhum em ele fazer aliança a direita, mas aí tem essa circunstância, não justifica, mas é assim, o cara fica refém. Ou então ele não governa e vão derrubar o cara. Vide o Jânio Quadros, o processo como culmina, como se materializa, é outra história, mas se materializa.

IMPRENSA
Na sua opinião vai acabar em pizza, em reeleição...?

Boris
Não sei, eu não tenho um prognóstico. Eu estou assustado. Eu sempre me assusto com esse processo. Quando ele começou a ocorrer com o Collor, o Ulysses não queria, dizia "olha, temos que tomar cuidado, os milicos podem voltar". Talvez essa coisa de dizer que é golpismo é mais pra assustar as pessoas. O PSDB nunca dá golpe. Nem é da matriz do PSDB, ele não tem nenhuma tendência autoritária.

IMPRENSA
Agora, o PT tem uma capacidade maior em aumentar as crises?

Boris
A crise surgiu dentro da base governamental, o Roberto Jefferson não teve uma palha movida pela oposição. O congresso estava paralisado pelo próprio PT. O PT elegeu o próprio Severino. Começou com o Severino. Onde é que já se viu perder uma eleição para presidente da Câmara, tendo maioria e ainda com o descontentamento do pessoal fisiológico e também não-fisiológico, que concorre com os fisiológicos, que precisa se eleger? Eu acho que PT não deu a devida atenção à base parlamentar e se afastou da sua base social.

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Delibes pizzicato"
Nota para a seqüência MIDI: ****
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Belo Horizonte, 30 agosto, 2005

Política