Novos anseios
Enviado pelo autor, Americana-SP


Por Juliano Schiavo Sussi, estudante de jornalismo
E-mail: jssjuliano@yahoo.com.br

Em 2006 haverá eleições. Pomposos discursos serão feitos sobre a desigualdade social e sobre vários outros problemas pertencentes à sociedade brasileira. Muitos só farão os discursos, mas jamais praticarão as ações. E tudo isso é culpa da população que não cobra seus direitos.

O problema é que as linhas escritas acima fazem parte de um discurso que há tempo vem sendo proferido por articulistas e outros que se emaranham pelos lados opinativos. É sempre a mesma história. As eleições se aproximam e as páginas opinativas de jornais e revistas repetem num mesmo coro que é necessário saber votar. O povo já sabe disso. Já está saturado disso. Esse melodrama que brasileiro vota, não cobra seus direitos e vive chorando pelos cantos por não haver mudanças é uma frase que anula as ações práticas.

Quer opinar? Opine, porém mostre os problemas e suas resoluções. Quer criticar? Critique, mas mostre o porque dessa posição. O que não deve haver é o uso de frases e pensamentos que barram ações.

O grande pecado de muitos articulistas, muitos dos quais são celebridades no mundo opinativo, é sofrer de narcisismo. Acreditam que fama e prestígio bastam para tudo. Mas esquecem que, uma vez repetitivos e sem apontar novas soluções, acabam por denegrir sua própria imagem.

Dizer simplesmente que políticos são corruptos, que não é possível mudar os problemas do Brasil, e outras tantas citações que nada acrescentam, só colaboram para tornar tudo muito cansativo e sem perspectivas futuras. Novas visões -desde que sejam construtivas- são bem-vindas num tempo de crise.


Difícil negar mensalão
Articulação do Jornal dos Amigos

Por Luciana Nunes Leal

Fonte: O Estado de S. Paulo
23 dezembro, 2003

No dia seguinte à divulgação do relatório parcial que apontou os quatro caminhos do mensalão, esquema de pagamento a deputados para reforçar a base aliada e votar matérias de interesse do governo, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), deu uma sugestão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: ler o relatório.

Lula tem insistido que nada foi comprovado sobre a mesada dos deputados. O presidente já disse várias vezes que há muitas acusações sem provas e que injustiças estão sendo cometidas, embora evite atacar diretamente as duas comissões em andamento no Congresso.

Com o cuidado de quem é responsável por contornar os freqüentes confrontos entre oposicionistas e governistas na CPI, Delcídio diz que "são muito fortes" os indícios da existência do esquema milionário comandado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e que o governo deveria se informar sobre o que já foi investigado até agora.

"Seria importante que o presidente tomasse conhecimento, lesse o relatório, porque as informações são relevantes", afirmou Delcídio ontem, pouco antes de embarcar para seu Estado.

O senador tem esperança na recuperação do PT, apesar de reconhecer que os danos para o partido foram grandes e diz que ainda falta ampliar bastante a investigação sobre a origem dos recursos que abasteceram o esquema montado por Marcos Valério e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Para Delcídio, as aplicações financeiras dos fundos de pensão podem ser "a chave" para apontar mais uma fonte do valerioduto. Estudo preliminar mostrou que os fundos tiveram perda de R$ 729,1 milhões e a CPI investiga se houve operações casadas para que, na outra ponta, investidores lucrassem e desviassem parte do lucro para esquema de distribuição a políticos, partidos e campanhas eleitorais.

O senador garante que tudo o que for apurado e comprovado pela CPI estará no relatório final, a ser apresentado até abril, sem poupar governos ou pessoas. "A CPI vai dar a resposta que a sociedade espera", prometeu.


Assim é porque parece
Articulação do Jornal dos Amigos

Por Dora Kramer

Fonte: O Estado de S.Paulo
22 dezembro, 2005

Relatório da CPI fala de fatos e remete as negativas ao campo das versões exaustivas e- por que não dizer- enervante repetição dos bordões "a CPI não provou nada", "o mensalão não existiu", "Roberto Jefferson foi cassado porque mentiu" e outros do gênero parece coisa de gente que, pega em flagrante delito (seja ele qual for), não tem outra defesa a não ser negar as evidências. Ver mais


Sinais particulares
Articulação do Jornal dos Amigos

Por Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga, administradora pública, especialista em ciência política pela Universidade de Brasília. Mineira de Belo Horizonte, é articulistas dos jornais: O Globo, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, Gazeta Mercantil, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, Valor Econômico, entre outros. É autora de cinco livros, incluindo "O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – A Ética da Malandragem" e "América Latina – Em busca do Paraíso Perdido"

Fonte: www.diegocasagrande.com.br
18 dezembro, 2005


Por inaptidão, despreparo ou falta de vontade, o presidente Luiz Inácio é a perfeita ilustração da música que ele mesmo disse gostar, e que parece ter adotado como hino particular: “Deixa a vida me levar”. Mas enquanto Sua Excelência leva a vida, que certamente não quer largar de jeito nenhum (tampouco seus companheiros de alto escalão acostumados às doçuras, privilégios e bem-aventuranças comuns aos donos do poder), sinais particulares vão surgindo nitidamente no quadro político do momento. Sem nada a ver com infâmias, como gosta de dizer o presidente que sempre se coloca no papel de vítima, esses sinais agourentos para ele são decorrência de um processo, onde se acumularam de forma desmedida a incompetência e a ganância do modo petista de governar.

Os maus agouros surgiram claramente nas últimas pesquisas, e em que pese essas sondagens de opinião muitas vezes não serem confiáveis, traduzindo modos camuflados de propaganda ou a falsa certeza dos números, não devem ter agradado à atual corte brasiliense.

Conforme pesquisa CNI/Ibope, divulgada em 14/12, adversários do PSDB, partido que Luiz Inácio mais detesta e teme, vão se posicionando favoravelmente. José Serra ganha no segundo turno por folgados 13 pontos porcentuais e Geraldo Alckmin já está empatado tecnicamente com o eterno candidato presidencial que começa a se ver reduzido aos seus tradicionais 30%, porcentagem de votos que lhe ocasionaram três derrotas seguidas.

O grande fenômeno eleitoral da pesquisa é o governador de São Paulo, que saiu de um dígito para ascender rapidamente nas intenções de votos. O argumento de que não é conhecido não é tão importante. Naturalmente Serra é mais conhecido porque chegou ao segundo turno das eleições presidenciais passadas. Mas o palanque eletrônico da TV rapidamente garantirá a visibilidade necessária a Geraldo Alckmin, caso seja ele escolhido como candidato do PSDB. Calmo, articulado, dando demonstrações reais de competência em sua trajetória política, elegante e sóbrio, ele apresenta um contraste estonteante com o candidato à reeleição. E como tudo nessa vida cansa, pode ser que o povo queira agora algo diverso do que elegeu em 2002. Mesmo porque a pesquisa CNI/Ibope mostra que hoje são apenas 43% os que confiam no presidente, contra os 76% que confiavam em junho de 2003. Os que não confiavam naquela época eram apenas 19% e agora chegam a 53%.

Para piorar, a pesquisa indicou que a reprovação popular incidiu justamente em áreas nas quais Luiz Inácio se gaba de ser um condutor genial. Reprovaram o combate à pobreza 50% dos entrevistados, contra 46% que aprovaram. Programas de educação e saúde: 48% reprovaram e 47% estão satisfeitos. Segurança pública: 65% reprovaram e apenas 29% aprovaram. Combate à inflação: 54% estão insatisfeitos contra 37% de satisfeitos. Taxas de juros: 63% reprovaram e 25% aprovaram. Combate ao desemprego: 62% reprovaram e 34% aprovaram. Impostos: 69% criticaram contra 23% que aprovaram.

É também sinal particular significativo o resultado de uma pesquisa da GlobaScan, divulgada na reunião da Organização Mundial do Comércio, em Hong Kong. A sondagem que ouviu 20 mil pessoas em 20 países mostra que o Brasil foi o país em que o governo mais perdeu prestígio diante de sua população, na comparação com outros 14, nos últimos 12 meses.

Além das análises quantitativas, há certos sinais particulares importantíssimos que incidem sobre aspectos qualitativos. Por exemplo, O Estado de S. Paulo, de 15/12, trouxe duas notícias que demonstraram a insatisfação de duas instituições que, através de nossa história, quando desfavoráveis ao governo o colocavam em sérias dificuldades: a Igreja Católica e as FFAA. Portanto, mesmo sem o poder de outrora, é significativo o fato dos bispos do Brasil, segundo o jornal citado, terem ido recentemente se queixar ao Papa com relação às políticas sociais do governo Luiz Inácio. Recorde-se que o PT é filho dileto da Ecclesia e sempre contou com seu apoio.

Em outra página, o comandante do Exército, General Francisco Albuquerque, reclamava entre outras coisas de que os militares não estão conseguindo fazer as três refeições por dia.

Analistas e adeptos do governo petista falam que Luiz Inácio pode reverter o quadro. Ele possui a máquina estatal que é pródiga em benefícios e caridades oficiais quando interessa. Talvez isso aconteça, pois em política os cenários mudam rapidamente e o PT no poder acostumou-se a comprar tudo e todos. Mas que os sinais particulares do momento estão adversos, marcantes e pressagiadores de derrota para o PT, isso lá estão.


Bola de cristal

Veja em Observatório da Imprensa as previsões para 2006, na visão do jornalista Carlos Brickmann. Dentre outros assuntos, na mesma coluna, carta aberta ao presidente Lula de Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-Secretário Geral da Presidência da República no governo FHC.

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Delibes pizzicato"
Nota para a seqüência MIDI: ****
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Belo Horizonte, 23 dezembro, 2005

Política