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Enviado pelo autor, Nova Friburgo-RJ
22 maio, 2010
Comissão de Legislação Participativa (CLP)
Por Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz,
ambientalista e advogado
http://doutorrodrigoluz.blogspot.com
Desde 2001, no final da era FHC, a Câmara Federal em Brasília possui uma Comissão de Legislação Participativa (CLP), a qual permite que qualquer entidade da sociedade civil organizada, ONGs, sindicatos, associações e órgãos de classe apresentem suas sugestões legislativas. Tais sugestões podem incluir desde propostas de leis ordinárias e complementares, até sugestões de emendas ao Plano Plurianual (PPA) e à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Através de tal comissão,
a sociedade civil organizada tem a possibilidade de apresentar suas propostas,
as quais, por sua vez, poderão ser transformadas em lei, bastando
que a entidade encaminhe ao referido órgão da Câmara
dos Deputados a sua sugestão legislativa acompanhada dos seguintes
documentos: (I) seu registro em cartório ou no Ministério
do Trabalho; (II) um documento legal capaz de comprovar que a composição
de sua diretoria; (III) a ata da reunião que decidiu pelo envio
da sugestão à CLP; e, opcionalmente, (IV) quaisquer outros
documentos anexos ao requerimento sugestivo com a finalidade de dar embasamento
à justificativa.
Individualmente, o cidadão pode também participar contribuindo
para o Banco de Ideias, apresentando propostas de interesse da população
em geral, as quais serão organizadas por temas, ficando à
disposição para consultas tanto pelos parlamentares quanto
pelas entidades da sociedade civil.
Após a iniciativa de se ampliar o acesso ao Poder Legislativo Federal,
vários estados e poucos municípios no país adotaram
esta brilhante ideia a exemplo das Assembleias de Minas Gerais, São
Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraíba e Acre. Já
nas cidades, pode-se mencionar as Câmaras Municipais de Curitiba
(PR), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Juiz de Fora (MG), Uberaba
(MG), Santos (SP), Campinas (SP), Caxias do Sul (RS), Sete Lagoas (MG),
Atibaia(SP), Americana (SP), Conselheiro Lafaiete (MG), São José
dos Campos (SP), Poços de Caldas (MG), Tibagi (PR), dentre outros
locais.
Curiosamente, nem a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e nenhuma
Câmara Municipal aqui do meu Estado aparecem na listagem que consta
no rol do site da Câmara Federal. Nem na capital fluminense e nem
nas principais cidades do interior existe a possibilidade de uma ONG apresentar
sua sugestão legislativa, e esta ser analisada de modo obrigatório
por uma comissão especificamente organizada para atender os anseios
da sociedade civil. Em 2008, logo depois que os atuais vereadores de Nova
Friburgo foram eleitos, cheguei a compartilhar esta ideia publicamente
escrevendo um artigo no jornal local "A Voz da Serra", mas vi
muito pouco interesse dos políticos daqui. E, quanto à ALERJ,
cheguei a me comunicar via e-mail, sem receber nenhuma resposta satisfatória
de qualquer deputado.
Entretanto, é no Município que a participação
popular nas decisões políticas podem ser efetivamente exercida.
É de fundamental importância que se promova nas cidades uma
democracia de proximidade capaz de reforçar a influência
dos cidadãos sobre o seu cotidiano e nas atividades comunitárias.
Além disso, é nas cidades pequenas que o interesse político
dos cidadãos torna-se evidente, principalmente porque nesses lugares
uma grande parte dos eleitores trabalham para a prefeitura (quase sempre
sem concurso público) e, portanto, dependem das próximas
eleições para que eles ou os seus familiares se mantenham
empregados no governo. E, embora falte uma participação
política de qualidade na grande parte dos municípios de
menor população, tenho para mim que a criação
de mecanismo que proporcionem o acesso do cidadão ao poder poderá
contribuir satisfatoriamente para o desenvolvimento da democracia nessas
cidades. Ainda mais nos centros urbanos com menos de 10 mil habitantes,
nos quais acredito ser possível o exercício de uma democracia
quase que direta, capaz de lembrar os gregos da Antiguidade clássica.
Minha esperança é que a própria sociedade civil e
os poucos políticos esclarecidos neste país compreendam
a importância das CLPs em âmbito local e passem a lutar por
essa conquista nas suas cidades. Infelizmente, após a redemocratização,
o cidadão brasileiro virou as costas para o Parlamento. Nossos
municípios ganharam mais autonomia com a Constituição
de 1988, porém muitas cidades viraram verdadeiras ditaduras disfarsadas.
Os distritos rurais e os bairros humildes de periferia tornaram-se currais
eleitorais na maioria dos casos, sendo que quase ninguém mais acompanha
o processo legislativo.
Mas será que a nossa história local deve continuar a ser
escrita com tanta passividade? Os políticos estão errados,
mas nós, o povo brasileiro, também precisamos agir comunicando
as nossas ideias e organizando-as através de movimentos capazes
de transformar o cotidiano das nossas cidades. Ou seja, não podemos
nos esquecer que cada um de nós é autor das páginas
políticas dos lugares onde vivemos.
Enviado por Mara Montezuma, São
Paulo-Capital
2 dezembro, 2009
O futuro do PT
Por Lúcia Hipólito
O PT nasceu de cesariana, há 29
anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica,
através das Comunidades Eclesiais de Base. Os orgulhosos padrinhos
foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo
seu projeto de dividir a oposicão brasileira.
Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT.
Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista
que foi o general Golbery. Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais,
basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento
de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo
eles: o proletariado.
O PT cresceu como crianca mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não
gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário.
Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das
elites brasileiras. O PT lançava e elegia candidatos, mas não
"dançava conforme a música". Não fazia
acordos, não participava de coalizões, não gostava
de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se
misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando
com o mundo adulto. Mas nos estados, o partido começava a ganhar
prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos.
E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros,
banqueiros. Tudo muito chique, conforme o figurino.
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidencia
da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros,
amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções,
amigos de fé, irmãos camaradas.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta
estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho
se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plinio de Arruda
Sampaio Junior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloisa Helena
em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram
o PSOL. Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram
a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida
Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flavio Arns, de fortíssimas
ligações familiares com a Igreja Católica. Os ambientalistas,
por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora
Marina Silva do partido.
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido
com o velho PTB de antes de 64. Controlado pelos pelegos, todos aboletados
nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre
nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas
com o empresariado. Cavando beneficios para os seus. Aliando-se ao coronelismo
mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está
fortemente enraizado na administração pública dos
estados e municipios. Alem do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada...
Música
de fundo em arquivo MID (experimental):
A canoa virou
Nota para a seqüência MIDI: *****
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