Lupanares
Enviada pela autora, Alegrete-RS


Por Sandra Silva, socióloga

E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br

13 abril, 2007

A globalização é irreversível, até que o mundo que conhecemos se desmanche por alguma hecatombe sinistra, como conseqüência da insanidade humana no trato com a natureza.

A revolução nas comunicações de áudio e vídeo, em especial a Internet, oferece oportunidade para que as distâncias entre as pessoas sejam apenas de ordem física.

Possivelmente tenha sido essa facilidade de conhecimento e informação acerca de outros países que motivou a abertura de um bordel em Preston, condado de Lancashire, Inglaterra, o qual vem movimentando a economia da região. A casa de encontros nada tem de diferente, e se estrutura como tantas outras que marcaram a história da humanidade, pois desde Adão e Eva os seres vivos fazem sexo. O inusitado, se assim se pode dizer, é a sua denominação: Brasília!

Bem se sabe que há redes e franquias espalhadas pelo planeta, como a McDonald's e os hotéis Plaza. O hilário será o empresário inglês que abriu o luxuoso bordel, transformar o empreendimento numa rede espalhando pelo mundo o nome da capital desta nação, tão esgotada por ações marginais em qualquer área de sua pirâmide social.

A partir de agora quando se falar em Brasília é recomendável que se acrescente o termo "a capital", evitando que se confunda uma coisa com outra, pois qualquer semelhança será apenas coincidência.

Não se sabe a origem da preferência do nome em dito local, mas se espera que não tenha sido pejorativo, aludindo que a nossa Brasília é prostituída, coisa que ninguém cogita.

Vejamos outros exemplos de globalização. Dos tempos do governo de FHC para cá se aproveitou quase tudo: a Bolsa-Escola virou Bolsa-Família; a reforma agrária continua no andor de tartaruga. Assim era, assim permaneceu. O modelo econômico é o mesmo. FHC tinha o Avança Brasil; Luis Inácio tem o PAC. FHC articulou uma forte base heterogênea para dar suporte a sua administração. Idem fez o presidente de segundo mandato. O conteúdo ideológico dos partidos não arrancou nenhuma voz de contradita ao governo FHC. Com o troca-troca recentemente mostrado pela mídia, Luis Inácio também fortalece sua base para que possa governar sem oponentes e sem críticos. É um país cheio de afeto e idéias combinadas que resultam na situação de que não há praticamente nada a ser rechaçado. Caminho para a formação de uma só comunidade entre todos os cidadãos onde a acumulação é proibida e a coletivização de interesses e bens é o objetivo da nova ordem em favor do trabalhador. Em outros tempos isso era doutrina comunista.


Ministério da Defesa indefeso

Enviado por Joni Lopes, Rio de Janeiro-Capital

Forças Armadas, em qualquer sociedade moderna, é um assunto sério e tratado no mais alto nível. Um tema multifacetado, que passa por várias definições

Por J. A. Nascimento Brito

Fonte: Gazeta Mercantil
29 março, 2007

 

O Brasil vive hoje uma situação inusitada. Tem um Ministério da Defesa indefeso. Há várias razões para este fracasso, mas, sem dúvida, o total despreparo da classe política brasileira para assumir tamanha responsabilidade é, de longe, o maior deles. As conseqüências ultrapassam as fronteiras do colapso que atinge o setor aéreo

O Ministério da Defesa surgiu no bojo de várias reformas implementadas pelo governo Fernando Henrique Cardoso. O Brasil era um dos poucos países do mundo onde as Forças Armadas continuavam sem um controle civil. Reportavam-se ao ministro-chefe do Estado Maior das três Forças, sempre um militar. A criação do Ministério da Defesa representava, finalmente, a consolidação de um modelo unânime em sociedades democráticas. Significava também parte de uma reforma do Estado, na qual agências reguladoras e privatizações, por exemplo, tinham também o seu lugar.

Os militares do Brasil tiveram um papel destacado na formação e consolidação do território brasileiro. Desde o fim do século 19 eles têm sido os grandes consolidadores da fronteira Oeste e Norte do Brasil. Matéria de Augusto Nunes, publicada no Jornal do Brasil de domingo e na Gazeta Mercantil de segunda, mostra claramente a importância desses destacamentos em rincões longínquos de qualquer cidade do País. Aliás, o Marechal Rondon, com suas expedições pelo oeste brasileiro, é o maior símbolo do papel dos militares na preservação do território brasileiro. Também encarna aquilo que os militares têm como enorme destaque na sua formação, que são alguns valores importantes que ajudam a materializar as idéias de um país.

Cultivam o hino brasileiro e a nossa bandeira com um orgulho sem paralelo em nossa sociedade. Pelas prerrogativas e pelo orçamento que tem, o Ministério da Defesa pode causar um impacto avassalador na indução de pesquisa e desenvolvimento nas mais diversas áreas do conhecimento. Em qualquer sociedade moderna, são elas um dos grandes depositórios de inteligência e conhecimento. No Brasil, uma das evidências dessa constatação chama-se Embraer.

No momento, discute-se no governo a possibilidade de dobrar o orçamento das Forças Armadas. Trata-se de uma ótima medida. Mas é preciso saber com que objetivo se deseja engordar as finanças do Exército, da Marinha e da Aeronáutica . Passam pela área de defesa definições importantíssimas de política externa e interna na medida em que o Brasil avança pelo mundo, adquire um protagonismo que não tinha no passado. Para avalizá-lo, porém, é fundamental que se tenham Forças Armadas devidamente capacitadas para acompanhá -la.

Não se trata de ir à guerra, como um fim em si, mas de chancelar as ações da diplomacia. Basta lembrar nossas recentes participações em forças de paz em lugares instáveis, como o Timor e, principalmente, o Haiti. Este país, aliás, nos remete a uma outra discussão estratégica, fundamental neste século.

Qual o desenho de que precisamos para nossas Forças Armadas? Que combinação é mais adequada para homens, armamentos, táticas e estratégias? O Haiti é um excepcional exemplo de como o caráter da ação militar, nesta virada de século, sofreu um desvio de percurso. Afinal, quem é o inimigo por lá? O Exército brasileiro desempenha, naquele país, menos funções militares tradicionais e muito mais funções policiais.

A guerra do Iraque também vai permanecer, por muito tempo, no centro das discussões estratégicas mais relevantes. É uma guerra convencional, uma luta de contra-insurgência, uma ação policial ou um pouco de tudo? Internamente, temos outra face da mesma moeda. Existe uma gigantesca parcela da população que gostaria de ver as Forças Armadas desempenhando um papel mais ativo e ostensivo, principalmente nas ruas das grandes cidades.

É este o seu papel? Estão treinadas para esse tipo de ação policial? A pergunta é relevante porque a segurança é, segundo pesquisas de opinião, um dos quatro temas considerados fundamentais pelo eleitor brasileiro. Os outros três são o conceito de inclusão, transparência e oportunidade. E todos passam por dentro do papel do Ministério da Defesa e das Forças Armadas no Brasil.

Em matéria de inclusão, as Forças Armadas são, de longe, a fatia do Estado brasileiro que mais pode receber aplausos por suas políticas. Lá, qualquer pessoa, do mais rico ao mais pobre, não importa cor e classe social, pode chegar ao ápice da carreira. Por mérito.

É também nas Forças Armadas que outro conceito igualmente importante, o de oportunidade, revela-se brilhantemente. No imaginário do cidadão brasileiro, oportunidade é assegurada pela educação. Uma carreira militar significa que a pessoa estará em constante aprendizado, até o momento em que dela se retira. Por último, trata-se de uma instituição transparente. Seus níveis de corrupção são ínfimos se considerado o histórico do Estado brasileiro. Além disso, seus critérios de promoção, por exemplo, são entendidos claramente desde o primeiro dia em que alguém passa a fazer parte da Marinha, da Aeronáutica ou do Exército.

A crise no setor aéreo, em curso nos últimos meses, tem deixado seqüelas gravíssimas. Uma delas é o enorme descrédito não somente para a Aeronáutica mas para o Ministério da Defesa e, por conseqüência, para os militares. Podemos gastar páginas desfilando-os pelas passarelas da vida pública brasileira. Mas o pano de fundo não muda.

Está escancarada a incompetência e o despreparo da classe política brasileira, independentemente de partidos, para assumir uma responsabilidade como o comando de um Ministério da Defesa. Felizmente, um político bossa nova, o governador do Rio, Sérgio Cabral, deu um sinal de que existe luz ao fim do túnel. Já no discurso de posse, mostrou compreender o fato de que o Estado reunia o maior conjunto das Forças Armadas do país.

Não é somente uma questão de contingentes, navios ou aviões, mas também o melhor da sua inteligência. Afinal, no Rio estão localizadas suas Escolas de Guerra, assim como, no caso do Exército, a AMAN, em Resende. Porém, é apenas um sinal de alguém que, embora importante, não tem sob sua responsabilidade o comando do Ministério da Defesa.

Eis o desafio. Ou os políticos brasileiros decidem preparar alguns destacados representantes para que, no médio e no longo prazo, estejam aptos para responsabilidades nesta área, ou é melhor que a sociedade e, no limite, a democracia, perguntem-se se é correto o País insistir no atual modelo de Forças Armadas - no qual o comando emana de um Ministério da Defesa indefeso e com o militar brasileiro insultado em suas virtudes. Esta é a grande lição da crise atual: a exigência imposta aos políticos para que se preparem devidamente, a fim de mostrar, no futuro imediato, competência e responsabilidade compatíveis com a importância estratégica da Defesa.


Amém!

Enviada pela autora, Alegrete-RS

Por Sandra Silva, socióloga
E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br

14 março, 2007

O Brasil não é culpado de nada. Mas os brasileiros são culpados pela inobservância dos princípios mínimos da regência administrativa do país: pelo desemprego, pelo crescimento desordenado das famílias que não dispõem de condições para a mantença do grupo, pela eleição de indivíduos dos dois gêneros -os quais não têm vocação outra do que pensar em si próprios-, pela inexistência de ferrovias, pela precariedade das rodovias, pelos desastres ecológicos nos rios, pelas queimadas nas áreas verdes, pela derrubada indiscriminada de florestas.

Os brasileiros são responsáveis pelo tráfico de armas e narcóticos, pelos acidentes diários e fatais que ceifam vidas preciosas, pelos puxadinhos nos aglomerados que viram favelas, pelas filas nos postos de saúde, pelo ensino deficiente nas escolas públicas, pelo excesso de carga tributária, pela falta de ideais e idéias dos partidos políticos.

Somos delinqüentes pela corrupção, pela prevaricação, pelos juros escorchantes, pela pirataria que vai além de CDs, DVDs e toda uma gama de produtos produzidos pelos povos asiáticos, pela prostituição com crianças, pelo comércio de mulheres, pelas propinas oferecidas e aceitas, pela manipulação da ética, da honestidade e da verdade.

Quando todos esses fatores de desorganização se sobrepõem à decência é porque se permitiu sua instalação, alimentando-os com o fermento da lascividade leviana. A sociedade brasileira habitualmente se diz mal governada, e coloca sobre os administradores por ela escolhidos a responsabilidade pelas mazelas que lhe assombram. Aponta com propriedade seus males e desgraças, mas permanece em estado de quadriplegia como se estivesse em um corredor cujo fim é a morte.
Pelo que se tem comprovado, é o clamor da sociedade que leva às modificações e rumos desejados.

Há prova irrefutável disso em inúmeras situações. A última trata de alterações na legislação penal que tramita no Congresso Nacional e certamente será aprovada e posteriormente sancionada pelo Executivo. Não resta dúvida de que foi a movimentação da sociedade que pressionou os legisladores para fazer com que projetos de interesse social que se encontravam na Câmara Federal andassem rapidamente rumo à discussão plenária. Fala-se de que parte da agressão que a sociedade vem sofrendo resulta da impunidade ou de leis vigentes que facilitam aos delinqüentes não perderem sua liberdade.

A sociedade organizada e decente está a exigir o fim dessa postura. Ela não quer regime de exceção, mas impõe que haja real punibilidade. Tome-se, por exemplo, a permissibilidade de preso possuir celular. Isso é um acinte aos cidadãos decentes. Sem falar no privilégio da visita íntima. Dessa forma, agredir a sociedade e cometer delitos de qualquer grau se apresenta ao delinqüente como algo fácil, pois perderá, em tese, apenas a liberdade, e esta por pouco tempo. As chamadas regalias não podem ser distribuídas aos infames enquanto milhares de cidadãos enfrentam as dificuldades da sobrevivência com decência e retidão.

Elegemos indivíduos para que em nosso nome conduzam a sociedade organizadamente enquanto cuidamos de nossas famílias e de produzir bens, produtos e serviços que permitam crescimento e melhor qualidade de vida. Portanto, aqueles que desfrutam dessa indicação não podem usar para si o que não é seu e muito menos fazerem o que individualmente entendem. É preciso, então, exercer o poder de protesto para que as circunstâncias que nos prejudicam sejam eliminadas.

Portanto, não se achincalhe. Inquiete-se!

Edição anterior


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Só louco"
, de Dorival Caymmi
Nota para a seqüência MIDI: ****

Só louco

Amou como eu amei
Só louco
Quis o bem que eu quis
Ah, insensato coração
Porque me fizeste sofrer
Porque de amor pra entender
É preciso amar, porque
Só louco, louco...

Participe do Jornal dos Amigos,
cada vez mais um jornal cidadão

O Jornal dos Amigos agradece a seus colaboradores e incentiva os leitores a enviarem textos, fotos ou ilustrações com sugestões de idéias, artigos, poesias, crônicas, amenidades, anedotas, receitas culinárias, casos interessantes, qualquer coisa que possa interessar os seus amigos. Escreva para o e-mail:

Se o conteúdo estiver de acordo com a linha editorial do jornal, será publicado.

Não esqueça de citar o seu nome, a cidade de origem e a fonte da informação.

Solicitamos a nossos colaboradores que, ao enviarem seus textos, retirem as "flechas", isto é, limpem os textos daquelas "sujeiras" de reenvio do e-mail. Isso facilita bastante para nós na diagramação.

Início da página


Belo Horizonte, 20 abril, 2007

Política