A responsabilidade em abrir uma empresa
Enviado pelo autor

A falência é como a morte que acompanha uma doença fatal

Por Henrique Montserrat Fernandez, administrador de empresas com
pós-graduação em análise de sistemas e MBA em tecnologia da informação,
autor do livro "Evitando a Falência - Garanta o Sucesso de Seu Negócio"

13 dezembro, 2006

Ninguém abre uma empresa pensando em fechá-la após um breve funcionamento. O tempo, dinheiro e esforço investidos merecem um retorno satisfatório, e este só ocorre, em geral, havendo sucesso, após alguns anos de trabalho duro. Infelizmente, no entanto, muitos negócios não chegam a prosperar. Eles quebram antes disso. Quais serão as razões para isso ocorrer?

Em meus vinte e sete anos de atividade profissional, ocupando cargos técnicos e executivos em empresas do Grupo Bonfiglioli, Copersucar, SENAC e Zanthus entre outras, bem como a partir de minhas atividades posteriores como consultor, pude observar vários casos de sucesso e fracasso empresariais. Observei que apesar de muitas serem as situações que levam uma empresa a falir, a principal causa acaba sendo, quase sempre, o erro humano.

Está nas mãos das pessoas -empresários, executivos e de todos os funcionários- o futuro de uma organização. É uma responsabilidade enorme. Muita coisa depende de se fazer o certo. Parece óbvio, mas infelizmente não é. Erros humanos continuam ocorrendo todos os dias. Alguns são mortais.

Manter uma empresa viva torna-se, nos conturbados dias atuais, um dos maiores desafios de qualquer administrador. As rápidas alterações ambientais de mercado que têm de ser levadas em consideração superam em muito a capacidade de vários gestores. Na maior parte das vezes lhes falta a formação necessária para enfrentar esses desafios, em muitas outras, a falta é de visão.

Temos de ter sempre em conta que a formação do empresário ou dirigente precisa ser ágil o suficiente para permitir agir a tempo nessas situações, e que para isso, a informação é seu mais poderoso aliado. Lembremo-nos: a falência é como a morte que acompanha uma doença fatal. Mas pode ser evitada através da colocação em prática do que for corretamente planejado.

O papel aceita qualquer coisa e, por mais bonitas que sejam as frases de efeito a respeito de visão da empresa, liderança ou estratégia, isso de nada adiantará sem que se arregace as mangas e se transforme tudo em ação. É o executar que traz o sucesso para uma empresa. Cabe ao empresário dar o maior exemplo.

Dificuldades iniciais, mortalidade

Abrir uma empresa custa dinheiro. Fechá-la custa muito mais. Periodicamente os jornais publicam alguma matéria mencionando os custos para abertura e fechamento de uma empresa e a desproporção entre esses custos. Mencionam também que a maior parte das empresas fecha antes de completar cinco anos. Essas afirmações deveriam assustar o leitor a ponto de ele nem pensar em abrir sua empresa! Felizmente, os brasileiros estão entre os povos mais empreendedores do mundo e continuarão a abrir suas empresas sempre que possível. Mas não seja ingênuo, infelizmente a realidade não é tão simples assim.

Você terá muito mais do que chefes ao montar sua empresa - terá clientes, e a responsabilidade para com estes é muito maior.

Pensamento positivo é bom, mas não basta. Você é que terá de ir atrás dos clientes e, para isso, precisará conhecê-los e ao mercado em que atuam. Afinal, eles nem sabem que você existe!

Só vende o produto que satisfaz as necessidades dos clientes, por melhor que ele seja. Se os clientes não tiverem necessidade dele, simplesmente não o comprarão. Além do mais, cabe a você mostrar-lhes em que o seu produto irá beneficiá-los.

Ter autoconfiança é importante, entretanto, pode ser perigoso quando em excesso. Sem planejamento e ação baseada nele, seu "taco" pode valer menos do que um graveto...

Para que seu negócio progrida (e não venha a fazer parte das estatísticas negativas), você deverá alterar sua forma de pensar. E isso significa que deverá planejar antes de agir. A maioria dos novos empreendedores é negligente no que diz respeito às atividades que devem ser realizadas sempre antes da abertura do negócio.

O que precisa ser lembrado, antes de abrir uma empresa? Leia a lista abaixo.

  1. Você tem as características necessárias para ser um empreendedor?
  2. Seus clientes serão seus novos chefes. Está preparado para isso?
  3. Sua empresa produzirá algo. Será que os clientes querem comprar?
  4. Há capital próprio para abrir a empresa?
  5. Pessoas trabalharão com você. Como mantê-las na empresa?
  6. Quem são seus potenciais concorrentes? Quem serão seus fornecedores?
  7. O que sua empresa fará no futuro?

Caso você tenha as respostas, parabéns! Pode começar a pensar em abrir a empresa, se não, trate de obter essas respostas antes de abrir o negócio, ou ele dificilmente vingará.


Não sei
Enviado por Jailma Soares, Ipatinga-MG

Por Antonio Ermírio de Moraes

Fonte: Revista Exame

5 dezembro, 2006

Se você ainda não sabe qual é a sua verdadeira vocação, imagine a seguinte cena:
Você está olhando pela janela, não há nada de especial no céu, somente algumas nuvens aqui e ali...aí chega alguém que também não tem nada para fazer e pergunta:
"Será que vai chover hoje???". Se você responder "com certeza"... a sua área é vendas, porque o pessoal da área é o único que sempre tem certeza de tudo.

Se sua resposta for "sei lá, estou pensando em outra coisa"...então a sua área é marketing, porque o pessoal da área é o único que está sempre pensando no que os outros não pensam.

Se você responder "sim há uma boa probabilidade"...você é da área de engenharia.
O pessoal da área está sempre disposto a transformar o universo em números.

Se a resposta for "depende"...você nasceu para recursos humanos: uma área em que qualquer fato sempre estará na dependência de outros fatos.

Se você responder "ah, a meteorologia diz que não"... você é da área de contabilidade. Isso porque o pessoal da área sempre confia mais nos dados no que nos próprios olhos.

Se a resposta for "sei lá, mas por via das dúvidas eu trouxe um guarda-chuvas",
então seu lugar é na área financeira, que deve estar sempre bem preparada para qualquer virada de tempo.

Agora, se você responder "não sei"...há uma boa chance que você tenha uma carreira de sucesso e acabe chegando a diretoria da empresa. De cada 100 pessoas, só uma tem a coragem de responder "não sei" quando não sabe. Os outros 99 sempre acham que precisam ter uma resposta pronta, seja ela qual for, para qualquer situação. "Não sei" é sempre uma resposta que economiza o tempo de todo mundo, e pré-dispõe os envolvidos a conseguir dados mais concretos antes de tomar uma decisão.

Parece simples, mas responder "não sei" é uma das coisas mais difíceis de se aprender na vida corporativa. Por quê? Eu sinceramente "não sei".


Multado por pagar escola para seus funcionários
Enviado por Volmir Maistrovisc, São Paulo-Capital

Por Silvino Geremia, empresário em São Leopoldo, Rio Grande do Sul

25 outubro, 2006

Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só servem para atrasar a vida das pessoas que tocam este país: investir em educação é contra a lei. Vocês não acreditam? Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa. Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados Unidos e o Canadá. Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo.

Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um técnico. Este ano um fiscal do INSS visitou a empresa e entendeu que educação é salário indireto. Exigiu
o recolhimento da contribuição social sobre os valores que pagamos aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossos funcionários, acrescidos de juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS. Tenho que pagar 26.000 reais à Previdência por promover a educação dos meus funcionários? Eu acho que não.

Por isso recorri à Justiça. Não é pelo valor, é porque acho essa tributação um atentado. Estou revoltado. Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, mesmo que eu seja multado 1 000 vezes. O Estado brasileiro está falido. Mais da metade das crianças que iniciam a 1ª série não conclui o ciclo básico. A Constituição diz que educação é direito do cidadão e dever do Estado. E quem é o Estado? Somos todos nós. Se a União não tem recursos e eu tenho, eu acho que devo pagar a escola dos meusfuncionários. Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado. Mas também não
aceito que o Estado me penalize por fazer o que ele não faz. Se a moda pega,
empresas que proporcionam cada vez mais benefícios vão recuar.

Não temos mais tempo a perder. As leis retrógradas, ultrapassadas e em total
descompasso com a realidade devem ser revogadas. A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos devem adequar-se aos novos tempos.Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa trabalhar em paz. Vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega impostos, de quem rouba a Previdência, de quem contrata mão-de-obra fria, sem registro algum. Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, e não tive muito estudo.

Completei o 1° grau aos 22 anos e, com dinheiro ganho no meu primeiro emprego, numa indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, paguei uma escola técnica de eletromecânica. Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas nunca terminei o curso de engenharia mecânica por falta de tempo. Eu precisava fazer minha empresa crescer. Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar. Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo. A cada ano cresce o valor que invisto em educação porque muitos funcionários já estão chegando à Universidade...

O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações judiciais. Segundo ele, algum
empregado que não receba os valores para educação poderá reclamar uma
equiparação salarial com o colega que recebe. Nunca, desde que existe o programa, um funcionário meu entrou na Justiça. Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm vontade de crescer. E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa oferece essa oportunidade. O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja filosofia, que não teria qualquer aproveitamento prático na Geremia. No mínimo, ele trabalhará mais feliz.

Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz. Adiei sua realização várias
vezes porque, como cidadão consciente do meu dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelos meus 280 empregados. Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderia ter comprado duas Mercedes. Teria mandado dinheiro para fora do país e não estaria me incomodando com leis absurdas. Mas não consigo fazer isso... Sou um teimoso.

No momento em que o modelo de Estado que faz tudo está sendo questionado, cabe uma outra pergunta. Quem vai fazer no seu lugar? Até agora, tem sido a iniciativa privada. Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham recebido o tratamento que a Geremia recebeu da Previdência por fazer o que é dever do Estado. As que foram punidas preferiram se calar e, simplesmente, abandonar seus programas educacionais. Com esse alerta temo estimular os que ainda não pagam os estudos de seus funcionários. Não é o meu objetivo. Eu, pelo menos, continuarei ousando ser
empresário, a despeito de eventuais crises, e não vou parar de investir no meu patrimônio mais precioso: as pessoas. Eu sou mesmo teimoso.

Ver anterior


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Acontece", de Cartola
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 17 dezembro, 2006

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