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O mineiro Fernando Sabino

Da editoria do Jornal dos Amigos

Fontes: Páginas "Releituras" e "Terra"


*1923-2004
  Mineiro citadino, Fernando Tavares Sabino nasceu em Belo Horizonte no dia 12 de outubro de 1923. Tinha que ser no dia da criança...

Aos 7 anos, após aprender a ler com sua mãe, dona Odete Tavares Sabino, ingressa no curso primário do Grupo Escolar Afonso Pena. Quem seria seu colega de turma que o acompanharia desde o jardim de infância até a morte? Hélio Pellegrino. A partir de então torna-se leitor compulsivo, de tal sorte que é comum chegar em casa com um galo na testa, por caminhar com um livro aberto diante dos olhos e não enxergar os postes que haveriam de ter pelo seu caminho. Desde cedo revela inclinação para a música, pois ouvia atentamente sua irmã e o pai (Domingos Sabino, procurador de partes e representante comercial) ao piano.

Em 1934, aos 11 anos entra para o grupos dos escoteiros, em que permance até os 14 anos. Mas em 1935 acontece o surpreendente: torna-se locutor do programa infantil "Gurilândia", da Rádio Guarani de Belo Horizonte. Entra para o "curso de admissão" de dona Benvinda de Carvalho Azevedo, em que adquire conhecimentos básicos de gramática que lhes serão fundamentais para o futuro de sua profissão. Logo ingressa no curso secundário do ginásio mineiro, onde demonstra grande interesse pelo estudo da língua portuguesa.

Por influência dos livros de aventuras que lia, principalmente Winnetou, de Karl May, e dos romances policiais de Edgar Wallace, Sax Rohmer e Conan Doyle, entre outros, faz suas primeiras tentativas literárias. Nessa ocasião, por iniciativa do irmão Gerson, tem seu primeiro conto policial publicado na revista "Argus", órgão da Secretaria de Segurança de Minas Gerais. Da emoção da primeira publicação veio o desapontamento: a autoria constou como sendo de Fernando Tavares "Sobrinho".

Em 1938, aos 15 anos, ajuda a fundar um jornalzinho chamado "A Inúbia" (mesmo sem saber exatamente o que isso significava) no ginásio mineiro. Ao final do curso, embora desatento, "levado" e irrequieto, conquista a medalha de ouro como o primeiro aluno da turma. Começa a colaborar regularmente com artigos, crônicas e contos nas revistas "Alterosas" e "Belo Horizonte". Participa de concursos de crônicas sobre rádio e de contos, obtendo seguidos prêmios.

Esportista, em 1939, bate vários recordes em sua especialidade: o nado de costas. Compete e ganha medalhas em campeonatos de natação nas cidades de Uberlândia, São Paulo e Rio de Janeiro. Participa da "Maratona Nacional de Português" e "Gramática Histórica", empatando com Hélio Pellegrino no segundo lugar em Minas Gerais e em todo o Brasil. Viajam juntos ao Rio para receber em sessão solene o prêmio das mãos do mineiro Gustavo Capanema, então ministro da Educação.

Com pressa de escrever, em 1940 aprende taquigrafia. Começa a ler com afinco os clássicos portugueses a partir dos quinhentistas Gil Vicente e João de Barros, entre outros, até os romancistas como Alexandre Herculano, Almeida Garrett e Camilo Castelo Branco. Antes de chegar a Eça de Queiroz e a Machado de Assis, aos 17 anos, decide ser gramático. Escreve um artigo de crítica sobre o dicionário de Laudelino Freire, que tem o orgulho de ver estampado no jornal de letras "Mensagem", graças ao diretor Guilhermino César, escritor mineiro que se torna amigo de Fernando Sabino e seu grande incentivador. João Etienne Filho, secretário de "O Diário", órgão católico, é outro a estimulá-lo no início de sua carreira. Nele publica artigos literários, juntamente com Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino, formando com eles um grupo de amigos para sempre.

Em 1942, é admitido como funcionário da Secretaria de Finanças de Minas Gerais e dá aulas, nas horas vagas, de português no Instituto Padre Machado. Conhece pessoalmente o poeta Carlos Drummond de Andrade, dele se tornando amigo por intermédio de correspondência e, mais tarde, no Rio, de convivência.

Com mais de 60 anos de carreira, Fernando Sabino foi um dos maiores autores brasileiros contemporâneos. Ao longo de sua carreira escreveu contos e novelas que marcaram a literatura brasileira, mas foi na crônica que Sabino se destacou.

Ao lado dos amigos e também escritores Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende, Sabino formou o trio que projetou a crônica para um novo cenário dentro da literatura brasileira. Os três são considerados os maiores cronistas do Brasil.

As principais obras de Sabino foram: "O Grande Mentecapto", "O Menino no Espelho" e "A Faca de Dois Gumes", que ganhou as telas de cinema num polêmico filme, estrelado por Paulo José e José de Abreu. "O Homem Nu" também virou filme estrelado por Cláudio Marzo.

O primeiro grande sucesso de Sabino foi o romance "O encontro marcado", em que o escritor usa alguns elementos autobiográficos para contar a história. Abaixo a bibliografia completa de Fernando Sabino.

  • Os grilos não cantam mais, 1941
  • A marca, 1944
  • A cidade vazia, crônicas e histórias de Nova York, 1950
  • A vida real, 1952
  • Lugares-comuns, 1952
  • O encontro marcado, 1956
  • O homem nu, 1960
  • A mulher do vizinho, 1962
  • A companheira de viagem, 1965
  • A inglesa deslumbrada, 1967
  • Gente, 1975
  • Deixa o Alfredo falar! , 1976
  • O encontro das águas, 1977
  • O grande mentecapto, 1979
  • A falta que ela me faz, 1980
  • O menino no espelho, 1982
  • O gato sou eu, 1983
  • Macacos me mordam, 1984
  • A vitória da infância, 1984
  • A faca de dois gumes, 1985
  • O pintor que pintou o sete, 1987
  • Os melhores contos, 1987
  • As melhores histórias, 1987
  • As melhores crônicas, 1987
  • Martini seco, 1987
  • O tabuleiro das damas, 1988
  • De cabeça para baixo, 1989
  • A volta por cima, 1990
  • Zélia, uma paixão, 1991
  • O bom ladrão, 1992
  • Aqui estamos todos nus, 1993
  • Os restos mortais, 1993
  • A nudez da verdade, 1994
  • Com a graça de Deus, 1995
  • O outro gume da faca, 1996
  • Obra reunida, 1996
  • Um corpo de mulher, 1997
  • O homem feito, 1998
  • Amor de Capitu, 1998
  • No fim dá certo, 1998
  • A Chave do Enigma, 1999
  • O Galo Músico, 1999
  • Cara ou Coroa?, 2000
  • Duas Novelas de Amor, 2000
  • Livro aberto - Páginas soltas ao longo do tempo, 2001
  • Cartas perto do coração - Correspondência com Clarice Lispector, 2001
  • Cartas na mesa - Correspondências com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, 2002
  • Os caçadores de mentira, 2003
  • Os movimentos simulados, 2004

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Música de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Manuel, o audaz", deToninho Horta
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 12 outubro, 2004