A libertação
da educação
Enviado pelo
autor, Mandaguari-Pr
Por
Walter Domingos, escritor
E-mail: wdomingos@brturbo.com
Exclusivo para o Jornal dos Amigos
25 março, 2005
Novamente, como em todos os anos,
durante os meses de março ou abril, os cristãos
católicos, que seguem as orientações do
Sumo Pontífice de Roma, celebram a Páscoa acompanhados
por alguns grupos dissidentes da época da Reforma, século
15 da era cristã, que constituem as Igrejas evangélicas
tradicionais, conhecidas como protestantes. Os cristãos
católicos ortodoxos, orientais, festejam a Páscoa
em outra época do ano.
O significado original da comemoração desta data
móvel dentro do calendário cristão remete
a um fato de extrema importância para o povo judeu: a
sua libertação da escravidão a que era
submetido há alguns séculos pelos Faraós
do Egito. Liderado por Moisés, o "Povo de Deus"
deixou de ser escravo e voltou para sua terra de origem. Liberto,
dono de seu destino, podendo organizar uma civilização
que marca a história da humanidade com nomes universalmente
conhecidos, entre eles, por ironia religiosa ou cultural, o
mais importante não é ainda reconhecido como o
"Messias Prometido", por aqueles que professam a religião
judaica.
E, também, por ironia do destino histórico, quando
Ele nasceu, cresceu, viveu e morreu, o povo de sua etnia, estava
dominado e escravizado, agora, não pelos Faraós
do Egito, mas pelos Imperadores Romanos, que mandaram suas tropas
invadirem a "Terra do Povo de Deus", instalarem governos,
criarem impostos, explorarem o trabalho e dominarem este povo.
Entre as barbáries cometidas pelos romanos, com apoio
da maioria dos judeus escravizados, contra aquele que pertencia
esta mesma etnia e se comunicava através da Língua
Aramaica, foi a sua prisão, condenação
e execução sumária, como era feito com
os que desafiavam a lei, mas principalmente os que conseguiam
liderar, como Ele, falar com as multidões, ser aceito
pelos puros de coração, que tinham sede de justiça,
não para vingar os injustos, mas para despertá-los
e fazer com que viessem participar de uma vida que justificasse
o sentido da racionalidade humana e de sua existência.
Ele foi o que se pode chamar com simplicidade de "Didática
de Deus". O Criador, embora seja infinitamente sábio
e capaz de fazer com que seus filhos entendam e saibam tudo,
quis, por amor, facilitar esta tarefa oferecendo aquele que
criou especialmente com esta finalidade, para uma temporada
em carne e osso, vivendo as mesmas condições humanas
que todos os demais de até então e dos milênios
que viessem, para que sua pregação servisse de
alerta e ensinamento para os que quisessem ouvi-lo.
E os donos do poder escolheram justamente o momento mais importante
para o povo judeu, para humilhar e assassinar o Messias dos
que assim acreditam: o da comemoração de sua libertação
da escravidão egípcia.
Quase dois mil anos se passaram daquela trágico acontecimento.
Os seguidores do Messias passaram a celebrar o Domingo de Páscoa
como a data de sua ressurreição no terceiro dia
após seu assassinato. Mas e hoje, na Páscoa do
ano 2005 d.C., será que a libertação está
pelo menos encaminhada para acontecer?
A libertação, no seu verdadeiro sentido para o
tempo presente e o futuro, só ocorrerá através
de uma EDUCAÇÃO, que não seja este "monstrengo"
eivado de ideologias (falsas e estáticas, como se a vida
não fosse dinâmica), de imposições
e dominações, de preocupação exclusiva
com a forma de alienação e uma pseudo formação
de mão-de-obra para atender os apelos e necessidades
de acumulação ilimitada do capital (para poucos
privilegiados). Se de um lado é fundamental preparar
profissionais para oferecer produtos e serviços que a
sociedade demanda, é essencialíssimo que se preocupe
antes de tudo em formar seres humanos que consigam ter pelo
menos um pouco daquilo que o condenado à morte na festa
de comemoração da libertação de
seu povo pregou, ensinou e vivenciou exemplarmente com amor
e dedicação.
Em esgoto, região Norte
é pior que África
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São
Paulo-Capital
Condições
de saneamento em Estados como Amapá e Rondônia
são inferiores às de países como Somália,
Burkina Faso e Libéria
Fonte: PNUD
- Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento
28 fevereiro, 2005
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Fonte: PNAD 2004 e OMS |
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A
região Norte do Brasil tem condições
de saneamento piores que as de países africanos como
Somália e República Democrática do
Congo, que ainda vivem grande instabilidade interna, Burkina
Faso e Libéria. Os piores Estados brasileiros têm
índices inferiores aos de países mais pobres
do mundo |
Apenas 5% dos domicílios
no Amapá e 5,1% em Rondônia, por exemplo, são
adequados do ponto de vista do saneamento, segundo a Síntese
de Indicadores Sociais 2004, feita a partir de dados da
PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e
divulgada na quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Esses índices são
inferiores aos de todas as nações pesquisadas
em um estudo da estudo
da OMS (Organização Mundial da Saúde)
de 2002 - nesse relatório, as piores condições
foram encontradas na Etiópia (6%).
No Brasil, 64,1% dos domicílios
se enquadram no que o IBGE classifica de saneamento adequado
- ou seja, contam com abastecimento de água com canalização
interna proveniente de rede geral, esgoto por meio de rede coletora
e/ou fossa séptica e lixo coletado. Por trás dessa
média, há uma desigualdade que inclui desde índices
inferiores a 10%, em Estados no Norte, até os 91,9% em
São Paulo. O desempenho do Norte (11,5%) equivale ao
de países como Burkina Faso (12%), Níger (12%)
e Guiné (13%).
As disparidades regionais
se acentuam quando o rendimento per capita do domicílio
é relacionado aos serviços de saneamento,
observa o IBGE. Nesse setor, casas miseráveis de São
Paulo têm condições melhores do que as de
lares de alguns Estados do Nordeste ou do Norte com renda superior
a 5 salários mínimos. Na região Norte,
apenas 6,7% dos domicílios tinham acesso ao saneamento
adequado na classe de renda per capita de até meio salário
mínimo, passando para 28,5% na classe de renda per capita
de mais de cinco salários mínimos. Na região
Sudeste, as proporções variam de 71,5% na classe
de renda per capita de até meio salário mínimo
a 96,8% na de mais de cinco salários mínimos,
afirma o relatório.
Os dados da PNAD apontam que,
apesar de os benefícios em saneamento estarem freqüentemente
associados à urbanização, as regiões
metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre, Recife e Salvador
às vezes exibem condições inferiores à
da média do Estado. A Grande São Paulo, por exemplo,
tem uma proporção de domicílios ligados
à rede de esgoto menor do que a média estadual:
84,3% contra 89,8%. O mesmo ocorre em relação
à coleta de lixo: na capital e entorno, 93,6% das residências
têm o lixo recolhido diariamente, enquanto no Estado esse
índice sobe para 96,7%.
No Brasil, o PNUD realiza os
projetos de Apoio à Modernização do Setor
Saneamento e de Apoio às Políticas Públicas
na Área de Gestão e Controle Ambiental, que, entre
outras coisas, pretende melhorar a gestão em assentamentos
humanos através de ações em saneamento
básico.
A fome no banco
dos réus
Enviado pelo autor,
Porto Alegre-RS
Por
Julio Wandam, ambientalista
E-mail: osverdestapes@ig.com.br
www.pverdetapes.hpg.com.br
10 fevereiro, 2005
Logo após a vitória
petista e liberal (não esqueçam), os Estados Unidos
acenaram com a possibilidade de auxiliar o Programa Fome Zero.
Por trás da iniciativa, havia um lobby de multinacionais
que queriam ver o Brasil eliminar as restrições
à comercialização de Organismos Geneticamente
Modificados (OGMs), mais conhecidos como Transgênicos.
Não havia nada de ilegal ou imoral nessa tentativa de
"manipular" os políticos e os formadores de
opinião, mas caberia ao Brasil e aos brasileiros decidirem
de forma soberana se iriam ou não aceitar a presença
dos transgênicos em sua agricultura.
Não foi bem assim, e muita coisa mudou, do discurso ao
cenário atual sobre o assunto.
A multinacional Monsanto investe pesado na mídia e na
palavra chave de suas campanhas publicitárias: "IMAGINE".
Nosso presidente Luis Inácio LULA da Silva, imaginando
que pode acabar com a fome no mundo, o que lhe renderá
ganhos políticos; assim como a Monsanto imaginando aumentar
seus lucros com seus experimentos, esquecem que a fome não
é a única vilã a ser colocada no banco
dos réus. O que também não deveria esquecer
o governante brasileiro, é que o discurso messiânico
feito ao mundo capitalista de combate a fome, deveria ir bater
de frente com o gasto apocalíptico em armamentos feitos
no planeta, principalmente pelos americanos.
Dividam 800 bilhões de dólares anuais gastos em
armas por 800 milhões de pessoas famintas que iriam poder
comprar comida orgânica, transgênica ou até
alienígena se preferirem. Vejam a forma sofista do discurso
do Bem contra o Mal. Junto no banco dos réus, com o mal
da fome, deveriam estar o mal da guerra, o mal da injustiça
social, o mal da poluição nos recursos hídricos
e na atmosfera, mas também, o mal da política
mal intencionada.
E este último mal, pode se transformar, "caso o
povo veja os governos como o Feijão, que só na
panela de pressão é que vai ficar bom" em
sábias palavras de Frei Beto no 5º Fórum
Social Mundial deste ano, sendo o religioso um dos pais do Programa
Fome Zero e um dos críticos a morosidade e a burocracia,
pois, segundo ele, "ao apoiar com o voto um governo em
que o povo acredita, este mesmo povo tem muito mais moral e
poder para cobrar as atitudes e mudanças, além
de acertos no trato das políticas públicas".
Mas, na política em geral, de um dia para o outro, tudo
muda. O discurso anti-tudo amenizou e três medidas provisórias
liberaram a comercialização e o plantio de transgênicos
neste governo que alardeava ser contra os Organismos Geneticamente
Modificados. O que se viu foram os sofistas, lobistas e outros
"especialistas" de plantão agindo em prol do
capital estrangeiro.
Mas, recordar é viver e nas manchetes dos jornais no
país, em 25 de novembro de 2002, já governo eleito,
PT e MST condenavam o lobby a favor dos transgênicos.
"Petistas, no entanto, aceitavam o diálogo com os
americanos sobre o tema".
Por sua vez, o Movimento dos Sem terra diziam que isso era "oportunismo",
e criticavam o lobby feitos pelos EUA e por companhias americanas
de Biotecnologia para a liberação da produção
de transgênicos no Brasil.
Na época, os petistas argumentavam que não se
podia abrir mão da ética em nome do combate a
fome, mas, como sempre, estavam abertos ao "diálogo"
com os "Yankees".
A senadora Marina Silva dizia que era "ingênuo"
tratar os transgênicos como a "tábua de salvação"
para a fome. "Não é uma questão ideológica,
dogmática. Se as empresas têm interesse, tem de
ser acompanhada de preocupações sociais. É
preciso que se façam experimentos baseados na realidade
brasileira. A sociedade tem o direito de se prevenir",
afirmava, antes de assumir o Ministério do Meio Ambiente
e descobrir que os planos de seus colegas do Palácio
do Planalto eram outros.
A senadora é autora de um projeto que visa proibir a
comercialização dos transgênicos por três
anos, até que provem que eles não representavam
danos à saúde e ao meio ambiente. Assim como a
ampla discussão nacional que não existe, o projeto
não foi aprovado e está lá no limbo do
Senado Federal.
Marina Silva, a acreana que lutou ao lado de Chico Mendes, está
hoje sofrendo um processo de fritura no meio ambientalista e
no seu próprio partido, pois aceitou e continua no poder,
mesmo com todos os absurdos cometidos pelas "raposas de
palácio" em relação à natureza
e a biodiversidade no país.
Por outro enfoque, nem o MST, o braço revolucionário
do PT, está sendo ouvido e a liberação
dos transgênicos está na contramão das políticas
do movimento, que afirmavam há pouco mais de dois anos
atrás, que a liberação iria garantir o
monopólio da comercialização das sementes
a apenas duas ou três grandes empresas, prejudicando o
pequeno agricultor e promovendo a concentração
de renda, além de que estas sementes poderiam até
mesmo agravar o problema da fome no país e no mundo.
Em relação ao ambiente, a questão é
ainda mais complexa, pois envolve mais variáveis, algumas
delas desconhecidas. É claro que novas tecnologias trazem,
além de riscos, benefícios potenciais. O mais
óbvio é o aumento de produtividade, mas haveriam
também ganhos ambientais, pois culturas transgênicas
dispensam ou reduzem o uso de defensivos agrícolas. Fala-se,
ainda, em melhorar o valor nutricional dos alimentos e até
mesmo em associa-los a vacinas.
Ainda que se conseguisse demonstrar que os transgênicos
são relativamente seguros, haveria outros elementos para
o Brasil e o governo considerar antes de aceita-los. Outro ponto
é o direito do consumidor de escolher, o que exige que
os rótulos dos produtos indiquem se contêm ou não
componentes transgênicos.
O debate está longe de ser encerrado e envolve, além
das questões propriamente técnicas, na área
da saúde humana, na área dos ecossistemas, mais
os fatores políticos e econômicos que não
serão desprezados, no momento das decisões que
o Mercado Econômico Mundial irá implantar no planeta,
a qualquer preço, inclusive tapando a boca da mídia
e enchendo o bolso dos "picaretas" no Congresso, no
Senado e no Palácio.
Indicação
O "Cárcere
das almas", por Waldson Muniz, publicado em Mídia
Sem Máscara em 29 de janeiro de 2005.
Resumo: Graças à intensa e diligente aplicação
de técnicas de propaganda sutis e eficientes, a esquerda
conseguiu que, aos olhos das pessoas comuns, comunismo e nazismo
parecessem opostos inconciliáveis.
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Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Comitiva da esperanca", de Almir Sater
Nota para a seqüência Midi: *****
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