O despertar do dragão chinês
Enviado por Paulo sérgio Loredo, São Paulo-Capital

Indicadores apontam que a ascensão da China está só começando

Financial Times, editorial
30 dezembro, 2004

Napoleão estava certo sobre o poder oculto da China. Ainda que estivesse sugerindo que a nação dormia seu sono consentido, "pois quando ela acordar, irá abalar o mundo", dificilmente ele poderia imaginar que tipo de transformação iria ocorrer. Os resultados agora são evidentes: desde 1979, quando Deng Xiaoping liberou o capitalismo na nação tão grandiosa porém na época tão introvertida, a China conquistou o mundo não com seus exércitos, mas com suas fábricas.

É difícil exagerar a surpresa e o espanto que surgiram entre os produtores mundiais, diante do incansável crescimento econômico anual de 9% ou mais, e da emergência da China como uma grande nação comercial. Em 2004, a amplitude dessa força começou a ser sentida de verdade.

Centenas de millhões de trabalhadores mal pagos e investimentos estrangeiros diretos de cerca de US$ 1 bilhão (quase R$ 3 bilhões) por semana praticamente incharam a atividade comercial e abalaram os mercados globais de petróleo e minerais, as moedas e o mercado de ações.

A China eclipsou os chamados tigres da economia asiática e achatou o preço dos bens manufaturados, um processo simbolizado pelo aparelho de DVD vendido pela cadeia Wal-Mart por U$ 29 (menos de R$ 90!). A China é agora o maior consumidor mundial de petróleo depois dos Estados Unidos, seu comércio bilateral excede o bilhão de dólares por ano, e a reserva em divisas estrangeiras chega a US$ 514 bilhões (mais de R$ 1,3 bi).

Há três indivíduos bilionários (em dólares) na China, que nominalmente é um estado comunista.

O grupo chinês Lenovo comprou a divisão fabricante de computadores pessoais da International Business Machines (IBM) por U$ 1,75 bilhão (mais de R$ 5 bilhões). Essa foi a maior aquisição internacional feita por uma empresa chinesa da área de tecnologia.

Tudo isso já entrou para a história, embora seja história recente. Não é tão evidente o que irá acontecer em seguida, depois que o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao efetuarem sua tentativa de guiar a economia por um caminho que evite o superaquecimento por um lado e uma recessão traumática por outro lado.

Desde que passou a integrar a Organização Mundial do Comércio (OMC) há três anos, a China rapidamente aumentou sua participação nas importações americanas, chegando a níveis de saturação em setores como o de brinquedos.

Aqui há um efeito bola-de-neve: quanto mais a Wal-Mart importa da China, mais os varejistas competidores lutam para acompanhar essa tendência e alinhar os preços. A Europa será a próxima a sentir o impacto do poder industrial da China. E estão se enganando os empresários industriais que acreditam poder deixar a China dominar os mercados mais populares enquanto se concentram em produtos com maior valor agregado.

A China é uma potência nuclear que tem a sua própria indústria de defesa, e que recentemente colocou o seu primeiro homem no espaço. E a indústria chinesa ascende rapidamente. Devido à sua vasta população de 1,3 bilhão de pessoas, um quinto da humanidade atual, essa rápida ascensão da China não é simplesmente admirável, como foram os progressos da Coréia do Sul e de Cingapura nos anos 70 e 80.

Para os fabricantes rivais que tentam se adaptar a essa competição, a combinação chinesa de tamanho com velocidade é quase aterrorizante. Alguns analistas já questionam se esse crescimento desenfreado da China irá reviver o protecionismo em países desenvolvidos e ameaçar o regime mundial do comércio.

Sinais de desgaste já estão evidentes no campo monetário. Como o renminbi chinês acompanha o dólar americano, as exportações chinesas se tornaram ainda mais competitivas com o declínio da moeda americana. Isso desperta clamores angustiados por um renminbi mais forte, vindos da Europa, dos Estados Unidos e do Japão.

Pequim poderá em breve decretar uma pequena revalorização e passar a ligar o renminbi a uma cesta de moedas. Mas o governo chinês também deverá acelerar a reforma de seu agitado setor financeiro, para abrir caminho rumo a uma eventual flutuação monetária. Para a China se tornar uma verdadeira economia de mercado, deverá a longo prazo permitir que seus juros e suas cotações sejam estabelecidos pelas forças do mercado.

Felizmente, a China não traz apenas ameaças aos seus parceiros comerciais também traz oportunidades. Se compararmos com os "milagres" asiáticos anteriores, a China está abrindo seus mercados domésticos, e não construindo uma fortaleza exportadora protegida pelos muros de tarifas protecionistas.

Apesar do cavernoso déficit comercial americano, a balança comercial da China está basicamente equilibrada, graças às importação que ela efetua, de matérias brutas, de máquinas e componentes produzidos na Ásia.

E como mais da metade das exportações chinesas para os americanos é produzida por fábricas com investimentos estrangeiros, o lobby pró-chinês em Washington não encontra páreo entre os protecionistas. Além disso, as forças de mercado já começam a corrigir as manifestações mais extremas de competitividade por parte da China.

Aumentam os custos com o trabalho, já que os chineses estão ficando mais ricos. As empresas chinesas já estão avaliando que margens de lucro estão demasiadamente estreitas. O controle estatal de preços, em serviços como eletricidade e água, está insustentável.

Em suma, a revolução industrial da China pode provocar assombros por sua escala gigantesca, mas não chega a ser única em sua essência.


Lei proíbe pagar crediário com dinheiro
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São Paulo-Capital

Por Marcos Cézari

Fonte: Folha de S.Paulo
29 julho, 2004

A partir de 1º de outubro deste ano os consumidores que comprarem a crédito não poderão mais pagar as prestações em dinheiro, mas apenas com cheque ou cartão de débito. A proibição está na medida provisória nº 179, de 1º de abril, convertida na Lei nº 10.892, de 13 deste mês. A lei cria a conta-investimento por meio da alteração de artigos da lei nº 9.311, de 24 de outubro de 96, que instituiu a cobrança da CPMF (imposto do cheque).

Pela nova redação dada ao inciso II do artigo 16 da lei nº 9.311, "a liquidação das operações de crédito será efetivada somente por meio de lançamento a débito em conta corrente de depósito do titular ou do mutuário, por cheque de sua emissão, cruzado e intransferível, ou por outro instrumento de pagamento (...)".

Em outras palavras, quem compra a crediário -fogão, geladeira, televisor ou outro bem- será obrigado a ter conta em banco, pois não poderá pagar com dinheiro - terá de ser por cheque ou cartão de débito, qualquer que seja o valor da mensalidade.

O objetivo do governo é um só: para ter conta em banco e usar cheque ou cartão, o consumidor terá de pagar CPMF, aumentando a receita tributária da União.

A medida atingirá basicamente os trabalhadores da economia informal e os que têm conta-salário (isentas da CPMF). No primeiro caso, as pessoas costumam evitar abrir contas em banco para não pagar a contribuição.

Inconstitucional e abusiva

O advogado Eduardo Pugliese Pincelli, do escritório Barros Carvalho Advogados Associados, diz que a conta bancária "é um instrumento inacessível a mais de um quarto da população do país". Para Pincelli, "a restrição ao uso de dinheiro é inconstitucional, porque obriga que as pessoas tenham conta em banco, imposição não prevista na Constituição".

Para a advogada Maria Inês Dolci, coordenadora do Departamento Jurídico da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), o limite imposto pela lei é uma prática abusiva, proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (lei nº 8.078/90). "Ao exigir conta bancária, a lei limita o acesso de muitos consumidores ao crediário. Ao obrigar as lojas a receber com cheque ou cartão, a lei exclui do mercado consumidor os já excluídos".


“Economistas”
Enviado poe autorm Rio de Janeiro-Capital

Por Gustavo Barreto, editor da revista eletrônica Consciência.Net
16 setembro, 2004

É assim, de forma bem geral, que o jornal "O Globo" de 15/9 decidiu repercutir um possível (e depois confirmado) aumento dos juros. Na manchete: “Economistas: alta de juros tem efeito a curto prazo, mas garante salários”. Fica a impressão de que a classe, em peso, não acha tão ruim assim que os juros da taxa básica Selic aumentem.

Impressiona o fato de que, apesar de toda a gritaria de diversos setores da economia (aqueles que empregam ou trabalham e não apenas dão palpites), o jornal consiga produzir frases como “Economistas: alta de juros tem efeito a curto prazo, mas garante salários”.

Curioso, fui verificar quem são os “economistas”. Concordam com essa opinião apenas dois “especialistas”: Luís Roberto Cunha, professor da PUC-Rio, adepto das políticas de Malan e Palocci, e José Márcio Camargo, da consultoria Tendências, outra organização partidária do ex-presidente Fernando Henrique e no qual trabalham alguns dos analistas que quebraram o país. Os dois são da mesma linha, monetarista, nome oficial do que se costuma chamar ‘neoliberal’.

Lá no meio da reportagem colocam a opinião de um professor da UFRJ, que acha a decisão “sempre ruim do ponto de vista das expectativas”. Não está, portanto, incluído entre os “economistas” do título, apesar de ser um.

Depois, a repórter: “Os analistas também sugerem como alternativa para segurar a inflação, em vez de uma alta dos juros, um aperto na política fiscal, com a elevação da meta de superávit do governo, hoje em 4,25% do PIB”.

A idéia de restringir investimentos a este patamar sob o pretexto de “reduzir a atividade econômica e, assim, evitar alta de preços” soa absurda para muitos – os economistas não ouvidos, que provavelmente não existem para o jornal. Na Argentina, a meta é de 3% e mesmo assim é considerada alta.

Mas “economistas” concordam com isso. Quantos? Um. O mesmo e José Márcio Camargo, ouvido acima. Da mesma consultoria, a Tendências.


Carga tributária, juro e inflação são termômetros, não febre
Enviado pelo autor, Florianópolis-SC

Por Ricardo Bergamini, economista e professor de economia
http://www.rberga.kit.net - E-mail: rberga@globo.com
5 janeiro, 2005

Perfil dos Gastos Públicos da União - Fonte MF
Base: De Janeiro de 2003 até Novembro de 2004

No período de janeiro de 2003 até novembro de 2004, o governo Lula obteve uma receita total de 28,18% do PIB (tributárias, contribuições e capitais), tendo aplicado 30,27% do PIB como segue:

  • 13,19% (Administração Financeira);
  • 9,10% (Previdência Social - União e INSS);
  • 1,84% (Saúde);
  • 1,60% (Defesa);
  • 1,24% (Educação); e
  • 3,30% com as demais atividades da União,
  • gerando déficit fiscal nominal de 2,09% do PIB.

De janeiro de 2003 até novembro de 2004,

  • apenas com Administração Financeira - R$ 415,5 bilhões, sendo R$ 159,6 bilhões relativos às Transferências Constitucionais e Voluntárias para Estados e Municípios;
  • Previdência INSS - R$ 211,8 bilhões - com 22,4 milhões de beneficiários e
  • Custo Total com Pessoal da União (Civis e Militares - Ativos, Inativos e Pensionistas) - R$ 157,5 bilhões (com 2.113.290 beneficiários),
  • totalizando R$ 784,8 bilhões,
  • comprometeu-se 88,40% das Receitas Totais (Correntes e de Capitais)
    no período, no valor de R$ 887,8 bilhões.

Política de Juro - Fonte MF
Base: De Janeiro de 2004 até Novembro de 2004

Custo de Financiamento para Carregamento da Dívida Total da União
Inclusive Títulos Indexados ao Câmbio - Ano de 2004

Mês
% Efetiva/ano
% Efetiva/mês
IGP-M mês
% Ganho mês
Jan
18,78
1,4445
0,88
0.5645
Fev
16,20
1,2590
0,69
0,5690
Mar
16,64
1,2909
1,13
0,1609
Abr
18,61
1,4324
1,21
0,2224
Mai
21,97
1,6688
1,31
0,3588
Jun
16,60
1,2881
1,38
(0,0919)
Jul
15,04
1,744
1,31
(0,1356)
Ago
14,55
1,1384
1,22
(0,0816)
Set
13,96
1,0949
0,69
0,4049
Out
14,92
1,1666
0,39
0,7766
Nov
14,16
1,1097
0,82
0,2897
Média/ano
16.47
1,2786
1,00
0,2786

O custo médio de carregamento da dívida pública total da União, considerando inclusive títulos indexados ao câmbio, até novembro de 2004, ficou em 1,2786% ao mês, ou 16,47% ao ano, com ganho real para os investidores de 0,2786% ao mês, ou 3,3949% ao ano, depois de excluída a inflação média do IGPM de 1,00% ao mês até novembro 2004. Excluindo os títulos indexados ao câmbio, o custo médio ficou em 17,15% ao ano, ou 1,3278% ao mês.

Sendo o multiplicador de base médio até novembro de 2004 de 1,4775, ou seja: 67,68% dos recursos disponíveis foram esterilizados pelo Banco Central, através dos depósitos compulsórios e empréstimos vinculados, o juro mínimo de mercado médio, até novembro de 2004, seria de 16,47% ao ano x 3,0941 = 50,96% ao ano, ou 3,4916% ao mês, não considerando outros custos, tais como: impostos, taxas e lucro dos bancos.

Em novembro de 2004 a dívida total, inclusive indexada ao câmbio, teve um PMP (Prazo Médio de Pagamento) de 28,21 meses. Considerando apenas a de mercado de 21,18 meses.

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Nota: Arquivos oficiais do governo brasileiro estão disponíveis aos leitores. Basta solicitar.


Balanço de Pagamentos
Enviado pelo autor, Florianópolis-SC

Por Ricardo Bergamini, economista e professor de economia
http://www.rberga.kit.net - E-mail: rberga@globo.com
2 janeiro, 2005

Fonte: BCB

Balança Comercial
Base: De Janeiro de 2003 até Novembro de 2004

Série história de nossa balança comercial com base na média/ano foi como segue:

  • 85/89 - superávit de US$ 13,5 bilhões = 4,57% do PIB;
  • 90/94 - superávit de US$ 12,1 bilhões = 2,70% do PIB;
  • 95/02 - déficit de US$ 1,1 bilhões = -0,16% do PIB.
  • De janeiro de 2003 até novembro de 2004 - superávit de US$ 28,7 bilhões
    = 5,23% do PIB.

Necessidade de Financiamento do Balanço de Pagamentos

Série histórica de nossa necessidade de financiamento de balanço de pagamentos com base na média/ano foi como segue:

  • 85/89 - US$ 13,4 bilhões = 4,56% do PIB;
  • 90/94 - US$ 17,4 bilhões = 3,89% do PIB ;
  • 95/02 - US$ 50,9 bilhões = 7,86% do PIB.
  • De janeiro de 2003 até novembro de 2004 - US$ 22,1 bilhões = 4,02% do PIB.

Investimentos Externos Líquidos (Diretos e Indiretos)

Série histórica dos investimentos externos líquidos (diretos e indiretos) com base na média/ano foi como segue:

  • 85/89 - negativo de US$ 6,3 bilhões = -2,14% do PIB;
  • 90/94 - positivo de US$ 7,0 bilhões = 1,57% do PIB;
  • 95/02 - positivo de US$ 23,9 bilhões = 3,69% do PIB.
  • De janeiro de 2003 até novembro de 2004 - negativo de US$ 1,8 bilhões
    = -0,32% do PIB.

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Nota: Arquivos oficiais do governo brasileiro estão disponíveis aos leitores. Basta solicitar.

Ver edição anterior


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Água e vinho", de Egberto Gismonte
Seqüência Midi:
Egberto Gismonte
Nota para a seqüência Midi: ***
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Economia


Belo Horizonte, 10 janeiro, 2005