Planeje seus gastos e diversifique suas
aplicações!
Enviado pelo autor, Juiz de Fora-MG
Por Fernando Antônio
Agra Santos, doutor em economia,
consultor econômico e professor universitário em Juiz de
Fora-MG
E-mail: fernando.agra@ig.com.br
28 agosto, 2005
Cada vez mais, elaborar e acompanhar o orçamento doméstico tem sido importante para a saúde financeira de uma família. Em tempos de juros e impostos altos, queda nos salários, entre outros, ter racionalidade nos gastos é de suma importância. E para aqueles consumidores que possuem condições de aplicar algum dinheiro, algumas dicas básicas sobre mercado financeiro podem orientá-lo para aplicações que melhor se enquadram no seu perfil.
A cada dia que passa, o dinheiro vem ficando escasso no nosso País, logo administrá-lo de forma correta passa a ser imprescindível. Isso ocorre porque as taxas de juros são o preço do dinheiro. E como afirma a "Lei da Oferta e da Procura", excesso de procura por uma mercadoria tendem a aumentar os preços da mesma, enquanto excessos de oferta tendem a reduzir seus preços. Assim, para o governo manter as taxas de juros altas (as mais altas taxas de juros do mundo), de acordo com à lei supracitada, o mesmo tem que utilizar seus instrumentos de política monetária (open-market, compulsório e redesconto) para tirar dinheiro da economia. Pois com menos dinheiro em circulação, os juros (preço do dinheiro) sobem. Vale frisar que o dinheiro é uma mercadoria também e com isso sofre os efeitos da "Lei da Oferta e da Procura". Por isso que pode-se observar as pessoas, de um modo geral, dizerem que estão sem dinheiro, que o mesmo sumiu. Isso é a pura verdade.
Além dos juros altos, o Brasil não cresce e nem desenvolve o suficiente para absorver as pessoas que chegam anualmente ao mercado de trabalho. Com isso, novamente observa-se a "Lei da Oferta de da Procura": mais pessoas procurando emprego acima da capacidade de geração dos mesmos, os salários diminuem. E para completar a situação, o governo cada vez mais cria novos impostos. Com isso, a renda disponível diminui ainda mais. Assim, ter consciência do padrão de vida que pode levar, planejar um orçamento de gastos pessoais, adequando as despesas às receitas, de modo a gastar menos do que ganha ou no máximo, o que se ganha, passa a ser importante para uma melhor qualidade de vida. Não que dinheiro trás felicidade, mas que se o consumidor o utilizá-lo de modo correto, ele atende suas necessidades e desejos e usufrui os bens e serviços adquiridos sem se endividar nos cartões de créditos, nos cheques especiais, nas financeiras entre outras fontes de financiamento. Esporadicamente, as despesas podem ultrapassar as receitas, mas isso não pode ser uma constante. Passada a situação atípica, as despesas devem novamente ser adequadas às receitas.
Complementando que foi dito anteriormente, se o individuo gasta menos do que ganha, ela forma uma poupança e em situações emergenciais o mesmo pode despoupar ao invés de entrar em financiamentos com juros altos. Logo, a importância de gastar menos do que recebe torna-se cada vez mais importante. Com o que sobra, o indivíduo deve procurar onde melhor aplicar seus recursos. O primeiro passo é conhecer o seu perfil de aplicador: se ele é mais conservador e não gosta decorrer riscos, o mesmo deverá procurar aplicações que paguem menos, porém são mais seguras, como a caderneta de poupança (possui uma garantia de R$ 20 mil por CPF caso o banco quebre) ou um fundo de renda fixa; se ele é do tipo mais ousado, poderá aplicar em fundos de renda variável (ações), que podem pagar mais no longo prazo, mas sofre muita oscilação no curto prazo. Mas independente do perfil, o indivíduo não deve concentrar suas aplicações em um só tipo. É importante diversificar, pois os riscos são reduzidos.
Em suma, o indivíduo deve fazer um orçamento, anotar diariamente suas despesas e procurar adequá-las ao orçamento planejado. Deve revisá-lo periodicamente. Com relação às aplicações, quem é mais conservador deve concentrar maior parte da sua poupança em aplicações mais seguras e quem é mais ousado pode correr mais risco ações. Mas o importante é diversificar. Prezado leitor e consumidor: valorize seu dinheiro! Utilize-o de modo racional e tenha uma melhor qualidade de vida! Hoje em dia existem muito livros e sites que orientam os consumidores na elaboração de orçamentos e nas aplicações financeiras.
Regras primárias para entendimento
da complexidade da economia internacional
Enviado pelo autor, Curitiba-PR
No Brasil quem tem um olho é rei,
quem tem dois é maluco Olavo de Carvalho
Por Ricardo Bergamini,
professor de economia
E-mail: rberga@globo.com - www.rberga.kit.net
30 setembro, 2005
As finanças internacionais são um jogo com dois grupos de jogadores - os políticos e burocratas nos governos nacionais e os presidentes e tesoureiros das firmas gigantescas, grandes, médias e pequenas. Os funcionários do governo desejam vencer eleições e garantir um lugar seguro na história dos seus países. Os presidentes e tesoureiros das sociedades anônimas querem auferir lucros - ou pelo menos evitar perdas.
As oportunidades de lucro ocorrem porque as políticas monetárias e fiscais nacionais são inconsistentes entre si e, assim, obrigam a uma mudança nos valores da moeda nacional. Mas as autoridades nos diferentes países, normalmente, discordam quanto a qual país tomará a iniciativa em mudar o preço da moeda nacional, de modo que a mudança necessária, freqüentemente, se atrasa muito. As fortunas comerciais são feitas com base na capacidade de prever tais mudanças nos valores das moedas nacionais, ao passo que os políticos se desgastam com o resultado dessas mudanças.
A exportação de problemas nacionais é uma forma clássica de comportamento internacional. Votos estrangeiros não contam em eleições nacionais. Os custos políticos de providências internas que poderiam resolver um problema de desemprego, um problema de inflação ou um problema de indústria deprimida, normalmente, são mais altos que os custos políticos da exportação do problema. Os países subdesenvolvidos se transformam em escoadouro de problemas internos dos países desenvolvidos.
Alguns países não podem exportar seus problemas a menos que outros países os importem. Na Grande Depressão dos anos 30, as nações procuraram exportar seu desemprego através de políticas "de passar para frente o problema", com elevação de tarifas de importação e desvalorização das suas moedas. Mas poucos países estão ansiosos em, ou dispostos a, importar o desemprego, o que não é de surpreender.
A política monetária internacional é descentralizada. Cada um dos mais de cem produtores nacionais de moeda tem seus próprios interesses e objetivos. Cada banco central quer controlar a taxa de crescimento, do seu meio circulante, as políticas dos países diferem, o mesmo acontece com suas taxas preferidas de crescimento monetário.
As firmas e os indivíduos disputam seu próprio jogo contra o pano de fundo dos valores em modificação das moedas nacionais Tomam empréstimos em moedas cujo preço esperam que caia e fazem empréstimo em moedas que esperam que subam. Alguns administradores argutos de sociedades anônimas ganharam milhões de dólares para suas empresas em fins dos anos 60 e começos dos anos 70 antecipando, corretamente, as mudanças nas taxas de câmbio.
Parte do drama das finanças internacionais inclui um modo de lograr os regulamentos nacionais. Exemplo, os bancos americanos abrem agências em Londres para evitar os regulamentos das autoridades monetárias americanas, no seu próprio país. Todas essas medidas destinam-se a aumentar a renda pessoal. Podemos afirmar que o drama das finanças internacionais reflete o contraste entre a política e a tecnologia monetária.
Como regra geral, quanto mais poderosa a burocracia, menor o campo de ação para decisões orientadas para o mercado. A burocracia afeta as decisões de várias maneiras - pelo controle da distribuição de crédito, imposto, obras, investimentos, importação, etc. É evidente que movimentos para uma economia mais aberta tenderão a enfraquecer o controle burocrático e, assim, ameaçam o futuro da burocracia.
Juros na marca de R$ 1 trilhão
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São Paulo-Capital
O Brasil caminha para atingir, em outubro deste ano, a marca de R$ 1 trilhão de juros da dívida pública pagos desde o início do Plano Real, em julho de 1994. Esse montante equivale a toda a geração de riquezas pelos setores industrial, de comércio, de serviços e agrícola do país em 2001, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no país) superou a marca pela primeira vez
Por Enio Vieira
Fonte: O Globo, Brasília
25 setembro, 2005
Até abril, as despesas tinham sido de R$ 919,592 bilhões, incluindo União, estados, municípios e estatais. O ano de 2005 deverá registrar também um recorde de gastos com juros, que devem subir de R$ 128 bilhões em 2004 para R$ 155 bilhões, de acordo com cálculos do Banco Central (BC). O motivo para o gasto maior está no aperto dos juros básicos, hoje em 19,75% ao ano, que corrigem metade do endividamento e são usados para cumprir a meta de inflação.
As cifras são estratosféricas. Os gastos com juros previstos para 2005 equivalem a 25 vezes o Orçamento do programa Bolsa Família, linha de frente da política social do governo, ou a 36 vezes os recursos destinados ao setor de transportes, que significam investimento em infra-estrutura.
O economista Márcio Pochmann, da Unicamp, calcula que, na última década, os gastos com juros equivalem a dois meses e 19 dias de salário de todos os trabalhadores brasileiros por ano. Isso corresponde a 22% da renda mensal de um brasileiro. Para quem ganha o salário-mínimo de R$ 300, equivale a R$ 66.
Existe a unanimidade de que a despesa com juros alcançou níveis insustentáveis. A discordância está em como aliviar a pressão nos cofres públicos. O Ministério da Fazenda endossa a visão de analistas de mercado e aponta a Previdência Social como o maior risco potencial para as contas públicas.
É no sistema previdenciário que se enxerga o único espaço para cortes e aumento do superávit primário (diferença entre receitas e despesas, usada para pagar os juros). De julho de 1994 a abril de 2005, o setor público acumulou resultado primário de R$ 363,267 bilhões, equivalente a somente 39% da despesa de juros.
"Não cabe ao BC olhar o custo fiscal. Há um consenso de que o governo precisa elevar o superávit primário para reduzir a dívida a curto prazo. Os juros são altos porque a dívida é alta. Mas tem a questão contratual, e onde se pode mexer é na Previdência", diz o economista Roberto Padovani, da Tendências Consultoria.
É dentro desse contexto que a equipe econômica obteve do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinal verde para avançar nos estudos para a adoção de metas de equilíbrio das contas públicas pelo conceito nominal (que inclui o pagamento dos juros). O objetivo é reduzir a zero o descasamento entre receitas e despesas do governo.
Hoje, há um déficit nominal da ordem de R$ 47 bilhões (em 2004), ou 2,66% do PIB. Este valor representa a diferença entre o que o governo se esforça para economizar (o superávit primário) e o que ainda precisa a mais para pagar os juros da dívida. Em 2004, após queimar todo o superávit primário de R$ 81 bilhões com juros, o governo ainda precisou de mais R$ 47 bilhões para fazer frente às despesas de R$ 128 bilhões com os encargos da dívida.
A dívida líquida do setor público saltou de R$ 147,196 bilhões (33,12% do PIB), em junho de 1994, para os atuais R$ 956,676 bilhões (50,09% do PIB). Essa alta foi resultado da desvalorização do real e da ausência de ajuste fiscal durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando os juros médios ficaram em 38,7% ao ano para segurar a paridade de um real por um dólar.
Depois de junho de 1999, com as metas de inflação e a adoção do câmbio flutuante, a taxa média caiu para 18,9% ao ano. O consultor Amir Khair, especialista em contas públicas, discorda da necessidade imediata de metas de superávit nominal. Ele afirma que os juros brasileiros têm de recuar para o nível de 7,7% ao ano, observado nos demais países emergentes.
"O ideal é não mexer no superávit primário, por exemplo, até o fim de 2006 e começar aos poucos, reduzindo os juros e observando os efeitos na economia para se igualar aos demais países emergentes. É muito dinheiro na conta de juros, uma diferença colossal com as demais áreas do governo", disse Khair.
De acordo com o consultor, não há mais espaço para subir o superávit primário, previsto em R$ 83 bilhões para este ano (equivalente a 4,25% do PIB). Ele cita que a União investe hoje apenas 0,4% do PIB do Orçamento, contra 1,8% nos demais países da América Latina. Khair acredita que, ao atacar também a despesa financeira, será possível zerar o déficit público nominal e trazer a dívida líquida aos níveis de 30% do PIB, registrados em 1994.
"O governo fala também em tirar os recursos vinculados no Orçamento, mas isso não passa no Congresso porque há bancadas fortes de saúde e educação. O ajuste pode ser feito nos muitos programas, abaixo de R$ 10 milhões, e dar prioridade ao Bolsa Família e a projetos de infra-estrutura e assentamento de sem-terra" ressaltou Khair.
Seis milhões têm papéis públicos
Padovani defende cortes de gastos e mais uma reforma na Previdência, em vista da despesa anual de R$ 140 bilhões do INSS, que gera um déficit de R$ 32 bilhões ao ano. Por esta concepção, o BC teria liberdade para aumentar o quanto necessário a taxa de juros.
O ex-ministro da Fazenda e deputado Delfim Netto (PP-SP) acredita que o governo Lula se encontra numa armadilha: juros altos para valorizar o câmbio e assim atingir a meta de inflação deste ano. Segundo ele, a estratégia é inócua porque deixa a economia vulnerável com mais dívida e queda das exportações.
" Não tem jeito. Será preciso eliminar o déficit nominal (que inclui os gastos com juros) para não sobrecarregar a política monetária. Se não puder, fica como está. O Fernando (Henrique) fez o plano de estabilização mais caro da história, mas quem sabe este (o governo Lula) consegue superar", alfineta Delfim.
A alta despesa com juros também influi na distribuição de renda. Hoje os detentores da dívida são os seis milhões de pessoas físicas e empresas que investem em fundos de investimento e possuem planos de previdência privada. A título de comparação, basta lembrar que há 23 milhões de aposentados e pensionistas no INSS.
Música
de fundo em arquivo MID (experimental):
"Primavera", de Carlos Lyra
e Vinicius de Moraes
Nota para a seqüência Midi: *****
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