A origem da crise americana
Por Roberto Bendia, editor do Jornal dos Amigos
A Folha de S.Paulo publicou um diagrama sobre a evolução da crise econômica-financeira que atingiu os Estados Unidos. Mas esqueceu de apontar sua origem e o porquê.
Há muitos anos que o americano comum vive de comprar imóveis por meio de hipotecas, pois esse é o meio mais popular de financiamento imobiliário na terra do Tio Sam. Essas hipotecas são feitas normalmente com prazo de 30 anos -podendo chegar até 40 anos- e rendem aos bancos cerca de 8% ao ano, no final de 30 anos cerca de 160 %. Lá na América, é claro!!! Um imóvel cujo custo é cerca de 125 mil dólares tem uma prestação de cerca de 900 dólares.
Alguém já indagou se o governo americano também estaria interessado nesse negócio?
Bem, o governo de Tio Sam permite que os juros das hipotecas sejam deduzidos no imposto de renda. Fizeram as contas e viram que incentivar as pessoas a fazerem hipotecas de 30 anos fariam com que os tomadores se aposentassem mais tarde, exatamente no final do pagamento da hipoteca, geralmente quando os tomadores estão na faixa dos 60 anos. É a garantia de que o cidadão trabalhará até lá para pagar as prestações e não diminuir a carga tributária. Quando o cidadão se aposenta ele contribui menos para os impostos. Se a maioria se aposentar mais cedo, o governo se veria diante de uma crise mais séria que é a de arrecadação. Tio Sam não é bobo não.
Só que ninguém contava com
as fraudes no sistema financeiro, por isso o esquema das hipotecas ruiu.
Os blocos econômicos
Articulação
do Jornal dos Amigos com
consultas a diversas fontes na Internet
A economia mundial passa pelo estágio de globalização, em que a tendência comercial é à formação e a consolidação de grandes blocos econômicos. Esses foram criados, em tese, com a finalidade de facilitar o comércio entre os países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções em comum para o escoamento da produção de bens e serviços.
O comércio entre os países constituintes de um bloco econômico deve aumentar e gerar crescimento econômico para as nações do bloco. Esse, geralmente, é formado por países vizinhos ou que possuam afinidades culturais ou comerciais.
Essa é a nova ordem mundial, pois cada vez mais o comércio entre blocos econômicos cresce. Os economistas afirmam que ficar de fora de um bloco econômico é viver isolado do mundo capitalista. Eles podem ter razão. Mas quando os grandes blocos econômicos estiverem consolidados, o que virá depois?
União Européia
Criada por volta dos anos 50, foi uma associação
pioneira que ficou conhecida originalmente como Mercado Comum Europeu
ou Comunidade Econômica Européia. O exemplo dessa união
originou outros mercados econômicos internacionais. A Comunidade
Européia foi constituída em seu início por doze países:
Alemanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Portugal,
Grécia, Luxemburgo, Países Baixos, Reino Unido, Irlanda
e Dinamarca. Em 1995, foram aceitos a Áustria, a Finlândia
e a Suécia. Em 2004, República Checa, Chipre, Eslováquia,
Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia,
Malta e Polônia. Em 2007, Bulgária e Romênia. No total
já são 27 Estados membros.
A União Européia (UE) utiliza um modelo híbrido de
governo: o Conselho de Ministros é o representante dos Estados
(decisões não requerem unanimidade, o voto de cada Estado
é definido através do número de habitantes de cada
um) e ao Parlamento Europeu, que representa os cidadãos.
Esse modelo é uma chave para a luta de influências entre
as três instituições européias: o Parlamento,
a Comissão e o Conselho.
Ao todo, são cinco instituições:
Além disso, a UE tem seis órgãos principais: o Banco Central Europeu, o Comitê Econômico e Social, o Comité das Regiões, o Banco Europeu de Investimento, o Provedor de Justiça Europeu e a Europol.
Nafta
Nafta significa North American Free Trade Agreement (Acordo de Livre Comércio da América do Norte). Reuniu a partir de 1994: EUA, Canadá e México. O objetivo foi livre comércio, com custo reduzido para troca de mercadorias entre os três países. O Chile entrou recentemente como associado.
O atual NAFTA tem um prazo de 15 anos (a partir de 2009) para a total eliminação das barreiras alfandegárias entre os três países. O objetivo é que dinheiro e mercadorias circulem livremente em toda esta área de acordo. O bloco está aberto a todos os países da América Central e do Sul.
O NAFTA não prevê acordos nos quais estejam contidos a livre circulação de trabalhadores em busca de melhores condições e também numa unificação total da economias dos países pertencentes, e sim em um acordo que se forme uma zona de livre comércio para a atuação e proliferação das empresas em um espaço protegido.
Esse bloco econômico esbarra em diferenças
sociais trazidas pelo México, o que dificulta muito e causa descontentamento
em alguns sindicatos dos EUA, pois a preocupação é
a possibilidade de algumas fábricas americanas serem transferidas
para o México, deixando a mão-de-obra local desempregada.
Os três países juntos somam cerca de 400 milhões de
habitantes que compreendem consumidores de poder de compra elevado.
As finalidades do bloco econômico, explicitados no Artigo 102 do
acordo, são:
Em suma, a finalidade é ampliar os horizontes de mercado dos países membros e maximizar a produtividade interna. Tal maximização é obtida por meio da liberdade organizacional das empresas, o que as permite que se instalem, de acordo com suas especializações, nos países que apresentarem menores custos dos fatores de produção.
MERCOSUL
O Mercado Comum do Sul (Mercosul), criado em 1991, é composto de Argentina, Brasil, Venezuela, Paraguai e Uruguai, nações sul-americanas que adotam políticas de integração econômica e aduaneira. A origem do Mercosul está nos acordos comerciais entre Brasil e Argentina elaborados em meados dos anos 80. No início da década de 90, o ingresso do Paraguai e do Uruguai torna a proposta de integração mais abrangente.
Em 1995, instala-se uma zona de livre comércio. Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos países-membros podem ser comercializadas internamente sem tarifas de importação. Alguns setores, porém, mantêm barreiras tarifárias temporárias, que deverão ser reduzidas gradualmente. Além da extinção de tarifas internas, o bloco estipula a união aduaneira, com a padronização das tarifas externas para diversos itens.
Com uma área total de quase 12 milhões de km2, o Mercosul, cuja estrutura física e administrativa esta sediada em Montevidéu, tem um mercado potencial de 220 milhões de consumidores e um PIB de 1,1 trilhão de dólares. Se considerarmos que, no decorrer do século 21, a água será um elemento estratégico essencial, é importante destacar que dentro do Mercosul estão as duas maiores bacias hidrográficas do planeta: a do Prata e a da Amazônia.
Tigres Asiáticos
A referência Tigres Asiáticos
está para as economias de Hong Kong, Cingapura (ou Singapura),
Coreia do Sul e Taiwan (Formosa). Esses territórios e países
apresentaram grandes taxas de crescimento e rápida industrialização
entre as décadas de 1960 e 1990. Não formam propriamente
um bloco para desenvolvimento de livre comércio entre eles, mas
são a expressão de pujança econômica.
Na Bacia do Pacífico quem predomina sobre essas nações
é o Japão, com uma economia super competitiva capaz de enfrentar
a União Européia e o Nafta. Destina volumosos investimentos
aos Tigres Asiáticos, bem como aos que passaram à industrialização
recente, como Indonésia, Tailândia e Malásia, além
das zonas exportadoras do litoral da China. Esse apoio financeiro é
para promover a atuação de um mercado competitivo no cenário
mundial da economia em áreas que o Japão não deseja
explorar, mas tenham esses países como suporte.
APEC
A APEC foi criada em 1989, na Austrália,
como um fórum de conversação entre os países
membros da ASEAN (Associação das Nações do
Sudeste Asiático) e seis parceiros econômicos da região
do Pacífico, como EUA e Japão. Porém, apenas no ano
de 1994 adquiriu características de um bloco econômico na
Conferência de Seattle, quando os membros se comprometeram a transformar
o Pacífico em uma área de livre comércio.
A criação da APEC surgiu em decorrência de um intenso
desenvolvimento econômico ocorrido na região da Ásia
e do Pacífico, propiciando uma abertura de mercado entre 20 países
mais Hong Kong (China), além da transformação da
área do sudeste asiático em uma área de livre comércio
nos anos que antecederam a criação da APEC, causando um
grande impacto na economia mundial.
Um aspecto estratégico da aliança
é aproximar a economia norte-americana dos países do Pacífico,
a para contrabalançar com as economias do Japão e de Hong
Kong.
São países-membros da APEC: Austrália, Brunei, Canadá,
Chile, China, Cingapura, Coréia do Sul, Filipinas, Estados Unidos,
Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México,
Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Rússia, Tailândia,
Taiwan e Vietnã.
ASEAN
A Associação das Nações do Sudeste Asiático
(ASEAN) surge em 1967, na Tailândia, com o objetivo de assegurar
a estabilidade política e de acelerar o processo de desenvolvimento
da região. Hoje, o bloco representa um mercado de 510 milhões
de pessoas e um PIB de 725,3 bilhões de dólares. Membros:
Birmânia; Vietnã do Sul; Indonésia; Cambodja; Brunei;
Malásia; Tailândia e Tibete;
CARICOM
O Mercado Comum e Comunidade do Caribe (CARICOM), criado em 1973, é
um bloco de cooperação econômica e política,
formado por quatorze países e quatro territórios da região
caribenha. Em 1998, Cuba foi admitida como observadora.
O bloco foi formado por ex-colônias de potências européias
que, após a sua independência, viram-se na contingência
de aliar-se para suprir limitações decorrentes da nova realidade,
e acelerar o processo de desenvolvimento econômico das nações-membro.
O Caricom tem uma população de 15 milhões de habitantes,
um PIB de US$ 30 bilhões, exportações girando em
torno dos US$ 13 bilhões e importações alcançando
os US$ 16 bilhões.
São membros do CARICOM: Antigua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize,
Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia,
São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas,
Suriname e Trinidad e Tobago.
CEI
A Comunidade dos estados Independentes (CEI) é uma organização criada em 1991 que reúne 12 das 15 repúblicas que formavam a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Ficaram de fora três países bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia. A CEI, com uma população de 273,7 milhões de habitantes, está organizada em uma confederação de Estados, que preserva a soberania de cada um. A comunidade prevê a centralização das Forças Armadas e o uso de uma moeda comum: o rublo. Seu PIB é estimado em US$ 587,8 bilhões. Membros: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Federação Russa, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão (1991); Georgia, Azerbaijão (1993).
CAFTA-DR
O Congresso norte-americano aprovou o Cafta-DR (Central American Free Trade Agreement And Dominican Republic - Acordo de Livre Comércio da América Central e República Dominicana) por 217 a 215 votos, na madrugada de quinta-feira do dia 28 de julho de 2005. O projeto vem sendo tratado como alternativa dos países desenvolvidos à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), cujas negociações estão emperradas. O Cafta envolve, além dos EUA, Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, Honduras, Guatemala e República Dominicana.
ACORDO DE CARTAGENA
Bloco econômico instituído em 1969 pelo Acordo de Cartagena -seu nome oficial- com o objetivo de aumentar a integração comercial, política e econômica entre seus países-membros. Também é conhecido como Grupo ou Comunidade Andina. Membros: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru (1969); Venezuela (1973). O Chile saiu em 1976. O Panamá participa como observador.
SADC
A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC) é estabelecida em 1992 para incentivar as relações comerciais entre seus 14 países-membros, com o objetivo de criar um mercado comum e também promover esforços para estabelecer a paz e a segurança na conturbada região. Membros: Angola, África do Sul, Botsuana, Lesoto, Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.
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