Aquecimento global: sim, estamos em perigo
Enviado pelo autor, Jaraguá do Sul-SC

Este artigo é uma contribuição para ajudar a esclarecer as dúvidas sobre este tema tão relevante para a humanidade neste momento, que talvez seja o prazo final para decidirmos nosso destino, entre o colapso e a prosperidade

Por Germano Woehl Jr., doutor em Física (pelo programa RHAE-Energia do CNPq - Recursos Humanos em Áreas Estratégicas - Fontes Alternativas de Energia) e ambientalista. Dirigente do Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade
www.ra-bugio.org.br

O fato é que não deveria haver dúvida alguma de que o homem arruinou o planeta e que é o único responsável pelo aquecimento global, pois há consenso sobre isso entre todos os cientistas mais notáveis do planeta, um fato raro na história da ciência. Essa unanimidade vem da análise de dados científicos bem consistentes, que foram medidos e coletados meticulosamente, usando equipamentos da mais avançada tecnologia. A conclusão é incontestável: o homem colocou a vida no planeta em grave perigo.

Alguns órgãos de imprensa têm sido os principais culpados por causar esta dúvida nas pessoas. Lamentavelmente, cometem um equívoco ao dar crédito a opiniões de pessoas sem respaldo na comunidade científica, que dão apenas palpites, sem comprovação científica alguma de seus argumentos, provocando a falsa impressão de que a comunidade científica está dividida e num acirrado debate se o homem é ou não responsável pelo aquecimento global.

A situação é mais ou menos a seguinte: para cada 100 cientistas sérios alertando que o homem está causando o aquecimento global, com argumentos científicos bem fundamentados, existe um indivíduo, sem prova científica alguma, dando nada mais do que um palpite negando o fato. Então, alguns jornais passaram a dividir democraticamente o espaço, dando a mesma importância para a conclusão deste grupo de 100 cientistas sérios e para o palpite deste indivíduo, que sem base científica afirma que as causas do aquecimento se devem a ciclos naturais do clima na Terra.

A respeito das conseqüências devastadoras do aquecimento global sobre a vida na Terra, que obviamente também atingirá a nossa vida, só nos resta saber quando vão ocorrer. E neste ponto os cientistas têm errado nas previsões: estão acontecendo bem antes do esperado e com intensidade maior do que o previsto em simulações por computador. Um exemplo foi o que ocorreu na Antártica com a plataforma de gelo Larsen-B, que tinha 240 km de comprimento e 50 km de largura, prevista para derreter em 100 anos. Ela se desprendeu e derreteu em apenas 35 dias, no início de 2002. Isso comprova que os efeitos podem não ser graduais como a nossa geração gostaria (para deixar a conta para a próxima geração, quando não estivéssemos mais por aqui). A conta a ser paga pode surgir subitamente e nos surpreender.

Sempre me interessei pela preservação da natureza e desde a época de estudante de física, há 28 anos, tenho acompanhado atentamente este assunto, lendo muitos dos artigos científicos publicados nas mais respeitáveis revistas científicas especializadas e não dava para duvidar da qualidade dos resultados apresentados. Então, associando a esses estudos que vinham sendo divulgados, fui ficando cada vez mais angustiado ao perceber que a devastação intensa da Mata Atlântica em Santa Catarina, mais especificamente das Matas de Araucárias no planalto norte, além de ceifar instantaneamente a vida de milhares de bichos que habitavam a área desmatada, estava contribuindo também para aniquilar a nossa própria espécie um pouco mais adiante.

Já que não dispomos de outro planeta para viver, e achamos que não é ético negarmos a perpetuação da vida para milhares de organismos, incluindo a nossa própria espécie, minha esposa e eu decidimos criar uma ONG, o Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade (www.ra-bugio.org.br), para defender continuidade da vida por aqui. Nossa atuação é por intermédio da educação ambiental nas escolas, para mostrar para a garotada a importância da preservação das últimas áreas de Mata Atlântica.

A sociedade precisa ser informada para não ser iludida com as propostas mirabolantes e demagógicas, como o plantio de árvores para salvar o planeta diante de um quadro alarmante de desmatamento legal e ilegal, tanto na Mata Atlântica, já quase extinta, como na Floresta Amazônica. Há estudos mostrando que se continuarem a desmatar, a concentração de gás carbônico na atmosfera vai aumentar significativamente a curto prazo, agravando, e muito, o aquecimento global, de modo que por muitas décadas os níveis permanecerão num patamar muito mais elevado do que é hoje -que já é suficiente para nos conduzir ao colapso-, e de nada vai adiantar cobrir o planeta com mudas de árvores, pois levarão muito tempo para crescerem e mesmo após esse tempo não conseguirão retirar da atmosfera todo o gás carbônico emitido pela destruição das matas nativas. Lembrando que o desmatamento acaba com a vida dos animais que vivem ali, e o simples plantio de árvores não devolve a biodiversidade de uma floresta.

O que podemos fazer?

Se quisermos resolver com seriedade o problema do aquecimento global, e da nossa sustentabilidade neste planeta, todo o esforço da sociedade deve ser empreendido no sentido de parar o desmatamento imediatamente, já! Se obtivermos êxito neste primeiro desafio, aí sim poderemos partir para os próximos: fontes alternativas de energia, projetos de seqüestro do carbono para reduzir os índices aos níveis da era
pré-industrial permitindo a regeneração de florestas nativas, plantando árvores etc. Se não conseguirmos vencer nem este primeiro desafio, que não depende de avanços tecnológicos e tampouco gera desenvolvimento -só dependem do simples cumprimento das leis- podemos nos preparar para o pior, que nos espera num futuro bem próximo. Preservar o que resta de nossas florestas é a maneira mais racional e óbvia de prolongar nossa vida na Terra.

Nota do editor

Lembrando que as florestas são o agasalho de mananciais, além de preservarem a biodiversidade.


Cresce pressão para proibição
de sacolas plásticas em lojas
Enviado por Vitor Buaiz, Vitória-ES

Por Ian Urbina, de Annapolis, Maryland
Tradução: George El Khouri Andolfato

Fonte: The New York Times
24 julho, 2007

Papel ou plástico? É uma pergunta que há muito persegue os clientes de mercados. Mas o debate poderá em breve ser decidido nesta cidade costeira, onde um projeto de lei que visa proteger a vida marinha proibiria as sacolas plásticas em todo o varejo.

São Francisco sancionou uma proibição em abril, mas ela se aplica aos grandes mercados e farmácias. Medidas semelhantes estão sendo consideradas em Boston; Baltimore; Oakland, Califórnia; Portland, Oregon; Santa Monica, Califórnia; e Steamboat Springs, Colorado.

Alexandra Cousteau, neta de Jacques Cousteau e diretora do EarthEcho, um grupo de educação ambiental em Washington, disse: "A proibição do plástico faz sentido pela simples razão de que leva mais de 1.000 anos para biodegradar, o que significa que cada pedaço de plástico que já fabricamos ainda está por aí, com grande parte indo parar nos oceanos, matando os animais". Cousteau participou de um encontro público realizado aqui na segunda-feira em apoio à medida. Mais de 70 pessoas compareceram ao encontro.

O projeto de lei visa ajudar a proteger Chesapeake Bay e seus tributários, cujos peixes e aves freqüentemente morrem após ingerir sacos plásticos descartados. Segundo o projeto de lei que passará por uma votação final no Conselho Municipal em outubro, as lojas seriam obrigadas a oferecer sacolas de papel feitas de material reciclado.

Os críticos dizem que a proibição seria cara e contraproducente. "Soa bem até você considerar o custo", disse Barry F. Scher, porta-voz da Giant Food, uma rede de mercados com sede em Landover, Maryland.

Em vez de proibir sacolas de plástico, que custam 2 centavos de dólar cada em comparação aos 5 centavos das sacolas de papel, Annapolis deveria exigir o cumprimento de suas leis de lixo, disse Scher.

Ele acrescentou que a Giant já oferece um crédito de 3 centavos por cada sacola de plástico que os clientes devolvem à loja e que 2.200 toneladas de sacos por ano são recicladas e transformadas em bancos de quintal e de praça.

As sacolas de papel são mais volumosas para transportar do que as sacolas de plástico, acrescentou Scher, e mais caminhões, combustível e poluição estão envolvidos em sua entrega às lojas.

"Isto pode ser verdade", disse Alderman Sam Shropshire, o autor do projeto de lei daqui, "mas o que eles não dizem é que para fazer 100 bilhões de sacolas de plástico, que é quanto usamos nos Estados Unidos por ano, são necessários 12 milhões de barris de petróleo. Nenhum petróleo é usado para produzir sacolas de papel reciclado".

Jeffrie Zellmer, diretor legislativo da Associação dos Varejistas de Maryland, disse que é necessário bem menos energia para reciclar plástico do que para reciclar papel. Zellmer acrescentou que 90% dos varejistas usam sacolas de plástico e que os custos poderão triplicar ou sextuplicar, no final sendo repassados aos consumidores.

O coordenador de reciclagem comercial da Cidade e Condado de San Francisco, Jack Macy, disse que nacionalmente 1% de todos os sacolas de plástico de compras é reciclado.

"Isto significa que o restante vai parar em um depósito de lixo", disse Macy. "De forma que o argumento sobre a reciclagem do plástico ser mais eficiente em energia não é forte."

"Olha", disse Shropshire, "no final, a melhor opção é as pessoas trazerem suas próprias sacolas reutilizáveis. Mas se não o fizerem, então elas podem usar sacolas de papel que se biodegradam mais rapidamente do que o plástico e não exigem que árvores sejam cortadas".

Por ora, a prefeita Ellen O. Moyer de Annapolis, uma democrata, permanece indecisa sobre a medida. Um porta-voz de Moyer, Ray Weaver, disse que a cidade planeja distribuir sacolas reutilizáveis para quase todos os moradores até o último trimestre.

Para isto, disse Weaver, a cidade está considerando se associar aos fabricantes de velas de navegação para usar material excedente, que adolescentes em programas de empregos poderiam costurar em sacolas.

"Eu acho que é uma ação inteligente", disse Jim Martin, proprietário da Free State Press, uma pequena loja de impressão e cópia a várias quadras do Capitólio Estadual, enquanto encomendava cartões de visita para um membro do Conselho Municipal para serem entregues em um sacola de plástico.

Martin disse estar mais disposto a deixar de trabalhar com as sacolas de plástico por estar cansado do lixo nas ruas, árvores e na baía.

Brian Cahalan, dono do 49 West, um loja de café a cerca de duas quadras do Capitólio, disse que independente da aprovação ou não da medida, o debate o levou a agir.

Apesar de sua loja usar sacolas de plástico, disse Cahalan, ele planeja encorajar os clientes a trazerem suas próprias sacolas ao cobrar 25 centavos por cada sacola que a loja usar. "Assim não teremos que descobrir qual dos dois tipos de lixo é o pior", ele disse.

Ver anterior


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Coisa feita", de João Bosco
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 8 janeiro, 2008

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