Os Estados Unidos -os maiores
poluidores do planeta-
e a Austrália se recusaram a ratificar o documento,
alegando que suas economias seriam prejudicadas. No caso
dos americanos, o veto partiu do senado. Segundo
o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, os benefícios
de longo prazo do protocolo não compensarão
os sacrifícios econômicos imediatos.
Os Estados Unidos também
criticam o fato de apenas os países industrializados,
cerca de 30 dos 141, terem o compromisso legal de atingir
as metas de redução que variam de acordo
com o país. Nações
em desenvolvimento, incluindo o Brasil, não têm
de se comprometer com uma meta específica. Dessa
forma, apesar de terem ratificado o tratado, países
como a China e a Índia também não têm
obrigação de reduzir suas emissões.
"Os países fora
do tratado dizem que vão tomar medidas próprias
(para controlar as emissões) mas eu me pergunto se
elas podem funcionar", afirmou o ministro do Exterior
do Japão, Nobutaka Machimura, também insatisfeito
com os critérios.
O tratado determina diminuir
o uso de energias fósseis, como carvão, petróleo
e gás, que representam 80% das emissões. O
uso desses combustíveis aumenta com o crescimento
econômico. O protocolo representa um esforço
considerável para alguns países, com relação
ao aumento natural de suas emissões. É o caso
do Canadá e do Japão, onde as emissões
aumentaram 20% e 8%, respectivamente, desde 1990.
Os 141 países que
ratificaram o tratado se comprometeram a reduzir as emissões
de gases poluentes que produzem em 5,2% até 2012.
O ano de referência é 1990, ou seja, as reduções
devem levar em conta aquele ano, e não 2005.
Meta distante
A meta é considerada
insuficiente pela maioria dos cientistas que acreditam na
redução da poluição como forma
de controlar as mudanças climáticas
eles alegam que seriam necessárias reduções
de 60% para que os efeitos sobre o clima fosem significativos.
No caso dos Estados Unidos
teriam que reduzir suas emissões em 7%, mas até
2012 o aumento previsto é de 35%. Isso explica mas
não justifica a decisão de abandonar o protocolo
em 2001. Esse país emite 40% dos gases causadores
do efeito estufa no conjunto dos países industrializados
e 21% em nível mundial. Leva-se em conta também
a ausência da Austrália.
A previsão de redução
global das emissões de gases deverá ser de
2% em 2012, em relação a 1990, indicativo
bem abaixo dos 5,2% inicialmente previstos. Mas isso representa
um esforço despoluente da ordem de 15% para os 36
países industrializados, diante do aumento previsível
de suas emissões.
Perspectivas de negócios
para o Brasil
O Brasil, pela sua extensão
territorial e muito a fazer na área de infra-estrutura
urbana, deverá tirar proveito do protocolo para resultados
empresariais e de governo. O protocolo prevê, por
exemplo, a troca de créditos por projetos que eliminem
lixões, que emitem gás metano.
Principais pontos do protocolo
Gases
Controle da emissão de seis gases que causam efeito
estufa: dióxido de carbono, metano, óxido
nitroso, hidrofluorcarboneto, perfluorocarbono e hexafluoreto
de enxofre.
Metas
Determinar metas numéricas para reduzir ou limitar
as emissões, comparadas com a base de 1990. O limite
deverá ser cumprido por 35 países industrializados,
entre os 141 que ratificaram o pacto.
Comércio
Permite que as emissões de gases sejam objeto de
permuta entre os 35 países. Plantas industriais que
ficarem abaixo da meta podem vender seus créditos
àquelas que ultrapassaram os limites.
Implementação
comum
Permite que uma nação desenvolva um projeto
de redução das emissões em outro dos
35 países industrializados. O crédito
na meta vai para o criador da iniciativa.
Desenvolvimento
limpo
Admite compensação de obrigações
para Estados que fundem projetos de energia limpa (eólica,
solar etc) nos países em desenvolvimento.
Batalha jurídica
Muitos países, como
Espanha, Portugal e Irlanda, estão muito acima das
metas de emissão de gases que precisam atingir. E
a Grã-Bretanha iniciou uma batalha jurídica
com a Comissão Européia (braço Executivo
da União Européia) a respeito das metas impostas
ao país. Londres quer um aumento de 3% no patamar
permitido às indústrias. Já a Itália
vem reclamando do custo envolvido na implementação
das medidas. O Brasil e outros países em desenvolvimento
não precisam reduzir a emissão. A ONU, por
outro lado, adverte que a luta contra as alterações
no clima da Terra será uma missão dura e demorada.
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especial da BBC Brasil
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Significado
do protocolo
Determina
a redução das emissões de dióxido
de carbono e outros gases causadores do aquecimento global,
alcançando até 2012 uma taxa média
5,2% menor do que a registrada em 1990.
O
tratado vigora a partir de hoje, dia 16 de fevereiro, depois
da ratificação da Rússia, em novembro
último. Era necessária a ratificação
por um grupo de países desenvolvidos responsáveis
por pelo menos 55% das emissões globais de poluentes,
no ano de 1990.
Os
Estados Unidos são os maiores emissores, respondendo
por 36,1% do total mundial; a China é o segundo maior
poluidor, com 18%, mas não figura entre os países
que precisam reduzir as emissões; a Rússia
é o terceiro, com cerca de 17%.
Os
países podem trocar a redução das emissões
de gases por investimentos em florestas e campos capazes
de absorver o dióxido de carbono na mesma proporção
das emissões que não forem reduzidas.
Podem
também financiar projetos de geração
de energia renovável, ganhando o direito de poluir
na mesma medida da poluição que será
evitada com a energia alternativa.
Os
signatários do protocolo estarão sujeitos
a punições se não cumprirem suas metas
de corte de emissões de poluentes.
O aquecimento
global
A atmosfera retém
normalmente o calor na Terra para a existência da
biodiversidade (conjunto de fauna e flora, a vida). A partir
do século 20, com o progressivo aumento na concentração
de gases na atmosfera, essa demanda provocou mudanças
climáticas.
Isso porque o excesso
de gases alteraram as características naturais da
atmosfera, fazendo com que o calor se concentrasse em demasia,
gerando então o chamado efeito estufa.
Dessa forma, a temperatura
média do planeta vem aumentando e influenciando o
regime de chuvas e secas em diversas partes do planeta,
afetando lavouras, florestas e mananciais.
Por outro lado, faz
derreter, de forma acelerada, o gelo do Ártico e
da Antárdida, o que fará o nível dos
oceanos se elevarem, encobrindo ilhas e invadindo continentes.
De acordo com o Painel de Mudança Climática,
patrocinado pela ONU, se as ações não
começarem agora dentro de algumas décadas
150 milhões de pessoas terão suas casas nas
regiões costeiras inundadas.
Os principais vilões
pela emissão de gases em excesso na atmosfera são
os veículos e as indústrias.
Gases de efeito estufa
que estão aumentando de concentração
(os mais importantes):
- dióxido de carbono,
- metano e
- óxido nitroso.
O dióxido de
carbono representa 55% do total das emissões mundiais
de gases e o que mais contribui para o efeito estufa. O
tempo de sua permanência na atmosfera é, no
mínimo, de 100 anos, com impactos no clima alo longo
dos séculos.
O metano é
um gás que tem um potencial de aquecimento 20 vezes
superior ao do dióxido de carbono, embora a quantidade
emitida seja bem menor. É liberado sobretudo pelo
lixões.
No caso do óxido
nitroso e dos clorofluorcarbonos, suas concentrações
são ainda menores, mas o poder estufa é, respectivamente,
de 310 e 6,2 vezes maior do que o dióxido de carbono.
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