Por Roberto Bendia, diretor do Jornal dos Amigos

  Frase do mês:

"Os políticos brasileiros são os mais católicos do mundo.
Não assinam nada sem levar um terço..."

Modelo econômico

É preciso parar, pensar e agir. Este modelo econômico que massacra a sociedade e produz marginais em progressão exponencial, não nos serve e nunca nos serviu. Pelo menos para nós, que somos cidadãos de bem. Construir mais prisões para abrigar pessoas que os governos excluiram da sociedade não resolve o problema grave de falta de oportunidades.

A solução está na gestão da economia, que os governos até agora têm sido irresponsáveis. É preciso uma reforma tributária consistente, que dê equilíbrio das contas dos municípios, Estados, União, folga para o cidadão e empresas.

Quanto a ação da Justiça, em primeiríssimo lugar a humanização das prisões. O marginal que vai para o cárcere hoje sai pior do que entrou. Um outro elemento importante é o tratamento difenciado da pena: quem vende cocaína deve ir para a cadeia; quem rouba shampoo em supermercado, pena alternativa.


Preço dos combustíveis

Esta informação veio do amigo Arno Hoffmann, empresário, dono de uma requintada oficina de concerto de automóveis em Belo Horizonte. Ele fala com razão sobre o exagero de impostos, taxas, multas, tarifas e mais as roubalheiras que estão nos asfixiando. E que temos que fazer algo urgente para reverter essa situação. Mas só pelo voto certo, caro Hoffmann. A 3ª via, que seria a candidatura Pedro Simon pelo PMDB, parece que não vai acontecer. E agora, seja quem for o vencedor, Lula ou Picolé de Xuxu, estamos fritos.

Abaixo um exemplo de aformação do preço dos combustíveis.

Preço em reais da gasolina

Gasolina "A" 800 ml (pura, vendida pela Petrobras)
Álcool anidro 200 ml (20% misturado à gasolina)
Total
0,80
0,24
1,04

CIDE e PIS/COFINS (impostos federais)
ICMS (imposto estadual)
Total de impostos (104% do preço bruto!)
0,44
0,64
1,08

Nota: Olha a garfada do Estado. Por que isso tudo? Acontece também com telefonia (25%) e energia elétrica (35% de tributos, encargos setoriais 6%, transimissão 3%, distribuição 35% e a energia que você consome é apenas 21% da fatura)

Total dos custos (produto + impostos) - 2,12

Lucro da distribuidora (em média por litro) = 0,08
Frete (em média por litro) = 0,02
Lucro do posto (em média por litro) = 0,25
Valor na bomba com impostos = 2,47
Valor na bomba sem impostos= 1,39

Se você consome 200 litros de gasolina por mês, o bolo fica assim dividido:
Dono do carro (o otário 1) gasta: 494,00
Dono do posto (o otário 2) ganha: 50,00
Petrobrás (otário 3 - nem tanto) ganha: 16,00
Dono do caminhão (o otário 4) ganha: 4,00
Governo (vilão, ladrão ou o que você quiser chamar) embolsa: 216,00

E aí vem os safados do PT e subornam os congressistas com mensalões, neguinho levando dólar nas cuecas, superfaturamento de ambulâncias etc...

Ora, tenha dó!!!

Marcola presidente

Esta veio do amigo Joni Lopes, do Rio. Marcola, aquele marginal que da prisão tocou horror em São Paulo, tem perfil de governante. Senão, vejamos:

Em 3 dias ele:

Sem contar que ele assume que é ladrão mesmo. Não propõe acórdão, nem dança comemorando a pizza. E se do celular, escondido e sob ameaça física, fez tanto, imagine do gabinete...

Indústria automobilística

Na coluna de Mair Pena Neto, do "Direto da Redação", ele fala que a Volkswagen vai demitir 5.773 trabalhadores brasileiros, mas desfruta de incentivos fiscais, e a cerca de um mês obteve um crédito oficial de quase meio bilhão de reais do BNDES. Não seria o caso do governo pressionar a montadora. Ah, sim! Esqueci que o governo petista não é mais PT!!!

De qualquer forma, o número de indústrias automobilísticas no Brasil parece ser demasiado. Alguma fusão ou acordos industriais deve acontecer, com prejuízo, é claro, para trabalhadores e sem muita vantagem para os consumidores.

Mas o que eu não entendo é porque não existe mais autormóveis zero na faixa dos 7 mil dólares (R$ 16 mil). Lembro-me que o Fiat Uno, final de 2003, custava R$ 12 mil (com o dólar a R$ 2,40, 5 mil dólares). Em 2004 veio a maquiagem e o Uno pulou para R$ 16,5 mil. Hoje não sai por menos de R$ 21 mil (9 mil dólares).

Que venham os chineses...

Voz do Brasil

Quem ouve? Somente gente do interior rural, cuja opção ainda é o rádio. Nas grandes cidades, dentro do carro a opção é fita ou CD para ouvir música. Em casa é a TV. Então por que insistir num modelo arcaico de comunicação do governo? A proposta de flexionar a transmissão da Voz do Brasil vem em boa hora. Para benefício de todos.

Proteja seu celular

A dica vem da amiga Carmem Molina, empresária em Belo Horizonte. Ela fala sobre o mal hábito que as pessoas têm de não ler manual. Com o advento do sistema GSM, os aparelhos celeulares agpra vêm com chips que podem ser trocados (um golpe das operadoras e indústrias para ganhar mais dinheiro, pois cada chip custa em média RS 30,00). Com isso os ladrões mudam o chip do aparelho roubado para falar normalmente. Com isso, está generalizado o roubo de aparelhos celulares.

A dica não vai recuperar o aparelho, mas vai impedir que o ladrão fale e mande a conta. Obtenha então o número de série do seu telefone celular (GSM) digitando *#06#. Aparecerá no visor um código de 15 algarismos. Esse código é único! Transcreva para sua agenda ou local que você ache apropriado e conserve com cuidado. Se roubarem seu celular, telefone para sua operadora e informe o
código. O seu telefone então poderá ser completamente bloqueado, mesmo que
o ladrão mude o "chip".


›› Especial

A Bolívia e seus demônios
Enviado pelo deputado federal José Sarney Filho, Brasília-DF

Por José Sarney, senador e ex-presidente da República

Fonte: Folha de S.Paulo
13 janeiro, 2006


Quando, em 1985, encontrei-me com o presidente Reagan, durante visita oficial a Washington, depois de discutirmos problemas bilaterais, disse-lhe que não desejaria encerrar nosso encontro sem falar um pouco sobre a Bolívia. Era um país sofrido, cujas riquezas se exauriam e, no seu balanço de recursos naturais e estabilidade, poderia tornar-se problemático. A Bolívia necessita de uma atenção sem retórica, rigorosamente especial por parte da comunidade internacional. Suas cicatrizes históricas e algumas revoltantes injustiças criaram um caldo de cultura e justificados ressentimentos. Acrescentei -naquela época em que as guerrilhas estavam em moda- que a desestabilização da Bolívia teria repercussões em toda a América do Sul. Certamente pensando na geopolítica foi que Che Guevara escolhera aquele país para testar seu heróico misticismo revolucionário.

Não senti que as minhas palavras motivassem Reagan. Acrescentei que o Brasil estava disposto a assumir responsabilidades nesse projeto. Fui à Bolívia e firmei com Paz Estenssoro -um notável patriota- acordos na direção de um tratamento especial. Depois, no dia da posse de Paz Zamora, realizamos, na Embaixada do Brasil, um encontro histórico, cujo relato fez parte de seu discurso, entre ele e o presidente do Paraguai, General Rodríguez, e daquele encontro nasceu a solução do problema secular da livre navegação para acesso à bacia do Prata.

A "saída para o mar" da Bolívia, perdida na Guerra do Pacífico (1879-1883), tem que ser uma causa comum latino-americana, de modo que se possa saldar essa hipoteca do passado numa grande negociação.

A verdade é que o martírio da Bolívia continua. Mais de 150 golpes marcam sua violenta história, com uma sociedade dividida por etnias, renda, pobreza e costumes.
Bem antes de ser criado o país com a evocação de Bolívar, pelo general Sucre, já a violência reinava naquelas altas planuras. Para marcar o fim das guerras dos vice-reis do Peru, Alonso de Mendoza foi mandado a fundar uma cidade no Alto Peru em 1548. La Paz foi o nome escolhido. O brasão da cidade, dado por Carlos 5º de Espanha, era circundado com a seguinte frase: "Os contendores em concórdia, em paz e amor se juntaram e a cidade de La Paz fundaram para perpétua memória". Foi o que nunca tiveram ao longo de cinco séculos.

O Palácio Queimado, sede do governo, onde em pouco tempo tomará posse Evo Morales, é a própria síntese da história boliviana: palco de violências, assassinatos, fuzilamentos, incêndios, que lembram nomes ferrados pela brutalidade e tirania, como o de Mariano Melgarejo.

Evo Morales, assim, vem numa onda de esperança, parte da ascensão dos líderes de esquerda na América Latina. Ele poderá sofrer a sedução de muitos "demônios-ismos" que, se não exorcizados, levam ao inferno: o populismo, o nativismo, o demagogismo e o narcisismo. Que não lhes ergam estátuas. E que o protejam os "anjos arcabuzeiros", aqueles belos e eternos quadros, o sublime da arte boliviana, a única coisa duradoura que deixaram os saqueadores das montanhas de prata de Potosí.

E, finalmente, um conselho prudente ao presidente Morales: (que não me ouça o Saramago) use o paletó. Não chego ao exagero de pedir um jaquetão...

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Sinfonia n° 40 em Sol Menor, K. 550", de Wolfgang Amadeus Mozart
Nota para a seqüência Midi:*****

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Belo Horizonte, 25 maio, 2006

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