Por Roberto Bendia, diretor do Jornal dos Amigos

O silêncio dos bons

Martin Luther King Jr. disse:

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter e dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons".

Seria uma premonição em relação ao Brasil?

Hoje quando levantamos a voz por algo errado chamam a gente de careta, ultrapassado, fora de época. Já estou ficando em dúvida do que é certo ou errado...

Você vigia o que come?

É cada vez maior o poder da indústria de alimentos processados no cotidiano das pessoas. Está cada vez mais difícil consumir alimentos naturais, e esses, quando são encontrados, têm preços bem diferenciados. Não se encontra fácil uma boa lingüiça de paio puríssima (qual carioca que não gosta de feijão preto com paio?). Se você pegar uma lingüiça dessa fabricada pelas grandes empresas, como a Sadia ou Perdigão, vai constatar as misturas esdrúxulas que eles fazem. O paio deveria ter somente carne suína mas eles catalogam na composição "carne de ave separada mecanicamente". Que ave é essa? Urubu? Essas novas fórmulas de processar alimentos suprimiram o bom paladar. Ainda mais com tantos conservantes (com isso acho que as pessoas estariam ficando também mais conservadas...).

Veja só. Está na fórmula do salaminho hamburguês da Sadia: carne suína, toucinho, carne bovina, sal, maltodextrina (?), pimenta preta, açúcar, condimentos naturais, proteína vegetal hidrogenada (seria maquiagem de gordura vegetal hidrogenada, que vem fazendo com que os jovens morram cedo?), aromas de fumaça e natural, antioxidante ácido eritórbico (INS 315) e conservador nitrato de sódio (INS 251). Além de gordura, muita gordura. Você que nunca tinha visto nas letras miúdas a composição, você agora teria coragem de consumir?

Antigamente os vinhos não tinham conservantes, agora colocam um tal de INS 220 que ninguém sabe o que é.

A pergunta para que os técnicos e cientistas respondam é: Qual é o mal que os conservantes ou outras substâncias na composição dos alimentos processados podem fazer ao organismo das pessoas?

Jornal SBT Brasil

Finalmente SS bota pra quebrar. Colocou o noticioso SBT Brasil no mesmo horário do Jornal Nacional, às 20h15. Novas contratações, dentre elas o renomado jornalista Carlos Chagas. Tem até participação do público para assuntos do cotidiano, o que é um forte atrativo graças à vaidade humana. Muito bom. Torço para que dê certo. Mas a jornalista Leila Cordeiro não é tão otimista em seu artigo no site Direto da Redação.

O que é isso companheiro?!

Será que Gabeira disse de novo essa frase quando teria constatado que:

Se você desejar pesquisar a cronologia dos escândalos do governo Lula, entre no site da Veja antes que fechem. É para sua profunda reflexão, ó homem ou mulher de bem!!!

E lembre-se sempre: um homem de bem não compra mercadoria roubada, casa com mulher mal falada e vota no PT...

O couro da classe média

Essa veio do amigo Eduardo Scarpelli, de Belo Horizonte: "O IBAMA proíbe fazer bolsa com couro de jacaré, mas nenhum órgão reprime a confecção do bolsa-família com o couro da classe média!".

A lei dos larápios já está em vigor

Já está em vigor a Lei 11.382, que muda o Código de Processo Civil para facilitar a execução de dívidas cobradas na Justiça e tornar os processos mais ágeis. Mas já há controvérsia, como a nova redação do artigo 649 do código, que impede a penhora de cadernetas de poupança até o limite de 40 salários mínimos, o que equivale hoje a R$ 14 mil. Isso significa a possibilidade de que devedores de quantias inferiores a R$ 14 mil não paguem dívidas. Ou ainda, que devedores abram várias cadernetas de poupança, sempre respeitando o limite fixado na Lei, a fim de proteger seu patrimônio, adiando assim o acerto de contas.

Salário-maternidade provoca explosão demográfica

Segundo o professor Celso Afonso Brum Sagastume, por e-mail, o salário maternidade ajuda a mãe que trabalha no campo como benefício para cuidar de filho recém-nascido durante quatro meses de licença. Mas no interior da Bahia o salário-maternidade está provocando uma explosão demográfica: as mães têm filhos para poder receber o benefício, que acaba sendo o sustento da família.

O benefício pode ser requerido a partir do oitavo mês de gravidez e até o quinto ano de vida da criança. A mãe só precisa comprovar que mora e trabalha na roça. Ela recebe, então, quatro salários mínimos para que não fique sem nenhuma renda enquanto não pode trabalhar. É o mesmo salário-maternidade que a Previdência paga às mulheres que moram na cidade, quando se afastam do trabalho para terem seus filhos.

As trabalhadoras rurais são a grande maioria no volume de benefícios pagos
pela Previdência às mães. Em 2006, só na agencia do INSS de Santo Antonio de
Jesus, na Bahia, 4.800 mulheres que moram no campo receberam o salário-maternidade. Nas áreas urbanas, foram apenas 250.

O poder dos mais ricos

O estudo de um instituto de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que dois por cento dos adultos do planeta detêm mais de metade da riqueza mundial, incluindo propriedades e ativos financeiros. Apesar de a renda global estar distribuída de forma desigual, a distribuição da riqueza é ainda mais distorcida. A riqueza está fortemente concentrada na América do Norte, na Europa e nos países de alta renda da Ásia e do Pacífico. Os moradores desses países detêm juntos quase 90 por cento do total da riqueza do planeta, segundo a pesquisa. Revela também que dois por cento dos adultos mais ricos do mundo possuem mais da metade da riqueza global, enquanto os 50 por cento mais pobres, um por cento. A informação foi colhida na Newsletter HSM Online.

A volta de Didymo Borges

Didymo é nosso velho conhecido de Recife. Ficou algum tempo fora do ar e agora volta comentando as notícias do cotidiano pela rede. Vi muitos comentários sobre ele acusando-o de petista e outras alusões desagradáveis. No entanto, nunca vi dele uma declaração contestando ou afirmando ser petista - o que não tem a menor importância quando são discutidas idéias. Aliás, não tenho nada contra petistas, em que os verdadeiros estão escondidos debaixo da cama morrendo de vergonha, mas sou contra o petismo. Mas recebo sempre seus e-mails, e havendo oportunidade os reproduzo, como o que está publicado na coluna Especial abaixo.

Como Didymo Borges, também sou contra cervejas. Cervejas Skol, Antártica, Brahma Skin, Kaiser. Sou a favor das Heineken, Eisenbahn, Backer, Stella Artois, Puerto del Sol (com pedaço de limão enfiada na ponta do gargalo é uma delícia). Faço raras concessões para a Original ou a Bohemia, e algum esforço para a Black Princess...

Mas brincadeira à parte, a moderação dá o tom da vida. A própria Bíblia nas cartas de Paulo fala que um copo de vinho é bom para o estômago. Cito uma passagem de Eclesiastes: "Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras".


›› Especial

Os males do consumo de bebidas alcoólicas
são até piores que os do consumo de cigarros

Enviado pelo autor, Recife-PE

A mancebia do poder público com a indústria cervejeira é
inconcebível uma vez que é altamente danosa ao interesse do povo

Por Didymo Borges

A indústria cervejeira continua sem rédeas para observância de princípios éticos na propaganda de seus produtos. A notícia abaixo transcrita da Folha de S.Paulo lembra que o governo já ameaçou intervir em favor do público no que diz respeito à ética na propaganda de cervejas, mas tudo não passou de ameaça de impor, inclusive, horários restritos aos anúncios de cerveja na televisão. É bom lembrar que na propaganda de cigarros foram impostas severas restrições, inclusive a contra-propaganda nos próprios maços de cigarros, além de mensagens escritas que advertem ao público consumidor sobre os riscos de danos irreparáveis à saúde do fumante.

Até parece inconcebível que, tendo submetido à indústria fumageira a regras severas contra a propaganda de cigarros, os governos continuem praticamente omissos quanto à propaganda de bebidas alcoólicas. Medidas parecem que serão tomadas contra a propaganda de cervejas com apelos eróticos ou contra comportamentos indesejáveis. Uma cerveja traz na sua propaganda um homem sem roupas -isso mesmo, inteiramente nu!- correndo ao longo de uma praia. Mas nada é pior do que bebidas alcoólicas patrocinando programas esportivos como ocorre em rádios e emissoras de televisão, já que o público-alvo desses programas é a juventude.

Urge coibir semelhantes abusos! Tarda o reconhecimento de que o consumo de qualquer bebida alcoólica -inclusive a cerveja- é algo socialmente indesejável e moralmente reprovável. O homem não produz com a mente embaralhada pelo álcool. O motorista não tem reação pronta como exigido no trânsito se ele consumiu bebida alcoólica. O álcool estimula as reações agressivas ou violentas deteriorando o convívio social. Os males causados pelo consumo habitual de álcool -habitual , não necessariamente excessivo- traz resultados tais como a cirrose hepática que é irreversível e pode ser fatal.

O consumidor habitual de álcool fica mais exposto a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). O consumidor habitual de álcool tem a sua estrutura imunológica prejudicada e diminuída, tornando-o mais exposto às infecções. Ora, são tantos os motivos que só se pode conceber a passividade das autoridades quanto à agressividade da indústria cervejeira como resultante de uma mancebia extremamente danosa ao interesse público.

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Notícia referência

Cervejarias descumprem veto a erotismo

Fabricantes voltam a usar mulheres em propagandas com
apelo sexual, apesar de terem se comprometido a evitar prática

Associação de cervejarias vê falhas pontuais;
Conar promete fiscalizar abuso em ações de outros produtos

Por Fabiane Leite

Fonte: Folha de S.Paulo
30 janeiro, 2007

Três anos após se comprometerem a não recorrer ao apelo sexual em anúncios de bebidas alcoólicas, as cervejarias voltaram a abusar de cenas com conotação erótica nas campanhas publicitárias deste verão.

Integrantes do mercado publicitário e representantes dos produtores de álcool admitem que parte da última safra de propaganda desrespeita o acordo de auto-regulamentação.

"É preciso que haja muita responsabilidade para que a gente não perca a liberdade", alerta Dalton Pastore, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade.
O superintendente do sindicato das cervejarias, Marcos Mesquita, também reconheceu "algumas irregularidades sob o conceito ético" na nova safra de comerciais, sem citar nomes. "Todos esses equívocos ou casos de mau gosto são pontuais".

A Folha apurou que o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) já recebeu denúncias contra a Antarctica (Ambev) em razão do anúncio em que a atriz Juliana Paes atua como dona do Bar da Boa. O Conar tem poder para tirar um comercial do ar.

Em um dos comerciais, Juliana ameaça "botar para fora" os clientes que batem os pés para ver os seios dela balançar- eles respondem "bota, bota", em referência aos seios.

Já a atriz Karina Bacchi e a apresentadora Adriane Galisteu viraram "namoradas" do "baixinho" da Kaiser, da fábrica mexicana Femsa. Em um dos filmes, garotas tiram as roupas umas das outras em uma disputa pelo garoto-propaganda até ficarem de biquíni.

A cerveja Cintra, do grupo português homônimo, é mais explícita. Lançou há uma semana comercial em que a modelo Dani Lopes, ao abaixar para pegar uma cerveja, expõe a tatuagem "tô dentro" na altura do cóccix. Há marcas ainda que têm distribuído gibis eróticos.

"Não há sutileza, as mulheres estão ali para serem consumidas. Os anúncios revelam que a mulher é algo para servir ao homem e mostram como estamos longe de uma sociedade com eqüidade de gêneros", diz Berenice Bento, doutora em sociologia e pesquisadora da Universidade de Brasília.

Para Ilana Pinsky, coordenadora do Ambulatório de Adolescentes da Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas), da Unifesp, as propagandas utilizam linguagem simplista, associações diretas entre beber e conquistar mulheres, parte de uma estratégia muito mais pesada de marketing. "Talvez ficaram mais apelativas em razão da entrada da Femsa no mercado".

O presidente do Conar, Gilberto Leifert, diz que o órgão passará a monitorar todas as propagandas -não só as de cerveja- para verificar se está havendo falta de ética no uso de mulheres em comerciais.

O anexo sobre bebidas alcoólicas do Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária, publicado em 2003 pelo Conar, diz que os anúncios "não se utilizarão de imagens, linguagem ou idéias que sugiram ser o consumo do produto sinal de maturidade ou que contribua para o êxito profissional, social ou sexual".
O objetivo da regra era que se promovessem marcas e não quantidade de consumo - ficou acordado que a associação entre bebida e erotismo pode levar ao consumo abusivo.

A auto-regulamentação de dezembro de 2003 ocorreu após ameaça do governo, nunca concretizada, de endurecer no controle do álcool, inclusive sobre a propaganda, com horário restrito para as cervejarias.

Ver edição anterior


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Sinfonia n° 40 em Sol Menor, K. 550", de Wolfgang Amadeus Mozart
Nota para a seqüência Midi:*****

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Belo Horizonte, 11 março, 2007

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