Opinião


Belo Horizonte, 25 agosto, 2007


Carta ao ministro Guido Mantega
Enviado por Renato Rossi, Brumadinho-MG

Por Alamar Régis Carvalho, analista de sistemas e escritor
E-mail: alamar@redevisao.net - Orkut: "alamarregis" - Site: www.redevisao.net
25 julho, 2007

Senhor Ministro:

Tendo tomado conhecimento pela Imprensa de sua veemente indisposição de acabar com a famigerada CPMF, venho, por este documento, também com a veemência de um cidadão brasileiro indignado, protestar contra o cinismo das autoridades brasileiras em subestimar a inteligência do povo desta Nação.

A CPMF é um dos maiores roubos oficializados já praticados neste País, senhor Ministro. É uma das mais explícitas extorsões praticadas contra o povo. É uma vergonha. Deixo claro que este meu protesto não se resume a manifestação de
um brasileiro inimigo do governo Lula, que não suporta o Lula, que radicalmente não consegue ver nada de bom no governo Lula e só consegue atacar, atacar e criticar apenas pelo fato de odiá-lo. Muito pelo contrário, sou apartidário, não suporto partido político nenhum, por serem todos vampiros que sugam o sangue da Nação, inclusive PT, PMDB, PSDB, PTB e todos os outros "Ps".

A minha observação é absolutamente imparcial, do ponto de vista político partidário.
Se os senhores, deste governo, criticam tanto os governos anteriores, desde o período militar até o Fernando Henrique, apontando erros, desvios e deslizes morais, permita-me questionar-lhes: como podem os senhores praticarem as mesmas safadezas e sem vergonhices que os vícios políticos partidários implantaram no País?
O Brasil inteiro sabe, Ministro Mantega, que essa praga dessa CPMF foi implantada pelo Governo Fernando Henrique como Contribuição PROVISÓRIA, atendendo a pedido do então Ministro da Saúde, o ilustre e honrado médico Dr. Adib Jatene, com objetivos de resolver os problemas do Ministério da Saúde.

Não tivemos problema nenhum resolvido no referido Ministério, Adib Jatene deixou de ser ministro, a Saúde em nosso país continua a mesma pouca vergonha que sempre foi, as filas dos SUS continuam do mesmo jeito, não se vê nenhuma melhoria considerável nos equipamentos hospitalares do serviço médico público, os profissionais de saúde continuam mal remunerados, os valores das consultas pagas pelo SUS aos médicos são ridículos e desrespeitosos, continuamos a ver
eletroencefalógrafos e equipamentos de radiologia parados, porque nunca tem dinheiro para consertá-los, e não existe nada que o povo brasileiro possa destacar como relevante em termos de melhora no sistema de saúde.

Para onde vai esse dinheiro, senhor Ministro?

A cachorrada já começou no governo Fernando Henrique quando, arbitrariamente, transformou o provisório em definitivo. Por que o governo Lula, que tanto baixa o cacete no Fernando Henrique, apontando falhas de todos os tipos, não apontou essa gravíssima falha, que representa um dos maiores assaltos ao bolso do Brasileiro?
Só pode ser porque é dinheiro que continua a entrar, em abundância, para os cofres do governo, não merece ser criticado e, muito pelo contrário, deve ser mantido e defendida a permanência.

O senhor não acha que é um tremendo mau caratismo governamental, Ministro Mantega?

É preciso que os senhores tomem ciência de que nem toda a população brasileira é constituída por acéfalos e irracionais que, ludibriados pela esmola do bolsa família, se conforma com tudo o que quer o governo federal, aceita pacificamente tudo o que lhe é imposto e ainda pula de felicidade com mais um gol da seleção brasileira. Qualquer brasileiro que raciocina, que faz cálculos e que não é cego percebe que vivemos no país que tem a maior carga tributária do mundo e ao mesmo tempo comprova que:

  • Para a saúde esse dinheiro não vai, porque o sistema nacional de saúde é precário, deficiente, médicos ganham mal, hospitais não são equipados e tudo é de quinto mundo.
  • Para a agricultura não vai, porque os agricultores também vivem nas maiores dificuldades, sem incentivos, sem financiamentos governamentais sem apoio nenhum.
  • Para a construção e recuperação de estradas também não vai, porque todos testemunhamos o estado deplorável que estão as nossas estradas.
  • Para a segurança pública também não vai, porque encontramos delegacias de polícia que ainda utilizam máquinas de escrever Remington ou Olivetti, que pertenceram ainda a contemporâneos de Quintino Bocaiúva, policiais utilizando os velhos revólveres 38, com pouca munição, baixos salários e péssimas condições de trabalho em termos gerais.
  • Para as forças armadas também não vai, porque as três estão sucateadas, equipamentos obsoletos, inclusive os equipamentos de proteção ao vôo que, nestes momentos difíceis, cinicamente as autoridades tentam enganar o povo em dizer que está tudo bem e funcionando perfeitamente.
  • Para a cultura também não vai, a não ser para uma meia dúzia de privilegiados que sugam nas tetas das verbas para fazerem alguns filmes apenas e algumas "produções culturais".
  • Para a educação também não vai, porque as escolas públicas continuam abandonadas, sem equipamentos, sem laboratórios, salas de aulas deficientes, principalmente quando se trata da atividade escolar noturna prejudicada pela deficiência de iluminação. Rara é a escola pública neste país onde não se vê a
    maioria das lâmpadas queimadas, porque nunca tem dinheiro para a reposição, além do vergonhoso estado das carteiras escolares, dos quadros negros, das instalações didáticas etc.

Afinal de contas, senhor Ministro, pra onde é que vai esse diabo desse dinheiro arrecadado pelo país que tem a maior carga tributária do mundo?

Pelo amor de Deus, convoque a rede nacional de televisão às 8 da noite e diga para o país pra onde vai esse dinheiro?

Veja esses outros detalhes, senhor Ministro:

  • O brasileiro paga imposto para ter educação, mas para ter educação que presta tem que pagar escolas particulares caríssimas.
  • O brasileiro paga imposto para ter saúde, mas para ter algum atendimento que seja ao menos razoável, tem que pagar algum plano de saúde.
  • O brasileiro paga imposto para construção e manutenção de estradas, mas para andar nas estradas tem que pagar pedágio.
  • O brasileiro paga para ter segurança pública, mas muitos tem que pagar por segurança particular.
  • O brasileiro paga o IPVA, mas para conseguir parar o seu carro, nas grandes cidades, tem que pagar.

Os impostos existem exatamente para bancar com os serviços públicos, no entanto cobram também do brasileiro taxa de lixo, taxa de iluminação pública e diversas outras taxas.

Além de tudo isso, vivemos expostos a uma explícita indústria das multas, com investimentos constantes que nunca falta dinheiro para instalar radares e pardais nas cidades, uma vez que para investir na extorsão pública sempre tem recursos.
Como é que pode uma coisa dessa, senhor Ministro? Isso é um absurdo! O governo rouba a população!

O senhor quer manter a CPMF para que os canalhas deputados continuem a ter mais dinheiro disponível para aumentar os seus salários, acintosamente, afrontando com todo cinismo a Nação Brasileira?

Essa arrecadação gigantesca deve ser mantida, para atender a descarada exigência do PMDB quando impôs ao presidente da República que lhe desse ministérios com grande movimentação financeira, já que ministérios pobres não lhe interessavam?

Desculpe-me, ministro Mantega, eu jamais escreveria a uma autoridade constituída com objetivos de xingar e ofender, movido por ódio, por radicalismo político partidário, por boatos de Internet ou por qualquer disse-me-disse, já que o desrespeito humano não faz parte do meu estilo de vida. Estou escrevendo conscientemente sabendo,
racionalmente, o que estou dizendo, porque, eu mesmo consigo ver as nossas estradas, consigo ver como estão as escolas, a segurança pública, as forças armadas, a cultura e todos os outros serviços públicos...

Agora o Brasil chora esta lamentável tragédia do avião da TAM, promovida por serviço público mal feito, tudo indicando que, mais uma vez, as verbas destinadas para a recuperação da pista do aeroporto foram desviadas para alimentar a corrupção de alguém, nas viciadas contratações de empreiteiras, como é de costume em nosso país. Tragédia anunciada! O país inteiro viu, pela televisão, inúmeros avisos com diversos aviões escorregando e indo parar na grama, na mesma pista, do mesmo aeroporto, comprovando serviço mal feito, proveniente de verbas desviadas, de uma também sem vergonha infraero que só tem dinheiro para construir shopping centers nos aeroportos, com objetivos apenas de faturar, faturar e faturar mas não tem
dinheiro para as necessidades básicas da aviação! Isto é um crime, ministro Mantega!
É por isto que venho dizer que a sua postura é vergonhosa, é ridícula, é estúpida e extremamente desonesta, contaminada pelo mau caratismo político que se pratica no País.

Sugiro, ministro Mantega, que o senhor e todo o cenário político brasileiro tomem vergonha na cara e aprendam a respeitar a inteligência dos brasileiros, que não agüenta mais tanta demagogia, canalhice, sujeira e tanta safadeza. Indignadamente.


A revolução silenciosa
Enviada pela autora, Alegrete-RS


Por Sandra Silva, socióloga
E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br
16 julho, 2007


Repetidamente nos vemos escrevendo sobre o mesmo assunto que tem corroído todos os valores éticos e morais que salvaguardam uma sociedade com decência: corrupção, desvio ou mau uso do dinheiro público e falácias.

A mentira tem sido a base do sistema político nacional desde muito. Olhamos para os lados e vemos quadrilhas e quadrilheiros, corruptos, prevaricadores e outros tipos que sugam os cofres públicos deixando à mercê da miséria a maior parte dos brasileiros honestos e trabalhadores e que não pedem quase nada, caso contrário já teriam esbulhado as cidades reivindicando decoro de conduta de nossos governantes e seus compadres.

A deterioração nacional vem se acentuando. Os poderes andam às turras. Não se respeita quem anda a navegar pelos mares da política, vocábulo, aliás, que lembra prostíbulo, pocilga, lugar nefasto onde habitam demônios. É péssimo exemplo para crianças, adolescentes e jovens que estão formando a personalidade e o caráter sob bandeira tão grotesca.

O Executivo e o Legislativo, em suas instâncias, vêm de longa data tendo os intestinos abertos mostrando excrementos fétidos. Agora, para espanto e absoluta descrença, o judiciário atirou-se à arena do descaminho (Lasciate ogni speranza voi che entrate! - Percam todos a esperança. Estamos todos no inferno). Estaremos todos manipulados pelos cordéis dos demônios que se fazem santos?

Até a mídia, antes uma tropa de elite em defesa da sociedade, acolhe a luxúria dos favores do poder público. Os poucos que resistem estão sendo processados, quando não sob a espada de Dâmocles, cada vez mais afiada. Quem não suporta crítica não é democrata, tampouco progressista.

O que de pior está por vir? Grosso modo, vejamos como as coisas estão sendo encaminhadas para um fim insuportável. O Estado, responsável pela ordem social, se faz de sonso e não age de forma a restabelecer tranqüilidade à população. Há um clamor enorme para suprir necessidades estabelecidas constitucionalmente. Em contrapartida, um silêncio mortal. O que pretende o Estado? Quero estar absolutamente trôpega em meu raciocínio porque vejo o Estado muito bem focado no seu objeto: deixar a sociedade tão frágil, tão desesperançada, que venha a implorar por austero regime sob o controle de um homem só e seus regimentos.
Isto seria um golpe de Estado espertamente camuflado de democracia. A última muralha - o judiciário - está a ruir e isto é muito mau. Não esqueçamos que nas ditaduras se faz o que quer independentemente de lei.

O país está em profunda inação. Enquanto isso o MST continua depredando e, paralelamente, recebendo milhões de reais distribuídos generosamente pelo governo. Em contrapartida, hospitais cerram as portas porque os recursos governamentais não suprem o custo de atendimento universal.

Todos os fatos que escancararam a libertinagem com o dinheiro público desde maio de 2005 através de denúncias, CPI(s) e pareceres de procuradores da união, foram para o esgoto. As enormes quantias de dinheiro recolhidas de alguns flagrantes conseguidos, desapareceram e de quando em vez se diz que foram recolhidas ao Tesouro. Clareza quanto ao destino desses reais, nenhuma.

O altar da Pátria está maculado. Vende-se tudo por riqueza desmedida. Abrigam-se hordas de bandidos, vende-se a honra, estupram-se as instituições. Tal qual Stálin determinava, queimam-se fotos e reescrevem-se textos para contestar o que não é para ser conhecido. Mente-se, mente-se, até que seja aceita a verdade que se quer.

Lembremo-nos de Maiakóvski, "até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada".

Ver edição anterior


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Ronda", de Paulo Vanzoline

Nota para a seqüência Midi: *****

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