Opinião


Belo Horizonte, 20 janeiro, 2006


ISO sim
Da editoria do Jornal dos Amigos

Por Luciano Pires, jornalista, escritor, conferencista e cartunista
www.lucianopires.com.br

2 outubro, 2005

Se eu quiser exercer medicina, não posso. Preciso do diploma, obtido depois de pelo menos sete anos de estudo. Se eu quiser advogar, não posso. Preciso de diploma e exame da Ordem dos Advogados. Se eu quiser "engenheirar", não posso. Preciso do diploma de engenheiro. Se eu quiser ser gari, não posso. Tenho que ter diplomas básicos e passar por um teste físico.

Mas se eu quiser ser vereador, deputado, senador ou presidente da República, posso. Ninguém me pede credenciais. Diplomas. Nem mesmo testes físicos.

Daí o deprimente espetáculo que assistimos, protagonizado por atores que elegemos, vários deles falando um português sofrível, revelando valores morais questionáveis e praticando a política do balcão de trocas.

Pois tive uma idéia que nem original deve ser: a ISO Política.

A série ISO é uma família de padrões de gerenciamento da qualidade desenvolvidos em 1987. Um escritório central em Genebra coordena o sistema e publica os padrões que medem a qualidade dos sistemas de gerenciamento, em vez de produtos ou serviços específicos. A certificação ISO garante que a empresa tem um sistema de gerenciamento de qualidade adequado que atende aos padrões internacionais. Para a sua certificação, as empresas devem comprovar aos auditores da ISO que documentaram criteriosamente os seus processos e seguem esse sistema de forma consistente. Muitos órgãos governamentais e empresas em todo o mundo exigem conformidade com padrões ISO em várias de suas compras. E de tempos em tempos as empresas têm que se recertificar, comprovando que mantêm os processos alinhados aos padrões.

A ISO é responsável por uma evolução sem precedentes do padrão de qualidade dos produtos e serviços brasileiros desde o início dos anos 90.

E que tal criar uma ISO Política? Uma instituição como a Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, desenvolveria os padrões para quem quer se dedicar a cargos públicos. Qualquer candidato a vereador, deputado, senador, etc. teria que se submeter aos auditores da ISO Política. E precisaria ter noções de política. Economia. Português. Administração. Ética. Atendimento a clientes. Leis. Política...

E a ISO Política seria anunciada maciçamente. Um selo de qualidade.

Quem banca? Nós. Eu. Você. Com o maior gosto. O custo desse processo seria infinitamente menor que os prejuízos hoje causados pela incompetência e má fé dos ilustres representantes por nós eleitos.

Só voto em quem tem ISO.

É claro que o certificado não garante que o produto final seja exatamente aquele que o cliente deseja. Mas garante que todo o processo é controlado, que a qualidade é consistente. Garante confiabilidade.

Confiabilidade... Exatamente aquilo que o diploma de médico, engenheiro e advogado representa.

Exatamente aquilo que anda em falta no país tropical.


O resgate da cidadania (italiana)
Enviado por João Luiz Marinho, Brasílai-DF

Por Cândido Prunes, vice-presidente do Instituto Liberal

9 dezembro, 2005

A notícia –da mais alta gravidade– passou quase sem registro pela grande imprensa. Talvez porque nada mais surpreenda no ambiente de degradação moral patrocinado pela atual administração pública. Ou talvez porque a notícia é mesmo inacreditável: a primeira-dama brasileira, esposa do presidente da República, dona Marisa Letícia Lula da Silva, recentemente solicitou e obteve a cidadania italiana, que foi estendida para os filhos do casal. Sim, é isto mesmo que o leitor que não sabia do fato acaba de ler. Todos os membros da família presidencial, exceto o próprio, são agora italianos. Com direito a passaporte e até título de eleitor, para não haver dúvidas.

Não há em relação à dupla cidadania da famiglia presidencial nenhuma ilegalidade, ressalte-se desde logo. Mas a situação é absolutamente inconcebível sob qualquer ângulo de análise. Trata-se do escárnio levado aos limites do impensável. Tanto que nunca houve situação análoga no Brasil. E se aconteceu noutra parte do mundo, só pode ter sido em alguma republiqueta de terceira categoria, a fim de garantir a fuga de algum ditador ladravaz.

Por respeito aos eleitores, aos cidadãos ou ao País que elegeu seu marido, nenhuma primeira-dama, ainda que tenha condições legais para tanto, ousa sequer pensar em requerer uma outra nacionalidade. Por isso, ninguém consegue imaginar a primeira-dama norte-americana, Laura Bush, por exemplo, solicitando cidadania mexicana. Como também ninguém conceberia dona Lucy Geisel requerendo nacionalidade alemã. Estes dois exemplos são de primeiras-damas cujas origens estrangeiras são relativamente próximas, tanto que até falam o idioma de seus pais ou avós. Mas esse não é o caso de dona Marisa Letícia. Ao que consta, ela não sabe dizer nem bom-dia em italiano.

As explicações para tamanho desdém são todas comprometedoras. A própria dona Marisa Letícia declarou: "É só uma oportunidade, no caso de se precisar". Essa "precisão" seria para o caso de fuga da famiglia presidencial, tão comum na história do continente? Ou seria para garantir o emprego dos bambini, porque o Brasil se tornou um país inviável economicamente depois de décadas de intervencionismo estatal que o partido de seu marido ajudou a implementar? Ou se deve a uma razão mais simples como evitar as filas do consulado americano, uma vez que não é exigido visto de entrada para os cidadãos da Comunidade Européia?

O gesto da primeira famiglia brasileira ficará no mínimo como símbolo da confiança que seus membros depositam no chefe e do que esperam do futuro da nação. Também explica o surrado e vazio jargão, "resgate da cidadania", tão utilizado pelo PT. Não tem nada a ver com os direitos e garantias individuais ou de cidadania. Tem a ver com obtenção de nacionalidade estrangeira para os seus quadros. Só resta agora confirmar se o Ministro Palocci seguiu o mesmo caminho.


O tempo de serviço dos policiais
Enviado peo autor

Por tenenten Melquisedec Nascimento, presidente da
Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas - AMAE

www.amae.org.br

16 setembro, 2005

Desde o chamado "consenso de Washington" o mundo vem seguindo uma política econômica denominada neoliberalismo, caracterizada pelas privatizações, reforma do Estado e no seu contexto, a reforma previdenciária, amparada pelo fortíssimo argumento do crescimento da expectativa de vida da população, o que estaria levando a seguridade social a déficits cada vez maiores ano a ano.

Um dos alvos da reforma previdenciária são os policiais militares, os quais possuem direitos que estão sendo classificados pelas autoridades como "privilégios", quando na verdade são "plus de direitos" que o legislador sabiamente lhes concedeu, haja vista o policial militar ser possuidor de um "plus de deveres". O policial militar, por exemplo, tem hora para entrar em serviço, cujo atraso pode lhe custar uma punição disciplinar de prisão, privando-o inclusive de seu convívio familiar por dias, porém não tem hora para sair, pois se assumir uma ocorrência policial faltando um minuto para o fim de seu turno de serviço, terá que trabalhar até a conclusão dos procedimentos legais numa delegacia que às vezes chega a seis ou oito horas a mais em sua jornada, tudo isso sem receber a chamada "hora-extra", portanto estamos diante de uma classe de trabalhadores que não é melhor, nem pior que as outras, mas é bastante diferente.

Recentemente, os policiais militares foram surpreendidos com a notícia de que os Governadores dos estados planejam aumentar de trinta para trinta e cinco anos o tempo de serviço dos policiais militares. Trata-se de uma proposta extremamente absurda, pois atualmente a maioria dos policiais quando chega o momento de passar para a inatividade, é reformada por ser portadora de enfermidades incuráveis, o que por si só já é uma prova contundente de que trinta anos de serviço Policial-Militar é muito tempo. Portanto aumentar para trinta e cinco anos o tempo de serviço para o policial militar vai ter como conseqüência imediata uma grande parcela de policiais militares baixados por licenciamento para tratar da saúde.

Ressalte-se que a polícia incumbida do policiamento ostensivo no Brasil tem uma feição militar, não existindo no mundo um exército regular em que os soldados tenham cinqüenta anos de idade e caso a proposta dos governadores seja aprovada, teremos policiais militares com idade próxima dos sessenta e cinco anos, pois muitos dos policiais que entraram na corporação têm idade próxima dos trinta anos, quadro gravíssimo dentro de uma realidade fluminense em que os bandidos são jovens na faixa dos dezoito anos. Portanto, tal medida se implementada trará mais um prejuízo à sociedade, pois reduzirá ainda mais a qualidade do serviço policial prestado pelo Estado, além de piorar sensivelmente as condições de trabalho dos policiais militares. Além disso, muitos s teriam que subir morros portanto pesados fuzis, trocando tiros com marginais postados no alto do morro, alguns com idade de serem seus netos.

Muitos argumentarão que se poderia colocar os policiais mais idosos em serviços burocráticos. Entretanto, tal proposta só se perfaz no campos das idéias, pois na prática constantemente ouvimos que "quartéis da PM serão fechados à tarde para os policiais poderem sair às ruas", como se as atividades de intendência não fossem essenciais para uma eficaz atividade-fim, o que fatalmente tornaria a por policiais na faixa dos sessenta e cinco anos nas ruas, patrulhando o Rio de janeiro.

As autoridades estaduais precisam discutir suas propostas com os próprios policiais, mediante suas associações representativas, para que mais injustiças não sejam imputadas aos policiais militares. São gravíssimos os prejuízos que os policiais vêm tendo no combate ao crime, principalmente no Estado do Rio de Janeiro, contabilizando-se 200 policiais mortos desde janeiro de 2004, enquanto que em Nova York, de 1854 até hoje morreram 612 policiais, ou seja, bastam cinco anos de Rio de janeiro para superar cento e cinqüenta anos de Nova York, fora os policiais que são feridos e inutilizados permanentemente.

Precisamos melhorar o salário e as condições de trabalho dos policiais. Há falta de treinamento adequado destes para se defenderem e à sociedade. Nesse absurdo números de policiais mortos, um verdadeiro "holocausto policial" , mais de 80% das mortes ocorrem na folga, ao reagirem aos assaltos, pois o policial perdeu o direito de ser assaltado, pois se for reconhecido como policial é imediatamente executado.

É patente que essa gigantesca quantidade de policiais mortos é resultante da falta de um treinamento adequado, pois nos EUA cada policial é obrigado a efetuar 1000 tiros por ano em treinamento, enquanto no Brasil chega-se a ficar anos sem efetuar um disparo em treinamento. O altíssimo preço da munição é a principal causa, pois no Brasil uma munição custa US$ 1,60, enquanto nos EUA, US$ 0,10, ou seja, no Brasil a munição custa dezesseis vezes, impedindo que os Estados, ou os próprios policiais, adquiram munições suficientes para o treinamento. Observado que o monopólio da produção de munições no Brasil é a verdadeira causa desse astronômico preço .

Portanto, há muito o que fazer para termos uma polícia cidadã, sendo o diálogo o principal caminho para chegarmos a um consenso que permita melhorarmos os serviços de segurança pública prestados à sociedade, além de concedermos melhores condições de trabalho aos policiais. Não será retirando os poucos direitos dos policiais que teremos uma polícia motivada, mas respeitando seus direitos e estudando meios para melhorarmos suas condições de vida.

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Coisa feita"
, de João Bosco
Seqüencia Midi: Ricardo Peculis
Nota para a seqüência Midi: *****

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