Articulação do Jornal dos Amigos
24 maio, 2010

O Imposto Único

O Imposto Único é uma solução moderna e
eficaz para a questão tributária brasileira

Por Marcos Cintra, professor-titular da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP/FGV)

O prof. Marcos Cintra propõe o Imposto Único na forma a seguir.

O QUE É O IMPOSTO ÚNICO

A proposta do Imposto Único prevê a substituição de todos os tributos por apenas um. Haveria uma alíquota de 1% incidente sobre cada parte de uma transação (débito e crédito). Esta alíquota seria suficiente para arrecadar cerca de 23% do PIB, valor que equivale à carga tributária média histórica no Brasil anteriormente à explosão fiscalista iniciada na década de 90. Em cada pagamento, que desembolsa paga 1%, e quem recebe, paga outro 1%.

Seriam eliminadas as exigências de emissão de notas fiscais, preenchimento de guias de arrecadação, declarações de renda ou de bens, e de qualquer outra formalidade fiscal. A adoção do Imposto Único terá, como resultado imediato, a redução da corrupção e a eliminação da sonegação.

Seriam extintas todas as taxas, contribuições e os seguintes impostos:
Federais: Imposto de Renda de Pessoa Física e Jurídica - IRPF e IRPJ, CPMF, IPI, IOF, Cofins, PIS/Pasep e Contribuição patronal e do empregado ao INSS.
Estaduais: ICMS e IPVA
Municipais: ISS, IPTU e ITBI.

O IMPOSTO ÚNICO EM 10 QUESTÕES

1- O que é o Imposto Único?

A idéia do professor Marcos Cintra é a substituição de todos os impostos existentes por apenas um. O Imposto Único seria de apenas 1% para quem paga e 1% para quem recebe em todas as transações financeiras, tais como cheques, ordens de pagamento, doc´s, etc. Veja um exemplo: Se você emite um cheque de R$ 100,00 para uma pessoa haveria um desconto em sua conta-corrente de R$ 101,00. A pessoa para quem você passou o cheque receberia um crédito em sua conta-corrente de R$ 99,00. Portanto, nessa transação o governo arrecadaria R$ 2,00.

2 - Quais são os benefícios para o trabalhador?

O trabalhador deixaria de ter descontos como a contribuição ao INSS e o Imposto de Renda quando recebesse seu salário. Um salário bruto de R$ 1.000,00, por exemplo, teria um aumento de cerca de 15%. Ou seja, com o Imposto Único o assalariado teria seu poder de compra elevado. O mercado consumidor seria ampliado, criando condições para o crescimento econômico auto-sustentado.

3 - Quais são os benefícios para as empresas?

As empresas seriam beneficiadas com a redução de seus custos administrativos e burocráticos. Estima-se que as necessidades relacionadas a administração dos tributos representam de 20% a 30% dos custos administrativos das empresas. Esses recursos poderiam ser aplicados pelas empresas em novos investimentos, gerando produção, emprego e renda.

4- Qual a influência do Imposto Único no preço final dos produtos?

Com a eliminação dos atuais impostos embutidos nos preços das mercadorias seus preços seriam significativamente reduzidos. Os alimentos, os remédios, as roupas e os calçados, para citar apenas alguns exemplos, teriam seus preços diminuídos em mais de 30%. Com isso, os assalariados, que já se beneficiariam de ganhos em seus rendimentos, por conta do fim dos descontos em seus holleriths, teriam mais poder de consumo. As empresas venderiam mais e a economia ganharia um forte impacto para crescer. A burocracia, a corrupção fiscal e a sonegação, seriam eliminados, e o famigerado "custo-Brasil" seria significativamente reduzido, aumentando a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

5 - O que aconteceria com a escrituração fiscal das empresas?

As empresas não estariam mais sujeitas às complexas escritas fiscais. A contabilidade continuaria sendo exigida apenas para demonstração do patrimônio e de lucros e perdas, no caso das sociedades. As notas fiscais seriam abolidas, pois a comprovação de qualquer transação se daria através do pagamento efetuado, extinguindo-se qualquer tipo de fiscalização nas empresas. Assim, eliminar-se-ia a sonegação e a corrupção praticada por fiscais desonestos.

6 - E o governo não perderá capacidade de investimento?

Estudos realizados pelo professor Marcos Cintra mostram que com uma alíquota de 1% em cada lançamento bancário a arrecadação do governo permanecerá entre 22% e 25% do PIB, que é a carga historicamente registrada nas contas públicas brasileiras. Essa carga tributária seria melhor repartida entre todos, inclusive a economia informal, que hoje não paga imposto. A distribuição da arrecadação para Estados e municípios seria feita de maneira automática e instantânea pelos bancos, evitando a centralização do dinheiro público em Brasília.

7 - Qual o impacto do Imposto Único na inflação?

Apesar de ser baixa, a inflação ainda produz estragos. As reposições salariais, por exemplo, são raras por conta do alto desemprego. O Imposto Único, além de elevar salários, reduz os preços das mercadorias, o que, por sua vez, provoca queda na inflação e conseqüente valorização dos salários.

8 - Como evitar a sonegação com a utilização de papel-moeda ao invés de cheque ou cartão eletrônico?

As transações de baixo valor continuarão sendo realizadas como ocorre atualmente. Ou seja, as notas e moedas continuarão circulando normalmente. Já aquelas que envolvem valores elevados continuariam ocorrendo pelo sistema bancário, uma vez que haveria um risco considerável de perda ou de assalto no transporte de grande soma de dinheiro. Além disso, o projeto do Imposto Único prevê que saques em espécie no caixa sejam taxados em dobro. Prevê ainda que todas as transações acima de determinados valores, para terem validade jurídica, terão de ser feitas obrigatoriamente com a intermediação do sistema bancário, e cheques terão de ser emitidos nominalmente, tornando-se não-endossáveis.

9 - A chamada "cumulatividade" do Imposto Único não prejudica as exportações, as bolsas, e o mercado financeiros?

O projeto prevê salvaguardas para evitar tais distorções. As exportações deverão ser desoneradas mediante remissão fiscal dos valores arrecadados ao longo da cadeia de produção (as modernas técnicas das matrizes-insumo/produto, calculadas pelo FIBGE, permitem o cálculo dos créditos fiscais com facilidade). As transações nos mercados financeiro e de capitais, inclusive bolsas, serão imunes ao imposto sobre movimentação financeira enquanto permanecerem dentro do circuito financeiro. Tais recursos serão alcançados pela tributação quando de sua transferência para o circuito mercantil, para uso pessoal ou empresarial de seus proprietários.

10 - Se o Imposto Único é tão bom, por que não foi implantado ainda?

O Imposto Único contraria interesses de grupos poderosos que lucram com o caos tributário. Sonegadores e burocratas corruptos formaram poderosos "lobbies" para combater o Imposto Único. É preciso que você, contribuinte, exerça pressão sobre os políticos para que aprovem o Imposto Único. Somente a união organizada dos contribuintes será eficaz para termos um sistema mais justo e eficiente.

Comentário do Jornal dos Amigos

Temos a aduzir algumas observações sobre a proposta do prof. Cintra.

1. Em impostos federais discordamos da eliminação do Imposto de Renda, que é uma forma de o Estado regular a riqueza.

2. Na eliminação dos impostos estaduais apoiamos com louvor a eliminação do ICMS, que hoje tem a distorção de cobrança de 30% sobre serviços de fornecimento de energia elétrica e 25% sobre o fornecimento de serviços de telecomunicações.

3. No item 6 o prof. Cintra não menciona como seria a distribuição do Imposto Único. Seria 33.34% União, 33,33% Estado e 33.33% Município?

A nossa proposta de Imposto Único, semelhante a do prof. Marcos Cintra, seria o dízimo nas transações correntes. Toda e qualquer transação comercial 10% de Imposto Único pago somente para quem vende, distribuído em 3,4% para União, 3,3% Estado e 3,3% Município. Entendido que o fato gerador será sempre no Estado ou Município onde ocorre a transação comercial. A desvantagem em relação à proposta do professor é que teria Nota Fiscal de Arrecadação com as informações de quem vende, quem compra, valor da transação e valor do imposto único para recolhimento ao fisco no dia seguinte à transação. Terminam os créditos fiscais de compensação.

Um produto poderia ser taxado, normalmente, em até 21%, ou seja, 10% da produção ao varejo; 10% para o consumidor final.

Em nossa avaliação, ambas as propostas são capazes de elevar o PIB a uma situação de nação desenvolvida em igualdade com os EUA e países da Europa. Se com o sistema tributária vigente já somos o 5º produtor de automóveis do mundo ultrapassando os EUA, imagine com uma reforma tributária para valer.

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Sangrando", de Gonzaguinha
Nota para a seqüência Midi: ***
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