O segredo do casamento
Enviado por Mag guimarães, Roterdam-Holanda
Por
Stephen Kanitz, administrador por Harvard
Fonte: Veja, Edição
1922
14 de setembro, 2005
O segredo do casamento não
é a harmonia eterna. Os
arranca-rabos são inevitáveis. O
segredo, no fundo, é renovar o casamento, e não
procurar um casamento novo. Meus
amigos separados não cansam de me perguntar como eu consegui
ficar casado trinta anos com a mesma mulher.
As mulheres, sempre mais maldosas
que os homens, não perguntam a minha esposa como ela
consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue
ficar casada comigo. Os
jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem
conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo.
Ninguém ensina isso nas
escolas, pelo contrário. Não
sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas, dito isso,
minha resposta é mais ou menos a que segue. Hoje
em dia o divórcio é inevitável, não
dá para escapar. Ninguém agüenta conviver
com a mesma pessoa por uma eternidade.
Eu, na realidade, já estou
em meu terceiro casamento - a única diferença
é que me casei três vezes com a mesma mulher. Minha
esposa, se não me engano, está em seu quinto,
porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu.
O segredo do casamento não
é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos,
a solução é ponderar, se acalmar e partir
de novo com a mesma mulher. O segredo, no fundo, é renovar
o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige
alguns cuidados e preocupações que são
esquecidos no dia-a-dia do casal.
De tempos em tempos, é
preciso renovar a relação. De tempos em tempos,
é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar
a se vender, seduzir e ser seduzido.
Há quanto tempo vocês
não saem para dançar? Há
quanto tempo você não tenta conquistá-la
ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente
em potencial? Há
quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos
eternamente brigando para ter sua irrestrita atenção?
Sem falar nos inúmeros
quilos que se acrescentaram a você, depois do casamento.
Mulher e marido que se separam perdem 10 quilos num único
mês, por que vocês não podem conseguir o
mesmo?
Faça de conta que você
está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você
certamente passaria a freqüentar lugares desconhecidos,
mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os
discos, o corte de cabelo e a maquiagem. Mas tudo isso pode
ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.
Vamos ser honestos: ninguém
agüenta a mesma mulher ou marido por trinta anos com a
mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas
piadas. Muitas vezes não é sua esposa que está
ficando chata e mofada, são os amigos dela (e talvez
os seus), são seus próprios móveis com
a mesma desbotada decoração.
Se você se divorciasse,
certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres
da separação. Quem se separa se encanta com a
nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo círculo
de amigos.
Não é preciso um
divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de
lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente
custa caro, e muitas uniões se esfacelam porque o casal
se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para
renovar um casamento. Mas, se você se separar, sua nova
esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas,
e você ainda terá a pensão dos filhos da
união anterior.
Não existe essa tal "estabilidade
do casamento", nem ela deveria ser almejada. O mundo muda,
e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro
e seus amigos.
A melhor estratégia para
salvar um casamento não é manter uma "relação
estável", mas saber mudar junto. Todo cônjuge
precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas
que jamais teria pensado fazer no início do casamento.
Você faz isso constantemente no trabalho, por que não
fazer na própria família? É o que seus
filhos fazem desde que vieram ao mundo.
Portanto, descubra o novo homem
ou a nova mulher que vive a seu lado, em vez de sair por aí
tentando descobrir um novo e interessante par. Tenho certeza
de que seus filhos os respeitarão pela decisão
de se manterem juntos e aprenderão a importante lição
de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças.
Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão; por isso, de
vez em quando é necessário casar-se de novo, mas
tente fazê-lo sempre com o mesmo par.
Você é um homem
ou um rato?
Enviado pelo autor, Volta Redonda-RJ
Por
Charlles Nunes
"É
infinitamente mais importante ensinar um conceito uma
idéia e efetuar alguma mudança, do que
ensinar mil lições, e deixar a todos do mesmíssimo
jeito que os encontramos."
Mary Ellen Edmunds
Ao desempenhar os papéis
da vida, já ouvi mais de uma vez o título deste
artigo. Pois, em algumas ocasiões, escolho a segunda
opção. Ao menos, gostaria de desafiar, arriscar
e provocar tanto quanto um deles.
Onde tem rato, tem emoção.
Ninguém assiste passivo à fuga de um roedor. Seu
desespero nos comove, alguma coisa nele nos enoja, nos convidando
à ação. Ou melhor, à transpiração.
No caso do Walt Disney, foi sua fonte de inspiração.
Desde o tempo em que meu tio
prendia ratazanas numa gaiola, e as atazanava com pingos de
plástico derretido, comecei a condoer-me pela causa dos
roedores.
Confesso que, na primeira e única
vez que incendiei um ratinho, o fiz sem querer. Ao chegar em
casa, o flagramos na varanda. Ele pulou afobado no primeiro
buraquinho que encontrou. As crianças gritaram e, instintivamente,
corri até a garrafa de álcool, derramando-o no
esconderijo. Sapequei fogo.
Numa fração de
segundos, o apavorado saiu. Tonto e cambaleante, com seus passos
heróicos de maratonista em fim de prova. Em chamas. A
cena tornou-se comovente. Desejei então ajudá-lo
mas, antes que eu esboçasse qualquer reação,
aquela tochinha viva parou. Havia lutado pela vida e, até
em seu último instante, permaneceu de pé.
As crianças nos fitavam,
boquiabertas. Inquiridoras, não conseguiam distingüir
qual de nós era o rato. Disfarçando a comoção,
anunciei: "Vamos entrando, pessoal. Era só um ratinho
mesmo
" Mas se o álcool em gel já tivesse
sido inventado, talvez aquele filhotinho ganhasse uma segunda
chance. Jogaria minha própria camisa, para salvá-lo.
Sairia sapecado, mas vivo.
Ratos são perseguidos
sob quaisquer circunstâncias. Certa vez conheci uma família
cujas finanças não lhe permitiam o luxo de manter
um gato de plantão em tempo integral. Assim, tomavam
o bichano emprestado do vizinho a cada noite. E o devolviam
pela manhã. Com o bucho camundongamente forrado, que
era a única forma de pagamento acessível.
Vasculhando meus parcos conhecimentos
ratológicos, recordo-me de um grupo de estudantes lá
de Campo Grande-MS. Se intitulavam 'A Turma do Rato'. Com o
pacto da excelência assumido, estudavam em conjunto. Nesse
caso, ninhada. Dada a reciprocidade do acordo, despendiam bastante
tempo juntos. E quando suas facas estavam bem amoladinhas, partiam
em grupo. Iam devorar qualquer queijo de vestibular.
Trazendo o 'cheese' da questão
à sala de aula, quanta emoção você
sente (ou provoca)? Para quem privilegia a memória, relembro:
a emoção é a mãe da memória.
Quer comprovar? O que você estava fazendo quando soube
do acidente com o Senna? Que dia da semana era mesmo?
A sala de aula (mesmo que seja
on-line) é um reduto privilegiado. Pois é ali
que temos acesso aos pensamentos, opiniões e emoções
de um conjunto singular de inteligências. Que, ao serem
desafiadas, se dinamizam. Sempre questionando, defendem seus
pontos de vista. Ao buscar a aplicabilidade dos conceitos, reestruturam
idéias e seguem progredindo.
Se os pequeninos sábios
e intrusos roedores conseguem se perpetuar pela rapidez de sua
multiplicação biológica, dou a mão
à palmatória: também quero ser lembrado.
Talvez seja por isso que multiplico todo o conhecimento a que
tenho acesso.
Com a progressão geométrica
gerada pela troca de informações na internet,
cada participante se alimenta do conhecimento alheio. Pegando
carona no giro da manivela, devolve a conclusão de suas
análises para o próximo pesquisador. Quem entra
nessa só para receber, corre o risco de acabar como o
mais egoísta dos mares: o Mar Morto.
Em sua próxima aula, treinamento
ou palestra, reflita: seu efeito será mais positivo do
que um desenho do Mickey Mouse? Ou quem sabe do Tom & Jerry?
Se não estiver seguro
da resposta, vai um conselho gratuito: dispense a turma. Vá
para casa, peque aquela bebida geladinha que você tinha
reservado para o final de semana, e se esparrame no sofá.
Segure firme o controle, e fique atento.
De canal em canal, procure uma
idéia inspiradora. Só não vale desperdiçar
sua preciosa folguinha na Rede Bobo. Muito menos, no Programa
do Ratinho.
Um sonho belo-horizontino
Enviado pelo autor, Belo Horizonte-MG
João
Rafael Picardi Neto, jornalista
E-mail: picardineto@yahoo.com.br
8 setembro, 2005
O brasileiro precisa de sonhos.
Sonhos bons para substituir os pesadelos impostos pelos nossos
políticos, pelo modelo econômico cruel, que só
beneficia o capital, o investidor e as megas empresas. Que sejam
sonhos simples ou faraônicos e até mesmo irresponsáveis
como o da transposição do rio São Francisco.
Sonhos. Não importa com que sonhamos.
Eu tive um bom sonho. Fazia
anos que não circulava em torno da lagoa da Pampulha.
Indo para o bairro Itapoá, errei o caminho. Aproveitei
do erro e dei uma volta no antigo cartão postal de Belo
Horizonte. Como a lagoa encolheu! . Vi um festival de garças,
mergulhões, maçaricos e narcejas. Ainda é
belo o poluído espelho d`água, o mar dos belohorizontinos..
Parei o carro e comecei a sonhar.
Vi retroescavadeiras abrindo
valas para coletores de esgotos. Tratores movimentavam terras.
Dragas trabalhavam a todo vapor. Operários construíam
pequenas estações de tratamentos. Vi chatas que
recolhiam entulhos e aguapés. Um verdadeiro canteiro
de obras. Ouvi de alguém que passava um comentário
sobre aquilo que era desperdício de dinheiro. Que
havia obras mais prioritárias a serem feitas pelos governos
municipal, estadual e federal.
De repente vi o sonho de JK se
realizar. Pequenas velas brancas eram tocadas pelo vento numa
manhã de domingo. Do ancoradouro partiu uma pequena miniatura
de um navio gaiola. Era maravilhoso ver o burburinho em torno
do barco do tratador de peixes, como era maravilhoso ver famílias
de pessoas humildes pescando aquilo que seria a mistura
do jantar do fim de semana. Numa praia artificial crianças
faziam castelos na areia. O mesmo senhor que falara do desperdício
de dinheiro agora tomava sol com os seus netinhos. A orquestra
sinfônica tocava o Bolero de Ravel.
No meu sonho vi uma placa onde
se lia o quanto fora gasto no projeto, quanto fora aplicado
nas estações de tratamento, na fábrica
de ração e fertilizantes que utilizava como matéria-prima
os aguapés, o preço da estação de
criação de alevinos e de tudo que fora investido
no conjunto. Descobri que a soma de dinheiro era bem menor,
bem menor mesmo do que fora sacado na agência do Banco
Rural em Brasília.
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Música
de fundo em arquivo MID (experimental):
"papel Marché", de João Bosco
Seqüência Midi: Jorge Esqueff
Nota para a seqüência MIDI: *****
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