Enviado por
Maria do Socorro, Vitória-ES
16 abril, 2011
Se escola fosse
estádio e
educação fosse Copa
Por
Jorge Portugal, educador, poeta, apresentador de TV, idealizou
e apresenta o programa "Tô Sabendo", da TV Brasil
De Salvador-BA
Foto LOC/Divulgação
Canteiro de obras da
reconstrução do Estádio da Fonte Nova,
em Salvador
Passeio, nesses últimos
dias, meu olhar pelo noticiário nacional e não
dá outra: copa do mundo, construção de
estádios, ampliação de aeroportos, modernização
dos meios de transportes, um frenesi em torno do tema que domina
mentes e corações de dez entre dez brasileiros.
Há semanas, o todo-poderoso
do futebol mundial ousou desconfiar de nossa capacidade de entregar
o "circo da copa" em tempo hábil para a realização
do evento, e deve ter recebido pancada de todos os lados pois,
imediatamente, retratou-se e até elogiou publicamente
o ritmo das obras.
Fiquei pensando: já imaginaram
se um terço desse vigor cívico-esportivo fosse
canalizado para melhorar nosso ensino público? É...
pois se todo mundo acha que reside aí nossa falha fundamental,
nosso pecado social de fundo, que compromete todo o futuro e
a própria sustentabilidade de nossa condição
de BRIC, por que não um esforço nacional pela
educação pública de qualidade igual ao
que despendemos para preparar a Copa do Mundo?
E olhe que nem precisaria ser
tanto! Lembrei-me, incontinenti, que o educador Cristovam Buarque,
ex-ministro da Educação e hoje senador da República,
encaminhou ao Senado dois projetos com o condão de fazer
as coisas nessa área ganharem velocidade de lebre: um
deles prevê simplesmente a federalização
do ensino público, ou seja, nosso ensino básico
passaria a ser responsabilidade da União, com professores,
coordenadores e corpo administrativo tendo seus planos de carreira
e recebendo salários compatíveis com os de funcionários
do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Que
tal? Não é valorizar essa classe estratégica
ao nosso crescimento o desejo de todos que amamos o Brasil?
O projeto está lá...parado, quieto, na gaveta
de algum relator.
O outro projeto, do mesmo Cristovam,
é uma verdadeira "bomba do bem". Leiam com
atenção: ele, o projeto, prevê que "daqui
a sete anos, todos os detentores de cargo público, do
vereador ao presidente da República, serão obrigados
a matricular seus filhos na rede pública de ensino".
E então? Já imaginaram o esforço que deputados
(estaduais e federais), senadores e governadores não
fariam para melhorar nossas escolas, sabendo que seus filhos,
netos, iriam estudar nelas daqui a sete anos? Pois bem, esse
projeto está adormecido na gaveta do senador Antônio
Carlos Valladares, de Sergipe, seu relator. E não anda.
E ninguém sabe dele.
Desafio ao leitor: você
é capaz de, daí do seu conforto, concordando com
os projetos, pegar o seu computador e passar um e-mail para
o senador Valadares (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br)
pedindo que ele desengavete essa "bomba do bem"? É
um ato cívico simples. Pela educação. Porque
pela Copa já estamos fazendo muito mais.
Enviado pelo autor, Interlados-SP
29 maio, 2010
A indústria dos alugueres
públicos
Por
Pedro Cardoso da Costa
Quando o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso tomou posse e cobrava que o Estado brasileiro
se ativesse às suas funções essenciais,
ou de Estado, como alguns gostam de falar, atribuía a
disfunção ou o exercício precário
ao fato do Brasil se envolver em todas as atividades da economia,
em especial na condição de proprietário.
Era comum a crítica ao fato de governo federal possuir
fábrica de calcinhas.
O então presidente e sua
equipe começaram o processo de modernização
com a privatização generalizada e a qualquer custo,
tendo como ápice o pronunciamento gravado do ministro
Luiz Carlos Mendonça de Barros afirmando que já
estavam atingindo o limite da irresponsabilidade, com a atuação
do governo para favorecer um grupo na compra de uma estatal.
Nem tudo deveria ser privatizado, nem todas as atividades chamadas
meio devem ser terceirizadas. O limite do princípio elementar
do mais vantajoso para a Administração Pública
deve prevalecer.
Pois, privatizaram tudo, mas
alguns cuidados não foram nem estão sendo tomados
pelos atuais governos. Os alugueres nas várias esferas
de governo precisam ser revistos, pela desnecessidade de alguns,
e pela exorbitância de dinheiro gasto com essa prática.
Começa por se questionar a necessidade de alguns. E passar
a controlar mais, pois não existe controle algum sobre
a quantidade de imóveis e outros bens alugados, dada
que esse procedimento é adotado isoladamente pelo mais
diversos órgãos. Caso se queira buscar a informação
sobre quantos contratos e quanta se gasta com aluguel, nenhum
ministério, nenhuma secretaria, nenhum tribunal vai saber
ou querer informar, nem consta em nenhuma saite aberto para
conhecimento público. Aí está o perigo,
geral, de todos os riscos que esses contratos trazem.
Deve se tomar cuidado com o preço.
Há uma cultura nacional de se majorar quando o contrato
é com a Administração Pública. Quando
esse procedimento é nas prefeituras, o cuidado deve ser
maior para evitar que os alugueres sejam uma maneira de retribuir
colaboração de correligionários. Os alugueres
de ônibus, de carros e de prédios nas cidades pequenas
são realizados e sempre dirigidos aos amigos dos prefeitos
e dos demais gestores públicos. Pode até existir
exceção, mas de tão raro, ninguém
a conhece.
Outra medida seria saber por
quanto tempo um contrato de aluguel seria mais vantajoso do
que a aquisição permanente do bem. Com o valor
mensal gasto com aluguel de carro para transporte escolar seria
comprado um ônibus. Isso em cidade pequena. É preciso
viabilizar a frota própria. Já o que se paga por
mês de aluguel de imóveis daria para adquirir um
ou vários prédios.
Há uma completa inversão
de valor em todos os sentidos quanto ao emprego do dinheiro
público no pagamento de aluguel. O sonho de todos os
particulares é sair do aluguel; os governos fazem toda
propaganda possível quando ajudam nessa saída;
mas eles mesmos procuram nunca sair. Isso precisa ser corrigido
e o dinheiro dos alugueres poderia ser aplicado em compra de
bens permanentes. Ao contrário das demais, essa indústria
dos alugueres precisa acabar.
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edição anterior
Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"O trenzinho do caipira", de Eytor Villa Lobos
Nota para a seqüência Midi: ****
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