Delinqüência
social
Enviada
pela autora, Alegrete-RS
Por Sandra Silva, socióloga
e jornalista
E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br
5 janeiro, 2008
A delinqüência infanto-juvenil
alastra-se como erva daninha em solo fértil. Bem verdade
que até três ou quatro décadas atrás
as mulheres não se afastavam dos domínios do lar
para exercerem uma profissão, possibilitando com sua
constante presença, ação mais controladora
sobre os filhos. Mesmo as famílias periféricas
mantinham domínio sobre seus rebentos, que não
ousavam praticar mais do que traquinagens sem maiores conseqüências
na formação de seu caráter.
A evolução social
e a modificação dos costumes familiares, a entrada
nos lares cada vez mais célere dos veículos de
comunicação, o acesso ao conhecimento e a discussão
sobre liberdade e dignidade humana, foram preponderantes para
uma nova sociedade emergir. As crianças brasileiras a
partir da década de oitenta pouco ou nada tinham de semelhança
com aquelas dos anos quarenta e cinqüenta. As mães
desse período recente adquiriram maior formação
escolar e a possibilidade de obter independência financeira.
Utilizando seus conhecimentos, ousadia e mais a necessidade
do mundo moderno, foram levadas a buscar novas possibilidade
além dos muros do lar. As crianças ficaram reféns
da televisão, dos vídeos games, de pseudo-babás
e da própria solidão nos minúsculos apartamentos.
A libertação profissional
da mulher, todavia, não significa dar a ela a culpabilidade
pela delinqüência infanto-juvenil. Até porque
a partir das décadas de setenta e oitenta nem sempre
o pai suportava sozinho os ônus da mantença familiar.
O trabalho remunerado da mulher veio completar as necessidades
da família.
Aliás, por essas novas
necessidades trazidas pela criação de tantos artigos
e objetos que a busca pelo ter cresceu de forma significativa.
O dinheiro passou a ser alvo máximo. E as famílias
perderam significativamente o senso do diálogo, do limite,
da preservação do afeto e dos valores e dos princípios
tão necessários à manutenção
de uma sociedade menos violenta e mais digna.
A cada ano a infância fica
reduzida. Meninas e meninos em gorjeios sexuais precoces se
tornam mães e pais. Isso também é delinqüência
com efeitos dramáticos, e que formam o velho jargão
da bola de neve que cresce até despencar-se no precipício.
O Estado brasileiro apresenta
pequena capacidade para atender as demandas sociais dessa e
outras tantas áreas com distorções. A sociedade,
por sua vez, também não percebeu o caos se abrindo
sobre ela. Veja-se o exemplo do Rio de Janeiro, uma das mais
belas regiões do país, e que se tornou um ninho
de promiscuidade e violência.
A juventude brasileira precisa ser reconduzida à estrada.
Somente a escola não será capaz de resgatar o
erro de percurso. Possibilidade de emprego e arregimentação
para o esporte e para as artes em geral (em que as energias
serão consumidas com utilidade) deve ser pauta urgente
de investimento governamental.
O que temos atualmente é
a conseqüência da inconseqüência de ações
ineficientes dos governos e da sociedade individualista que
se estabeleceu entre os humanos.
Reflexão do jambo
Enviado pelo autor, Americana-SP
Por
Juliano Schiavo, estudante de jornalismo
23 outubro, 2007
Às vezes, olhar pela janela traz reflexões. Em
frente ao mundo que se abre diante do olhar, há diversos
elementos que servem para instigar o pensamento sobre algum
assunto. Talvez possa ser uma reflexão boba, porém
ela pode ser responsável por oferecer uma ótica
diferenciada. E essa diferença permite que se enxergue,
por detrás de uma coisa simples, algo mais complexo e
que pode agregar valor à vida.
Também não é para tanto. Há tantas
palavras inúteis que de nada nos servem são
discursos vazios, fechados, cíclicos, e que não
incitam a discussão. Mas, ao observar um pé de
jambo, não pude deixar de pensar a respeito dessa planta.
O jambeiro não é uma árvore brasileira,
sendo originário do sudeste da Ásia. Foi trazida
ao País pelos portugueses e vive mais de cem anos. Na
época de sua floração, costuma exalar um
perfume adocicado. É conhecido pelos ingleses como rose-apple,
por produzir uma fruta amarelada, com leve gosto adocicado e
com aroma de rosas.
O fruto é que me levou a reflexão, pois ele engana
quem nunca teve a oportunidade de prová-lo. Ele parece
tão consistente e tão envolvente com seu perfume
de rosas. Parece ser carnudo e recheado de sabores. Ele brinca
com os olhos humanos que se deixam sempre enganar
e de forma marota, fisga a atenção.
Lá se vão pedras, pedaços de galhos, chinelos
em uma só direção: a do jambo maduro. Várias
tentativas o jambeiro, muitas vezes, é alto
e se tem o primeiro acerto. A gravidade faz seu papel e atrai
ao chão o pequeno fruto que, em contato com o solo, muitas
vezes se espatifa e acaba com a mentira.
Aquele corpo ovalado de cor amarelada, o supra-sumo dos sabores,
dissipa-se na primeira constatação: espatifado
ao chão, ele é oco, não há consistência.
Por dentro do jambo, somente uma semente. Semente esta que,
muitas vezes, pode germinar e criar raízes, tão
fixas, e que produzirão outros jambos, ocos e que ludibriarão
o olhar.
É comum muitos se passarem por um jambo. Aparentam ter
consistência, sumo, sustância. Mas no fundo são
ocos, vazios e contemplam um vácuo de insensatez e inverdades.
Pregam uma coisa, fazem outra. Mostram-se fortes, mas são
fracos. Assim como um jambo, que aparenta ser um fruto carnudo,
mas é, na verdade, oco. O único atrativo é
o perfume e o sabor adocicado. Já a pessoa-vazia tem
como o encanto a mentira que atrai e seduz.
O hipócrita que prega um monte de coisas e age
contrariamente ao que fala é o jambo. Parece ter
consistência, mas é oco, vazio. É recheado
de vento, desilusão, mentira. E, nessa brincadeira,
engana muitos.
Diante dessa reflexão, constata-se a necessidade de haver
cautela ao lidar com algumas pessoas. É necessário
saber que muitos que se dizem amigos, são na verdade
inimigos. Muitos que fazem discursos são hipócritas
e se fingem de cegos para a verdade.
É importante aprender a diferenciar as pessoas não
pelo que falam, mas pelo o que fazem, pois o discurso é
sempre belo, assim como o perfume do jambo é sempre doce.
Por isso, a cautela é imprescindível para não
ser enganado.
O maior desafio da educação
Por Ivone
Boechat, PHD
1ª
outubro, 2007
A humanidade está evoluindo,
emocionalmente, na velocidade da tartaruga, frente à
tecnologia que ultrapassa a qualquer previsão, na velocidade
da luz! Quem não estiver disposto a rever conceitos,
mas, sobretudo, assumir uma postura de maturidade emocional,
frente a tantos desafios que a modernidade proporcionou ao homem,
ficará à margem do processo. A pessoa que compõe
a estatística de qualquer tipo de analfabetismo -e são
muitos os tipos- tem vida, conforto, informação,
recursos extraordinários e não é capaz
de ler, interpretar e tomar posse da modernidade. Se alguém
escapa do analfabetismo da leitura e da escrita, com certeza,
pode estar sofrendo como analfabeto funcional, analfabeto virtual,
analfabeto emocional, analfabeto social, analfabeto espiritual...
etc, etc, etc... Isso se parece muito com aquela velha história
do burro na porta do palácio.
Hoje, aos vinte, trinta anos,
se o cidadão parar de aprender, está fora da concorrência.
Aos 90, se estiver sintonizado com a evolução
e fizer parte dela, como sujeito e objeto da história,
não sai da concorrência: é consultor dos
fracos e oprimidos! Logo, quem está do lado de fora da
roda do aprendizado e do crescimento constante, deve voltar,
imediatamente. O perfil do profissional é baseado na
qualidade essencial. Maisoumenos morreu afogado no mar da tecnologia.
Foi substituído pelos modernos gestores do tempo, do
conhecimento, da informação... O eficiente tropeçou
no eficaz que é capaz de fazer o impossível. O
homem multifuncional, preparado para exercer numerosas atividades
profissionais, deixou o especialista acomodado para
trás, especializando-se no brechó...
As escolas devem se organizar
para receber crianças cada vez menores e tratar de se
estruturar como casa de educação. Chega de empresas
que vendem diploma a preços absurdos e salve aquelas
instituições que têm a capacidade de formar
cidadãos para promover a revolução das
consciências e organizar uma sociedade pacífica,
feliz, adaptável, sim, porque o adaptado sucumbiu!
As escolas devem ainda se preparar,
urgentemente, para oferecer cursos de formação
e atualização para pessoas maduras. Quem não
se programar para entrar no contexto perderá a grandiosa
oportunidade de participar da era mais fantástica da
humanidade. As universidades estão recebendo estudantes
com idades bem superiores, ultimamente. E tende a aumentar.
O Brasil está cotado para
ser o 5º país do mundo em número de idosos,
até o ano 2010. O conceito de velho como sinônimo
de doença, tristeza, abandono, tralha, desesperança,
deve ser revisto. A palavra velho serve para significar coisas
velhas, enguiçadas. A palavra idoso é sinônimo
de bênção da longevidade.
No Dia Internacional do Idoso
organizam-se eventos com a presença de conferencistas
especializados. Raramente, eles se lembram de ajudar
a mobilizar a motivação e resgatar a auto-estima
dos convidados. De um modo geral, os assuntos giram em torno
do pessimismo, depressão, estresse, próteses,
espinhela caída, trombose, trombada, cadeira de rodas,
muletas, piriri, tosse noturna, bexiga arriada, artrose, mal
disso, mal daquilo e daquilo outro... Há outros consultores
que se especializaram em assombrar só com notícias
ruins. Ou seja, anunciam tantos horrores, dando a impressão
que se o idoso se livrar daquilo tudo, pode não escapar
da bala perdida, da guerra, das batidas no trânsito, do
arrastão, enfim...só desgraça! Do INPS-assobração
que só se desencarna a sete palmos de terra. A filósofa
Dercy Gonçalves, do apogeu dos 100 anos orienta: Se
você cair num buraco, dê graças a Deus se
não tiver terra por cima.
Quando o ser humano e, claro,
também o idoso comparece a uma conferência ele
quer ouvir assuntos que o deixe animado, pronto a sair dali
e programar aquela viagem adiada, retomar um projeto esquecido,
fazer um curso, escrever um livro, inscrever-se num concurso
de poesias, enfim, estimulado a prosseguir, a valorizar a vida,
a ser fiscal da natureza, profissão na última
moda!
As empresas de um modo geral,
que ainda não acordaram e não se prepararam para
atender, no momento, a mais de 15 milhões de pessoas
com idade acima de 65 anos, vão falir. A demanda vai
dobrar dentro dos próximos anos. Se uma jovem senhora
vai hoje a um shoping comprar uma roupa, seja para dias comuns
ou para comparecer a uma festa, é um horror. As roupas
bonitas, modernas, não têm numerações
que ultrapassam o manequim 44. As outras, chamadas
senhoris, são da cor bege, preta, marrom, cinza, de florzinha
e, na maioria das vezes, ridículas, sem a mínima
criatividade, tipo assim capa de botijão. Não
existe meio termo. Ou a pessoa sai de paetê até
debaixo do braço...
Quando alguém completa
70 anos, é muito comum se organizar uma festa. Na cerimônia
de comemorações, sublinham-se alguns
versos do Salmo 90, (cuja autoria é atribuída
a Moisés) que são lidos para advertir, assustar,
ameaçar, amedrontar, apontar ao aniversariante as setas
para a reta final. O orador com aquela voz de relações
públicas de necrotério lê: A duração
de nossa vida é de 70, 80 anos o que passa disto...
Mas é bom esclarecer que Moisés escreveu este
Salmo, imaginando que sua vida estaria chegando ao fim. Ele
estava passando pela crise dos 70. Somente aos 80 anos o salmista
iniciou o processo de retirada do povo de Israel do Egito e
a missão se estendeu por mais 40 anos. Aos 120 anos,
Moisés morreu. E o seu substituto, Josué, com
85 anos foi nomeado, com palavras divinas de fortalecimento:
Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo
(Js 1:7).
Portanto, o maior desafio de
qualquer tempo é aprender a viver. Que valor tem a vida
sem projeto de vida? É preciso traçar regras de
bem viver, estabelecer prioridades, administrar o tempo, gerir
informações, competência emocional para
reconhecer e controlar as emoções, e aprender
a auto-estimular a produção dos hormônios
que formam o padrão químico do bem estar. Se você
é educador, antes de procurar o valor de x, invista 5
minutos diários, ensinando sobre o VALOR DA VIDA!
Nota do editor
Na
Bíblia Anotada "The Ryrie Study Bible, o versículo
1.7 do livro de Josué está descrito assim na íntegra:
"Tão-somente sê forte e mui corajoso para
teres cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés
te ordenou; dela não desvies, nem para a direita nem
para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que
andares".
Ver
edição anterior
Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"O sol nascerá (A sorrir)", de Cartola e Elton
Medeiros
Nota para a seqüência Midi: ****
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