Arquipélago Brasil
Enviada
pela autora, Alegrete-RS
"Há perigo no
ar!". Elis Regina já dizia isso
em uma de suas maravilhosas canções
Por Sandra Silva, socióloga
E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br
16 julho, 2007
Carlos Lamarca (in memorium)
foi guindado ao posto de coronel, possivelmente com proventos
de general. Seus descendentes receberão indenização
ora prevista em torno de cem mil reais. É um dos tantos
heróis anistiados.
A anistia foi oferecida a todos
os que se envolveram na contenda de 1964, quando o país
quase abriu suas portas para o sistema comunista. Todos os brasileiros
que contestaram o movimento cívico-militar de 64, mesmo
aqueles que cometeram frios assassinatos, foram anistiados moralmente
e ressarcidos financeiramente.
Naqueles tempos a grande batalha
que o mundo travava não recheava os campos de mortos
e sangue. Havia, ainda, os resquícios da destruição
da segunda guerra mundial e os governos que conduziam a política
mundial utilizaram-se do que se convencionou chamar de guerra
fria.
São passados 41 anos do
dia em que as forças armadas da nação depuseram
o presidente e tomaram as rédeas do país que atravessava
momentos difíceis e tortuosos com um desenvolvimento
pífio e uma população empobrecida, sem
saúde, sem emprego, sem moradia e com pequena escolaridade.
O Brasil dessa época andava
manco em estrutura e crescimento, mas, paradoxalmente, era uma
potência cultural. É nessa década em especial
que talentos até hoje não superados surgiram para
encantar não só a população nativa,
mas tradicionais culturas mundiais.
A maioria da população
brasileira não sabe absolutamente nada sobre o movimento
que levou ao poder, por duas décadas, os militares. Após
a anistia total, iniciou-se um processo de desonra contra os
integrantes das forças armadas, em especial àqueles
que formavam o contingente do Exército nacional.
Há livros, jornais, gravações, filmes,
que falam sobre o que ousaram denominar de período negro.
Muitas dessas provas foram produzidas sem qualquer verdade,
oferecendo ao povo uma face cruel e falsa dos governos militares.
Isso não significa isentar
possíveis exageros e abusos, mas tampouco se pode afirmar
que alguns deslizes tenham ocorrido por determinação
proposital. A ameaça da implantação de
um regime autoritário com perda significativa de direitos
e liberdades, propriedade privada e liberdade religiosa, era
um estopim aos menos preparados para conduzir o processo de
maneira mais equilibrada.
Depois da anistia e da saída
dos militares da administração governamental a
nação enveredou pelos caminhos da (re)democratização.
Tancredo Neves venceu a disputa presidencial como o "salvador"
para um Brasil que se inflacionava do dia para a noite. Foi
afastado pelos desígnios do destino, humano ou não,
tanto faz! Seguiu-lhe o maranhense José Sarney, que não
se salientou a não ser por ter alguma meia dúzia
de fiscais nos supermercados brasileiros.
Por uma via paralela disputava
o poder um sindicalista liderando milhares de metalúrgicos
em veementes locuções populistas. Surge, então,
um jovem idealista que empolga a adultos e idosos e fala em
terminar com a corrupção. Quem foi para o caldeirão
foi o próprio ao tentar tirar os privilégios centenários
das oligarquias. Com o impeachment de Fernando Collor, seu vice,
Itamar Franco, termina o governo, lançando as bases do
plano real sob a batuta de seu ministro da fazenda, FHC, que
lhe substitui e faz dois mandatos presidenciais. Por fora continua
insistindo em chegar ao poder o sindicalista do ABC paulista,
um nordestino retirante, com pouca escolaridade, mas sagaz,
perspicaz e capaz de cativar as massas.
O Brasil já tinha experimentado
toda a sua elite nos governos. Era hora de dar oportunidade
a alguém igual à maioria. Um homem simples saberia
dar honestidade e probidade à administração.
Quem atinge o poder sempre carrega
consigo os correligionários. Não foi diferente
com o sindicalista. A retrospectiva que se faz não implica
em insinuação de quebra do quadro constitucional
vigente, mas é necessário manter acesa a chama
da decência na memória da população,
porque a ela cabe reagir aos atos contínuos de desgoverno
e corrupção que viraram marca registrada desde
que o ex-deputado Roberto Jefferson rasgou os intestinos do
governo mostrando seus excrementos.
Criaram verdadeiros mitos sobre
o movimento que alterou o poder no Brasil de 64. Como eles já
são demasiadamente conhecidos está na hora de
abrir os arquivos do
PC do B, por exemplo, mostrar companheiros "justiçados"
e fuzilados em nome da causa revolucionária, ou quem
sabe escancarar arquivos mais recentes como os do prefeito de
Santo André, Celso Daniel, que caiu em profundo esquecimento.
Afinal o povo brasileiro tem
o direito de saber por que os subversivos de antigamente são
hoje heróis recebendo (ou suas famílias) elevadas
indenizações e/ou salários, com dinheiro
que foi pago pelos impostos coletados dos contribuintes, além
do que estão dispensados do pagamento do imposto de renda.
A sociedade quer a outra face da verdade.
Omissão da mídia
Enviado pelo autor, Interlagos/SP
Por
Pedro Cardoso da Costa, bacharel em direito
4
julho, 2007
Uma organização
não governamental divulgou, recentemente, que os parlamentares
brasileiros são os mais caros do mundo. São quatro,
cinco, seis vezes mais caros do que alguns dos países
ricos, e mais ainda de vizinhos sul-americanos. Essa relação
de mordomia e subdesenvolvimento vem de antes da formação
atual dos estados e tem se perpetuado. Não é novidade.
Novo e estranho foi nenhuma divulgação por parte
da Imprensa. Nenhuma revista semanal, nenhum grande jornal tratou
de assunto tão relevante.
Deveriam ter colocado como discussão
o custo-benefício. Somente o analfabetismo crônico
da população explica por que não há
uma reação veemente contra esse absurdo. Seria
necessária comparação de custo dos parlamentares
dos países desenvolvidos com as questões sociais.
Comparar as benesses dos parlamentares noruegueses, suíços,
americanos com os brasileiros, seguida à mesma proporção
dos serviços sociais que esses países e o Brasil
oferecem aos seus cidadãos.
Comparação maior
deveria ser com relação à segurança,
saúde, educação e moradia. Aí, além
de caros, a conclusão é que parlamentares de terceiro
mundo não trazem nenhum benefício efetivo ao seu
povo.
A discussão deveria ser
expandida para concluir a absoluta desnecessidade de mais de
seiscentos parlamentares federais, mais de mil estaduais, mais
de sessenta mil municipais. Todos recheados de assessores, de
inúmeras verbas, de inúmeros auxiliares, sempre
parentes e amigos em inúmeros cargos comissionados, criados
com a finalidade precípua de colocar mais dinheiro no
bolso de familiares.
As casas legislativas têm
estrutura e mordomias de castelos. Inúmeras comissões,
várias empresas terceirizadas prestando serviço
de dentistas a engraxates. São despesas demais com parlamentares
para produzirem leis dando nome a praças e ruas, mudança
de nomes tradicionais de aeroportos. A mídia em geral
teria papel fundamental para a extinção das mordomias,
trazendo as despesas para o patamar condizente ao desenvolvimento
sócio-econômico do país. Além da
diminuição de parlamentares a dez por cento da
quantidade existente hoje. Isso só traria benefício.
Tão típico no governo
atual, talvez algum pacote financeiro no futuro para salvar
algumas empresas jornalísticas possa explicar tamanha
omissão. Mas a omissão foi generalizada. Talvez
a crie financeira também seja! Não há outra
explicação plausível.
O pequeno príncipe
e o jornalismo
Enviado
pelo autor, Americana-SP
Por Juliano Schiavo, 19 anos, estudante de jornalismo
E-mail:
jssjuliano@yahoo.com.br
27 junho, 2007
O "Pequeno Príncipe",
de Antoine de Saint-Exupéry, traz em suas páginas,
de forma filosófica e poética, uma série
de reflexões. É um livro carregado de emoção,
que nos faz refletir e também nos ajudar a criar comparações
com o mundo em que vivemos.
É possível traçar um paralelo entre esse
livro e o jornalismo atual. Só para exemplificar, pegue-se
uma passagem do livro, onde o pequeno príncipe visita
os asteróides próximos a sua casa para procurar
uma ocupação e se instruir.
"No primeiro planeta, a personagem encontra um rei. O rei
sentava-se, vestido de púrpura e arminho, num trono muito
simples, posto que majestoso.
- Ah! Eis um súdito, exclamou o rei ao dar com o principezinho.
E o principezinho perguntou a si mesmo:
- Como pode ele reconhecer-me, se jamais me viu?
Ele não sabia que, para os reis, o mundo é muito
simplificado. Todos os homens são súditos."
Esse trecho sintetiza de forma bem detalhada o mau jornalista,
ou seja, aquele que se considera um rei, com súditos.
Aquele jornalista que quer ser aplaudido e diz ter em seu alcance
todas as estrelas. Pobre profissional. Mal sabe que por detrás
de sua vaidade e seu falso poder está a sua perdição,
sua ruína e há muitos profissionais
que agem assim.
Jornalista-rei é o que se acomoda em seu trono, vestido
de púrpura e arminho. É aquele que espera pela
informação e não se levanta para ver os
fatos. Se jornalismo é verdade, se é exatidão,
como podem contar a realidade por detrás de seus tronos
sem ao menos olhar, olho a olho, sua fonte?
É a sociedade que mais uma vez sai perdendo perde
a riqueza dos detalhes da notícia, perde a oportunidade
de observar outros ângulos do fato, perde, enfim, a vontade
de continuar lendo tudo é muito parecido, formatado,
sem vida. Falta ao jornalista-rei cair na real e ver que seu
planeta não possui súditos. Essa é a única
salvação.
A influência da música
na saúde mental
Enviada pela autora, Niterói-RJ
Por
Ivone Boechat, poetisa
10
abril, 2007
A música se destaca dentre
as expressões artísticas, desde os primórdios
da narrativa bíblica. No século 6 a.C. Pitágoras
afirmava: A música e a dieta são os dois
principais meios de limpar a alma e o corpo e manter a harmonia
e a saúde de todo organismo.
Nada no planeta escapa
aos efeitos da música. Ela interfere em tudo que se refere
aos seres vivos: na digestão, na produção
de secreções, na circulação sangüínea,
nas batidas cardíacas, na respiração, nutrição
etc...nas inteligências.
O alemão Tartchanoff,
especialista nos fenômenos cerebrais, provou que A
música exerce poderosa influência sobre a atividade
muscular, que aumenta ou diminui, de acordo com o ritmo, o volume,
o estilo, em qualquer atividade.
Os sons são dinamogênicos,
isto é, aumentam a energia muscular em função
de sua intensidade e ritmo. Ou o inverso: a música pode
paralisar. O uso errado da música encurta a vida e, corretamente
usada, ajuda a preservá-la. As batidas cardíacas
podem ser reguladas ou transtornadas pelos sons musicais. O
rock, por exemplo, faz mal à saúde física
e mental e vicia, tanto quanto qualquer droga química.
Um rock-dependente submetido a um tratamento de desintoxicação
mental demora a curar a desarmonia no seu metabolismo.
Já os ritmos harmoniosos
são estimulantes, sedativos, ajudam a recuperar o sono
e fixam a memória. A medicina usa a música na
terapia de: partos, cirurgias, tratamentos dentários
etc. Empresas entretêm pacientes em sala de espera com
música suave, neutralizando a ansiedade.
Médicos de Los Angeles,
EUA, selecionam músicas para relaxar no tratamento de
pacientes com dores. No Brasil, a música já é
usada na recuperação de doentes terminais.
Há muito, sabe-se que
a música estimula a produção no trabalho.
Em restaurantes, ela estimula o apetite, o romantismo, a confraternização,
as comemorações. Nos quartéis, desperta
o espírito cívico. A Bíblia conta, por
exemplo, que o rei Jeosafá usou um grandioso coral e
uma banda de música para intimidar o inimigo (2 Cr 20).
Ganhou a batalha!
Shakespeare dizia que a música:
Presta auxílio a mentes enfermas, arranca da memória
uma tristeza arraigada, arrasa as ansiedades escritas no cérebro
e, com seu doce e esquecedor antídoto, limpa o seio de
todas as matérias perigosas que pesam sobre o coração.
Para cada ambiente, há
ritmos, sons e volumes apropriados. Porém, o volume acima
de 70 decibéis, segundo órgãos internacionais
de saúde, pode causar espasmos e lesões cerebrais
irreversíveis. Mais de 90 decibéis, e o excesso
sonoro e rítmico calcificam parcialmente o cérebro,
bloqueando a memória.
A epilepsia musicogênica
resulta do excesso de ruídos musicais, incluindo convulsões.
A lesão produzida pelo mau uso do som pode até
matar, se a vítima não for adequadamente tratada.
Desde o quarto mês de gestação, os bebês
já podem ouvir. A ansiedade de uma grávida onde
o som ultrapassa limites seguros é percebida e registrada
pelo feto.
Hoje, muitos jovens têm
problemas de audição comuns em idosos, o que explica
o volume exagerado de músicas em festas e cultos. Isso
leva a sons cada vez mais altos. Outros efeitos negativos são
irritabilidade, memória confusa, baixa aprendizagem,
baixa auto-estima, insônia, cefaléia, vômitos,
impotência, morte etc.
Na Alemanha, um estudo revelou
que 70 decibéis sistemáticos de música
causam constrição vascular mortal, se as
artérias coronárias já estiverem estreitadas
pela arteriosclerose. É comum o mal-estar súbito
em pessoas durante festas em que a música é uma
arma. Por outro lado, a música sensibiliza, entusiasma,
fortalece a memória, consola; tranqüiliza, desperta
a atenção, estimula a inteligência.
Nos céus de Belém,
anjos cantaram na noite em que a internet de Deus
se abriu à humanidade e o data-show celestial
revelou as ...novas de grande alegria... (Lc 2.10).
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Música
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"Coisas do Brasil" (variações), de Guilherme
Arantes
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