Enviada pela autora,
Alegrete-RS
9 março,
2008
Embriões congelam sessão
do Supremo
Por Sandra Silva, socióloga
e jornalista
E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br
O pedido de vista do ministro
Menezes Direito durante o processo de julgamento do Supremo
Tribunal Federal, que decidiria sobre as pesquisas com células-tronco
embrionárias, adiou uma das mais importantes e urgentes
questões nacionais. É desalentador que ainda se
precise esperar mais um tempo para oferecer a oportunidade de
qualidade de vida para centenas de brasileiros que estão
guindados a doenças mortais, ou incapacidade física,
e que podem retomar a normalidade de suas vidas através
dos resultados das pesquisas que estão na pauta dos cientistas.
Experiências científicas
trouxeram à civilização ao atual patamar
de desenvolvimento e longevidade. A Idade das Trevas, em que
tudo era pecado, bruxaria e demoníaco esgarçou-se
no tempo. Espera-se que não retorne em pleno século
de tantas luzes.
Os embriões, no entendimento de uma das correntes que
estuda o processo, não têm vida além da
vegetativa, e não tomarão forma humana se não
forem implantados no útero da mulher. Dizer ou insinuar
de que as pesquisas com embriões lembram os métodos
geneticistas de Hitler é outro absurdo. As células
embrionárias podem ter vida, mas não têm
vida humana, coisa que somente se dará após o
acolhimento no útero feminino.
Um paraplégico paulista que foi assistir ao julgamento
no STF, ao ser informado que um dos ministros pedira vista do
processo, atirou-se de sua cadeira de rodas e rastejou no chão
para que os magistrados vissem "in loco" ao que determinadas
doenças reduzem os humanos quando não os matam
prematuramente. A pesquisa com essas células poderá
oferecer a volta dos movimentos para quem os perdeu por acidente
ou doença, a cura do diabetes, do mal de Parkinson, do
Alzheimer e determinados tipos de câncer.
A origem dos embriões
que acabaram submetidos a uma decisão pela Suprema Corte
são sobras de processos de fertilização
in vitro com fins de reprodução. A vigente lei
de Biossegurança (11.105/2005) do país admite
que os exemplares de embriões congelados há mais
de três anos -ou inviáveis para reprodução-
sejam utilizados para fins científicos, desde que tenham
o consentimento de seus proprietários. É criminalizada,
entretanto, qualquer comercialização de material
biológico.
A pergunta que não quer
calar é: se as pesquisas com embriões tiverem
êxito poder-se-á devolver a normalidade para quem
está sob o torniquete da invalidez, de doença
degenerativa ou maligna através de procedimentos rápidos
e indolores? Inviabilizar a possibilidade de sobrevida aos enfermos
não nos parece o caminho mais redentor. Coloquemo-nos
como um indivíduo que apresenta uma dessas seqüelas
ou imaginemos um filho em tais condições, e tentemos
sentir o que é a possibilidade de voltar a ter movimentos
ou exercer as atividades cerebrais normais. Somente experimentando
a pimenta saberemos exatamente o quanto arde.
Enviado pelo autor,
Americana-SP
10 abril, 2007
A morte na mídia
Por
Juliano Schiavo, estudante de jornalismo
O Mapa da Violência dos
Municípios Brasileiros 2008, divulgado recentemente,
demonstra que, embora o índice de assassinatos no Brasil
ainda seja alto, houve queda nos números de 2004 a 2006.
Esse mapa, lançado pela Rede de Informação
Tecnológica Latino-Americana (Ritla), aponta que 50.980
pessoas foram mortas em 2003. No ano de 2006 esse número
caiu para 46.660. É para comemorar? A situação
ainda é vergonhosa...
Desses 46.660 casos de assassinatos,
poucos chegaram à mídia, ou melhor, à grande
mídia, que se preocupa com outras questões. Não
ter representatividade econômica é sinônimo
de não existir para esse quarto poder.
A morte de qualquer homem
me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca
procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.
É o que diz o poeta inglês John Donne (1572-1631).
Se para o poeta a morte de uma única pessoa o diminui,
isso não causa transtornos para o grande segmento que
controla a informação de massa. Pode-se morrer
qualquer um que não seja dos seus. Os sinos da mídia
oficial só dobram para aqueles que pertencem à
classe que a mantêm.
A engrenagem do sistema é forte demais para permitir
que um favelado seja manchete do Jornal Nacional quando é
alvejado por tiros injustamente. Ele só é foco
da grande mídia quando se transforma em seqüestrador
e coloca em perigo os filhos apadrinhados pelo poder, tanto
econômico, quanto social. As lentes objetivas têm
um único objetivo: focar só o que interessa, nada
mais. Morrer e ser notícia, só quando se fez grandes
feitos econômicos. Ao pobre, no jornal, só o anuncio
da funerária quando a têm.
A mídia não está
errada em colocar suas objetivas quando alguém é
vítima de violência. É papel da imprensa
lutar - com o uso da informação, ou seja, sua
valiosa arma - para transformar a sociedade em um ambiente onde
as pessoas possam ser livres e que tenham o direito de andarem
na rua sem serem atacadas por seres abomináveis. O grande
cerne da questão é quando a mídia só
dá voz aos incluídos em seu sistema. Ela acaba
por ser preconceituosa e desvirtua-se de sua luta por uma sociedade
justa.
A única certeza (para
todos) é a morte. Para os que possuem influências,
há ainda o privilégio de estampar o jornal. Se
a morte for trágica, tanto melhor, pois a mídia
gosta de se ocupar com isso. Infelizmente é assim. Sai
no jornal quem pode.
Enviado pelo autor, São
Paulo-Capital
13 janeiro, 2008
A China do futuro
Máquina chinesa
- o perigo amarelo alimentado pelo ocidente...
Por
Luciano Pires, diretor de marketing da Dana e profissional de
comunicação
Alguns conhecidos voltaram da
China impressionados. Um determinado produto que o Brasil fabrica
um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa
produz quarenta milhões... A qualidade já é
equivalente. E a velocidade de reação é
impressionante. Os chineses colocam qualquer produto no mercado
em questão de semanas...
Com preços que são
uma fração dos praticados aqui. Uma das fábricas
está de mudança para o interior, pois os salários
da região onde está instalada estão altos
demais: 100 dólares. Um operário brasileiro equivalente
ganha 300 dólares no mínimo. Que acrescidos de
impostos e benefícios representam quase 600 dólares.
Comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem
praticamente zero benefícios...
Hora extra? Na China? Esqueça.
O pessoal por lá é tão agradecido por ter
um emprego, que trabalha horas extras sabendo que nada vaireceber...
Essa é a armadilha chinesa. Que não é uma
estratégia comercial, mas de poder.
Os chineses estão tirando
proveito da atitude dos marqueteiros ocidentais, que preferem
terceirizar a produção e ficar com o que "agrega
valor": a marca.
Dificilmente você adquire
nas grandes redes dos Estados Unidos um produto feito nos Estados
Unidos. É tudo "made in China", com rótulo
estadunidense.
Empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por
centavos e vendendo por centenas de dólares... Mesmo
ao custo do fechamento de suas fábricas. É o que
chamo de "estratégia preçonhenta".
Enquanto os ocidentais terceirizam
as táticas e ganham no curto prazo, a China assimila
as táticas para dominar no longo prazo. As grandes potências
mercadológicas que fiquem com as marcas, o design...
Os chineses ficarão com a produção, desmantelando
aos poucos os parques industriais ocidentais.
Em breve, por exemplo, não
haverá mais fábricas de tênis pelo mundo.
Só na China. Que então aumentará seus preços,
produzindo um "choque da manufatura", como foi o do
petróleo. E o mundo perceberá que reerguer suas
fábricas terá custo proibitivo. Perceberá
que tornou-se refém do dragão
que ele mesmo alimentou.
Dragão que aumentará
ainda mais os preços, pois quem manda é ele, que
tem fábricas, inventários e empregos... Uma inversão
de jogo que terá o Impacto de uma bomba atômica...
Chinesa.
Nesse dia, os executivos "preçonhentos"
tristemente olharão para os esqueletos de suas antigas
fábricas, para os técnicos aposentados jogando
bocha na esquina, para as sucatas de seus parques fabris desmontados.
E lembrarão com saudades do tempo em que ganharam dinheiro
comprando baratinho dos chineses e vendendo caro a seus conterrâneos...
E então, entristecidos,
abrirão suas marmitas e almoçarão suas
marcas.
Ver
edição anterior
Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Por causa de você"
Nota para a seqüência Midi: ****
Participe
do Jornal
dos Amigos, cada
vez mais um jornal cidadão
O
Jornal dos Amigos agradece a seus colaboradores e incentiva
os leitores a enviarem textos, fotos ou ilustrações
com sugestões
de idéias, artigos, poesias, crônicas, amenidades,
anedotas, receitas culinárias, casos interessantes, qualquer
coisa que possa interessar seus amigos. Escreva para o e-mail:
Se
o conteúdo estiver de acordo com a linha editorial do
jornal, será publicado.
Não esqueça de citar seu nome, a cidade de origem
e a fonte da informação.
Solicitamos
a nossos colaboradores que, ao enviarem seus textos, retirem
as "flechas", isto é, limpem os textos daquelas
"sujeiras" de reenvio do e-mail. Isso facilita bastante
para nós na edição.
Início
da página
www.jornaldosamigos.com.br