Por Roberto Bendia, diretor do Jornal dos Amigos

 
Enviada por Maria Ines, Juiz de Fora-MG
 

Reforma política, uma tese

Estou convicto de que a democracia se faz com educação. Esse pensamento também é do candidato a presidente Cristovam Buarque. E com a educação devemos educar nossos futuros parlamentares e eleitos para cargo do executivo. Tudo se resume em uma carreira política. O alcance para altos postos deverá ser mediante preparo e experiência. A tese é simples. Vamos lá:

Cargo Requisitos
Vereador 18 anos completos, escolaridade mínima 2º grau completo.
Prefeito 24 anos completos, escolaridade mínima superior, ter sido vereador.
Deputado estadual 24 anos completos, escolaridade mínima superior completo, ter sido vereador.
Governador 36 anos completos, escolaridade mínima superior completo, ter sido vereador por dois mandatos e prefeito ou deputado estadual por dois mandatos ou deputado federal.
Deputado Federal 36 anos completos, escolaridade mínima superio completo, ter sido deputado estadual por dois mandatos.
Senado 60 anos completos, escolaridade mínima superior, ter sido deputado federal por dois mandatos ou governador ou presidente da República.
Presidente 47 anos completos, escolaridade mínima superior, ter sido deputado federal por dois mandatos ou governador.
Essa mudança exige que a constituição seja modificada

Bem, não vou explicar o porquê dos requisitos. Reflita e tire suas próprias conclusões. Apenas com relação a idade dou uma pista nos texto a seguir.

Fidelidade partidária é o óbvio. A lei brasileira criou os partidos para, mediante seus programas, chegarem ao poder através de seus representantes eleitos diretamente pelo povo. Mas não é bem isso o que ocorre. Os candidatos são omissos em relação ao programa partidário. Uma vez eleitos, com raras excessões, o que prevalece são suas práticas para enriquecimento ilícito. O "sistema" que vigora nas casas parlamentares favorece. A eleição deveria ser de partidos e não de nomes. O partido apresenta uma lista de nomes em ordem crescente de preenchimento de cargos, de acordo com indicação em assembléia interna do partido. Uma vez que o partido obtenha os votos necessários de acordo com o coeficiente eleitoral, os nomes para ocupar cargos seriam preenchidos por indicação do partido para atuar de acordo com o programa partidário. Caso o parlamentar não satisfaça a orientação da Executiva do partido e do programa partidário, seria imediatamente subsituído, com justificativa pública.

Um outro fato é o tempo de mandato. A minha proposta é que seja de 6 anos, valendo a reeleição, mas com a desencompatiblização total do cargo ocupado no poder executivo, 90 dias antes das eleições. Eleições de 2 em 2 anos: no ano zero eleições para prefeitos e vereadores, no ano 2 eleições para governadores e deputados estaduais; e no ano 4 eleições para presidente, deputados federais e senadores.

O sistema bicameral (Câmara e Senado) deve continuar. O Senado deve ser o poder moderador de tudo o que é produzido na Câmara. Salvo melhor juízo...

Se você tem idéia melhor, apresente-a!!!

PS - Você já reparou nos edifícios do Congresso? O arquiteto teve uma miragem. Imaginou um cocho na roça onde os porcos comem. Depois que se fartam, o cocho é virado de cabeça para baixo. Por isso que para ser senador deve contar 60 anos, por que já se fartou quando deputado e tornou-se filósofo...

Guerra no Líbano

Você concorda que, por causa do seqüestro de dois soldados israelense pelo Hesvolá, Israel iniciou uma guerra fratricida, matando crianças, idosos, cidadãos de bem, destruiu casas, cidades? Que povo é esse mata sem dó nem piedade e covardemente? Aonde esta a ética? Cadê a moral?

Temos que arregimentar forças espirituais para não nos deixarmos sucumbir pelos crimes que estão se tornando banais. Alguém já disse: "se os homens de bem não se rebelarem, o mal triunfará".

Toyota vende mais que a Ford nos Estados Unidos

Segundo o "The Wall Street Journal", a montadora Toyota passou a Ford em vendas no mês de julho e alcançou pela primeira vez a segunda posição no ranking americano. A falta de cuidado com seus clientes e qualidade de seus produtos deve ser a causa da perda da supremacia da Ford. Que digam o proprietários do EcoSport em que o motor caiu...

Pesquisa mensal de emprego do IBGE

Esta coluna é grato ao professor Ricardo Bergamini, de Curitiba, que sempre envia seus estudos.

Em junho, taxa de desocupação ficou em 10,4% e o rendimento sobiu 0,5%. Nesse mes a desocupação, no conjunto das seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre) investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), continuou estável (10,4%). A alta de 0,2 ponto percentual na taxa de desocupação em relação a maio (10,2%) não denota variação estatisticamente significativa, segundo orientação metodológica da pesquisa. Já em relação ao mesmo mês do ano passado, quando a taxa foi de 9,4%, o quadro foi de alta. O contingente de desocupados1 (2,3 milhões) ficou estável em relação maio, entretanto, na comparação com junho de 2005, foi registrada alta de 14,1%, ou seja, um aumento de aproximadamente 289 mil pessoas procurando trabalho.

A pesquisa revelou que, em relação a maio, foi registrado aumento na taxa de atividade (56,8%) de 0,5 ponto percentual. Este avanço na atividade é conseqüência, principalmente, do aumento significativo, observado pela primeira vez este ano, no contingente total de ocupados. Entretanto, o acréscimo no contingente de ocupados ainda não foi suficiente para dar início ao processo de queda na taxa de desocupação. De maio para junho deste ano, foram gerados aproximadamente 170 mil postos de trabalho no total das seis áreas pesquisadas, o que representa um aumento na população ocupada em torno de 0,9%.


›› Especial

Tolerar o intolerável é tornar-se cúplice
Enviada pela autora

Por Marta Guerra, jornalista

30 julho, 2006

É verdade que o mundo tornou-se insensível às tragédias humanas. A distância entre nosso Eu anestesiado pela avalanche de informações, pelo consumismo e pelo comodismo e aquele Outro que sofre exclusão, fome e miséria funciona como um escudo que protege nossa sensibilidade da dor por algo que julgamos fora do nosso alcance resolver. Até certo ponto, isto é um mecanismo de defesa da Vida, porque ela quer viver apesar de tudo o que conspira contra ela. Contudo, há coisas cuja magnitude provoca a penetração para além desse escudo e, se ainda nos resta alguma sensibilidade, exige uma tomada de posição. Porque se o nosso egoísmo nos impede desta tomada de posição, nos impede também de ter dignidade, considerada por Kant como o diferencial dos seres humanos face às outras espécies animais.

A presente situação do Líbano é paradigmática disto. A assimetria de forças e de tecnologia nesta guerra (não digo injusta, porque seria um pleonasmo. Não existem guerras justas) que sob o pretexto de deter o Hezbollah está destruindo toda a infra-estrutura de um pequeno país menor que o Estado de Sergipe e a indiferença do mundo aos efeitos colaterais representados pela morte e pelo êxodo de centenas de civis inocentes, como que legitima a barbárie e o retrocesso da nossa humanidade. O bombardeio do 30 de julho que destruiu um prédio de quatro andares em Canaã que abrigava refugiados na sua maioria mulheres e crianças deve ser este ponto de não retorno para que nos posicionemos ante a barbárie, quando mais não seja, porque se a legitimarmos amanhã poderemos ser suas vítimas.

É fora de dúvida que Israel tem o legítimo direito de defesa. Mas este direito de defesa deve ser exercido dentro de certos limites e sobretudo guardar proporcionalidade com o ataque sofrido. Se o que aquele Estado deseja é a entrega dos dois soldados capturados numa operação militar pelo Hezbollah com o objetivo de troca de prisioneiros, é evidente a desproporcionalidade de destruir todo um país e matar (até agora) mais de 700 civis para conseguir de volta esses dois soldados. Esta desproporcionalidade é por si mesma reveladora de que este pretexto não é o móbile da guerra, mas de que ela está ligada a objetivos maiores, como diz Bush, conectados a outros interesses.

Continuo acreditando que a situação do Oriente Médio só se resolverá SE, e QUANDO, potências estrangeiras alheias ao conflito deixarem de tirar proveito da situação em benefício próprio e às custas de vidas que consideram insignificantes. Em segundo lugar, SE, e QUANDO, todas as partes envolvidas aceitarem um diálogo franco e sobretudo verdadeiro através do qual cada parte reconheça seus erros e aja concretamente de modo a redimi-los. A destruição do Líbano ocorre justamente quando o Hezbollah, o Hamas e o Fatah haviam se mostrado dispostos a reconhecer ao Estado de Israel o seu direito de existir legitimamente, em troca da paz e da demarcação do território palestino como previsto na resolução n° 181 da ONU que criou em 1948 o Estado de Israel destinando-lhe 56% do território Palestino e reservando 44% desse mesmo território para a criação do Estado Palestino.

Estamos em 2006, o Estado Palestino ainda não existe sequer informalmente e pior: sua área reduziu-se a cerca de 20% da partilha original por força das anexações unilaterais praticadas por Israel. Evidentemente, os próprios palestinos já reconhecem que terão de fazer concessões sobre estes territórios ocupados mas exigem que isto faça parte de negociações diplomáticas bilaterais e não que seja imposto pela força. É esta a reivindicação do Hamas e do Fatah e ainda que enquanto pacifistas possamos discordar dos seus métodos, não podemos deixar de reconhecer a justiça do seu pleito.

Quanto ao Hezbollah, ele reivindica apenas a integridade do território libanês e a sua soberania. É por isso que não existem homens-bomba do Hezbollah nem ações dessa organização contra civis fora do território libanês. Fora do Líbano há apenas incursões militares que objetivam resgatar libaneses feitos prisioneiros ou liberar as fazendas libanesas ainda na posse de Israel. É interessante lembrar que Hitler chamava de terroristas os partisans que resistiam à ocupação nazista da Itália e da França. Embora pintados como terroristas, os combatentes do Hezbollah são patriotas que defendem seu já exíguo território, cuja culpa é somente a de ser uma das regiões mais férteis e mais bonitas do Oriente Médio. Além disso, o Hezbollah é também um partido político que integra legitimamente a coalizão que governa o Líbano, sendo responsável por ações sociais no sul daquele país como a criação e manutenção de escolas e hospitais. É por esta razão que conta com o apoio da população por eles beneficiada.

O filósofo francês Michel Foucault diz que as relações de poder não se estabelecem sem a produção, a acumulação, a circulação e o funcionamento de discursos apresentados como verdadeiros. Diz também que a suposta verdade desses discursos é orientada pela vontade de verdade que distorce a realidade para adequá-la ao fim pretendido. Nessa questão do Oriente Médio isto pode ser observado de modo cristalino, pois são os interesses que orientam a imposição de um novo Oriente Médio segundo um desenho e objetivos traçados em confortáveis gabinetes de empresas e governos estrangeiros que usam as populações e as forças armadas daquela região como peças de um sangrento jogo de xadrez para ditarem as regras sujas de um jogo no qual sequer aparecem, muito menos se colocam na mira das armas químicas jogadas no Líbano ou dos katiushas atirados sobre Israel. É essa vontade de verdade que transforma patriotas em terroristas e vítimas em culpados, colocando a verdade ao lado da desrazão e da brutalidade e a razão ao lado da quimera e da maldade.

Esta situação denuncia a patética impotência da ONU frente aos interesses da globalização e exige dos seres humanos que conservam um mínimo de dignidade que se posicionem e façam o que estiver ao seu alcance para denunciar a injustiça desse estado de coisas, exigindo um cessar-fogo imediato e incondicional como condição de possibilidade para qualquer negociação. Porque se não fizermos isto, além de ajudarmos a enfraquecer e deslegitimar a ONU estaremos também sendo cúmplices da barbárie, porque como ensina Comte-Sponville “Tolerar o sofrimento dos outros, tolerar a injustiça de que não somos vítimas, tolerar o horror que nos poupa não é mais tolerância: é egoísmo, é indiferença, ou pior. Tolerar Hitler era ser seu cúmplice, pelo menos por omissão, por abandono, e essa tolerância era já colaboração.”

Domingo, 30 de julho de 2006, dia do massacre de Canaã.

Ver edição anterior


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Sinfonia n° 40 em Sol Menor, K. 550", de Wolfgang Amadeus Mozart
Nota para a seqüência Midi:*****

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Belo Horizonte, 5 agosto, 2006

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