Opinião


Belo Horizonte, 5 maio, 2005


Desarmamento: quem ganha e quem perde
Enviado pelo autor, Rio de Janeiro-Capital

A campanha do desarmamento tem recebido um apoio inesperado por parte da população. Desde seu início já foram recolhidas mais de 300 mil armas, sendo certo que a previsão de se atingir a meta de 500 mil armas seja alcançada até o final da campanha

Por tenente Melquisedec Nascimento,
presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae)

http://tenentemel.blog.uol.com.br

25 maio, 2005

Dados recentes demonstram que os primeiros resultados tem sido alcançados, pois as internações hospitalares relacionadas a ferimentos por tiros caíram 10,5% em São Paulo e 7% no Rio de Janeiro desde o início do recolhimento das armas. Portanto, já se começa a ficar evidente que grande parte da população está ganhando com a campanha do desarmamento. Entretanto, um segmento da sociedade está sendo extremamente apenado com essa campanha: Trata-se dos policiais. Desde o  
início da campanha já morreram, só no Rio de janeiro, 110 policiais. Desde a Portaria 040 do Ministério da Defesa (MD), cuja finalidade foi fortalecer a Campanha do Desarmamento, os policiais se tornaram vítimas de um morticínio inigualável na América. Em 2004 o Brasil teve cerca de 500 policiais mortos, sendo que a Colômbia não chegou a 200. Para se ter idéia do absurdo desses números, de 1854 até 2004 Nova York teve 612 policiais mortos, ou seja, só o Rio de janeiro, em 5 anos, supera essa marca.

As mortes de policiais aumentaram desde a campanha pelo desarmamento, principalmente após a Portaria 040 do MD, devido ao seguinte fator: o policial que até então podia adquirir 600 munições por ano, teve essa quantidade reduzida para 50. Ora, nos EUA os policiais são obrigados a efetuarem 1000 tiros por ano em treinamento. Os Estados da Federação Brasileira não dispõem de recursos para adquirir munições suficientes para submeter seus policiais ao treinamento necessário ao seu bom desempenho profissional, razão pela qual os policiais sempre compraram suas próprias munições e treinaram em estandes particulares.

Só este ano, em quatro meses, já morreram 53 policiais no Rio de Janeiro, 90% deles morreram em folga, deixando claro que seu treinamento é deficitário ao extremo, sendo a limitação de 50 munições ao ano, somado ao alto valor da munição os fatores preponderantes desse despreparo.

Por incrível que pareça, a indústria da munição no país está ganhando com a campanha do desarmamento. A Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), devido às restrições impostas à venda de materiais de defesa no Brasil, passou a focar seu plano de investimentos em projetos que visem à manutenção da competitividade da empresa no mercado internacional. A empresa está investindo US$ 13 milhões no biênio 2004/2005 na expansão das linhas de produção de munições militares destinadas à exportação. As exportações que em 2004 responderam por 50% do faturamento da empresa (R$ 189 milhões), este ano deverão
fechar com uma participação de 70% na receita. Em 2004 as vendas internacionais da CBC totalizaram US$ 34,4 milhões, o que representou um incremento de 25% em relação a 2003. Portanto, com a campanha do desarmamento ganha a indústria das armas e ganha também o Governo Federal em divisas para o país.

Fica patente que os grandes perdedores da campanha do desarmamento são os policiais brasileiros, os quais vêm morrendo devido à carência de treinamento, resultante dos preços exorbitantes das munições e de uma legislação que lhes é extremamente prejudicial, portanto urge o Governo Federal alterar a portaria 040 do Ministério da Defesa, dando
autorização aos policiais para adquirirem 1000 munições por ano, para seu treinamento, bem como reduzir a carga tributária sobre a munição que chega a 50% do valor de mercado, pois para cúmulo dos males uma munição no Brasil custa 16 vezes mais do que nos EUA.


Bela viola
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São Paulo-Capital

“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”

Do editorial do jornal O Estado do Paraná
6 maio, 2005

Não há país nenhum como este, já cantava um dos mais afamados poetas da nacionalidade. Pois é verdade. Basta ver o que faz o ministro Gilberto Gil em prol da cultura brasileira: a reforma e decoração das instalações do seu prédio, na Esplanada.

Gil autorizou as obras no valor de R$ 6,4 milhões, porque o ministério precisa oferecer a seus servidores, e ao próprio titular, ambiente de trabalho e convivência moderno, bonito e aconchegante. Assim, torra-se uma quantia superior ao investimento em sete dos 22 programas gerenciados pela pasta.

O novo visual do Ministério da Cultura, que contará com uma decoração baseada na temática indígena, especialmente no gabinete do astro pop baiano travestido de funcionário encarregado da política pública para o setor cultural, é de dar inveja.

As paredes serão brancas, verdes e alaranjadas, servindo de suporte para fotos, cartazes e telas de artistas plásticos renomados. O destaque vai para as esculturas pré-colombianas em barro, sobre as quais será lançada uma iluminação especial.

Tanto luxo e bom gosto financiado pelo erário, diga-se de passagem, está custando muito mais que os principais programas do Ministério da Cultura para valorizar a identidade, a cidadania e as tradições populares.

Bem se poderia lançar mão do brocardo para definir a estulta atitude de Gil: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.


Precisamos de pessoas corajosas
Enviado pelo autor, Juiz de Fora-MG

Foi muito estranho Jorge Kajuru ter sido tirado do ar ao vivo, durante um intervalo comercial, quando criticava o Governador de Minas, Aécio Neves, durante a transmissão de um jogo das eliminatórias

Por Fernando Agra, economista pela Universidade Federal de Alagoas,
doutor em economia aplicada pela Universidade Federal de Viçosa
e professor universitário
E-mail: fernando.agra@ig.com.br

7 janeiro, 2005

É muito triste observar que a covardia cresce a cada dia que se passa e são poucos aqueles que ousam escrever e falar em nome da justiça. Há aproximadamente seis meses aconteceu um fato muito desagradável na televisão brasileira. O jornalista esportivo Jorge Kajuru foi demitido da emissora onde apresentava programas esportivos. Até hoje, seus telespectadores não sabem ao certo o real motivo de sua demissão. Mais uma coisa é certa, a televisão perdeu um jornalista corajoso que falava o que muita gente tinha vontade, mas por medo ou por interesses próprios, cuvarva-se à covardia da omissão.

Este artigo já para ter sido escrito há tempo, mas sempre é oportuno falar de fatos como o descrito acima. Kajuru sempre foi e sempre será uma figura polêmica, logo há quem goste e quem não goste do seu jeito de ser (sobretudo os gatunos que fazem do futebol brasileiro meio de enriquecimento ilícito). Sempre gostei de o assistir, embora nem sempre concordasse com tudo o que ele dizia. Após assistir a seus comentários críticos e corajosos, todos os demais programas perdiam a graça. Quem gostava de assistir ao Kajuru, não tinha mais interesse em outro programa esportivo apático.

Acredito até que para apresentar certos programas na televisão não precisamos nem de jornalistas e sim de fantoches que saibam apenas ler o que o monitor à sua frente indica. Falta opinião. Falta coragem. Como vi um jornalista dizer, "não existe liberdade de imprensa no Brasil e sim liberdade de empresa". Certas emissoras de televisão tornam seus programas apáticos e nojentos. Apáticos, pois falta opinião. Nojentos, pois as propagandas dentro do próprio programa tiram o direito do telespectador de optar por querer assistir às mesmas ou não e tornam os programas um verdadeiro balcão de negócios, onde se vende até a própria mãe, quando não a alma para o demônio, em busca de seus próprios interesses. Emissoras que em dado momento condenavam verdadeiros gatunos, em outro momento defendia-o ou simplesmente omitia-se.
Apresentadores hipócritas, que muitos duvidam se tais usam sequer as marcas que fazem.

Realmente, temos pouquíssima opção na televisão brasileira para assistir a programas esportivos salvo um Juca Kfuri ou um Avalone. Especificamente com relação à demissão do Kajuru, foi muito estranho o mesmo ter sido tirado do ar ao vivo, durante um intervalo comercial, quando o mesmo criticava o Governador de Minas, Aécio Neves, durante a transmissão de um jogo das eliminatórias, como noticiaram os jornais à época. Além de que algumas especulações foram lançadas na mídia de que uma grande empresa também participou da demissão. O que realmente aconteceu? Os telespectadores clamam até hoje por uma explicação convincente.

Será que a crítica ao Governador foi um dos motivos? E com relação a tal empresa, será que Kajuru tocou em alguma ferida da mesma e esta realmente teve participação? Só torço para que a verdade venha à tona e que alguma emissora séria venha a contratá-lo. Pois precisamos de jornalistas assim, que além de transmitirem a notícia, transmitam sua opinião, questionem o que merece ser questionado e denunciem o que precisa ser denunciado. Sei que os comerciais são fundamentais, sem os quais a emissora não sobrevive, mas ser subserviente aos mesmos e colocar qualquer lixo no ar é um desrespeito aos telespectadores.

A televisão brasileira precisa de uma reformulação. Esta cada vez mais serve aos interesses da classe dominante e somente tem contribuído para alienar ainda mais a população. É a velha e conhecida política do "pão e circo", só que sem pão e muito circo.

Realmente, cortou-me o coração quando soube da demissão do Kajuru, pois foi uma voz que se calou. Eu, como escritor de artigos, já tive vários reprovados por tocar em algumas feridas. Ainda assim, mantenho minha postura e conclamo aos formadores de opinião que ajam sempre com coragem e ética em busca da verdade. Que uma nova emissora inteligente contrate o Kajuru, que apresenta um programa de qualidade e é sinônimo de audiência elevada, pois o cidadão de bem quer gente honesta em frente à TV.

Nota do editor

O jornalista Jorge Kajuru foi contratado pelo SBT e comanda semanalmente (às quartas-feiras, 22h30) o programa "Fora do ar", com a participação das apresentadoras Hebe Camargo e Adriane Galisteu, além do diretor de teatro e cinema Cacá Rosset. Trata-se de um programa de debate com assuntos da atualidade, discutidos com independência. Não existe tema proibido, a pauta é a mais abrangente possível. Um presente para Kajuru pelas aflições que passou. A direção do programa é do jornalista Roberto Gonçalves, egresso das TVs Cultura, Globo, Bandeirantes e Rede TV.


Ongs se dão bem no inferno!
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São Paulo-Capital

ONG é uma empresa que cresce e lucra com os problemas dos outros. Quantos mais miseráveis espalhados pelo Brasil, melhor, pois é possível ganhar uma boa grana com os otários que vivem à míngüa

Por Luís Antônio Giron

Fonte: AOL Fórum
2 maio, 2005

Quando as Organizações Não-Governamentais, mais conhecidas como ONG's, começaram a proliferar no Brasil em meados dos anos 90, as pessoas bem informadas enxergaram no fenômeno uma semente de mudança. Afinal, tratava-se de um movimento social que se desdobrava à revelia de um Estado, cada vez mais omisso em relação à educação e ao bem-estar da população. No início, tudo indicava que as ONG's fariam o papel de fadas madrinhas das vítimas do Estado padrasto. Os antenados estavam enganados, para variar.

Mas como o Brasil não é de carochinha, surgiram ONG's aos borbotões, para todos os usos e finalidades, das mais supostamente edificantes –como educar crianças na periferia das megalópoles miseráveis, substituindo o papel primordial das escolas– às mais bizarras: ong para proteger determinada espécie em extinção, ong para acabar com os buracos do país, ong de rapper, ong para explorar o trabalho escravo dos presidiários. É ong atirando para todo lado. Há até uma ong para blogueiros! Diga aí para o quê ou quem, que tem. São centenas de milhares de idealistas que dizem lutar por causas justas, num aparente novo exército da salvação. As ONG's querem você. Aproveite, pois a liquidação de ONG'sé só até sábado!

O nível de estratificação e capilaridade das ONG's chegou a um ponto que já atinge a vida privada do cidadão. Um exemplo: há poucos meses, um grupo de amigos que costuma se reunir em Campo Limpo, periferia de São Paulo, para um sarau de poesia recebeu a proposta de ser anexado à administração de uma ONG. Assim, a organização obteria recursos e, em troca, a rapaziada poderia ter mais tempo para declamar seus poemas e raps. O pessoal chiou e pôs os ongueiros para correr do sarau.

O fato é que a gente começa a desacreditar na retórica das ONG's, essa de reeducar os desvalidos, de botar criancinhas a pintar barraco com cores berrantes, de restaurar cidades históricas, como Santana do Parnaíba, que se converteu de cidade austera da boca do sertão paulista em festival barroco multicolorido. Não adianta dizer aos meninos que trabalham lá com a ong que Santana não tem nada a ver com Barroco, que eles estão carnavalizando a História, e perdendo tempo. Eles recebem má educação no lugar da educação. Não adianta reclamar. Tudo tem a aparência de seriedade. Eu pareço resmungar sozinho no deserto das boas intenções.

Mas vislumbro uma luz distante, que se aproxima. Está para estrear no fim deste mês um longa-metragem do diretor paranaense Sérgio Bianchi que promete botar lenha nesse assunto. O título é sugestivo: “Quanto vale ou é por quilo’’. Caio Blat e Caco Ciocler fazem parte do elenco. O filme pretende lançar uma bomba atômica de sarcasmo no “mundong”. Bianchi defende a tese de que ONG's não passam de empresas que geram empregos e perseguem o lucro a qualquer custo. ONG, argumenta o diretor, é uma empresa que cresce e lucra com os problemas dos outros. Quanto mais miseráveis espalhados pelo Brasil, melhor, pois é possível ganhar uma boa grana com os otários que vivem à míngua. Isso porque se torna muito fácil para uma ONG obter dinheiro de empresas (que, com isso, aliviam a consciência e posam de boas samaritanas) e do governo sem prestar contas. Ninguém fiscaliza ONG nenhuma.

Talvez Bianchi exagere na dose, certamente existem ONG's “do bem”, fazendo algum trabalho social. OK. Só que isto aqui, Iaiá, é um pouquinho de Brasil, e todo mundo sabe que no Brasil as boas intenções só superpovoam os cemitérios.

Ninguém me tira da cabeça que ongueiro é o contrário de mãe que padece no paraíso. Ser ongueiro é se dar bem no inferno. Se você quer levar vantagem, monte uma ONG (anos atrás houve até um outdoor de celular com a ironia). É fácil. Dê um rolê na periferia, encontre um problema grave (o que não é difícil) e ataque os inocentes úteis, os coitados que vão topar qualquer coisa, porque não têm nada a perder mesmo. Você registra um nome criativo –Arco Íris na Favela, Meninos Sábios ou Manos à Obra, por exemplo–, solicita verbas a empresas e aos governos, e pronto: o dinheiro vem, os pobres aprendem a pintar cerâmica, a dançar jongo ou a improvisar raps de protesto e você está feito. Lavagem total. Onde tem miserê tem gente ingênua e desprotegida. Vamos nessa!

Hoje, as ONG's estão enquistadas no tecido social e prometem metástases as mais monstruosas. Elas não alteram a situação de risco, antes a prolongam. Não tocam no fundo das questões: produzem panacéias. Onde é preciso desenvolver cultura, põem no lugar um placebo enganoso e abjeto. As ONG's ensinam a gente a desconfiar da retórica das boas intenções que os ongueiros exibem na mídia, a pensar duas vezes antes de colaborar, a não acreditar em mais nada, a exercer a desobediência civil. Na liqüidação de ongs que se avizinha, seria bom se a gente pudesse comprar todas elas a preço de banana para tentar começar tudo de novo, em bases sólidas, com lealdade, ação efetiva e amor verdadeiro pelos pobres – que são a grande maioria dos brasileiros... Opa! me peguei falando igualzinho a um ongueiro... Criar ONG's contra as ONG'sé ainda assim gerar uma ONG. Talvez o melhor mesmo seja dar cabo dessas antimães e inventar um jeito mais honesto de fazer o bem, ou de se dar bem.


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Coisinha estúpida"

Nota para a seqüência Midi: ****

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