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Ana Paula Padrão e o jornalismo no SBT
Por Eliakim Araújo, jornalista e locutor
Fonte: Direto
da Redação
18 março, 2005
Uma coisa é certa. Melhorou muito a imagem do SBT na mídia depois do anúncio da contratação de Ana Paula Padrão. A emissora, que tinha virado motivo de chacota pela diuturna intromissão de Silvio Santos na produção dos programas da linha de show, pela queda vertiginosa de audiência de programas como o do Ratinho e o de Adriane Galisteu, voltou à mídia com força total. O nome de Ana Paula surge nas folhas como a esperança de resgate do destruído jornalismo da emissora.
Agora, se Ana Paula vai conseguir impor seu padrão no SBT, isso é outra conversa. Silvio Santos é indiscutívelmente uma figura carismática. Muitas vezes sua intuição deu resultados positivos na programação, mas ultimamente seus projetos e contratações não vinham rendendo o que ele esperava.
Silvio nunca escondeu sua pouca simpatia pelo jornalismo e sua vocação irresistível para a linha de shows. Para ele, telejornal que não dá dez pontos de audiência não serve. E isso, exceção feita ao velho, e até hoje sempre imitado e nunca igualado, Aqui Agora que chegava a 30 pontos em sua época áurea -, ele jamais conseguirá.
Na década de 90, Silvio chegou a ter um jornalismo moderno e vibrante que chegou a incomodar a líder. Com o Aqui Agora, cuja audiência ajudava os índices do TJ Brasil que entrava logo em seguida e, mais tarde, com as duas edições do Jornal do SBT que entravam antes e depois do Jô Onze e Meia.
Aqui vai um pouco de história que o grande público desconhece. Mesmo no auge do sucesso, a emissora de Silvio Santos sempre funcionou com duas redações separadas. De um lado o intocável TJ Brasil, de Boris Casoy que não admite misturar seus repórteres e redatores com outras equipes e, de outro, as equipes do Aqui Agora e do Jornal do SBT. Boris, uma novidade quando surgiu, fazia enorme sucesso, pois representava o anti-galã bonitinho dos telejornais da Globo. Criou bordões de fácil assimilação pelo público que, no fundo no fundo, nada diziam de importante, mas agradavam por dizer exatamente o que as pessoas queriam ouvir. O problema é que Boris não se modernizou. Há quase vinte anos mantém rigorosamente o mesmo formato de quando começou. Trocou o SBT pela Record e nada mudou. Mantém a mesma redação separada, repete as mesmas caretas e as mesmas frases de efeito que já não enganam o público. Pode-se dizer que o apresentador envelheceu junto com o seu noticioso.
Apesar dessa divisão, o SBT conseguiu montar uma competente equipe de profissionais que trabalhavam com prazer, pois não havia praticamente nenhuma interferência da direção no dia a dia da redação. Quando queria agradar ao Poder, Silvio o fazia em suas maratonas dominicais naquela terrível Semana do Presidente, herança maldita dos tempos dos generais.
Mas, Silvio, ambicioso, na busca de índices cada vez maiores, começou a fazer experiências com os horários dos telejornais. Pouco a pouco, eles foram perdendo credibilidade junto ao telespectador e, em consequência, veio a inexorável queda de audiência. Em 97, a pá de cal. Silvio acabou com todo o departamento e manteve apenas o velho e bom Hermano Henning, uma espécie de ermitão da madrugada, para fazer com dois ou três gatos pingados uma imitação grosseira de telejornal. Feito quase só de notas.
A chegada de Ana Paula Padrão pode significar a redenção do jornalismo no SBT. Embora ganhando um salário de grande estrela, ela deve saber que uma andorinha só não faz verão. Precisa ter profissionais competentes ganhando bons salários. Na TV, a política sempre foi a de pagar bem às estrelas que botam a cara no vídeo e uma miséria ao pessoal da retaguarda.
Nessa moeda de troca entre as estrelas da TV, uma Galisteu (salário de 500 mil) vale duas Ana Paula (250 mil). Resta saber o que elas valem para o telespectador, esse sim, a grande vítima ou grande beneficiário com essas contratações milionárias, que, aliás, parece coisa de país rico. Mas isso é assunto para outra coluna.
Por último, e talvez o mais importante, é que televisão é hábito. É preciso tempo para conquistar audiência. Apesar de todas as conhecidas deficiências do Jornal Nacional, é por ele que as pessoas se informam há muitos anos por força da tradição. As perguntas que o tempo vai responder são: terá Silvio Santos paciência para esperar uma mudança de hábitos dos telespectadores, o que pode não acontecer? Será que seu pensamento em relação à importância do jornalismo na programação de TV é o mesmo do passado?
Pois ao contrário do que ele sempre pensou, no conjunto da programação, lucro e audiência não devem ser a prioridade do jornalismo. Jornalismo sério, em qualquer lugar do mundo, é para dar prestígio político e credibilidade a uma rede de TV.
Acontece nas melhores famílias
Enviado pelo autor, Rio de Janeiro-Capital
Jovem rapaz ou marginal delinqüente? Depende da sua classe
Por Gustavo Barreto,
editor da revista eletrônica Consciência.Net
15 abril, 2005
"São Conrado, Zona Sul do Rio de Janeiro, 13 de junho de 2003.
Rubens Sabino da Silva, de 19 anos, entrou num ônibus da linha Piabas-Passeio
em São Conrado e se sentou ao lado de Edilsirlene Ferreira Rocha. Perto
do Vidigal, ele pegou a bolsa do colo da passageira, sem ameaçá-la,
e desceu do ônibus, fugindo em direção à favela.
A vítima pediu a um motoqueiro que perseguisse o rapaz. Quando tentava
fugir, Rubens caiu nas pedras da Praia do Vidigal e se machucou. Um grupo
o ameaçou, mas a polícia evitou o linchamento e o levou ao Hospital
Miguel Couto" [1].
Ator do filme "Cidade de Deus" no papel de Neguinho, Rubens não
ganhou nenhum centavo por sua participação, apesar de todo o
sucesso da produção. Na oportunidade do assalto, sua casa era
a rua, no bairro de Santa Cruz. Sua mãe, catadora de lixo.
A vítima, segundo o jornal O GLOBO de
13/6/2003, não é Rubens, e sim Edilsirlene, que perderia R$
26 e um celular. Certamente esse foi o pensamento de parte da população
que promoveu uma tentativa de linchamento, à época, evitada
pela chegada da polícia. Porque quando o cara é marginal, ladrão,
delinqüente, meliante, ele merece morrer. É uma cena comum numa
cidade dominada pelo medo. Uma vez identificado, o mau elemento deveria ser
julgado publicamente, como na Idade Média, para que se dê uma
lição nessa gente que rouba.
A não ser que você seja Otávio de Oliveira Bandetini, 20 anos, acusado de ser o cérebro de uma quadrilha que deu golpe de R$ 2 milhões em contas bancárias via internet. O GLOBO ONLINE desta sexta (15/4) [2], reproduzindo informação do diário JORNAL NACIONAL, da TV Globo, não considerou Otávio um marginal, ladrão, delinqüente, meliante. No título, ele aparece como um jovem. Diz a reportagem que o rapaz mudou-se para o Rio de Janeiro, após ter sido preso em Minas Gerais e ter ganho o direito de responder ao processo em liberdade.
Sua origem não foi revelada, mas logo que chegou na cidade maravilhosa se instalou no subsolo do flat cinco estrelas de frente para o mar. Sua nova casa será a prisão, juntamente com outras sete pessoas da quadrilha entre elas o pai, um dentista em Arujá, interior de São Paulo. Apesar de um jovem rapaz, é também um ladrão de primeira linha.
Mas, ao contrário de Rubens, o repórter desta vez se preocupou em saber quais são os sonhos de Otávio: "Para o futuro, ele faz planos: diz que vai para faculdade assim que sair da prisão". O próprio líder da quadrilha relata: "Eu vou me dedicar ao máximo. É que eu sou do tipo que eu quero estar entre os primeiros, senão eu não sossego".
Ao contrário de Rubens, não roubava por necessidade. Tinha inclusive acusações nobres: era o cérebro de uma quadrilha, com o belo título de hacker. Isso foi o suficiente para, no lugar de ser linchado, fazer exigências "Só diante do juiz Otávio fala sobre as acusações" e para ser um jovem rapaz que não fez algo tão errado assim, "apenas queria estar entre os primeiros". []
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[1] Ator de "Cidade de Deus" é
preso após furtar bolsa de passageira de ônibus. O Globo, 13/6/2003.
http://www.consciencia.net/2003/07/12/rubens.html
[2] Polícia prende jovem acusado de ser o cérebro de quadrilha
que deu golpe de R$ 2 milhões. JORNAL NACIONAL via GLOBO ONLINE, 15/4/2005.
http://oglobo.globo.com/online/pais/167660184.asp ou http://www.consciencia.net/2005/mes/08/hacker-2milhoes.html
Liberdade de imprensa ou de empresa?
Enviado pelo autor, Rio de Janeiro-Capital
Editor do Le Monde fala a juristas em
evento paralelo ao Fórum Social Mundial
Por Gustavo Barreto, editor da revista eletrônica Consciência.Net
24 janeiro, 2005
Na era da globalização, a liberdade de expressão é um problema central, e não apenas periférico. Essa é a opinião de um dos ícones globais da luta pela igualdade de direitos e pela cidadania, Ignácio Ramonet, que esteve presente no IV Fórum Mundial de Juízes, dia 24, em Porto Alegre.
Para o editor do jornal francês Le Monde Diplomatique, os poderes tradicionais dos países democráticos - leis, governo, judiciário, entre outros podem condenar inocentes e votar leis discriminatórias. Os meios de comunicação e jornalistas costumavam ter a função de denunciar esses abusos. Era o que se convencionou chamar de quarto poder, na verdade um contra-poder, afirmou.
À medida em que se acelerou a globalização neoliberal, no entanto, essa realidade foi mudando sensivelmente. Com o avanço de um tipo de capitalismo que deixou de ser fortemente industrial para se tornar financeiro, surgiram fortes enfrentamentos entre o privado e o público, entre o individual e o coletivo.
Concentração tende a aumentar
Neste cenário surgiram as empresas globais, novas forças que, por sua natureza mundial, superam inclusive governos. E nisso se insere um dos principais problemas da comunicação atualmente.
As transformações na comunicação de massa foram baseadas numa forte concentração dos meios que, cada vez mais, pertencem a grandes grupos midiáticos. E trata-se de uma concentração contínua, alerta, citando o caso da News Corp., do empresário Rupert Murdoch. Ramonet afirmou que diversas corporações também estão preocupadas com a Internet, tratando de ocupar mais este espaço mididático ou o 'quarto meio', definiu.
O francês acredita que houve uma reformulação da organização da comunicação no momento atual. Antes tínhamos a cultura de massas, com sua lógica capitalista, a comunicação como publicidade e propaganda, e a informação, representada pelas agências e pelo que os jornalistas escreviam. Hoje tudo isso se insere numa única esfera, argumentou. Mas há a quarta esfera: a Internet.
Ramonet enxerga o surgimento de novas empresas os gigantes midiáticos - que seriam competentes produtores de símbolos, promovendo distrações de todo o tipo. Neste quadro estão inseridos os desenhos, a indústria fonográfica e até parques como o da Disney. O jornalista avalia que esta influência se equipara ao que Orson Welles chamou de superpoder.
Novas prioridades
No cenário atual, os diversos meios de comunicação perderam importantes referências para dar lugar à lógica empresarial. Não há objetivo cívico nem ético. Não há mais aquele sentimento de corrigir a democracia quando fosse preciso. Não desejam ser o quarto poder, nem o contra-poder. Desejam se somar ao poder estabelecido, para aniquilar com os poderes dos cidadãos, lamenta.
Para avançar na questão, Ramonet pergunta: como resistir? Precisamos nos mobilizar, criando uma força cívica cidadã. É o que eu chamo de 'quinto poder'.
Um dos principais exemplos de meios que fazem uma guerra declarada contra o povo, diz ele, ocorreu na Venezuela recentemente. Diante de uma série de derrotas democráticas, a oposição abriu uma guerra midiática naquele país. Pode-se pensar o que quiser de Chávez, mas está ocorrendo uma clara intenção de manipular as mentes dos cidadãos, numa disputa aberta com o único propósito de manter interesses privados. Os meios de comunicação são os novos cães de guarda da nova ordem mundial estabelecida.
Outro caso exemplar ocorreu na Itália. É um bom exemplo de alguém que, por possuir os poderes econômico e mididático, conseguiu obter o poder político, diz ele, se referindo ao atual primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, que possui seis emissoras de televisão três públicas e três privadas.
O quadro, de qualquer forma, não é novo. O jornal 'El Mercúrio' foi decisivo para o golpe de 11 de setembro de 73, que derrubou [Salvador] Allende no Chile. O mesmo ocorreu com os sandinistas nos anos 70 e o jornal 'La Prensa'. O francês argumenta que a guerra é, na verdade, contra qualquer reforma democrática ou que modifique as estruturas de poder. Por trás da fachada midiática global se esconde a idelogia mundial neoliberal, sustenta.
Resistência e coletividade
Outro desafio que preenche as reflexões do editor é a função dos jornalistas neste quadro perverso encontrado nas grandes empresas. Temos que achar meios para que o jornalista trabalhe em função de sua consciência, e não em função da sua empresa ou de seu grupo.
É difícil resistir de forma solitária. Você sempre corre o risco de ser demitido. É importante ir nas organizações da categoria para atuar coletivamente. É importante também esclarecer ao máximo que tipos de distorções são feitos no meio profissional. O ocultamento de informações é uma das formas sutis de fazer isso.
O excesso de informação também preocupa Ramonet. Há muita coisa envenenada por todo tipo de mentiras e manipulação. É como a alimentação, que costumava ser escassa em alguns países. Com a Revolução Agrícola, a oferta aumentou, mas muitas vezes trazendo consigo contaminação, câncer, enfermidades e até morte. Antes, morríamos de fome. Agora, é muito por conta desta contaminação, compara.
Liberdade de imprensa x liberdade da empresa
Ramonet chegou a comparar algumas sociedades livres com ditaduras. Nos governos democráticos, a informação se multiplicou tanto e se tornou tão abundante que já virou o quinto elemento, depois do ar, da água, da terra e do fogo, diz. No caso, esta contaminação envenena o espírito e intoxica o cérebreo. Ele defendeu uma espécie de ecologia da informação, cujo objetivo seria limpar a informação da maré negra da mentira.
Considerando as regulamentações no setor de comunicações pouco eficazes, Ramonet denfendeu o Media Watch Global, movimento que incentiva o cidadão a fiscalizar a mídia, de forma que as empresas se tornem mais responsáveis. A figura do ombdusman também não agrada ao jornalistas, por considerá-los atualmente muito institucionalizados.
Sou menos favorável às leis, porque se cria essa sensação de que estamos perseguindo a liberdade de expressão. De qualquer forma, diversos países democráticos as possuem, lembrou. Ele considera a recente lei de responsabilidade social na Venezuela bastante razoável. E lembrou sobre a situação na Suécia. Lá, que é uma das melhores democracias do mundo, criou-se uma lei que proíbe a publicidade dirigida às crianças. Elas estão proibidas inclusive de participar dos comerciais, por lei. Ramonet acredita que estas leis servem para proteger os grupos indefesos, que estão mais propensos à manipulação.
Responsabilidade e credibilidade
Ele criticou os grandes grupos midiáticos, que de uma maneira geral defendem apenas interesses particulares. A 'liberdade de empresa' não pode prevalecer ao direito do cidadão a uma informação rigorosa. (...) Além disso, a liberdade de imprensa deve respeitar as outras liberdades, observa. Uma possível saída seria a responsabilidade social destes grupos, com a organização de um controle responsável da sociedade.
Até mesmo os meios audiovisuais, que costumam impactar de forma muito mais forte o público, estão perdendo credibilidade diante da população. Os telejornais nos apresentam as informações numa concepção dramática, sensacional, mas nunca racional. É tudo muito superficial.
"A imprensa escrita perdeu muito. Jornais tradicionais como The New York Times e Washington Post se prejudicaram muito com a manipulação na guerra do Iraque e com os recentes escândalos de reportagens falsas", disse. Ele usou como exemplo caso do jornalista Jason Blair e a recente descoberta de que matérias eram inventadas e passavam pelo crivo da redação do New York Times sem o devido rigor jornalístico.
"Quando os meios perdem a credibilidade, que é a sua principal arma, perdem a confiança do público". Ramonet acusou ainda a Fox News de "estar a serviço dos interesses bélicos e dos histéricos da Casa Branca".
O caso mais recente de manipulação grosseira da mídia internacional foi, segundo Ramonet, o silêncio ou a falta de ênfase em relação à divulgação de documento oficial da Casa Branca reconhecendo que o Iraque não possuía armas de destruição em massa. "Não era a informação do dia, nem da semana, mas foi uma das únicas justificativas da guerra que vitimou milhões".
Ele também atribuiu em parte à mídia ao que chamou de "invenção" do suposto líder iraquiano, Ahmed Chalabi, que mostrou provas da localização das armas de Saddam Hussein e se disse um desertor e, portanto, informante privilegiado. Ele apareceu com essas falsas provas e a imprensa corria para o Pentágono para verificar. Acontece que tinha sido o próprio Pentágono o autor da invenção de Chalabi. Eram duas fontes falsas, uma sustentando a outra, denunciou.
Ramonet lembra que, em relação às recentes torturas cometidas por soldados norte-americanos com a conivêncio de altos escalões do Exército, foram soldados e não jornalistas que denunciaram os abusos. Vivemos hoje num sistema de insegurança informacional. Não há, depois da campanha de meses sobre as armas de destruição em massa, mais nenhuma garantia para o cidadão, observa.
Outro caso comentado pelo jornalista foi o recente esforço do governo espanhol em atribuir ao grupo ETA o atentado terrorista de 11 de março de 2004. [O primeiro-ministro José] Aznar telefonou pessoalmente a todos os diretores de redação à época, que então culparam o ETA. É mais ou menos o que acontece numa ditadura. Só que numa ditadura haveria pessoas que teriam resistido.
Mecanismos do mercado
Outro alvo das críticas do autor foi a espetacularização da notícia, oriunda da concepção mercantilista da informação. Nesse caso, o que conta é a lei da oferta e demanda, em detrimento da coletividade e da função cívica da comunicação.
O mecanismo observado por Ramonet funciona da seguinte maneira: Em vez de vender espaço aos anunciantes, os jornais estão vendendo cidadãos e mentes às empresas. Para isso, dão prioridade às informações fáceis, que podem ser aceitas pela imensa maioria. Em geral, este tipo de informação sem qualidade é gratuita e, por isso, possuem um custo menor para a empresa. É a venda da massa aos anunciantes não propriamente do ponto de vista econômico, mas sobretudo psicológico, resumiu.
Ignácio Ramonet, que foi o primeiro pensador a usar o termo pensamento único - que para o autor era significado de globalização -, afirmou que as empresas possuem uma única lógica (a do mercado) e uma ideologia (neoliberal). Fica parecendo que há uma única resposta, que é produzida pelo mercado. Trata-se da mão invisível, que atinge quase todos os setores, como educação, saúde, economia e outros. É preciso colocar um limite, defende. O enfrentamento fundamental que Ramonet enxerga ocorre entre o mercado e o Estado, o privado e o Público.
Todo cidadão tem o direito a informações corretas. Trata-se também de um bem comum público, não se restringe aos jornalistas. Não pode haver interesses corporativos. E concluiu: Que a liberdade de expressão seja a expressão de uma sociedade democrática. (GB, 24/1 texto sem revisão)
Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Ela disse-me assim",
de Lupiscínio Rodrigues
Nota para a seqüencia Midi: *****
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