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A morte do Diário da Tarde
Enviado por Lúcia Helena Assis, Belo Horizonte-MG
O Diário da Tarde circula na grande Belo Horizonte-MG
Por Roberto Caiafa, jornalista
27 julho, 2007
Ontem, 23 de julho de 2007, foi um dia triste para o meio jornalístico mineiro. Faleceu de causas absolutamente mercadológicas e capitalistas, aos 77 anos, o Diário da Tarde, tradicional jornal de Belo Horizonte. Segundo várias fontes ouvidas nas redações, a causa mortis real teria mais a ver com o surgimento de "jornalecos" de R$ 0,25 na capital do estado.
AQUI e SUPER decretaram a agonia lenta de um jornal que, além de tudo, perdeu mobilidade, não se atualizou e parou no tempo. Sua existência passou a configurar uma dualidade de recursos dentro dos Diários Associados, já que por um pouco mais pode-se comprar o EM, mais completo e sisudo, e por muito, muito menos, pode-se comprar o retalho, a sobra, o simples, o resumão, o cadernão de esportes com mais alguma enrolação de polícia, novelas e TV, sem aprofundamento na notícia, sem pedigree, mas com uma mulher pelada na capa. Os famigerados jornais de 0,25 cents.
E os profissionais demitidos, que se já não bastasse a pequenez do mercado, agora engrossam a fila dos desempregados? Como vai ser? O mercado de Belo Horizonte será remanejado? Quais outras peças do esquema sofrerão mexidas? A lei do medo e do silêncio vão imperar, tal qual traficante que tem a boca do povo da favela na rédea curta? E o Sindicato, a FENAJ e demais sopas de letrinhas com seus cargos e asseclas, sentarão e lamberão as pontas dos dedos?
Que o impresso vive uma crise, causada pela concorrência de novas mídias e suportes, e pelo descaso com o jornalismo analítico e informativo, isso todos nós sabemos e vivenciamos nos últimos 10 anos. O momento é das notícias sobre celebridades, baladas, fofocas, futilidades e badalações. Jornalistas hoje estão mais para apresentadores de atrações sensacionalistas, viraram uma espécie de mestres de cerimônia do show do bizarro, do fake, do chulo. Ou da demagogia, do discurso bonito, dentro de um estúdio com ar-condicionado e ponto eletrônico.
Mas matar uma tradição, coisa cara para nós, mineiros, da forma como foi, em troca de algo raso, fraco e incompleto, é por demais doloroso e enervante. Solidarizo com os colegas que perderam seu ganha pão. Lamentável o desfecho do Diário da Tarde, que foi covardemente deixado para morrer, agonizante, por que não pode concorrer com o preço de 0,25 cents. Sai o bem feito, com equipe grande, que gerava empregos, e entra o resumão, feito por seis, sete pessoas se muito. E o pior, engana-se a população, que acha que está tendo acesso a um jornal, mas na verdade, está tendo acesso a um resumão do pancadão da embromação, um arremedo de notícias.
Nada contra os profissionais que lá labutam, mas não posso aqui calar. Morreu hoje um legítimo veículo de informação, e em seu lugar, crescem e imperam os veículos da desinformação, da alienação e da banalização do saber, da notícia. E pior, estou para me formar para um mercado que só faz encolher e encolher. O que virá agora? O Agora?
Roberto Caiafa, direto da cripta do DT, em choque.
Amealhando lucro político
da desgraça alheia
Enviado pelo autor, Recife-PE
Por Didymo Borges
21 julho, 2007
A oposição não parece
querer dar uma contribuição positiva para a condução
político-administrativa do país. Tão logo aconteceu a
tragédia com o avião da TAM na última terça-feira,
sem que fosse ainda possível qualquer especulação acerca
da causa do acidente, já a caixa de entrada dos provedores Internet
ficaram cheias de mensagens de maus agouros, e incriminando o governo federal
pela tragédia. Uma proclama:
Foi irresponsabilidade!. Outra estabelecia: Liberaram a
pista refeita ainda sem condições operacionais!. Ainda
outra: Foi incompetência demais!. Umas poucas, entretanto,
ponderadamente afirmavam que a chuva, associada com as condições
da pista recém-liberada, provavelmente contribuíram para o resultado
catastrófico do pouso da aeronave.
Só na quinta-feira, entretanto, novos fatos vieram ao conhecimento para uma melhor avaliação das causas do acidente. O Jornal Nacional da Rede Globo noticiou que o avião estava com defeito mecânico num dos reversos (o sistema de retro-propulsão utilizado no pouso para frenagem da aeronave). Aí os que festejavam os ganhos políticos com a tragédia silenciaram. Ora, afinal haveria causas a serem apontadas que isentariam o governo da responsabilidade e não se ganharia com a exploração do desastre que ceifou a vida de quase 200 pessoas. E finalmente, um outro dado importante foi divulgado nessa sexta-feira: inspeção por técnicos em aeronáutica deu evidências de que aparentemente as condições da pista não foi motivo contribuinte para o avião ter explodido ao ser lançado sobre uma edificação da própria empresa TAM. Mais outra constatação a aliviar a carga contra o governo. Finalmente, para silenciar as cassandras do mau agouro em busca do lucro com a desgraça alheia, veio ao conhecimento público o depoimento de um especialista em segurança de vôo: "apesar do que diz as instruções de operação do fabricante da aeronave, o defeito do reverso que foi desativado pela transportadora TAM pode, in extremis ter determinado ou ter contribuído para o fatídico acidente".
A julgar pela reação da oposição no episódio das vaias ao presidente da República no Maracanã, e na pronta reação no caso da tragédia com o Airbus da TAM, existe uma disposição para detratar o governo, de criar factóides contra as ações governamentais (como no caso das obras de transposição do rio São Francisco), de explorar fatos para ganhos políticos e de estimular animosidade contra o governo petista. Mas as evidências dos fatos acabam por trazer à baila a verdade. Afinal, na abertura dos Jogos Panamericanos as vaias ao presidente Lula foi resultado de uma traquinagem orquestrada por asseclas do prefeito César Maia que, naturalmente, negou sua responsabilidade no episódio. E, no caso do acidente com o avião da TAM as evidências que isentam o governo de responsabilidade na tragédica acabam aflorando a medida em que se sabe mais sobre o incidente que enlutou a tantas famílias brasileiras.
Referências do articulista
A mídia aproveita-se da fogueira
Como sempre, todos contra o governo, na busca sôfrega
de uma crise. Tudo serve, até a tragédia de Congonhas
Por Mino Carta
Fonte: Carta Capital
Renan e FHC
Um colunista da Folha de S.Paulo afirma na primeira página que o nome certo da tragédia de Congonhas é crime. E o criminoso? Obviamente, trata-se do governo do ex-metalúrgico alçado a uma função superior às suas forças.
Creio que, antes de um julgamento final, seria oportuno apurar com precisão as causas do acidente, como de resto convém à prática do melhor jornalismo. Mesmo assim o colunista propõe a seguinte manchete: Governo assassina mais de 200 pessoas.
É inegável, isto sim, a omissão governista em relação à insegurança do Aeroporto de Congonhas. Todos o sabemos mal situado e pessimamente usado. Em outros países, aeroportos como o paulistano ou foram suprimidos ou destinados a operações de porte restrito.
Se Congonhas, pelo caminho oposto, cresceu em pretensão e alcance, isto se deve, em primeiro lugar, ao lobby das companhias aéreas, à prepotência da Infraero e à condescendência da Anac que não encontraram a devida resistência do governo, quando não a firme intervenção para pôr as coisas no lugar certo.
Reconheça-se que Lula tem sido leniente em relação a interesses diversos que não coincidem em absoluto com aqueles do País e do seu povo. A capa de CartaCapital da semana passada aponta omissões e concessões recentes. Não sei porém se a indignação do colunista da Folha seria igual se, nas mesmas circunstâncias, o presidente fosse algum tucano DOCG (denominação de origem controlada e garantida). Digamos, Fernando Henrique, ou, melhor ainda, José Serra. Tudo serve na busca sôfrega de uma crise.
Neste rumo a mídia malha a situação e poupa a oposição, com empenho e desfaçatez dignos da medalha de ouro, recordista mundial. E me permito contar um episódio que remonta à segunda 16, e que não foi registrado por jornal algum, ou por qualquer órgão midiático.
O governador do Paraná, Roberto Requião, naquela tarde visita o presidente Lula no Palácio do Planalto, para um encontro como de hábito cordial. Em seguida, o governador, em toda a sua corajosa imponência, dirigi-se ao Comitê de Imprensa do próprio Palácio.
Requião tem sido um dos alvos preferidos dos ataques da mídia. Suas relações com os jornalistas são tensas, mas ele não hesita na provocação, e pergunta por que, em outros tempos, vocês não falaram do filho de Fernando Henrique? Mais um rebento fora do matrimônio, como no caso de Renan Calheiros. A aventura de FHC, do conhecimento até do mundo mineral, é anterior à sua primeira eleição em 1994, e a jovem brindada pelos favores do príncipe dos sociólogos foi mais uma jornalista em atividade em Brasília, Miriam Dutra.
A pergunta de Requião deixa os credenciados do comitê entre atônitos e perplexos. Alguém balbucia que a comparação não cabe, os casos são diferentes. Impávido, o governador ergue o sobrolho e clama: Por quê? Logo explica: Quem sustentou o filho do ex-presidente foi, desde o nascimento, uma empresa privada, a Globo da família Marinho.
A bem da tranqüilidade familiar de FHC, e do seu desempenho na Presidência, Miriam Dutra e seu filho foram enviados ao exterior, no resguardo. Consta que voltaram para o País faz pouco tempo. Fez-se o silêncio no comitê, e o governador se foi, a dar risadas.
Agora, sou eu quem pergunta: alguém leu, ou ouviu, relato desse episódio? E então, volto à carga: qual é o país do mundo que se diz democrático, e goza de liberdade de expressão, onde um governador de estado, ou qualquer figura pública importante, fala de um ex-presidente da República igual a Requião, diante de uma matilha de perdigueiros da informação, e a mídia fecha-se em copas? Não conheço outro, além do Brazil-zil-zil.
* * *
Tragédia em Congonhas - causas
Para a TAM, avião pode pousar com
defeito no sistema de freios
O Airbus-A320 teve problema, 4 dias antes do acidente que
provocou a morte de 196 pessoas, no reversor do lado direitoNo acidente do Fokker-100 da TAM em 1996, as investigações
apontaram problemas no reversor direito como principal causa
Fonte: Folha de S.Paulo
20 julho, 2007
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Airbus-A320 que se acidentou na terça-feira em Congonhas, provocando a morte de pelo menos 196 pessoas, voava com um problema mecânico detectado quatro dias antes.
A TAM soube na sexta-feira de um defeito no reversor -que auxilia a frenagem- do lado direito do avião prefixo PT-MPK. Ela decidiu, então, pela lacração do equipamento e liberação da aeronave para funcionar com esse instrumento operante só do lado esquerdo.
A companhia aérea diz que os manuais da Airbus autorizam que se continue voando nessas condições durante dez dias.
No acidente do Fokker-100 da TAM em 1996, que
matou 99 pessoas, as investigações apontaram problemas no reversor
direito como principal causa.
Oficiais da Aeronáutica também afirmaram que a mesma aeronave
que se acidentou na terça tinha enfrentado dificuldades para pousar
em Congonhas na véspera devido à pista escorregadia -assim como
pelo menos outras quatro, incluindo uma da Pantanal.
O avião, na ocasião, vinha do aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. O "Jornal Nacional", da TV Globo, diz que a aeronave parou quase no final da pista. A TAM diz que nenhum incidente grave foi relatado.
Especialistas ouvidos pela Folha dizem que a falha no reversor potencializa os riscos quando associada a outros problemas, como a pista escorregadia de Congonhas. Para eles, só a falha mecânica não causaria um acidente desse porte (leia texto na C 3).
Pista contaminada
Ruy Amparo, vice-presidente técnico da TAM, disse ao "JN" que os manuais da Airbus permitem que a empresa libere a operação da aeronave por dez dias mesmo que os dois reversores estejam inoperantes.
Em seguida, afirmou que "não há alteração de performance" da aeronave sem esse sistema, "exceto em pistas muito contaminadas". Amparo afirmou que as pistas contaminadas seriam "embaixo de chuva muito forte", mas que esse "não era caso declarado" em Congonhas no dia do acidente.
Segundo ele, esse avião foi investigado três meses antes do acidente e não foi constatada "nenhuma pane significativa", que poderia "alterar os padrões de vôo significativamente".
Em nota divulgada ontem à noite, a TAM admitiu a desativação do reversor direito do Airbus depois do defeito constatado no dia 13. Afirma que tudo foi feito em condições previstas pelos manuais de manutenção da fabricante Airbus e aprovado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
O comunicado diz que esse procedimento "não configura qualquer obstáculo ao pouso da aeronave" e que essa informação foi dada pelo presidente da empresa, Marco Antonio Bologna, e pelo vice-presidente técnico, Ruy Amparo, em entrevista coletiva anteontem.
Na entrevista, Amparo, ao ser questionado se poderia ter ocorrido problema semelhante ao do acidente de 1996, afirmou: "O reversor direito estava travado, em condições previstas dentro das normas desse tipo de avião e que não coloca qualquer obstáculo ao pouso previsto em Congonhas".
Já Bologna disse que "os manuais da Airbus mostram que reversor não era requerido para este pouso".
Na nota, a TAM diz que "a empresa reafirma que não teve registro de qualquer problema mecânico neste avião no dia 16 de julho [segunda-feira]" e que, conforme dito na entrevista coletiva, a aeronave "não tinha registro de nenhum problema de manutenção anterior".
Os relatos recebidos pelo Comando da Aeronáutica e pela Anac reforçaram a possibilidade de que a principal causa do acidente tenha sido a falha mecânica do Airbus.
A Aeronáutica confirmou que a imagem filmada do pouso em Congonhas registra um "clarão" na turbina esquerda do jato e acrescentou dados à informação de que uma turbina estaria impulsionando a aeronave para a frente (como em procedimento de decolagem) e outra para trás (de pouso) -e daí a virada do avião para a esquerda antes da colisão.
O piloto, segundo essa hipótese, pousou normalmente, mas uma das turbinas não resistiu à grande elevação de potência exigida para frear.
Com isso, teria havido uma "explosão
do compressor", gerando um clarão ou, como definiu José
Carlos Pereira, presidente da Infraero, uma "fumaça forte"
no lado esquerdo.
Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Hoje",
de Taiguara
Nota para a seqüência Midi: ****
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