É preciso botar esses estrangeiros no seu lugar!
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São Paulo-Capital

Por Cláudio de Moura Castro

Fonte: Associação dos Engenheiros do ITA
9 março, 2005

O jovem professor esbravejava de raiva, "Absurdo! Onde já se viu um país sério onde se permite que a congregação da faculdade delibere apenas usando a língua inglesa. Em meu próprio país, se eu quiser ser ouvido pelos demais professores tenho que aprender inglês!".

De fato, neste simpático país dos trópicos havia esta anomalia lingüística, contrariando todas as leis locais. Mas isso até era o de menos, diante da maneira pela qual se havia instalado aquele curso superior. Somente a força dos militares que estava por trás de tudo explicaria tamanho rol de irregularidades. Segundo muitos -dentre os quais se incluía o nosso zangado assistente- era o cúmulo do entreguismo.

Os milicos trouxeram dos Estados Unidos um professor e deram a ele carta branca para contratar quase todos os outros professores no exterior. Noventa por cento dos professores titulares foram contratados no estrangeiro. E mais, pagos regiamente em dólar, o que já era proibido no país desde a Constituição de 1830.

O caso dessas contratações foi parar nas mãos de um jovem procurador que ficou horrorizado com as arbitrariedades dos militares. Pior, quando foi ler o contrato descobriu que havia uma cláusula recisiva em favor do tal professor americano. Essa permitia a ele cancelar seu contrato, bem como os de todos os demais, se a seu juízo houvesse uma queda na qualidade do ensino. E o cancelamento seria unilateral, pois continuariam a receber seus salários, mesmo de volta aos países de origem.

Diante do parecer indignado do jovem advogado, os militares chamam-no para uma entrevista. Chave de galão? Boa conversa? Nada disso, o advogado convenceu-se do sonho dos idealizadores do tal projeto. Passou então a buscar uma forma legal para pagar os gringos e para comprar equipamentos no exterior, sem as formalidades das licitações públicas. Apaixonou-se tanto pelo projeto que virou professor da instituição.

No cotidiano da escola, os gringos sempre foram mais bem tratados do que os da terra. Brigam no fundo do quintal duas esposas de professores. Uma delas é mulher de um capitão. A outra é mulher de um professor americano. A origem da briga já foi esquecida, talvez um cachorro que estragou o jardim do vizinho, mas o caso termina no gabinete do coronel diretor. Percorrendo o anuário militar com os nomes de capitães exclama: "Muitos, pois não? Mas quantos professores neste país são capazes de ensinar a matéria do americano? Nenhum? Ora, então diga a sua mulher que agüente firme ou faça as pazes com a do americano".

Em outra ocasião, um estrangeiro foi surpreendido no seu gabinete com uma secretária no colo. Os defensores da virtude e do pudor irrompem na sala do diretor. Mas o argumento é o mesmo: "Temos algum melhor para substituí-lo? Não? Pois então, que o intendente providencie uma segunda cadeira na sala do professor, para que a moça não tenha que se sentar no seu colo".

Para a satisfação e contentamento de muitos, este país finalmente conseguiu cortar o mal pela raiz: foi enormemente dificultada a contratação de professores estrangeiros. Ponto parágrafo. Era preciso botar estes gringos no seu lugar!

Mas vamos dar nomes aos bois.

Quando o reino de Castilha precisou de tecnologia e de um bom comandante para suas expedições, contratou o estrangeiro Cristóvão Colombo.

Quando o Japão precisou de técnicos estrangeiros no fim do século passado, não relutou em pagar-lhes mais do que a seus ministros.

Quando acabou a Segunda Guerra, os Estados Unidos se abasteceram de quantos cientistas havia soltos na Europa. Somente nos últimos anos, os prêmios Nobel concedidos para os Estados Unidos passaram a ir para americanos natos. A geração dos imigrantes predominou por muitas décadas na lista dos agraciados. Permanece hoje em virtualmente todos os países desenvolvidos a mais completa liberdade de contratação de estrangeiros nas universidades (eu mesmo por pouco não viro professor titular em uma universidade na Califórnia).

Sem os asiáticos, os departamentos de engenharia das universidades americanas desabariam. O mesmo se daria com certas áreas cientificas de universidades inglesas e francesas. Mas o Brasil tenta pôr os estrangeiros no seu lugar, isto é, fora da universidade, desencorajados de contribuir para a nossa ciência e tecnologia.


Leitura e educação
Enviado pelo autor, Mandaguari-Paraná

Exclusivo para o Jornal dos Amigos

Por Walter Domingos, escritor

Desde a criação da escrita que muitas das atividades humanas foram facilitadas e tiveram oportunidades de expandir com maior rapidez. A dinâmica dos fatos sociais, econômicos, políticos e culturais, passou a exigir cada vez mais criatividade, conhecimento e compreensão, em especial daqueles que têm a responsabilidade de fazer acontecer nessas áreas e nos meios de comunicação que hoje exercem papel fundamental em todas as sociedades.

E a comunicação, embora exista de formas variadas, seu núcleo é a fala escrita e oral. É a linguagem verbal ou não verbal, que constrói a mensagem e desperta o leitor, ouvinte ou expectador para o ato de refletir, intepretar e entender.

O ato de ler é, sem dúvida, o mais importante na recepção da comunicação. Uma reportagem, uma crônica, um artigo de jornal ou revista, um poema, uma carta, um romance de qualquer gênero...Toda leitura é o melhor de informar, formar...educar.

Observações realizadas em crianças que adquiriram desde cedo o hábito de ler, mostram que estas são ótimas alunas, não apenas no sentido de alcançar boas notas nas provas, mas também, em escrever textos objetivos, com coerência e coesão, em criar mensagens inéditas, em saber dialogar melhor e lógico amprendem com muito mais facilidade.

É evidente que a leitura é a grande responsável pela educação, pois os conteúdos escolares estão nos livros. Quem quer aprender deve ampliar o que foi ensinado em sala de aula, lendo, pesquisando, interpretando, ampliando horiizontes. Por isso, se realmente quisermos melhorar a qualidade de nossa educação (um dos maiores problemas silenciosos do país ao longo de sua história, agravado nas últimas décadas), temos que incentivar a leitura, ofercer oportunidade de acesso aos livros, desde os primeiros anos de vida da criança. Para isso urge cuidar de alguns pontos essenciais, tais como: qualidade e custo da literatura colocada à disposição de nossas crianças, adolescentes e adultos, adotando novos métodos de abordagem para a motivação da leitura.

Este é um assunto que não se esgota em alguns artigos. Continuaremos oportunamente.


Educar para estabelecer transações
Enviado pelo autor, Rio de Janeiro-RJ

Cada pessoa contribui em uma determinada atividade
considerando suas qualificações, e cada organização supre uma produção considerando sua missão empresarial

Marcelo Henriques de Brito, administrador de empresas, engenheiro, Ph.D., diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e autor do livro "Crise e Prosperidade Comercial, Financeira e Política"
E-mail: probatus@probatus.com.br

21 de dezembro, 2004

Ao vivermos em sociedade, trabalhamos em equipe e precisamos estabelecer trocas, mesmo quando não percebemos isso de imediato. Ninguém se supre de tudo de que necessita. Quem produz, simultaneamente, para si mesmo: vestuário, alimento, energia elétrica e opções de lazer? Cada pessoa contribui em uma determinada atividade considerando suas qualificações, e cada organização supre uma produção considerando sua missão empresarial. Cada um procura estabelecer, posteriormente, relações de troca para obter o que não produziu.

Embora possam existir condições de demanda para as quais não há uma correspondente oferta, não é plausível supor que a simples existência de uma oferta crie uma demanda. Considerando que uma oferta de qualificações profissionais não gera necessariamente uma demanda correspondente, é complexo sugerir o que deve ser ensinado e aprendido.

Exemplificando: uma pessoa numa região assolada pela seca deve receber que tipo de formação? Não é, de fato, uma solução educá-la para ir morar em outro local. Assim, que tipos de formação profissional evitariam o êxodo e até estimulariam o desenvolvimento da região? Sem desmerecer a importância da educação, formação e treinamento profissional, estes programas não bastam para integrar excluídos ou evitar a exclusão, especialmente se consistirem em fornecer informações a serem acumuladas, sem aplicação direta nas suas vidas.

Educar pessoas só contribui para a sua integração social quando elas compreendem o que está ocorrendo à sua volta, conseguem ter flexibilidade para se adaptar às circunstâncias e podem contribuir para gerar transações aceitas pela sociedade. Um governo deve, sim, prover educação para a população, mas é preciso ser pragmático e verificar antes a probabilidade daquela educação favorecer a prosperidade tanto da pessoa quanto de sua comunidade.

A peça "Pygmalion" de George Bernard SHAW fomenta essa discussão sobre a capacidade da formação pessoal contribuir para a inserção e ascensão social, além de fornecer um exemplo do risco de investimentos em educação e formação profissional, conforme discuto com detalhe no meu livro "Crise e Prosperidade Comercial, Financeira e Política" (Probatus Publicações). Resumidamente, a trama da peça mostra o empenho da personagem Eliza em receber aulas de boas maneiras a fim de ser uma vendedora em uma loja, ao invés de vender flores na rua. Já o Professor Higgins aceitou a aposta de que ele poderia transformar Eliza em uma dama, sem entretanto se preocupar com as conseqüências desta transformação.

Ao dispensar Eliza por considerar que o seu treinamento estava encerrado, o Professor Higgins chegou a sugerir, de forma hipócrita, a uma Eliza atônita com o seu futuro, que ela poderia ter sua própria loja de flores se obtivesse um apoio financeiro. Admitindo que o mercado comportaria mais uma loja de flores, a Eliza empresária, além de apresentar uma capacidade empreendedora, teria que adicionalmente obter crédito financeiro, o que nunca foi facilmente acessível a pessoas pobres em nenhum lugar do mundo. Por outro lado, não se pode ter a certeza que a educação dada a Eliza pelo Professor Higgins foi adequada para formar uma vendedora qualificada e com perfil para ser uma assalariada.

Assim, os alunos devem receber um aprendizado útil para o seu sustento pessoal; para o seu desenvolvimento pessoal; e também para o funcionamento da sociedade com suas transações. Por isso, todos devem ter sempre em mente que o resultado de suas atividades profissionais deve contribuir para favorecer transações, o que é mais amplo do que simplesmente verificar se o trabalho têm "aplicação prática", se o assunto é "interessante" ou, ainda, se é fácil "ganhar dinheiro". Aquele que investe em sua própria formação deve avaliar criteriosamente se seu esforço, investimento financeiro e alocação de tempo ampliarão sua probabilidade de participar de transações na sua sociedade.

Quem investe na sua própria educação corre riscos calculados sobre o seu futuro com provável ambição, auto-estima elevada e ilusão sobre as reais probabilidades de sucesso, já que supõe que terá a sorte de usufruir os ganhos que, aparentemente, serão muito promissores. Quem tem este perfil, com autoconfiança bem acima da média, na realidade é um empreendedor arrojado, que se lança em empreendimentos nos quais as perspectivas de ganho são enormes, porém os premiados são poucos, tal como se observa numa "corrida pelo ouro". São exemplos mais recentes sobre a incerteza de investimentos na formação profissional, como forma de obter remuneração financeira e projeção social, a disputa por vagas em cursos superiores de informática na década de 1980 e a competição para aprender a usar a internet na década de 1990. Vários profissionais se iludiram, pois os esforços não corresponderam às expectativas, embora houvesse alguns grandes felizardos.

Diversas instituições de ensino divulgam, de forma sutil (às vezes nem tanto), que participar de seus cursos seria um investimento seguro no êxito profissional; no mínimo afastaria a ameaça do desemprego. Todavia, tal segurança não existe, como tudo na vida. Nem sempre são oferecidas oportunidades para a população em idade ativa usar o que aprendeu e vivenciou em prol de transações benéficas a todos. Existem vários profissionais experientes desempenhando atividades muito simples, o que representa uma perda do investimento que o profissional e a sociedade fizeram em educação e desenvolvimento profissional.

A importância do acaso na trajetória profissional foi apontada pelo Blaise PASCAL ao afirmar que "a coisa mais importante em toda a vida é a escolha da profissão; o acaso faz esta escolha". Indiscutivelmente, a falta de sorte e a ausência de relações pessoais podem impedir alguém de encontrar um emprego ou ser um empresário de sucesso, mesmo que esse profissional tenha condições de trazer benefícios a várias organizações. O supracitado "acaso de PASCAL" pode impedir alguém de realizar sua vocação e forçá-lo a exercer outra profissão. Todavia, deixar de investir, de forma continuada, na própria formação pessoal e profissional é, provavelmente, pior do que não fazer nada.

Terá de ser contínuo o esforço para ficar em sintonia com as condições vigentes na sociedade, o que inclui manter-se atualizado sobre métodos de trabalho e atento para demandas no mercado. Este esforço permanente faz parte da eterna busca pelos momentos de felicidade, quando o indivíduo com sucesso tem a percepção de uma perfeita sintonia com o ambiente no qual está inserido, sendo possível estabelecer trocas de bens, serviços ou idéias de interesse de todos.


Geniozinhos ainda bebês
Enviada por América Oliveira, Belo Horizonte-MG

Método estimula potencial de aprendizado das
crianças desde os primeiros meses de vida

Fonte: Jornal de Brasília
6 junho, 2004

Eles não sabem nem falar, mas já conhecem cores, números e mestres da música como Mozart e Beethoven. Na aula de artes, não aprendem a desenhar montanhas, sol ou o arco-íris. São apresentados a obras de Athos Bulcão, Van Gogh e Leonardo da Vinci. Assim é a rotina das crianças no Centro SEI de Inteligência Infantil, uma escola no Lago Sul que tem uma proposta educacional diferente. O centro aplica o método desenvolvido na década de 50 por Glenn Doman, fundador e presidente dos Institutos para o Desenvolvimento do Potencial da Filadélfia (EUA).

A idéia é fornecer estímulos para permitir que as crianças de zero a seis anos consigam progredir mais rapidamente e com qualidade. Os bebês, por exemplo, têm memória fotográfica de dar inveja a muito marmanjo. Se bem estimulados, são capazes de reconhecer 99 imagens em 100, aos seis meses. Precisando apenas de um segundo para acessar cada lembrança. Isso porque, é nessa idade que o cérebro do ser humano mais se desenvolve – aos seis meses, mede 25 cm; com dois anos, dobra de tamanho; e com 21 anos tem apenas cinco centímetros a mais, medindo 55 cm.

Ao sair da maternidade, o cérebro do bebê já possui cerca de 100 bilhões de neurônios e aproximadamente duas mil ligações neuronais. Número que é igual para todo mundo. Leva vantagem quem formar mais redes durante os três primeiros anos de vida. "Quanto mais informações forem passadas, melhor vai ser para a criança. As células se multiplicam e os neurônios se ramificam trazendo mais caminhos para que os dados sejam passados rapidamente", explica a pianista Anna Demathei, que há cinco anos trouxe o método americano para o Brasil e ensina 60 crianças.

Não é por menos que os alunos do Centro SEI passam pela pré-alfabetização aos 2 anos, aprendem a ler aos 4 anos, e, aos 6 anos, escrevem cursivamente. São pequenos prodígios como Larissa de Souza Zeredo, de seis meses, que já sabe Matemática. Quando a professora pede para apontar o número correto, ela não hesita. E o mais impressionante, nunca erra.

Valenthina Lucas de Paula Aureliano, 4 anos, é aluna da escola há apenas cinco meses e já conhece as letras e números, inclusive em inglês. "Já sei contar até muito e sei ler um pouco", resume a garota. Ela foi a personagem principal do musical apresentado pelos alunos da escola em homenagem ao Dia das Mães. No CD gravado com composições da professora, Valenthina interpretou "Patinho Feliz", a faixa 17.

Apesar do desenvolvimento impressionante das crianças, Anna Demathei enfatiza que a idéia não é formar gênios. "Eles ficam com o QI mais alto, é verdade. Mas não são superdotados. São crianças normais que gostam de brincar como qualquer outra", esclarece a professora. O segredo, segundo Anna Demathei, é fazer com que eles gostem de aprender e vejam a escola como prazer, e não como obrigação.


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Joana francesa" de Chico Buarque
Seqüência Midi: Ricardo Peculis, Maninha e Marcos Borelli
Nota para seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 12 março, 2005

Educação