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A teoria da relatividade
Enviado por Henri P. Pach

Por Luciano Pires, jornalista
www.lucianopires.com.br

Um dos filmes que mais causaram impacto em minha vida foi "Em algum lugar no passado", com Christopher Reeve, uma história de amor lindíssima, em que um escritor apaixona-se pela foto de uma atriz dos anos vinte. Uma paixão tão avassaladora que ele acha uma forma de voltar ao passado para encontrar a moça e viver uma história de amor emocionante. O filme é lindo, a trilha sonora é fabulosa e o tema, instigante: viajar no tempo.

Quando Albert Einstein anunciou a sua Teoria da Relatividade, em 1905, viajar no tempo -pelo menos em teoria- deixou de ser algo impossível. Pois outro dia observei uma foto de um grupo de amigos na reunião de comemoração de 30 anos de minha formatura no colégio.

Olhei aqueles senhores de cabelos brancos, gordos e carecas e imaginei o que aconteceria se a foto pudesse ser vista por eles quando tinham 16 anos. Já pensou? Você poder ir até o futuro e olhar onde estará, que rumo sua vida tomou? Imaginei então uma situação interessante. Alguém inventa uma máquina do tempo. E vai testar. Escolhe uma data aleatória -1989, por exemplo- e aperta um botão. A máquina traz para o presente ninguém menos que Luis Inácio Lula da Silva. Aquele de vinte anos atrás. Lula chega meio zonzo:
- O que é isso, companheiro?

Sem entender o que acontece, Lula é recebido com carinho, toma uma água, senta-se num sofá e recupera o fôlego.
- Onde eu tô?
- No futuro, Presidente. Colocamos em prática a Teoria da Relatividade!
- Futuro? Logo agora que vou ganhar do Collor, pô! Me manda de volta pro passado! Zé Dirceu! Zé? Cadê o Zé?
- Calma, Lula. Aproveite para dar uma olhada no seu futuro. Você é o presidente da República!
- Eu ganhei?
- Não daquela vez. Mas ganhou em 2002. E foi reeleito em 2006!
- Reeleito? Eu? Deixa eu ver, deixa eu ver!!!

E então Lula senta-se diante de um televisor de plasma. Maravilhado, assiste a um documentário sobre os últimos 20 anos do Brasil. Um sorriso escapa quando a eleição de 2002 é apresentada.
- Pô, fiquei bonito! Ué. Aquela ali abraçada comigo não é a Marta Suplicy?
- Não, Presidente, é a Marisa Letícia.
- Olha! Eu e o Papa! E aquele ali, quem é?
- É George Bush, o presidente dos Estados Unidos!
- Arriégua! Êpa! Mas aquele ali abraçado comigo não é o Sarney? Com a Roseana? E o que é que o Collor tá fazendo abraçado comigo?
O que é isso? Tá de sacanagem?
- Não, presidente. Esse é o futuro!

- AAAAhhhhhh! Olha lá o Quércia me abraçando! O Jader Barbalho! Cadê o Genoíno? Cadê o Zé Dirceu?
- O senhor cortou relações com eles.
- Meus amigos? Me separei deles e fiquei amigo do Quércia?
- Pois é...
- E aqueles ali? Não são banqueiros? Com aqueles sorrisos pra mim?
- Estão agradecendo, presidente. Os bancos nunca tiveram um resultado tão bom como em seu governo.
- Bancos? Os bancos? Você tá de sacanagem. Sacanagem!
- Calma, presidente. O povo está gostando, reelegeram o senhor com mais de cinqüenta milhões de votos!
- Mas não pode! Cadê os proletários? Só tô vendo nego da elite ali. Olha o Vicentinho de gravata! E o Jacques Wagner também! Mas que merda é essa?
- É o futuro, Presidente.

- E o Walter Mercado? Tá fazendo o quê ali?
- Aquela é a Marta Suplicy, presidente.
- Ah, não. Não quero! Não quero! Não quero aquele meu terninho. Não quero aquele cabelinho. Não quero aquela barbinha. Desliga isso aí!
- Mas Presidente, esse é o futuro. O senhor vai conseguir tudo aquilo que queria.
- Não e não. Essa tal de teoria da relatividade é um perigo.
- Perigo?!
- É. As amizades ficam relativas. A moral fica relativa. As convicções ficam relativas. Tudo fica relativo.
- Bem-vindo a 2008, presidente.


UDN e PSD
Seleção do Jornal dos Amigos

Por Benedito Franco

No Rio de Janeiro, gostava de ouvir pelo rádio os debates na Câmara Federal. De cara fiquei fã dos discursos do Carlos Lacerda, Baleeiro, Afonso Arinos...

Dois Partidos dominavam a política brasileira: a UDN -União Democrática Nacional- e o PSD -Partido Social Democrático- os dois de direita. UDN e PSD eram partidos da elite -de democráticos possuíam um pouco- e de nacional nada tinham. Se pudessem, entregariam o Brasil para os Estados Unidos. Seriam os PFL, PSDB e PMDB de hoje ou a Arena no tempo da ditadura.

O Partido Comunista fora eliminado, embora houvesse uma certa tolerância com
a esquerda, representada pelo PTB - Partido Trabalhista Brasileiro, fundado
por Getúlio Vargas e Jango Goulart.

O PFL de hoje é tão antinacionalista que até mudou de nome, pra ver se consegue embromar o povo por mais algum tempo. Partido Democrata é seu novo nome - nunca um nome tão expressivo expressou tão pouco!

Reparem que os partidos de direita possuem em seus emblemas as cores vermelhas, azuis e brancas - as cores dos patrões... E são sempre alguns deles que aparecem nos noticiários de todas as TVs!... Repararam?

Quando Carlos Lacerda governava o Estado da Guanabara, hoje Cidade do Rio de
Janeiro, eu tendia a apoiar a UDN, mais os políticos do que o Partido - Carlos Lacerda e a Sandra Cavalcante, por exemplo. Um Diretório da UDN situava-se na Rua do Catete, bem perto de onde eu morava. Filiei-me à UDN.

Uma senhora do Diretório era tão fanática pelo Carlos Lacerda que seu fanatismo desanimou-me de freqüentar as reuniões e acabei esquecendo o Partido e a política. Concluí que de direita eu nada tinha - acho que sou centro-esquerda.

De uma maneira geral, no futebol admiro o jogador - à italiana - e na política, quando possível, o político.

A Vale do Rio Doce e a Acesita mudam de nome...há mutretas e cuecas por aí?... Muita gente pergunta... Sei não...

Nota do editor

A Companhia Vale do Rio Doce agora é Vale. Acabou-se o que era doce!!!

Nessa época abordada no texto de Benedito, o Brasil teve um presidente que foi a maior decepção da classe média: Jânio da Silva Quadros. Doido varrido, o jurista conceituado Afonso Arinos, ministro do Exterior e ligado aos udenistas, disse em uma oportunidade: “Jânio na presidência era a UDN de porre..." Veja mais


Mal de Alzheimer
Enviado por Walmor Ruggeri, Rio de Janeiro-Capital

Por Roberto Goldkorn, psicólogo e escritor

Meu pai está com Alzheimer. Logo ele, que durante toda vida se dizia "o Infalível". Logo ele, que um dia, ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto. Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: esternocleidomastóideo.

O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para mim, basta saber que ele esquece o meu nome, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer. Aliás, fico até mais tranqüilo diante do "eu não sei ao certo" dos médicos; prefiro isso ao "estou absolutamente certo de que...", frase que me
dá arrepios.

Há trinta anos, não ouvia sequer uma menção a essa doença maldita. Hoje, precisaria ter o triplo de dedos nas mãos para contar os casos relatados por amigos e clientes em suas famílias.

O que está acontecendo? Estamos diante de um surto de Alzheimer? Finalmente nossos hábitos de vida "moderna" estão enviando aconta? O que os pesquisadores sabem de verdade sobre a doença? Qual é o lado oculto dessa manifestação tão dolorosa?

Lendo o material disponível, chega-se a uma conclusão: essa é uma doença extremamente complexa, camaleônica, de muitas faces e ainda carregada de mistérios.

Sabe-se, por exemplo, que há um componente genético. Por outro lado, o dr. William Grant fez uma pesquisa que complicou um pouco as coisas. Ele comparou a incidência da doença em descendentes de japoneses e de africanos que vivem nos EUA, e com japoneses e nigerianos que ainda vivem em seus respectivos países. Ele encontrou uma incidência da doença da ordem de 4,1 para os descendentes de japoneses que vivem na América, contra apenas 1,8 de japoneses do Japão. Os afro-americanos vão mais longe: 6,2 desenvolvem a doença, enquanto apenas 1,4 dos nigerianos são atingidos por ela.

Hábitos alimentares? Stress das pressões do primeiro mundo? Mas o Japão não é primeiro mundo? Não tem stress?

A alimentação parece ser sem dúvida um elo nessa corrente, e mais ainda o alumínio. Segundo algumas pesquisas, a incidência de alumínio encontrada nos cérebros de portadores da doença é assustadoramente alta. Pesquisas feitas na Austrália e em alguns países da Europa mostraram que, em atos alimentados com uma dieta rica, o sulfato de alumínio (comumente colocado na água potável para matar bactérias) danificou os cérebros dos roedores de forma muito similar à causada nos humanos pelo Alzheimer.

Pesquisas do Dr. Joseph Sobel, da Universidade da Califórnia do Sul, mostraram que a incidência da doença é três vezes maior em pessoas expostas à radiação elétrica (trabalhadores que ficavam próximos a redes de alta tensão ou a máquinas elétricas). Mas não param por aí as pesquisas, que apontam à arma em todas as direções. Porém, a que mais me chocou e me motivou a fazer minhas próprias elucubrações foi o estudo das freiras.

Esse estudo, citado no livro "A Saúde do Cérebro", do dr. Robert Goldman, Ed. Campus foi feito pelo dr. Snowdon, da Universidade de Kentucky. Eles estudaram 700 freiras do convento de Notre Dame. Na verdade, eles leram e analisaram as redações
autobiográficas que cada freira era obrigada a escrever logo ao entrar na ordem. Isso
ocorria quando elas tinham em média 20 anos. Essas freiras (um dos grupos mais
homogêneos possíveis, o que reduz muito as variáveis que deveriam ser controladas) foram examinadas regularmente e seus cérebros investigados após suas mortes.

O que se constatou foi surpreendente. As que melhor se saíram nos testes cognitivos e nas redações - em termos de clareza de raciocínio, objetividade vocabulário, capacidade de expressar suas idéias, mesmo apresentando os acidentes neurológicos típicos do Alzheimer (placas e massas fibrosas de tecido morto) não desenvolveram a demência característica da doença. Ou seja, elas tinham as mesmas seqüelas que as outras freiras com Alzheimer diagnosticado (e que tiveram baixos escores em testes cognitivos e na redação), mas não os sintomas clássicos, como os do meu pai.

A minha interpretação de tudo isso: não temos muito como controlar todos os fatores
de risco apontados como os vilões - alimentação, pressão alta, contaminação ambiental, stress, e a genética (por enquanto). Mas podemos colocar o nosso cérebro para trabalhar. Como?

Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das idéias, criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida "bandida". Meu conselho: é para vocês não serem infalíveis como o meu pobre pai; não cheguem ao topo nunca, pois dali, só há um caminho: descer.

Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos.

Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos.

Não existem estudos provando que o Alzheimer é a moléstia preferida dos arrogantes, autoritários e auto-suficientes, mas a minha experiência mostra que pode haver alguma coisa nesse mato. Coloquem a palavra FELICIDADE no topo da sua lista de prioridades: 7 de cada 10 doentes nunca ligaram para essas "bobagens" e viveram vidas medíocres e infelizes - muitos nem mesmo tinham consciência disso.

Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro. Invente novas receitas, experimente (não gosta de ir para a cozinha? Hum... Preocupante).

Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade. Parodiando Maiakovski, que disse "melhor morrer de vodca do que de tédio", eu digo: melhor morrer lutando o bom combate do que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer.

Dicas para escapar do Alzheimer

Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Os autores dessa descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a "aeróbica dos neurônios", é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro.

Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso; limitam o cérebro. Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios "cerebrais" que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa. O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional.

Tente fazer um teste: use o relógio de pulso no braço direito; escove os dentes com a mão contrária da de costume; ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque); vista-se de olhos fechados; estimule o paladar, coma coisas diferentes; veja fotos de cabeça para baixo; veja as horas num espelho; faça um novo caminho para ir ao trabalho.

A proposta é mudar o comportamento rotineiro.

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Maninha", de Chico Buarque
Nota para a seqüência MIDI: *****

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Crônicas


Belo Horizonte, 6 janeiro, 2008