Enviado
pelo autor, Belo Horizonte-MG
09 fevereiro, 2012
Caneta-tinteiro
O
Aurélio se refere como caneta com depósito para
tinta. A pena metálica que deu origem foi criada na segunda
metade do século 18, segundo relatos, por Aloys Senefelder.
A pena podia ser fixada a cabos de madeira, de prata, de ouro
ou de madrepérola. Para escrever, molhava-se a ponta
no tinteiro. Isso tornava a escrita lenta, pois a todo momento
era preciso interromper para molhar a pena. Seu uso se popularizou
no século 19, quando as técnicas de produção
avançaram e foi possível fabricar penas de qualidade
por preço acessível a todos. As canetas-tinteiro,
com reservatório de tinta recarregável, foram
criadas nos primeiros anos do século 20. As carteiras
escolares dessa época tinham (e ainda têm) um orifício
aonde se colocava o tinteiro
Foto RB
Por Eduardo Contin Gomes, colecionador
(31) 3481-2454 / 9972-2454 - E-mail: contin@uai.com.br
Já tem algum tempo que sou especializado em restauração
(que vai além de um simples conserto) geral de todas
as canetas-tinteiro da famosa marca americana PARKER. Com raríssima
exceção, pois acontece, alguma não dá
conserto devido ao estado de degradação em que
se encontra. Mas, dependendo do modelo e análise prévia,
conserto também canetas de outras marcas. Quando não
consigo consertar (concertar), indico quem as conserta. Às
vezes tenho também exemplares de lapiseiras antigas,
tinteiros, penas para calígrafos etc., ou seja, se é
caneta-tinteiro antiga faço todo o esforço para
a restauração constando de revisão total
em seu funcionamento, polimento, ajustes etc. Faço questão
de manter a ética nesse trabalho e só comercializo
canetas com peças originais e ainda esclareço
para o comprador interessado o estado geral da caneta e o que
foi feito em sua recuperação.
A revista "Encontro", de Belo Horizonte, que circulou
em fevereiro com o tema canetas-tinteiro, entrevistou-me, publicou
minha foto, histórico da feira e tudo mais. E por falar
em feira, a Feira de Antiguidades - junto ao Colégio
Arnaldo - tem o nome oficial de "Feira Tom Jobim".
Solicitamos à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
para a troca desse nome. Nada contra ao nosso nosso querido
Tom, mas é que seu nome não é ligado as
tradições da feira para "antiguidades e comídas
típicas mineiras". O melhor nome sugerido é
"Feira de Antiguidades e Comidas Típicas Mineiras",
ficando assim bem caracterizada qual é a atividade da
feira. Seu funcionamento é aos sábados, à
Av. Bernardo Monteiro, entre as Ruas dos Otoni e Padre Rolim.
Eu fico bem no meio da feira, mais ou menos em frente ao número
895. A minha barraca está caracterizada com alguns quadros
pendurados e com propagandas antigas sobre canetas-tinteiro.
Já estou na feira há 16 anos e se você chegar
lá e perguntar pelo "Eduardo das canetas" qualquer
feirante sabe quem eu sou e indica a minha barraca.
Quem se interessa
Os maiores clientes e interessados nesse tipo de objeto são
pessoas já de cabeça um pouco branca, e que no
passado usaram canetas-tinteiro e agora querem resgatar o seu
uso, o que não deixa de ser um "charme" diante
de tanta tecnologia de hoje. Matam a saudade. Outros querem
o restauro porque a peça que possuem tem história
familiar e pretendem mantê-la em perfeitas condições
de uso e pelo valor sentimental.
Foto
RB
Jovem se interessa por canetas
Parker
Alguns aficionados mais jovens receberam a caneta antiga que
o pai usava, ou o avô, e querem também continuar
preservando-a. As histórias são várias.
Médicos, advogados, engenheiros, artistas, professores,
desembargadores, juízes, estão entre os profissionais
que as prezam e fazem questão de seu uso. Aliás,
mais uma vez: quem gosta de escrever à mão uma
boa caneta-tinteiro é ferramenta insubstituível.
Sobre a famosa Parker 51 é o seguinte: foi idealizada
no final da década de 1930 para comemorar os 50 anos
da marca Parker. Mas como o protótipo demorou a ficar
pronto, acabou recebendo uma denominação provisória
de "projeto 51" (já havia passado os 50 anos)
o que acabou "pegando" entre os comerciantes encarregados
dos testes de campo. Tornou-se posteriormente um verdadeiro
ícone das canetas-tinteiro devido à sua performance,
desenho revolucionário para a época, pena embutida,
qualidade do material, a mecânica até hoje insuperável
da caneta, pena de ouro 14k, tampa folheada a ouro, portabilidade,
que envolve tamanho, peso, no manuseio, entre outras qualidades
mais.
Os modelos da PARKER mais famosos, são, em ordem decrescente:
Parker 51, 21, 61, Vacumatic, 75, 45 e, existem outros modelos
menos conhecidos.
Foto RB
Para quem gosta e entende de caneta-tinteiro,
a PARKER 51 é a mais cobiçada, desejada das canetas-tinteiro
(fez-se jus à propaganda que existiu à época
da produção). Foi fabricada a partir de 1941 até
1972, provavelmente, com pequenas modificações
que não alteraram o seu desempenho como instrumento de
escrita. As cores mais procuradas eram: preta, cinza, azul,
vinho, verde escuro, entre outras variações. Existem
algumas cores que são "protótipos" e
difíceis de serem encontradas, como a cor "uva".
Foto RB
A caneta Parker 51 na cor preta com tampa folheada a ouro é
tida ainda hoje como a "clássica das clássicas"
e sem dúvida a mais vendida e procurada.
No meio de quem gosta de usar
caneta-tinteiro costuma-se dizer qua a caneta Parker 51 é
a que mais tem "personalidade". Algum usuário
duvida?
Este assunto é fantástico e longo. Eu procuro
difundir na feira a importância do "colecionismo"
como uma forma de preservar objetos, desenvolver habilidades,
relacionamentos, cultura, afinal na minha época não
se tinha computador e nem telefone celular, não é
mesmo? Tínhamos que nos virar colecionando tampinhas,
figurinhas e não ficar bobo para não ser passado
para trás. Colecionismo é cultura! Aguça
as ideias...
Curiosidades
- Em Belo Horizonte, e Minas
Gerais por extensão, as canetas-tinteiro da marca Parker
são as mais conhecidas e consequentemente as mais procuradas.
A segunda marca difundida por aqui é a Sheaffer americana,
mas de difícil restauração e conservação
atualmente. Para o público de jovens executivos a marca
alemã MONTBLANC faz muito sucesso, mas são caras
e virou grife, fugindo um pouco da linha tradicional de somente
instrumento de escrita. É uma coqueluche, um modismo...
- As canetas-tinteiro Parker
51, ainda em uso atualmente, têm em torno de 50 para
60 anos. Vão durar outros 50, 60 anos a mais, no mínimo,
devido à sua mecânica. Como foram fabricadas
milhões, é relativamente fácil à
substituição (canabalização) de
peças para o restauro.
- As canetas-tinteiro nunca deixaram
de ser produzidas, bem como as tintas. O que ocorreu foi o
desuso, com a consequente queda na qualidade do produto e
surgimento de novos modelos "como novidade" para
o mercado, mas muitas vezes sem qualidade, quase descartável,
sinal dos novos tempos.
Comentário
do Jornal dos Amigos
Partindo do pressuposto que vós sois uma pessoa que
defende o equilíbrio do meio ambiente, possui cultura
apurada e um certo grau de elegância, é natural
que possuas uma caneta-tinteiro.
O lápis e a caneta tinteiro são dois instrumentos
que apuram a caligrafia. Caneta esferográfica deforma
a escrita, além de poluir os lixões de nosso planeta
com milhares e milhões de bics. Aos sessentões
de plantão um apelo para que voltem a usar caneta- tinteiro
de seu tempo de menino. Quem sabe uma Parker 51 com tinta super
Quink contendo Solv-x. Procure o Contin. O preço de uma
caneta-tinteiro Parker 51 sai bem mais em conta que uma Montblanc...
Ambiente da Feira do Colégio
Arnaldo (Tom Jobim)
Veja o artigo "A
caneta tinteiro e os seus cuidados"
Ver
edição anterior
Música
de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Delibes pizzicato"
Nota para a seqüência Midi: ****
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