Brasileiros sintetizam substância
anticancerígena
Enviado por Vítor Buaiz, Vitória-ES
Nova molécula age contra tumores resistentes
a outras drogas e poupa células sadias
Por Catarina Chagas
Fonte: Ciência Hoje On-line, de 24 junho
de 2004
3 feverreiro, 2005
Boas notícias no combate à leucemia. A partir de compostos encontrados na natureza, pesquisadores do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NPPN/UFRJ) sintetizaram uma nova substância anticancerígena eficaz mesmo em células resistentes aos agentes quimioterápicos comuns |
Foto:
Margery Melgaard |
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Um agente de defesa da flor da Petalostemon purpurea inspirou a síntese de um composto eficaz contra a leucemia |
O
novo composto é "inspirado" em um agente de defesa contra
infecções de vírus e bactérias produzido pela
flor da espécie norte-americana Petalostemon purpurea. A substância
natural, velha conhecida dos cientistas por sua atividade antitumoral, foi
sintetizada pela primeira vez pelos pesquisadores da UFRJ e, nos testes realizados
no Laboratório de Imunologia Tumoral do Departamento de Bioquímica
Médica, chamou a atenção por sua atividade em células
de leucemia resistentes a diversas drogas.
"Além disso, a substância mostrou-se inofensiva para as
células normais, ponto em que a maioria dos 'candidatos' a anticancerígenos
esbarra: exterminam as células danosas, mas são extremamente
tóxicos para as células saudáveis", explica o farmacêutico
Paulo Roberto Ribeiro Costa, coordenador da pesquisa.
Em busca de um composto ainda mais ativo, os pesquisadores decidiram elaborar
uma nova molécula, que reunisse propriedades da substância recém-sintetizada
e do lapachol, molécula encontrada nas raízes do ipê roxo
que já foi utilizada como anticancerígeno, mas apresenta alto
grau de toxicidade para o organismo. A elaboração do novo composto
permitiu potencializar os efeitos benéficos das duas moléculas
e reduzir as desvantagens do medicamento, como indicaram os testes in vitro,
realizados em culturas de células leucêmicas.
O Laboratório de Química Bioorgânica da UFRJ está
preparando maior quantidade do novo composto, batizado pterocarpanoquinona.
Os pesquisadores estimam que, em um mês, serão iniciados os testes
in vivo, em camundongos com leucemia. Até o final do ano, eles conhecerão
a eficácia do tratamento e o grau de toxicidade da substância.
Esse passo é essencial para a realização de testes em
animais maiores ou seres humanos, que devem avaliar também os efeitos
colaterais gerados pela medicação.
Embora a nova molécula tenha sido sintetizada no âmbito de um
amplo projeto com fins acadêmicos que envolve vários pesquisadores,
o grupo pretende aprimorar a substância para o uso clínico e
patentear o composto. Pode levar anos, porém, para a chegada do medicamento
ao mercado. "Isso vai depender de parcerias com a indústria ou
órgãos do governo", ressalta o químico Alcides José
Monteiro da Silva, da equipe do NPPN. "A Universidade deve apontar os
caminhos, mas não tem infra-estrutura para produzir os medicamentos".
A síntese das moléculas naturais e o planejamento e síntese de novas substâncias estruturalmente relacionadas foi realizada no Laboratório de Química Bioorgânica da UFRJ. O coordenador Paulo Costa contou, nessa etapa, com o apoio dos farmacêuticos Ayres Guimarães Dias (Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Uerj) e Alcides José Monteiro da Silva (NPPN/UFRJ), além de estudantes de doutorado (Guilherme Vilela, Chaquip Daher Neto e Lúcio André de Barros), mestrado (Camilla Buarque) e iniciação científica (Monique Correa).
Já a avaliação das substâncias com ação anticâncer em cultura de células e a elucidação dos mecanismos de ação foram feitas pela equipe do Laboratório de Imunologia Tumoral, coordenada pela professora Vivian Rumjanek. Dessa etapa, participaram também os estudantes de iniciação científica Renata Fernandes e Eduardo dos Santos.
A avaliação da biodistribuição das substâncias com ação anticâncer em camundongos ficou por conta das professoras Léa da Fonseca e Bianca Gutfilen do Laboratório de Radiologia da UFRJ.
Música
de fundo em arquivo MID (experimental):
"Samurai", em variacoes, de Djavan
Nota para a seqüência Midi: *****
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