Como se tornar um empreendedor no Brasil?
Esse questionamento o professor José Roberto Santos procura responder em seu livro "Um Conto de Fadas sobre o Ensino do Empreendedorismo no Brasil: Uma História Real", além de contribuir, principalmente, para o aprimoramento da educação na atividade empreendedora. A obra foi inspirada em sua dissertação de mestrado em engenharia de produção, área de concentração em gestão de negócios, pela Universidade Federal de Santa Catarina. O autor comprovou em suas pesquisas o entendimento de Peter Drucker que diz "estar na hora de acabar com os contos da carochinha sobre métodos para ensinar uma pessoa a se tornar empreendedora". Os que adotam o comportamento empreendedor (segundo Pitcher, Schumpeter, Senge) correm risco de extinção, mas serão salvos se for encontrada a Fada que vive no castelo da MADRE... Lendo o livro você ajudará a escrever um final feliz para uma história real. |
Essa publicação tem o apoio da Escola de Novos Empreendedores da Universidade Federal de Santa Catarina |
O professor José Roberto Santos possui os seguintes títulos:
Participou do Programa de Capacitação de Docentes para desenvolver o empreendedorismo universitário, num convênio entre UFMG e a Universidade de Quebec em Três Rios - UQTR, Canadá.
Nos artigos publicados no Brasil e no exterior, o professor José Roberto defende a tese de que a Empresa Júnior deve se transformar em incubadora para que os estudantes recebam o apoio de que necessitam para desenvolver o comportamento empreendedor.
O professor José Roberto, em seu papel de facilitador, utiliza o lúdico para incentivar o comportamento empreendedor a partir do reencontro com a criança anterior.
É também autor do livro "Os Empreendedores Reais do Terceiro Milênio: um caminho para o sucesso".
Ensino do empreendedorismo
Trecho do livro "Um Conto de Fadas sobre o Ensino
do Empreendedorismo no Brasil: uma história real",
de autoria do professor José Roberto dos Santos
Era uma vez um reino de terras
extensas e ricas. O Rei, em troca de promessas de obediência e fidelidade,
dividiu as terras e as doou aos nobres. O trabalho era realizado por servos
que, em busca de maior proteção, construíam seus casebres
nas proximidades do castelo do senhor das terras. Os homens livres moravam
nas vilas e muitos eram donos de oficinas ou de comércios.
Com o crescimento populacional, o sistema servil tornou-se inadequado para
atender às novas demandas de trabalho e de consumo. Os feudos entraram
em decadência. Aumentou o número de mendigos, de bandidos que
viviam de assaltos ou de pagamentos de resgates e de capitalistas que cobravam
juros exorbitantes dos que necessitavam tomar empréstimos (ARRUDA e
PILETTI, 1997: 97-8).
O Rei, para mudar a situação, reuniu os seus principais conselheiros.
A reunião
O Rei era um viajante costumário, principalmente para os reinos mais
desenvolvidos. Iniciou a reunião com um discurso sobre as vantagens
e as riquezas resultantes das trocas entre os povos. Na sua opinião,
a abertura das fronteiras comerciais resultaria num "mundo mais integrado,
fraterno e com nível crescente de bem-estar". (MARCOVITCH, 1997:122).
- Os nossos produtos não
estão em condições de competir com os dos reinos desenvolvidos.
Entendo que a abertura comercial não resultará em benefícios.
Agravará a nossa situação econômica - ponderou
o Conselheiro da Economia.
- Não se esqueça de que o intercâmbio colocará
os nossos mestres em contato com outras culturas. Assim, abrirão novos
mercados, aprenderão novos métodos de produção,
acessarão novas fontes de matérias-primas e terão de
modernizar a organização de suas oficinas para aumentar a produtividade
e a competitividade de seus produtos. Com o acirramento da competitividade,
tornar-se-ão mais inovadores. Estudarão novas combinações
em suas oficinas, tanto para reduzir custos quanto para introduzir novidades
no mercado (SCHUMPETER, 1985:48) - argumentou o Rei.
- É provável que a introdução de inovações
não se torne uma exclusividade das oficinas atuais. Os servos e os
vilões, desde que sejam inovadores, saberão aproveitar as oportunidades
para ocuparem espaços dominados pelas oficinas tradicionais - observou
o Conselheiro do Comércio.
- Que grande observação! As circunstâncias atuais, com
"trabalhadores desempregados, matérias-primas não vendidas,
capacidade produtiva não-utilizada, e assim por diante" (SCHUMPETER,
1985:49), aumentarão o interesse pela abertura de oficinas - acrescentou
o Rei.
- Mas...majestade, só os mestres têm os talentos necessários
para dirigir uma oficina
- ponderou o Conselheiro do Trabalho.
- Meu caro Conselheiro...não nos esqueçamos de que o sucesso
de uma oficina depende do concurso de pessoas dotadas de diferentes talentos
(SAY, 1844:44). Quando observamos o funcionamento de uma oficina percebemos
que se compõe de três operações distintas: o estudo
do curso e das leis da natureza relativos ao produto a ser fabricado, a aplicação
desses estudos de forma útil para que o produto tenha determinado valor
de mercado e, por fim, a execução do trabalho manual (SAY, 1986:85).
Cabe aos cientistas estudarem o curso e as leis da natureza. Os mestres aplicarem
esses estudos para a criação de produtos úteis. Para
isso, usam o trabalho dos ajudantes e dos aprendizes. Portanto, os produtos
são resultados da teoria, da aplicação e da execução.
A diferença entre os reinos desenvolvidos e os não desenvolvidos
é a forma como os produtores combinam essas variáveis. Nos desenvolvidos,
observa-se larga aplicação das teorias desenvolvidas pelos cientistas
na execução dos trabalhos realizados nas oficinas (SAY, 1986:85)
- explicou o Rei.
- Se bem entendi, nos reinos desenvolvidos, os estudos científicos
são valorizados e utilizados nas oficinas. Diferentemente do trabalho
desenvolvido pelos nossos mestres, fundamentado nas tradições
familiares preservadas de geração em geração -
falou o Tesoureiro.
- Isso mesmo! O meu plano é incentivar a produção científica
para alavancar o desenvolvimento e tornar os nossos produtos competitivos
em outros reinos - explicou o Rei.
- A maior disponibilidade de estudos científicos não significará,
necessariamente, um correspondente aumento do número de mestres talentosos
e capazes de dirigir as suas oficinas com sucesso. Além do mais, sabemos
quanto é rara a presença de um mestre talentoso - advertiu o
Conselheiro para Assuntos Especiais.
O Conselheiro para Assuntos Especiais era respeitado por sua sabedoria, adquirida ao longo de uma existência centenária.
- Isso me intriga. Por que
é escasso o número de mestres talentosos? - questionou o Rei.
- "Sobressair em uma profissão, na qual apenas alguns conseguem
atingir a mediocridade, constitui a marca mais decisiva do que se chama gênio
ou talento superior" (SMITH, 1996:153) - comentou o Conselheiro do Trabalho.
- Após ouvir tão sábias opiniões, entendo que
o desenvolvimento do nosso reino será alcançado a partir da
remodelação dos nossos conceitos de formação profissional
(LAPOLLI e ROMANO, 2000). Precisamos criar condições adequadas
para o surgimento de novos gênios, principalmente de mestres capazes
de comandar com sucesso as suas oficinas. Entretanto, tão importante
quanto o processo de formação profissional deverá ser
o da formação moral. A vida em comunidade reclama cada vez mais
a compreensão e a prática das "qualidades essenciais à
formação ética dos cidadãos" (BENNETT, 1995:7)
- observou o Rei.
Referências
ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. A Baixa
Idade Média. In: Toda a história. SP: Ática, 1997.
BENNETT, William J. Nota do editor. In: O livro das virtudes: uma antologia
de William J. Bennett, RJ: Nova Fronteira, 1995.
LAPOLLI, Edis Mafra; ROMANO, Cezar Augusto. Estratégias para a formação
de profissionais com competência para identificar oportunidades tecnológicas.
In: ENCONTRO NACIONAL DE EMPREENDEDORISMO, 2.; 2000. Anais Eletrônicos.
Florianópolis: ENE, 2000.
MARCOVITCH, Jacques. Da exclusão à coesão social: profissionalização
do terceiro setor. In: IOSCHPE, E. B. et al. 3º. Setor: desenvolvimento
social sustentado. RJ: Paz e Terra, 1997.
SAY, Jean-Baptiste. De quoi se composent lês travaux de l`industrie.
In : Cours complet d`economie politique pratique. 7 ed. Bruxelas: Société
Typographique Belge, 1844.
SAY, Jean-Baptiste. Tratado de economia política. 2 ed. SP: Nova Cultural,
1986.
SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do desenvolvimento econômico. SP: Nova
Cultural, 1985.
SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação
sobre sua natureza e suas causas. SP: Nova Cultural, 1996.
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O livro tem o custo de R$ 20,00 mais despesas postais.
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"Aguado menuet 3, opus 12"
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