Como se tornar um empreendedor no Brasil?

Esse questionamento o professor José Roberto Santos procura responder em seu livro "Um Conto de Fadas sobre o Ensino do Empreendedorismo no Brasil: Uma História Real", além de contribuir, principalmente, para o aprimoramento da educação na atividade empreendedora.

A obra foi inspirada em sua dissertação de mestrado em engenharia de produção, área de concentração em gestão de negócios, pela Universidade Federal de Santa Catarina.

O autor comprovou em suas pesquisas o entendimento de Peter Drucker que diz "estar na hora de acabar com os contos da carochinha sobre métodos para ensinar uma pessoa a se tornar empreendedora". Os que adotam o comportamento empreendedor (segundo Pitcher, Schumpeter, Senge) correm risco de extinção, mas serão salvos se for encontrada a Fada que vive no castelo da MADRE...

Lendo o livro você ajudará a escrever um final feliz para uma história real.

 

Essa publicação tem o apoio da
Escola de Novos Empreendedores da
Universidade Federal de Santa Catarina

Na opinião do professor doutor Francisco Pereira da Silva "trata-se, sem dúvida, de um dos melhores trabalhos acadêmicos sobre o tema. Mais que ensinar o empreendedorismo, o autor apresenta uma nova forma de fazer com que estudantes e pesquisadores sejam brindados com excelente material de consultas. Permite, ainda, que o ensino do empreendedorismo seja ministrado nas formas de discussão em grupo ou teatral, em que os participantes poderão assumir papéis descritos e, assim, vivenciar os personagens e as situações apresentadas no livro".

O professor José Roberto Santos possui os seguintes títulos:

Participou do Programa de Capacitação de Docentes para desenvolver o empreendedorismo universitário, num convênio entre UFMG e a Universidade de Quebec em Três Rios - UQTR, Canadá.

Nos artigos publicados no Brasil e no exterior, o professor José Roberto defende a tese de que a Empresa Júnior deve se transformar em incubadora para que os estudantes recebam o apoio de que necessitam para desenvolver o comportamento empreendedor.

O professor José Roberto, em seu papel de facilitador, utiliza o lúdico para incentivar o comportamento empreendedor a partir do reencontro com a criança anterior.

É também autor do livro "Os Empreendedores Reais do Terceiro Milênio: um caminho para o sucesso".


Ensino do empreendedorismo

Trecho do livro "Um Conto de Fadas sobre o Ensino
do Empreendedorismo no Brasil: uma história real",
de autoria do professor José Roberto dos Santos

Era uma vez um reino de terras extensas e ricas. O Rei, em troca de promessas de obediência e fidelidade, dividiu as terras e as doou aos nobres. O trabalho era realizado por servos que, em busca de maior proteção, construíam seus casebres nas proximidades do castelo do senhor das terras. Os homens livres moravam nas vilas e muitos eram donos de oficinas ou de comércios.

Com o crescimento populacional, o sistema servil tornou-se inadequado para atender às novas demandas de trabalho e de consumo. Os feudos entraram em decadência. Aumentou o número de mendigos, de bandidos que viviam de assaltos ou de pagamentos de resgates e de capitalistas que cobravam juros exorbitantes dos que necessitavam tomar empréstimos (ARRUDA e PILETTI, 1997: 97-8).
O Rei, para mudar a situação, reuniu os seus principais conselheiros.

A reunião

O Rei era um viajante costumário, principalmente para os reinos mais desenvolvidos. Iniciou a reunião com um discurso sobre as vantagens e as riquezas resultantes das trocas entre os povos. Na sua opinião, a abertura das fronteiras comerciais resultaria num "mundo mais integrado, fraterno e com nível crescente de bem-estar". (MARCOVITCH, 1997:122).

- Os nossos produtos não estão em condições de competir com os dos reinos desenvolvidos. Entendo que a abertura comercial não resultará em benefícios. Agravará a nossa situação econômica - ponderou o Conselheiro da Economia.

- Não se esqueça de que o intercâmbio colocará os nossos mestres em contato com outras culturas. Assim, abrirão novos mercados, aprenderão novos métodos de produção, acessarão novas fontes de matérias-primas e terão de modernizar a organização de suas oficinas para aumentar a produtividade e a competitividade de seus produtos. Com o acirramento da competitividade, tornar-se-ão mais inovadores. Estudarão novas combinações em suas oficinas, tanto para reduzir custos quanto para introduzir novidades no mercado (SCHUMPETER, 1985:48) - argumentou o Rei.

- É provável que a introdução de inovações não se torne uma exclusividade das oficinas atuais. Os servos e os vilões, desde que sejam inovadores, saberão aproveitar as oportunidades para ocuparem espaços dominados pelas oficinas tradicionais - observou o Conselheiro do Comércio.

- Que grande observação! As circunstâncias atuais, com "trabalhadores desempregados, matérias-primas não vendidas, capacidade produtiva não-utilizada, e assim por diante" (SCHUMPETER, 1985:49), aumentarão o interesse pela abertura de oficinas - acrescentou o Rei.

- Mas...majestade, só os mestres têm os talentos necessários para dirigir uma oficina
- ponderou o Conselheiro do Trabalho.

- Meu caro Conselheiro...não nos esqueçamos de que o sucesso de uma oficina depende do concurso de pessoas dotadas de diferentes talentos (SAY, 1844:44). Quando observamos o funcionamento de uma oficina percebemos que se compõe de três operações distintas: o estudo do curso e das leis da natureza relativos ao produto a ser fabricado, a aplicação desses estudos de forma útil para que o produto tenha determinado valor de mercado e, por fim, a execução do trabalho manual (SAY, 1986:85). Cabe aos cientistas estudarem o curso e as leis da natureza. Os mestres aplicarem esses estudos para a criação de produtos úteis. Para isso, usam o trabalho dos ajudantes e dos aprendizes. Portanto, os produtos são resultados da teoria, da aplicação e da execução. A diferença entre os reinos desenvolvidos e os não desenvolvidos é a forma como os produtores combinam essas variáveis. Nos desenvolvidos, observa-se larga aplicação das teorias desenvolvidas pelos cientistas na execução dos trabalhos realizados nas oficinas (SAY, 1986:85) - explicou o Rei.

- Se bem entendi, nos reinos desenvolvidos, os estudos científicos são valorizados e utilizados nas oficinas. Diferentemente do trabalho desenvolvido pelos nossos mestres, fundamentado nas tradições familiares preservadas de geração em geração - falou o Tesoureiro.

- Isso mesmo! O meu plano é incentivar a produção científica para alavancar o desenvolvimento e tornar os nossos produtos competitivos em outros reinos - explicou o Rei.

- A maior disponibilidade de estudos científicos não significará, necessariamente, um correspondente aumento do número de mestres talentosos e capazes de dirigir as suas oficinas com sucesso. Além do mais, sabemos quanto é rara a presença de um mestre talentoso - advertiu o Conselheiro para Assuntos Especiais.

O Conselheiro para Assuntos Especiais era respeitado por sua sabedoria, adquirida ao longo de uma existência centenária.

- Isso me intriga. Por que é escasso o número de mestres talentosos? - questionou o Rei.

- "Sobressair em uma profissão, na qual apenas alguns conseguem atingir a mediocridade, constitui a marca mais decisiva do que se chama gênio ou talento superior" (SMITH, 1996:153) - comentou o Conselheiro do Trabalho.

- Após ouvir tão sábias opiniões, entendo que o desenvolvimento do nosso reino será alcançado a partir da remodelação dos nossos conceitos de formação profissional (LAPOLLI e ROMANO, 2000). Precisamos criar condições adequadas para o surgimento de novos gênios, principalmente de mestres capazes de comandar com sucesso as suas oficinas. Entretanto, tão importante quanto o processo de formação profissional deverá ser o da formação moral. A vida em comunidade reclama cada vez mais a compreensão e a prática das "qualidades essenciais à formação ética dos cidadãos" (BENNETT, 1995:7) - observou o Rei.

Referências

ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. A Baixa Idade Média. In: Toda a história. SP: Ática, 1997.
BENNETT, William J. Nota do editor. In: O livro das virtudes: uma antologia de William J. Bennett, RJ: Nova Fronteira, 1995.
LAPOLLI, Edis Mafra; ROMANO, Cezar Augusto. Estratégias para a formação de profissionais com competência para identificar oportunidades tecnológicas. In: ENCONTRO NACIONAL DE EMPREENDEDORISMO, 2.; 2000. Anais Eletrônicos. Florianópolis: ENE, 2000.
MARCOVITCH, Jacques. Da exclusão à coesão social: profissionalização do terceiro setor. In: IOSCHPE, E. B. et al. 3º. Setor: desenvolvimento social sustentado. RJ: Paz e Terra, 1997.
SAY, Jean-Baptiste. De quoi se composent lês travaux de l`industrie. In : Cours complet d`economie politique pratique. 7 ed. Bruxelas: Société Typographique Belge, 1844.
SAY, Jean-Baptiste. Tratado de economia política. 2 ed. SP: Nova Cultural, 1986.
SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do desenvolvimento econômico. SP: Nova Cultural, 1985.
SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. SP: Nova Cultural, 1996.


O livro "Um Conto de Fadas sobre o Ensino do Empreendedorismo no Brasil: Uma História Real" pode ser encontrado nas boas livrarias. Caso você encontre dificuldades, escreva para o Jornal dos Amigos - cartas@jornaldosamigos.com.br que faremos remessa via postal.

O livro tem o custo de R$ 20,00 mais despesas postais.


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Aguado menuet 3, opus 12"

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Belo Horizonte, 26 setembro, 2004

Empreendedorismo