A nossa língua

Por Roberto Bendia, editor do Jornal dos Amigos

Anatomicamente falando, a língua é um órgão muscular que serve para degustar, deglutir e articular sons. Sua importância para o ser humano está no conjunto de palavras e expressões usadas para comunicar.

A língua, o instrumento de nossa fala, pode ser usada para o bem ou para o mal. O nosso futuro pode ser definido não só pelos nossos desejos mais íntimos, mas pelo que proferimos. Nossa fala é semente plantada.

Conta-se que Esopo, o filósofo grego aprisionado e escravizado pelos romanos, comandava a cozinha de um rico senhor e dono de enorme prestígio. Um dia, o poderoso lhe ordena:
- Vou receber a elite política, econômica e intelectual do país. Faça um jantar com o que há de melhor. Escolha especiarias, carnes frutas e verduras sem preocupação com gastos. O importante é a excelência.

Os convidados chegam. Depois dos aperitivos, sentam-se à mesa. O cardápio surpreende. Entrada: língua.

Indignado, o patrão cobra explicação. Esopo justifica:
- O senhor pediu o melhor. O que pode superar a língua? Com ela, fazemos discursos, aprendemos filosofia, conquistamos parceiros, ganhamos promoções, cantamos louvores, conversamos com Deus.
- Pois agora providencie outro banquete, mas com o que há de pior - vocifera o rico senhor.

Esopo repete o cardápio e expõe:
- Com a língua, é possível caluniar, insultar, mentir, prejudicar a si e ao outro. A língua constrói e destrói mundos...


Ensina-me a amar
Enviado por Jurema Dias, São Paulo-Capital

Autoria desconhecida
16 setembro, 2005

Depois de 21 anos de casado, descobri uma nova maneira de manter viva a chama do amor. Há pouco tempo decidi sair com outra mulher. Na realidade foi idéia da minha esposa.
- Você sabe que a ama - disse-me minha esposa um dia, pegando-me de surpresa. A vida é muito curta, você deve dedicar especial tempo a essa mulher...
- Mas, eu te amo - protestei à minha mulher.
- Eu sei. Mas, você também a ama. Tenho certeza disso.

A outra mulher, a quem minha esposa queria que eu visitasse, era minha mãe, que já era viúva há 19 anos, mas as exigências do meu trabalho e de meus três filhos, faziam com que eu a visitasse ocasionalmente. Essa noite, no entanto, a convidei para jantar e ir ao cinema.
- O que é que você tem? Você está bem? - perguntou-me ela, após o convite (minha mãe é o tipo de mulher que acredita que uma chamada tarde da noite, ou um convite surpresa é indício de más notícias).
- Pensei que seria agradável passar algum tempo contigo - respondi a ela. Só nós dois. O que acha?
Ela refletiu por um momento.
- Me agradaria muitíssim
o - disse ela sorrindo.

Depois de alguns dias, lá estava eu dirigindo-me para pegá-la depois do trabalho. Eu estava um tanto nervoso, era o tipo de nervosismo que antecede a um primeiro
encontro... E que coisa interessante, pude notar que ela também estava muito emocionada. Esperava-me na porta com seu casaco, havia feito um penteado e usava o vestido com que celebrou seu último aniversário de bodas.
Seu rosto sorria e irradiava luz como um anjo.
- Eu disse a minhas amigas que ia sair com você, e ficaram muito impressionadas - comentou enquanto entrava no carro.

Fomos a um restaurante não muito elegante, mas, sim, aconchegante. Minha mãe
se agarrou ao meu braço como se fosse "a primeira dama". Quando nos sentamos, tive que ler para ela o menu. Seus olhos só enxergavam grandes figuras.

Quando estava pela metade das entradas, levantei os olhos: mamãe estava sentada do outro lado da mesa, e me olhava fixamente. Um sorriso nostálgico se delineava nos seus lábios.
- Era eu quem lia o menu quando você era pequeno - disse-me.
- Então é hora de relaxar e me permitir devolver o favor - respondi.

Durante o jantar tivemos uma agradável conversa. Nada extraordinário, só colocando em dia a vida um para o outro. Falamos tanto que perdemos o horário do cinema.
- Sairei contigo outra vez, mas só se me deixares fazer o convite - disse minha mãe quando a levei para casa.
E eu concordei.

Quando cheguei em casa naquela noite minha esposa perguntou como foi o encontro. Respondi-lhe:
- Muito agradável... Muito mais do que imaginei...

Dias mais tarde minha mãe faleceu de um infarte fulminante. Tudo foi tão rápido, não pude fazer nada. Depois de algum tempo recebi um envelope com cópia de um cheque do restaurante de onde havíamos jantado minha mãe e eu, e uma nota que dizia:
"O jantar que teríamos paguei antecipado, estava quase certa de que poderia não estar ali, por isso paguei um jantar para ti e para tua esposa. Jamais poderás entender o que aquela noite significou para mim. Te amo".

Nesse momento compreendi a importância de dizer a tempo "TE AMO" e de dar a
nossos entes queridos o espaço que merecem.
Nada na vida será mais importante que Deus e as pessoas que você ama. Dedique tempo a eles, porque eles não podem esperar. O tempo não pára...


A perfeição de Deus!!!
Enviado por Mário Bomfim, Belo Horizonte-MG

Autoria desconhecida
7 novembro, 2006

No Brooklyn, Nova Iorque, Chush é uma escola que se dedica ao ensino de crianças especiais. Algumas crianças ali permanecem por toda a vida escolar, enquanto outras podem ser encaminhadas para uma escola comum.

Num jantar de beneficiência de Chush, o pai de uma criança fez um discurso que nunca mais seria esquecido pelos que ali estavam presentes. Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, perguntou: "Onde está a perfeição no meu filho Pedro, se tudo o que DEUS faz é feito com perfeição? Meu filho não pode entender as coisas como outras crianças entendem. Meu filho não pode lembrar de fatos e números como as outras crianças. Então, onde está a perfeição de Deus?".

Todos ficaram chocados com a pergunta e com o sofrimento daquele pai, mas ele continuou: "Acredito que quando Deus traz uma criança especial ao mundo, a
perfeição que Ele busca está no modo como as pessoas reagem diante desta criança". Então ele contou a seguinte história sobre o seu filho Pedro:

"Uma tarde, Pedro e eu caminhávamos pelo parque onde alguns meninos que o conheciam, jogavam beisebol. Pedro perguntou-me:
- Pai, você acha que eles me deixariam jogar?
Eu sabia das limitações do meu filho e que a maioria dos meninos não o queria na equipe. Mas entendi que se Pedro pudesse jogar com eles, isso lhe daria uma confortável sensação de participação. Aproximei-me de um dos meninos no campo e perguntei-lhe se Pedro poderia jogar. O menino deu uma olhada ao redor, buscando a aprovação de seus companheiros de equipe, e mesmo não conseguindo nenhuma aprovação, ele assumiu a responsabilidade e disse:
- Nós estamos perdendo por seis rodadas e o jogo está na oitava. Acho que ele pode entrar em nossa equipe e tentaremos colocá-lo para bater até à nona rodada.

Fiquei admirado quando Pedro abriu um grande sorriso ao ouvir a resposta do menino.
Pediram então que ele calçasse a luva e fosse para o campo jogar. No final da oitava rodada, a equipe de Pedro marcou alguns pontos, mas ainda estava perdendo por três. No final da nona rodada, a equipa de Pedro marcou novamente e agora com dois fora e as bases com potencial para a rodada decisiva. Pedro foi escalado para
continuar.

Uma questão, porém, veio à minha mente: a equipa deixaria Pedro, de fato, rebater nesta circunstância e deitar fora a possibilidade de ganhar o jogo? Surpreendentemente, foi dado o bastão a Pedro. Todo o mundo sabia que isso seria quase impossível, porque ele nem mesmo sabia segurar o bastão. Porém, quando Pedro tomou posição, o lançador se moveu alguns passos para arremessar a bola de maneira que Pedro pudesse ao menos rebater. Foi feito o primeiro arremesso e Pedro balançou desajeitadamente e perdeu. Um dos companheiros da equipe de Pedro foi até ele e juntos seguraram o bastão e encararam o lançador. O lançador deu novamente alguns passos para lançar a bola suavemente para Pedro. Quando veio o lance, Pedro e o seu companheiro da equipa balançaram o bastão e juntos rebateram a lenta bola do lançador.

O lançador apanhou a suave bola e poderia tê-la lançado facilmente ao primeiro homem da base. Pedro estaria fora e isso teria terminado o jogo. Ao invés disso, o lançador pegou a bola e lançou-a numa curva, longa e alta para o campo, distante do alcance do primeiro homem da base. Então todo o mundo começou a gritar: 'Pedro, corre para a primeira base, corre para a primeira'. Nunca na sua vida ele tinha corrido...mas saiu disparado para a linha de base, com os olhos arregalados e
assustado. Até que ele alcançasse a primeira base, o jogador da direita teve a
posse da bola. Ele poderia ter lançado a bola ao segundo homem da base, o que colocaria Pedro fora de jogo, pois ele ainda estava correndo. Mas o jogador entendeu quais eram as intenções do lançador, assim, lançou a bola alta e distante, acima da cabeça do terceiro homem da base.

Todo o mundo gritou: 'Corre para a segunda, corre para a segunda base'. Pedro correu para a segunda base, enquanto os jogadores à frente dele circulavam deliberadamente para a base principal. Quando Pedro alcançou a segunda base, a curta parada adversária colocou-o na direção de terceira base e todos gritaram: 'Corre para a terceira'. Ambas equipes correram atrás dele gritando: 'Pedro, corre para a base principal'. Pedro correu para a base principal, pisou nela e todos os 18 meninos o ergueram nos ombros fazendo dele o herói, como se ele tivesse vencido o campeonato e ganho o jogo para a equipa dele".

"Naquele dia -disse o pai, com lágrimas caindo sobre face- aqueles 18 meninos alcançaram a Perfeição de Deus. Eu nunca tinha visto um sorriso tão lindo no rosto do meu filho!".

Esse fato foi verdadeiro.


Crônica sobre canções de ninar
Enviado por Mag Guimarães, Roterdam-Holanda

Autoria desconhecida
24 junho, 2005

Eu, um brasileiro morando nos Estados Unidos da América, para ajudar no orçamento
estou fazendo "bico" de babá e estudante. Ao cuidar de uma das meninas de quem
eu "teoricamente" tomo conta, uma vez cantei "Boi da cara preta" para ela, antes dela dormir. Ela adorou. Essa passou a ser a música que ela sempre pede para que eu cante, ao colocá-la para dormir. Antes de adotarmos o "Boi, boi, boi" como canção de ninar, a outra canção que cantávamos (em Inglês) dizia algo assim:

Boa noite, linda menina, durma bem.
Sonhos doces venham para você,
Sonhos doces por toda noite"...

Que lindo, não é mesmo?!

Eis que um dia Mary Helen me pergunta o significado em inglês da música "Boi da cara preta".

Boi, boi, boi,
boi da cara preta,
pega essa menina
que tem medo de careta...

Como eu ia explicar para ela que na verdade a música "Boi da cara preta" era uma ameaça, era algo como "dorme logo, praga, senão o boi vem te comer"? Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina?

Claro que menti para ela, mas comecei a pensar em outras canções infantis, pois não me sentiria bem ameaçando aquela menina com um temível boi toda noite...

Que tal: "Nana neném que a cuca vai pegar..."? Caramba! Outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto! Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro, que fosse positiva e de uma longa reflexão, eu descobri toda a origem dos problemas do Brasil: a sua população em geral tem uma auto-estima muito baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam sempre inferiores e ameaçados, passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração, seja interna ou externa. Por que isso acontece? Trauma de infância!!! Trauma causado pelas canções da infância!!!

Vou explicar: nós somos ameaçados, amedrontados e encaramos tragédias desde o berço! Por isso levamos tanta cacetada da vida e ficamos quietos. Exemplificarei
minha tese:

Atirei o pau no gato-to-to
Mas o gato-to-to não morreu-reu-reu
Dona Chica-ca-ca admirou-se-se
Do berrô, do berrô que o gato deu
Miaaau!

Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais (pobre gato) e crueldade. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de "D.Chica". Uma vergonha!

Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré, marré, marré.
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré de si.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré, marré, marré.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré de si.

Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos são doces!!! É
impossível não lembrar do seu amiguinho rico da infância com um carrinho fabuloso, de controle remoto, e você brincando com seu carrinho de plástico... Fala sério!!!

Vem cá, Bitu! Vem cá, Bitu!
Vem cá, vem cá, vem cá!
Não vou lá! Não vou lá, Não vou lá!
Tenho medo de apanhar.

Quem foi o adulto sádico que criou essa rima? No mínimo ele espancava o pobre do Bitu...

Marcha soldado,
Cabeça de papel!
Se não marchar direito,
Vai preso pro quartel.

De novo, ameaça! Ou obedece ou você vai se danar... Não é à toa que o brasileiro admite tudo de cabeça baixa...

A canoa virou,
Deixaram ela virar,
Por causa da (nome de pessoa)
Que não soube remar.

Ao invés de incentivar o trabalho em equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar e a condenar seu semelhante.
- Bate nele, mãe!!!

Samba-lelê tá doente,
Tá com a cabeça quebrada.
Samba-lelê precisava
É de umas boas palmadas.

A pessoa, conhecida como Samba-lelê encontra-se com a saúde debilitada e necessita de cuidados médicos. Mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de umas boas cacetadas! Acho que o tal de Samba-lelê deve ser irmão do Bitu...

Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar

O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou...

Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir uma passagem dessas anos a fio???

O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente,
A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar.

Desgraça, desgraça, desgraça! E ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe). Precisamos lutar contra essas lembranças, meus amigos e minhas amigas! Nossos filhos merecem um futuro melhor!

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Rapshody" de Rachmninov
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 2 janeiro, 2007

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