O livro erótico da
Bíblia
Por
Luiz Roberto Bendia, editor do Jornal dos Amigos
As igrejas protestantes, e até
as católicas romanas, evitam a abordagem desse livro
da Bíblia. Consideram um tabu, muita ousadia. Na Bíblia
católica romana (Pão da Vida) aparece como "Cânticos
dos Cânticos" e apresenta um vasto prefácio
nos subtítulos: Forma literária; Tentativas de
interpretação; Mensagem teolótica; Pscologia
do amor e Estrutura do Cântico. Anotamos uma interpretação
naturalista curiosa: "É a expressão do amor
natural e humano, com características bastante realistas".
Nas Bíblias protestantes o livro aparece como "Cantares
de Salomão".
Na Bíblia Anotada "The
Ryrie Study Bible, versão Almeida, esse livro é
considerado de autoria de Salomão, o filho de Davi, que
teria escrito no ano de 965 a.C. Tem pouca referência.
Anotamos: "O lugar apropriado do amor físico, exlusivamente
dentro do casamento, é claramente estabelecido e honrado".
A "Pão da Vida"
afirma que a autoria é desconhecida, que erroneamente
é atribuída a Salomão por causa das referências
a esse rei e sua corte. Fala que o escrito é posterior
à época salomônica, provavelmente do perído
persa ou helenista
(século V ou IV a.C.).
O fato é que a leitura
de "Cantares de Salomão" é interpretada
como um poema lírico em forma de diálogo, em que
Salomão se apaixona por uma jovem sulamita. O rei vem
disfarçado à vinha da família da jovem,
ganha seu coração e, por fim faz dela sua noiva.
Resumindo, o livro retrata a
manifestação de amor entre um casal perdidamente
apaixonado.
Transcrevemos abaixo, da Bíblia
Anotada, um momento sublime, que é a parte IV
(Ct 4.1-15), "A Consumação
do Casamento".
Como és
formosa, querida minha, como és formosa!
Os teus olhos são como os das pombas, e brilham através
do teu véu.
Os teus cabelos são como rebanho de cabras que descem
ondeantes do monte de Gileade.
São os
teus dentes como o rebanho das ovelhas recém-tosquiadas,
que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gêmeos,
e nenhuma delas há sem crias.
Os teus lábios
são como um fio escarlate, e tua boca é formosa;
as tuas faces, como romã partida, brilham através
do véu.
O teu pescoço
é como torre de Davi, edificada para arsenal;
mil escudos pendem dela, todos broquéis de valorosos.
Os teus dois
seios são como duas crias, gêmeas de uma gazela,
que se apascentam entre os lírios.
Antes que refresque
o dia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro
do incenso.
Vem comigo do
líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano; olha
do cume de Amana, do cume de Senir e de Harmon, dos covis dos
leões, dos montes dos leopardos.
Arrebataste-me
o coração, minha irmã, noiva minha; arrebataste-me
o coração com um só dos teus olhares, com
uma só pérola do teu colar.
Que belo é
o teu amor, ó minha irmã, noiva minha! Quanto
melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma dos teus
ungüentos do que toda sorte de especiarias!
Os teus lábios,
noiva minha, destilam mel! Mel e leite se acham debaixo da tua
língua, e a fragrância dos dos teus vestidos é
como a do Líbano.
Jardim fechado
és tu, minha irmã, noiva minha, manancial recluso,
fonte selada.
Os teus renovos
são um pomar de romãs, com frutos excelentes:
a hena e o nardo.
O nardo e o açafrão,
o cálamo e o cinamomo, com toda sorte de árvores
de incenso; a mirra e o alóes, com todas as principais
especiarias.
És fonte
dos jardins, poço das águas vivas, torrentes que
correm do Líbano!
Curiosidade sobre o rei Salomão