Por Luiz Roberto Bendia
Antes de falarmos sobre divórcio, vamos falar sobre casamento.
O casamento é a união estável entre duas pessoas que se gostam tanto, que a única forma de compartilhar todo o amor que um sente pelo outro é viverem na mesma casa. Alguma dúvida? Pode ser, pois existem outras definições, outras opiniões, outros entendimentos.
A grande verdade é que quando as pessoas namoram, não conseguem projetar o futuro: filhos, compartilhamento de bens materiais, dificuldades da vida etc; e se não der certo? Como temos uma educação tradicional, não se usa "experimentar" o noivo ou a noiva em relacionamento conjugal: casou, é para vida toda. Certo? Pela orientação bíblica do Novo Testamento, sim. Pelo Antigo Testamento, não.
As escrituras
No Antigo Testamento, em Deuteronômio 24 está escrito: "Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado cousa indecente nela, e se lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão e a despedir de casa; e se, saindo de sua casa, for, e se casar com outro homem, e se este aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio e lho der na mão, e a despedir de casa; e se, saindo da sua casa, for, e se casar com outro homem, e se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio e lho der na mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que tomou pra si por mulher, vier a morrer, então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a desposá-la, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança".
Bem, essa é a lei de Moisés. Quem levava a pior naqueles tempos era mesmo a mulher, tratada feito objeto. Por isso foi feita a lei.
Jesus foi duro em Mateus 5.31-32, quando disse que "qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; aquele que casar com a repudiada comete adultério". Mas, voltando na página anterior do mesmo livro, Mateus 5.17-20, Jesus fala sobre a lei de Moisés: "Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um desses mandamentos, posto que dos menores, e sim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus".
E então, a lei vale ou não vale? Pelo dito de Jesus Cristo na fala anterior sim, a lei de Moisés continua valendo, mesmo com o diálogo com os fariseus em Mateus 19.1-12, em que Ele fala: "Moisés deu a carta de divórcio por causa da dureza do coração dos homens, mas que não foi assim desde o princípio".
O perigo que ronda quem lê a Bíblia é a interpretação ao pé da letra. Erros serão cometidos que possam prejudicar ao próximo. Veja por exemplo o que está escrito em Deuteronômio 21.18-21: "Se alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedece à voz de seu pai e à de sua mãe, e, ainda castigado, não lhes dá ouvidos, pegarão nele seu pai e sua mãe e o levarão aos anciãos da cidade, à sua porta, e lhes dirão: 'Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz: é dissouluto e beberrão'. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; assim eliminarás o mal do meio de ti: todo o Israel ouvirá e temerá".
Você agora entende que não se deve, às vezes, aplicar ao pé da letra o que diz a Bíblia? Você nunca aplicaria essa lei aos seus filhos, certo? Da mesma forma aos divorciados, que as igrejas os tratam como párias das sociedade. Se a igreja é igreja, tem bondade em seu seio, deve tratá-los com condescendência. Eles sofreram ou ainda sofrem, e precisam do agasalho da igreja.
Mas que fiqeu claro que o entendimento que se tem das escrituras é que Deus não une as pessoas para que elas se separem, isso é fato e disciplina. No entanto, é preciso que não se condene, como faz a maioria das igrejas, as pessoas divorciadas. Se elas tem entendimento da lei e da palavra de Jesus e se divorciaram, é porque não existia outra alternativa. A convivência era inconciliável. Muitas vezes um dos parceiros sofria com os maus-tratos do outro, e na presença de filhos.
Então, não cabe a nós julgar. Quem julga é Deus, e a Ele, somente a Ele que as pessoas devem satisfação. O amor em Cristo Jesus se constrói amando ao próximo, querendo o bem e ajudando. Entendo que nenhuma igreja tem o direito de discriminar cristãos pela sua condição civil. Se existe o pecador, este tem que se ver com Deus, não com a igreja. A igreja orienta. As pessoas têm direito à vida, uma nova oportunidade. A igreja não é um quadrado físico. A igreja são pessoas irmanadas no bem comum ao próximo e reverência a Deus. Essa é a verdadeira igreja.
Não estou aqui fazendo apologia ao divórcio, mas ao amor. O divórcio não é bom para ninguém. Todos saem perdendo: o casal, os filhos, os parentes, os amigos.
Porque as pessoas se separam?
Porque na sua imensa maioria os filhos não foram educados para o casamento. Porque também cada um teve uma educação diferente, modo de vida diferente, pensar diferente. O que uniu o casal foi o diálogo em comum e a atração física: "Beija-me com os beijos de tua boca, porque melhor é o teu amor do que o vinho" - fase do noivado da Sulamita em monólogo de Cantares de Salomão, cuja leitura é recomendada.
Os casais se separam quando não há mais entusiasmo da vida em comum. A vida perde o sentido para ambos, sem que desejassem de fato que chegassem a esse fim. E quando um casal decide separar-se, surge a fase de turbulência. É um período difícil de negociação em que ambos têm que decidir como serão suas novas vidas. Quem já passou por isso sabe que, dependendo do cônjuge e caso haja filhos, é uma peleja pelo resto da vida. Mesmo que o casal tenha decidido romper o vínculo de comum acordo, esta fase significa muito mais que uma simples separação. É a fase em que na vida do casal ambos saem do equilíbrio anterior, em que tudo está fora de lugar. Quem não passou por isso não compreende.
O sofrimento dos filhos também é enorme. Fico pasmo com a insensibilidade das igrejas com casais separados, principalmente com a falta de amparo espiritual aos filhos, que não têm culpa do rompimento do casamento dos pais. É preciso refletir e orar para que haja sensatez.
O que fazer?
Investir na educação. É obrigação do casal cristão orientar seus filhos para a vida conjugal. Mostrar-lhes como buscar pessoas que tenham virtudes, conhecer bem a família da noiva ou do noivo. Período longo de namoro e noivado, para ter certeza do passo do casamento. As igrejas podem contribuir muito com palestras em encontros de jovens.
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