Opinião


Belo Horizonte, 6 janeiro, 2008


Desastre pedagógico
Enviado pela autora, Niterói-Rio de Janeiro


Por Ivone Boechat, PHD

A escola, devagar e na contramão, bateu de frente com a realidade universal. Muitos pularam antes do choque, mas não conseguiram evitar o pior. Os professores de Língua Portuguesa e de Matemática, privilegiados com assento no banco da frente, estão muito machucados. O professor de Português enrolou a Língua e faz análise e orações para não morrer.

O titular de Matemática, por frações, escapou. Agora, mastiga raiz quadrada e equações. Menos de 50% das visitas (alunos) conseguem entender o que se fala e, desse jeito, pelos sintomas, não vai escapar das quatro operações.

Numa curva mais fechada, perderam-se os professores de História, de Geografia e de Ciências. Na queda, sofreram amnésia. Os estudantes aflitos gritam, pedindo informações atuais e eles só resmungam coisas do século passado, mas não enxergam as mudanças que se processam, velozmente.

O acidentado professor de Inglês, ainda muito assustado, olha de um lado para outro, procurando o "to be" e o "to have", amigos inseparáveis. Meio tonto, jura que viu o projetor, o vídeo, o televisor, recursos próprios para as aulas. Acordou, era febre alta, estava apenas variando, coitado.

Os professores das disciplinas profissionalizantes não conseguem ainda ficar de pé. Diretores, coordenadores, especialistas da educação, visitam os colegas, com sorriso amarelo, sem graça, porque não têm recursos para o tratamento que o mal exige.

A escola precisa de grande reforma mecânica. Os faróis dirigentes devem ser trocados por outros mais possantes. A visão está péssima. Os pneus da coordenação, gastos de rodar pra lá e pra cá, procurando coerência, precisam ser substituídos para continuar a procura.

Os professores, após um período tão grande de imobilização, expõem gravíssimo raquitismo. O desastre atingiu a toda esta geração e alta mesmo os doentes não terão, a curto prazo. Todavia, a escola, enfermo principal, indicou ao povo tratamento na rede particular, até que todos sintam a importância da restauração do direito constitucional de se implantar a educação de ótima qualidade e o "ensino gratuito e obrigatório".


Quem tem alma neste Brasil?
Enviada pela autora, Alegrete-RS


Por Sandra Silva, socióloga e jornalista
E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br

Estatísticas oficiais informam que o rebanho brasileiro é maior do que a própria população. Isto é auspicioso. Certamente colabora para esse dado o rebanho vacum do senador Renan Calheiros cuja reprodução chega a 86% em contraposição à media nacional que gira em torno de 73%.

Depois de maio de 2005 quando iniciou o processo de devassidão das entranhas políticas do Brasil, o povo brasileiro parece ter ficado absolutamente anestesiado e inerte as bofetadas que lhe são deferidas sistematicamente por aqueles que deveriam ser um luzeiro de moral e caráter.

O último escândalo envolvendo o presidente do congresso nacional não ocorre em razão de seu afeto contraído fora da relação conjugal, mas das conseqüências inescrupulosas que cobriram a mantença financeira do envolvimento em face da pensão alimentícia da prole gerada.

No início do melancólico episódio que envolveu Calheiros, quase todos os pares senadores o apoiavam, mas com o passar dos dias e a descoberta de incômodas notas fiscais falsas e informações contraditórias aos seus discursos e declarações, alguns apoiadores recuaram ou optaram por um silêncio fugitivo.

Os partidos de oposição, até o presente momento, não se apresentaram como guerreiros em defesa da probidade pública. Aliás, não é a relação amorosa do senador que está em debate, que isso é da seara particular do indivíduo não cabendo a interferência de estranhos. O que a sociedade espera e tem o direito de saber é a origem de tantos milhares de reais para quem tem salário fixo ainda que combinado com algumas atividades exploratórias na iniciativa privada, mas cujo patrimônio só em imóveis é muito superior ao que amealhou em salários durante anos de exercício parlamentar. Um verdadeiro milagre de multiplicação.

Alguém disse que o escudo oferecido ao senador se dá em razão de que grande parte do grupo de que faz parte mantém atitude semelhante, portanto, pisando no mesmo pântano.

O ex-presidente Fernando Henrique também floresceu um romance fora da união conjugal tendo um filho com a jornalista Miriam Dutra, cerca de quinze anos atrás. Na época o chamado "abafa" funcionou plenamente. A jornalista da rede Globo de televisão foi transferida para a Espanha com um salário de craque de grande time europeu. Até onde se sabe o jovem T. D. S. (sendo menor seu nome fica protegido) não foi assumido por Fernando Henrique. Quanto esse silêncio custou à nação, não se tem dados precisos. Mas se pode lembrar que pela Portaria nº. 04/1994, isentou todos os veículos de comunicação e sua cadeia produtiva do pagamento da CPMF e o Proer da mídia chegou a mais de três bilhões de dólares ao final de 2000. Mas, os curiosos podem procurar no Siafi o valor gasto em mídia de 1994 a 2002. Já diziam as velhas gerações que "uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto". Perdoem o termo chulo a seguir, mas acrescentaria "e a bunda também". Lembremo-nos, por oportuno ao tema, de que o reajuste da CPMF se deu no governo do presidente tucano.

Nos aeroportos continua o abismo. O controle do espaço aéreo nacional está nas mãos de militares que vêem apresentando insurreição, desgastados por salários aviltantes e estressante jornada de trabalho. Para sustar o descontentamento já há aviso nas portas: prisão para quem descumprir ordens e ferir a disciplina. O primeiro recluso é o presidente da Confederação Brasileira de Tráfego Aéreo, sargento Carlos Henrique Trifilio Moreira da Silva.

O que está escondido sob a indisciplina de militares que até setembro do ano passado trabalhavam magnificamente? O que foi descortinado após a lamentável queda do avião da empresa Gol?

Por outro lado sabe-se da terrível situação das forças armadas brasileiras, absolutamente sucatadas ante a avassaladora modernidade bélica. Países vizinhos como a Venezuela têm adquirido armamento bélico em larga quantidade. Apenas como exemplo lembramos que recentemente o governo venezuelano agregou a sua frota aérea 24 caças Sukkoi, que têm enorme poder de fogo e rapidez de movimentos.

Somos um país que não prega a guerra, mas a soberania de um Estado Nacional também passa pela existência de força bélica eficiente e capaz de sustar qualquer empreitada tresloucada. Estamos em situação tão deficitária que não impediríamos uma incursão alienígena na Amazônia. Nossa capacidade máxima seria de retardamento, e ainda assim, somente pela bandeira da coragem e perspicácia dos soldados brasileiros.

Precisamos ressuscitar a alma brasileira. E só quem poderá fazer isso é o povo.

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Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Strani amore"

Nota para a seqüência Midi: ****

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