Primórdios da Revolução Francesa

Por Ricardo Bergamini, professor de economia
E-mail: rberga@globo.com
http://www.rberga.kit.net

8 setembro, 2005

Em 1774 morreu Luís 15 e subiu ao trono seu neto, Luís 16, com apenas vinte anos de idade. Era bem intencionado, mas tímido, ignorante e pouco inteligente. Suas ocupações prediletas eram a caça e a serralharia.

No desejo de melhorar a situação do país (recuperar as finanças e favorecer o povo), Luís 16 escolheu bons ministros: o magistrado Malesherbes e o economista Turgot, partidários das novas idéias. Mas a oposição de certos privilegiados (nobres e banqueiros, feridos nos seus interesses) e da rainha Maria Antonieta da Áustria (que não admitia a diminuição das despesas na Corte) – forçaram a demissão de Turgot (1776). Pouco mais tarde, Malesherbes também se viu obrigado a renunciar.

Logo após, Luís 16 chamou Necker, rico banqueiro de Genebra, famoso como financista. Perseguido pelo ódio da Corte, Necker caiu, após exercer durante cinco anos o Ministério das Finanças (1776-1781). Enquanto isso, o déficit continuava a crescer perigosamente. A dívida pública tinha-se avolumado, mais ainda, com as despesas da guerra contra a Inglaterra (em apoio às colônias norte-americanas).

A oposição sistemática às reformas, por parte dos Parlamentos (tribunais judiciários privilegiados, de cargos hereditários), fez com que se convocasse uma Assembléia de Notáveis (140 membros). Ela se reuniu em 1787, mas inutilmente. “Os nobres e os bispos recusaram desfazer-se dos seus privilégios de isenção de pagamento de impostos”. O primeiro ministro (Calonne) foi destituído e “os Notáveis se separaram sem ter feito outra coisa a não se aumentar a confusão dos espíritos”.

Em agosto de 1788, Luís 16 resolveu atender ao clamor geral: seu primeiro ministro (Loménie de Brienne) anunciou a convocação dos Estados Gerais, para o 1° de maio de 1789. Nesse ínterim, perante a gravidade da situação (o Tesouro vazio e o governo na iminência da bancarrota), o rei tornou a chamar Necker, que conseguiu atenuara crise.

A 1° de janeiro de 1789, “como presente de Ano Bom para a França”, Necker confirmou a convocação dos Estados Gerais, com a duplicação do Terceiro Estado. Não se sabia, porém, se o voto seria por cabeça – ou por classes.

Foram eleitos 935 deputados, assim distribuídos: Clero (247); Nobreza (188) e Terceiro Estado (500).

Em 5 de maio de 1789 é feita a sessão solene de abertura. O rei e Necker fazem discursos decepcionantes. Após a sessão, o Terceiro Estado convida as outras duas classes a se reunirem numa única Assembléia (o que implicaria na aceitação do voto por cabeça, com maioria absoluta, portanto, para o Terceiro Estado). A nobreza rejeita categoricamente o convite. Alguns párocos aderem, mas o resto do Clero vacila.

Em 17 de junho de 1789 os deputados do Terceiro Estado, alegando representarem 96% da nação, proclamam-se Assembléia Nacional.

Começava a Revolução.


A ocidentalização da Rússia

"Quem é contra a globalização, na verdade
defende a volta do telégrafo - código Morse"

Ricardo Bergamini

Por Ricardo Bergamini, professor de economia
E-mail: rberga@globo.com
http://www.rberga.kit.net

7 agosto, 2005

O aparecimento e expansão da Rússia no mundo europeu é um dos fatos fundamentais da história ocidental, no século 18. A Rússia tinha sido, até então, quase inteiramente asiática - um Estado oriental, expandindo-se pelo Oriente. Em duas etapas ela se torna uma potência européia: primeiro com Pedro o Grande e, depois, com Catarina II.

Pedro o Grande

Pertence à dinastia dos Romanof, que dominava a Rússia desde de 1613. Pedro o Grande reinou durante 36 anos (1689-1725). Os amigos europeus dos seus tempos de moço determinaram-lhe o rumo dos ideais e das realizações.

Política interna

Pedro o Grande fez, previamente, uma viagem de estudos pela Europa (1697). Esteve na Holanda onde, como simples operário, trabalhou em estaleiros, estudando as técnicas de construção de navios. Ao seu regresso começou a enorme tarefa. Eis as realizações mais importantes:

1- Modificou os costumes: combateu as barbas e cabelos compridos; as roupas tradicionais, compridas, e propagou o estilo europeu de trajar; proibiu a reclusão oriental das mulheres.

2- Fundou escolas e academias; estimulou a agricultura; a mineração; a indústria e o comércio. Organizou centenas de fábricas. Abriu canais e construiu um grande número de estrada.

3- Organizou a administração oficial; reorganizou o exército à moda européia, com grande disciplina; montou e criou uma forte esquadra.

4- Submeteu a Igreja ortodoxa russa ao seu domínio pessoal, substituindo o patriarca por um Santo Sínodo; assegurou seu poder absoluto, abolindo todo traço de autonomia local; fundou uma nova capital, São Petersburgo (1703), em lugar da velha capital (Moscou).

Política externa

Fracassou na luta contra a Turquia, mas venceu a Suécia (Poltava, 1709) e conquistou as províncias bálticas. A paz com a Suécia foi assinada em 1721.

Catarina II

Princesa alemã, inteligente e culta, enérgica e ambiciosa, casou-se com Pedro III (neto de Pedro o Grande), a quem mandou assassinar. Catarina II reinou durante 33 anos (1762-1796). Amiga de Voltaire e Diderot, e de muitos outros sábios e filósofos, foi um dos mais louvados expoentes do despotismo esclarecido.

Política interna

Melhorou a administração pública. Fundou hospitais e orfanatos. Protegeu as letras e as artes. Aboliu a tortura e a pena de morte. Atraiu imigrantes estrangeiros (sobretudo alemães), para colonizarem as regiões meridionais da Rússia (Ucrânia). Mas foi despótica, cruel e de uma absoluta falta de escrúpulos.

Política externa

Catarina II acumpliciou-se com a Áustria (Maria Teresa) e a Prússia (Frederico II), a fim de liquidarem a Polônia. A Polônia foi desmembrada três vezes (1772, 1793 e 1795) e seus territórios foram repartidos entre as potências da “tríplice aliança” – Rússia, Áustria e Prússia.

Catarina II lutou, também, contra os turcos. Venceu-os e conquistou as margens setentrionais do Mar Negro. As cláusulas do tratado de paz (Cainárdji, 1774) permitiram aos russos intervir com freqüência nos assuntos turcos e foi a origem da imensa influência que a Rússia exerceu, no século 19, nos Bálcãs.


Música de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Comecaria tudo outra vez
", Gonzaguinha
Nota para a seqüencia Midi: *****

Participe do Jornal dos Amigos,
cada vez mais um jornal cidadão

O Jornal dos Amigos agradece a seus colaboradores e incentiva os leitores a enviarem textos, fotos ou ilustrações com sugestões de idéias, artigos, poesias, crônicas, amenidades, anedotas, receitas culinárias, casos interessantes, qualquer coisa que possa interessar a seus amigos. Escreva para o e-mail:

Se o conteúdo estiver de acordo com a linha editorial do jornal, será publicado.

Não esqueça de citar seu nome, a cidade de origem e a fonte da informação.

Solicitamos a nossos colaboradores que, ao enviarem seus textos, retirem as "flechas", isto é, limpem os textos daquelas "sujeiras" de reenvio do e-mail. Isso facilita bastante para nós na diagramação.

Início da página

www.jornaldosamigos.com.br


Belo Horizonte, 8 setembro, 2005

História