Como aprender a escrever 400 palavras
em Inglês em apenas um minuto

Enviado por Inara Cristina, Brasília-DF

Por Mário Giubicelli, jornalista brasileiro que há 30 anos
trabalha na Casa Branca como intérprete


Se você pensa que estou brincando, experimente ler toda esta matéria e depois me conte. Comece logo a estudar Inglês que, diferentemente do que você pensa, é extremamente fácil de aprender. Basta apenas seguir regrinhas elementares.

Mas, antes de tudo, quero explicar que as regras abaixo apresentam uma ou mais exceção, o que demonstra duas coisas: primeiro que tais exceções só servem precisamente para confirmar as regras e, segundo, que é bem preferível errar numa ou noutra ocasião, e aprender 400 palavras em inglês num minuto, do que ficar preocupado com a rara exceção...e não aprender nada.

Regra 1

Para todas as palavras em português que terminem em DADE (como a palavra cidade) retire o DADE e coloque em seu lugar TY e assim CIDADE passou a ser CITY. Vejamos agora um pouco das cento e tantas palavras que você já aprendeu nestes primeiros vinte segundos de leitura deste artigo:

CIDADE = CITY
VELOCIDADE = VELOCITY
SIMPLICIDADE = SIMPLICITY
NATURALIDADE = NATURALITY
CAPACIDADE = CAPACITY

Regra 2

Para todas as palavras em português que terminem em "ÇÃO" (como a palavra NA-ÇÃO) tire fora o "ÇÃO" e coloque em seu lugar "TION" e assim a palavra NAÇÃO passou a ser NATION (as respectivas pronúncias não importam no momento, e além disso você estaria sendo muito malcriado querendo exigir demais numa aula de graça!). Vejamos agora algumas das centenas de palavras em que a imensa maioria delas se aplica a essa Regra:

SIMPLIFICAÇÃO = SIMPLIFICATION
NAÇÃO = NATION
OBSERVAÇÃO = OBSERVATION
NATURALIZAÇÃO = NATURALIZATION
SENSAÇÃO = SENSATION

Regra 3

Para os advérbios terminados em "MENTE" (como a palavra NATURALMENTE), tire o MENTE" e em seu lugar coloque "LLY" (e assim a palavra passou a ser NATURALLY. Quando o radical em português termina em "L", como na palavra TOTALMENTE, acrescente apenas "LY"). Veja agora abaixo algumas delas:

NATURALMENTE = NATURALLY
GENETICAMENTE = GENETICALLY
ORALMENTE = ORALLY

Regra 4

Para as palavras terminadas em "ÊNCIA" (como no caso de ESSÊNCIA), tire o "ÊNCIA" e em seu lugar coloque "ENCE". Eis algumas delas abaixo:

ESSÊNCIA = ESSENCE
REVERÊNCIA = REVERENCE
FREQÜÊNCIA = FREQUENCE
ELOQÜÊNCIA = ELOQUENCE

Regra 5

E para terminar esse artigo, ficando ainda com mais água na boca, aprenda a última e a mais fácil delas (há um monte de outras regrinhas interessantes, mas não disponho aqui de espaço para tudo). Para as palavras terminadas em "AL" (como na palavra GENERAL) não mude nada, escreva exatamente como está em português e ela sai a mesma coisa em inglês. Veja alguns exemplos:

NATURAL = NATURAL
TOTAL = TOTAL
GENERAL = GENERAL
FATAL = FATAL
SENSUAL = SENSUAL

Conforme você acaba de ver, a menos que seja um leitor preguiçoso e lento, não foi preciso gastar mais de um minuto para aprender 400 palavras em inglês. Façam o favor de dar crédito a quem lhes revelou a dica, tá? Mas não espalhem, senão o mundo vai aprender o idioma em 30 dias.


A menina que dá aula para o Brasil
Enviado por Paulo Sérgio Loredo, São Paulo-Capital

Por Gileberto Dimenstein, da Folha de S.Paulo
28/4/2003

Numa reprimenda pública, o presidente Lula reclamou, na quarta-feira passada, das pressões do ministro Cristovam Buarque por mais recursos para a educação. "Quem tem pressa come cru", afirmou, argumentando que "criatividade" e "motivação" compensariam a falta de dinheiro.

A pressa do ministro é explicada por estatísticas oficiais divulgadas um dia antes daquele conselho presidencial: 60% dos estudantes da 4ª série do ensino fundamental revelam níveis "críticos" ou "muito críticos". Significa, em poucas palavras, que não sabem ler ou não entendem o que lêem, além de não dominarem os rudimentos da matemática. Apenas 2% dos alunos do Nordeste desenvolveram habilidades satisfatórias de leitura.

Lula talvez não saiba, mas educador que é educador prefere correr o risco de comer cru do que não ter pressa; afinal, conhece de perto o custo da ignorância. Graças a esses números e à inesperada reprimenda pública do presidente a seu ministro, conseguiu-se colocar a educação, mesmo momentaneamente, no topo da agenda política brasileira. Cristovam só disse o que luminares da inteligência brasileira sempre têm dito -a educação deve ser prioridade- e Lula repetiu o que os presidentes têm repetido, ao dizer que sobra vontade, mas falta dinheiro.

Instalou-se o debate porque muita gente acha que, além da falta de dinheiro, o problema é o desperdício, ou seja, má gestão dos recursos; outros dizem que, mesmo que se resolvam os desperdícios, ainda faltarão recursos. Alheia aos argumentos dos adultos, quem está dando uma monumental aula de educação é Aline Silva Santos, de 13 anos, uma estudante de escola pública em São Paulo. No ano passado, ela criou no quintal de sua casa uma escola para dar reforço a alunos com dificuldades de aprendizagem. "Queria ensinar o que tinham me ensinado", conta.

Com outras amigas, todas da sua idade, ela dá aulas de história, geografia, matemática, português e ciências, utilizando como provocação debates sobre atualidades -a guerra no Iraque, por exemplo. Resultado da escola no quintal: melhoria do aprendizado dos alunos, todos de periferia. Quanto se gastou para isso? Nem um centavo sequer.

Naquele pequeno quintal de periferia, aprende-se a seguinte lição, comprovada mundialmente: o envolvimento comunitário é uma peça decisiva para a educação pública.
Professores motivados, comunidade engajada e participação dos pais são elementos essenciais da boa escola -e, de fato, otimizam os recursos públicos. Mesmo que a professora tenha 13 anos e a escola funcione num quintal.

Tenho acompanhado de perto, no bairro em que moro, em São Paulo, uma experiência realizada por educadores que transformaram uma praça em uma extensão da sala de aula, aonde os estudantes vão antes ou depois da escola -normalmente, ficariam na rua ou trancados em casa vendo televisão.

A experiência, batizada de Escola na Praça, transforma em sala de aula não apenas a praça mas também oficinas, estúdios, ateliês, livrarias, cafés, becos, compondo um roteiro educativo por onde passam as crianças. Resultado: surgem indivíduos curiosos, interessados, abertos ao conhecimento. A partir desse tipo de experiência, que vi em diferentes modalidades e em várias partes do mundo, passei a acreditar que uma das soluções para a educação é o bairro-escola. Ou seja, descobrir potenciais educativos na comunidade, onde se pode, por exemplo, ensinar leis da física numa oficina mecânica, geometria numa marcenaria, anatomia num açougue, história num cinema, geografia num museu, literatura numa livraria, química numa fabriqueta de vela, artes plásticas num beco abandonado. Simplificando: a cidade é uma extensão da escola e a escola é uma extensão da cidade.

Nada disso, no entanto, vai funcionar se não for feita a mais óbvia lição de casa: adequada preparação e remuneração dos professores, implantação de laboratórios de ciências e de informática bem equipados, adoção de bons materiais didáticos e, acima de tudo, a atuação de um diretor que seja um líder. Isso tudo custa dinheiro -e não há motivação nem criatividade que interfiram, de forma consistente, nas estatísticas divulgadas na semana passada, que deixam o ministro com pressa. É o tal ditado: se você acha que educação custa muito dinheiro, veja por quanto sai a ignorância.

PS - O publicitário Washington Olivetto informa a esta coluna que o nome Aline significa, em celta, "agulha", representando a criança que tem uma visão profunda do mundo. Olivetto não virou filólogo. Acontece que ele foi salvo por uma Aline (Aline Dota), a estudante de medicina que, com um estetoscópio, descobriu que ele estava num cativeiro e salvou-o de morrer sufocado. Com seu quintal-escola, Aline usou seu estetoscópio para tirar crianças do cativeiro da educação deficitária e, melhor do que o presidente e até mesmo do que o ministro, deu uma aula prática para o Brasil.


Os filósofos e o amor
Enviado por Mag, Belo Horizonte-MG

Por Leandro Konder

O amor tem sido um tema crucial na reflexão de diversos filósofos. E as idéias que eles nos expõem têm, sintomaticamente, variado no tempo. Podemos dizer que o modo de conceberem o amor depende muito da capacidade que os seres humanos têm, em cada sociedade, de se relacionar uns com os outros em condições de respeito mútuo e liberdade.

Em Atenas, na Grécia antiga, viveu-se uma experiência paradoxal de ''democracia'' e desigualdade. Platão foi profundamente marcado por ela. Enfrentou o desafio de elaborar um sistema que assegurasse condições iguais de educação para todos no ponto de partida e assegurasse o desenvolvimento desigual para os melhores, na formação de uma elite pensante. O amor era pensado de acordo com o critério dessa elite.

Em Platão, o amor era a percepção da presença da perfeição divina na criatura amada. Era a dimensão ideal -e não a sensualidade- que fazia do amor um sentimento nobre. Por isso, muitos séculos mais tarde, o filósofo Marsílio Ficino, admirador de Platão, difundiu a idéia do ''amor platônico''.

O amor ficava, assim, muito ''espiritualizado'' e ''subjetivado''. Era um movimento que se realizava numa rua de mão única. Dante se apaixonou por Beatriz e Petrarca se apaixonou por Laura após um único encontro casual que os dois poetas tiveram na rua com suas respectivas damas inspiradoras, sem jamais lhes terem falado.

Esse quadro começa a mudar com a ascensão da burguesia. Para poderem competir no mercado, os indivíduos precisam de espaço para serem mais autônomos, mais capazes de iniciativa. Os sentimentos fortes de um sujeito pedem correspondência aos sentimentos de um outro sujeito.

Em Shakespeare, os personagens que insistem em amar quem não os ama já são caracterizados como neuróticos (embora, obviamente, o termo ainda não seja usado).

Outro elemento importante na representação do amor nas peças de Shakespeare está na nova força que o amor confere aos amantes, Romeu e Julieta só têm força para enfrentar a oposição das duas famílias porque é recíproco, bilateral.

Se falta à família - às ''grandes instituições'', em geral - uma efetiva dimensão comunitária, as pessoas unidas pelo amor podem construir uma ''pequena comunidade'', limitada, porém densa e convincente.

Essa possibilidade de construir uma ''pequena comunidade'', que eventualmente se contrapõe como alternativa às formas de vida comunitária consagradas (e frustrantes) confere ao amor, na sociedade burguesa, algo de ''subversivo''. Os escritores têm caracterizado esse irrompimento do amor como mágico, sublime: ''ein Wunder'' (a palavra alemã ''Wunder'' pode ser traduzida tanto por ''milagre'' como por ''maravilha'').

Goethe faz Mefistófeles dizer a Fausto que nenhum poder demoníaco pode prevalecer sobre Margarida, porque ela ama. E é por obra e graça de seu amor que ela faz Deus salvar a alma de Fausto, apesar do pacto. Pouco mais de um século antes de Goethe, o filósofo-sapateiro Jakob Boehm escreveu: ''o amor é veneno para o demônio''.

Sem dúvida, um dos grandes acertos do pensamento cristão, em suas diversas expressões mais qualificadas, consistiu na ênfase posta no reconhecimento da importância do amor.

É verdade que muitas vezes o tema foi banalizado, num tratamento canhestro, em derramamentos retóricos, na esfera pública. E também é verdade que a ação prática de muitos cristãos na história prejudicou a credibilidade do discurso que outros cristãos faziam: enquanto uns pregavam a tolerância, outros praticavam a mais dogmática das intolerâncias.

O amor não é o sentimento daqueles que aconselham os ricos a darem o que lhes sobra para os pobres, em nome da caridade. Não é a legitimação do paternalismo, do assistencialismo, da boa vontade inócua. E - vale a pena sermos explícitos nessa afirmação - não é o sentimento que inspira a agressão militar a povos islâmicos.

Cristãos e muçulmanos, budistas e judeus, umbandistas, espíritas e ateus, todos amamos a paz. E esse é um amor simples, sobre o qual não deveria haver confusão.

Somos criaturas imperfeitas, contraditórias, temos sempre coisas a aprender, e uma delas, com certeza, é aprender a amar. Amor é um sentimento forte que não deve nos emburrecer, não deve nos limitar a ciumeiras tolas e enternecimentos efêmeros.

Como dizia Gramsci: ''também no afeto é preciso ser inteligente'' (''Anche nell' afetto bisogna essere intelligente'').


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Triste" de Tom Jobim

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Belo Horizonte, 8 julho, 2003

Cultura